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O livro 

Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos, de Nassim Nicholas


Taleb, começa da seguinte maneira:

I – Como amar o vento


O vento apaga uma vela e energiza o fogo.
O mesmo acontece com a aleatoriedade, a incerteza, o caos: você quer usá-los, e não
fugir deles.
Você quer ser o fogo e deseja o vento.
Isso resume a atitude insubmissa deste autor diante da aleatoriedade e da incerteza.
Não queremos apenas sobreviver à incerteza, nem pura e simplesmente passar por
ela.
Queremos sobreviver à incerteza e, além disso – como certo tipo de romanos estoicos
agressivos –, ter a última palavra.
O objetivo é saber domesticar, até mesmo dominar e conquistar o invisível, o opaco e
o inexplicável.
Como?

II – O Antifrágil
Algumas coisas se beneficiam dos impactos; elas prosperam e crescem quando são
expostas à volatilidade, ao acaso, à desordem e aos agentes estressores, e apreciam a
aventura, o risco e a incerteza.
No entanto, apesar da onipresença do fenômeno, não existe uma palavra para
designar exatamente o oposto de frágil.
Vamos chamá-lo de antifrágil.
A antifragilidade não se resume à resiliência ou à robustez.
O resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor.
Essa propriedade está por trás de tudo o que vem mudando com o tempo: a evolução,
a cultura, as ideias, as revoluções, os sistemas políticos, a inovação tecnológica, o
sucesso cultural e econômico, a sobrevivência das empresas, as boas receitas (por
exemplo, sopa de galinha ou steak tartare com uma gota de conhaque), o surgimento
de cidades e culturas, os sistemas jurídicos, as florestas equatoriais, a resistência
bacteriana… até mesmo a nossa própria existência como espécie neste planeta.
E a antifragilidade determina o limite entre o que é vivo e orgânico (ou complexo),
como o corpo humano, e o que é inerte, digamos, um objeto físico como o
grampeador em sua mesa.

O antifrágil…
… aprecia a aleatoriedade e a incerteza, o que também significa – acima de tudo –
apreciar os erros, ou pelo menos certo tipo de erro.
A antifragilidade tem uma propriedade singular de nos capacitar a lidar com o
desconhecido, de fazer as coisas sem compreendê-las – e fazê-las bem.
Permita-me ser mais incisivo: somos muito melhores agindo do que pensando, graças
à antifragilidade.
Eu preferiria ser ignorante e antifrágil a extremamente inteligente e frágil, em
qualquer ocasião.
É fácil perceber coisas em torno de nós que apreciam um pouco de estressores e de
volatilidade: sistemas econômicos, seu corpo, sua nutrição (diabetes e muitas
doenças modernas similares parecem estar associados à falta de aleatoriedade na
alimentação e à ausência de um agente estressor, a fome ocasional), sua psique.
Há até mesmo contratos financeiros que são antifrágeis – explicitamente projetados
para se beneficiar da volatilidade do mercado.
A antifragilidade nos faz entender melhor a fragilidade.
Da mesma forma que não podemos melhorar a saúde sem reduzir a doença, ou
aumentar a riqueza sem, primeiro, diminuir os prejuízos, antifragilidade e fragilidade
são graus em um espectro.

Não predição
Ao apreender os mecanismos da antifragilidade, podemos construir um guia amplo e
sistemático da tomada de decisões não preditiva, dominado pela incerteza e aplicável
nos negócios, na política, na medicina e na vida em geral – onde quer que reine o
desconhecido, em qualquer situação em que haja aleatoriedade, imprevisibilidade,
opacidade ou a compreensão incompleta das coisas.
É muito mais fácil descobrir se algo é frágil do que prever a ocorrência de um evento
capaz de prejudicá-lo.
A fragilidade pode ser medida; o risco, não (à exceção de cassinos ou da mente de
pessoas que se dizem ‘especialistas em risco’).
Isso oferece uma solução para o que chamei de o problema do Cisne Negro – a
impossibilidade de calcular os riscos de importantes e raros acontecimentos e prever
sua ocorrência.
A sensibilidade aos danos causados pela volatilidade é remediável, mais ainda do
que a predição do evento que poderia causar o dano.
Portanto, propomos que nossas abordagens atuais para predições, prognósticos e
gerenciamento de risco sejam mantidas em sua mente.
Em cada domínio ou área de aplicação, propomos regras para conduzir o frágil na
direção do antifrágil, reduzindo a fragilidade ou aproveitando a antifragilidade.
E quase sempre conseguiremos detectar a antifragilidade (e a fragilidade) usando um
teste simples de assimetria: tudo o que surgir a partir de eventos aleatórios (ou de
certos impactos) e que apresentar mais vantagens do que desvantagens será
antifrágil; o inverso será frágil.

Privação da antifragilidade
Basicamente, se a antifragilidade é uma propriedade de todos aqueles sistemas
naturais (e complexos) que sobreviveram, privar esses sistemas de volatilidade,
aleatoriedade e agentes estressores os prejudicará.
Eles enfraquecerão, morrerão ou serão destruídos.
Viemos fragilizando a economia, nossa saúde, a vida política, a educação (ou seja,
quase tudo…) ao suprimir a aleatoriedade e a volatilidade.
Assim como passar um mês na cama (de preferência, com a versão integral de
Guerra e paz e acesso a todos os 86 episódios de Família Soprano) causa atrofia
muscular, os sistemas complexos se enfraquecem e até mesmo morrem quando são
privados de agentes estressores.
Grande parte do nosso mundo moderno e estruturado tem nos prejudicado com
políticas de cima para baixo e mecanismos (apelidados neste livro de ‘ilusões
soviéticas de Harvard’) que fazem precisamente isto: ofendem a antifragilidade dos
sistemas.
Essa é a tragédia da modernidade: assim como os pais neuroticamente
superprotetores, aqueles que estão tentando ajudar são, muitas vezes, os que mais
nos prejudicam.
Se quase tudo aquilo que vem de cima para baixo fragiliza e bloqueia a
antifragilidade e o crescimento, tudo que vai de baixo para cima prospera sob a
quantidade certa de tensão e desordem.
O processo de descoberta (ou de inovação, ou de progresso tecnológico) em si
depende de ajustes antifrágeis e da assunção agressiva de riscos, mais do que da
educação formal.

Vantagens à custa dos outros


Isso nos leva ao que mais fragiliza a sociedade e à maior geradora de crises, a
ausência da ‘pele em jogo’.
Alguns se tornam antifrágeis à custa dos outros, obtendo vantagens (ou ganhos) da
volatilidade, das variações e da desordem, e expondo as outras pessoas aos
desvantajosos riscos das perdas ou dos danos.
E tal antifragilidade-à-custa-da-fragilidade-dos-outros encontra-se oculta – devido à
cegueira em relação à antifragilidade por parte dos círculos intelectuais soviéticos de
Harvard, essa assimetria raramente é identificada, e (até agora) nunca foi ensinada.
Além disso, conforme descobrimos durante a crise financeira iniciada em 2008, esses
surtos de riscos-aos-outros ficam facilmente escondidos, devido à crescente
complexidade das instituições modernas e das questões políticas.
Enquanto, no passado, as pessoas de certo nível ou status eram aquelas – e somente
aquelas – que assumiam riscos, que sofriam as desvantagens por suas ações, e os
heróis eram aqueles que o faziam para o bem dos outros, hoje está ocorrendo
exatamente o contrário.
Estamos testemunhando o surgimento de uma nova classe de heróis ao reverso, ou
seja, os burocratas, os banqueiros, os membros da Associação Internacional de
Pessoas que Citam Nomes de Indivíduos Importantes para Impressionar os Ouvintes
que Frequentam Davos e os acadêmicos com muito poder e nenhuma desvantagem
real e/ou responsabilidade.
Eles negociam o sistema, enquanto os cidadãos pagam o preço.
Em nenhum momento da história tantas pessoas que não assumem riscos, ou seja,
aquelas sem qualquer exposição pessoal, exerceram tanto controle.
A principal regra ética é a seguinte: não terás a antifragilidade à custa da
fragilidade dos outros.

III – O antídoto para o Cisne Negro


Quero viver feliz em um mundo que não compreendo.
Cisnes Negros (com letra maiúscula) são acontecimentos imprevisíveis e irregulares
em larga escala, com grandes consequências – imprevistas por determinado
observador, e esse não preditor é, normalmente, chamado de ‘peru’, quando é, ao
mesmo tempo, surpreendido e prejudicado por tais eventos.
Sustentei o argumento de que a maior parte da história tem origem em
acontecimentos do tipo Cisne Negro, enquanto nos preocupamos em afinar nossa
compreensão do trivial, e, portanto, desenvolvemos modelos, teorias ou
representações que não conseguem acompanhá-los ou mensurar a possibilidade
desses impactos.
Os Cisnes Negros capturam nosso cérebro, fazendo-nos sentir ‘como se’ ou ‘quase’
os tivéssemos previsto, pois são retrospectivamente explicáveis.
Não percebemos seu papel em nossa vida por causa desta ilusão de previsibilidade.
A vida é muito mais labiríntica do que lembramos em nossa memória – nossa mente
está ocupada em transformar a história em algo suave e linear, o que nos faz
subestimar a aleatoriedade.

No entanto…
… quando a identificamos, temos medo e reagimos de forma exagerada.
Por causa desse medo e dessa necessidade de ordem, alguns sistemas humanos, ao
alterarem a lógica invisível ou não tão visível das coisas, tendem a ser expostos a
danos causados por Cisnes Negros e a quase nunca se beneficiarem.
Chega-se à pseudo-ordem quando se busca a ordem; só se consegue alguma ordem e
controle quando se aceita a aleatoriedade.
Os sistemas complexos estão cheios de interdependências – difíceis de se detectar – e
de respostas não lineares.
‘Não linear’ significa que, quando se dobra a dose de, digamos, um medicamento, ou
quando se dobra o número de funcionários em uma fábrica, não se obtém o dobro do
efeito inicial, mas sim muito mais ou muito menos.
Dois fins de semana na Filadélfia não são duas vezes tão agradáveis quanto apenas
um – falo por experiência própria.
Quando a resposta é colocada em um gráfico, não se apresenta como uma linha reta
(‘linear’), e, sim, como uma curva.
Neste cenário, associações causais simples são equivocadas; é difícil perceber como
as coisas funcionam observando as partes isoladas.
Sistemas complexos criados pelo homem tendem a desenvolver cascatas e cadeias
descontroladas de reações que fazem diminuir e, inclusive, eliminam a
previsibilidade, além de gerarem um superdimensionamento dos acontecimentos.
Assim, o mundo moderno pode estar se aprimorando em conhecimento tecnológico,
mas, paradoxalmente, tem tornado as coisas muito mais imprevisíveis.
Agora, por razões relacionadas ao aumento do que é artificial, ao afastamento de
modelos ancestrais e naturais e à perda de robustez devido a complicações na
concepção de tudo, o papel dos Cisnes Negros está crescendo…
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Antifrágil: coisas que se beneficiam


com o caos, de Nassim Nicholas Taleb
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Forte abraço e boa leitura,
Adonis Nóbrega!

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