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Viola Caipira
Por
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Ótimos estudos.
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Prólogo
O Caipira
crenças e a viola, que acabou sendo um dos símbolos de sua resistência pacífica.
Muitos são os ritmos executados na viola, da valsa ao cateretê. Temos Cateretê
baião; Chula polca; Toada de reis: Cateretê- batuque, Landú, Toada; Pagode,
etc. Apesar de parecer um homem rústico, de evolução lenta, nas suas mãos
calejadas ,ele mantém o equilíbrio e a poesia da fusão duas etnias. E traduz seu
sentimento acompanhado da viola, companheira do peito, onde canta suas
esperanças, tristezas e as belezas do nosso país. A música rural, criativa,
contrapõe-se aos modismos vindos do exterior. Ainda é uma forma resistente de
brasilidade, feita por um do povo que conhece muito o chão do nosso país. Hoje
estão querendo fazer uma fusão cultural, a do "caipira" com o "country"
americano. O que infelizmente se vê, é gente fantasiada de "cowboy"!? Para
homenagear o verdadeiro caipira dedico esta compilação bibliográfica.
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Com a invasão árabe na península ibérica por volta do ano 650 de nossa era,
toda cultura árabe foi despejada na região que conhecemos hoje por Portugal e
Espanha. Com ela vieram à música e os instrumentos típicos. O Alaúde teve
como alteração apenas o adicionamento de trastes, enquanto a Guitarra
Mourisca começou a passar por uma lenta transformação. Primeiramente seu
corpo passou a ganhar um leve acinturamento na região central, e seu bojo curvo
começou a perder esta característica (fato que levou por volta de mil anos)
ganhando forma plana. Já por volta do ano 1000, temos um instrumento com
quatro pares de corda chamado Guitarra Latina (mais tarde conhecido por
Guitarra Renascentista). Por volta do ano 1400 surgiram na Espanha dois
instrumentos derivados da Guitarra Renascentista: a Guitarra Barroca com cinco
pares de corda e a Vihuela com seis pares de cordas.
Estes dois instrumentos foram então introduzidos em Portugal com o nome de
Viola (aportuguesamento de Vihuela) por volta do ano1450. No baixo latim
encontramos: vidula, vitula, viella ou fiola, mas nenhum destes vocábulos serviu
para designar a nossa viola. Tratava-se de um violino pequeno, um tetracórdio.
Era a viola de arco, uma espécie de rabeca. Com a expansão ultramarítima
portuguesa, os portugueses introduziram em suas colônias seus costumes e
cultura. Com os jesuítas, chegou ao Brasil por volta de 1550 a Viola de cinco
pares de corda. Utilizada primeiramente na catequese dos índios, ganhou o
interior brasileiro e perdeu sua imagem tão erudita, passando a ser construída
pelos nossos próprios caboclos com madeiras toscas. Surgia a nossa Viola
Caipira.
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Anatomia da Viola
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Caixa de Ressonância
Boca
O Preparo da Viola
A Altura da Ação
Outra adaptação que geralmente se faz necessário é o rebaixamento do rastilho
(pecinha branca encaixada no cavalete).
Ao rebaixarmos o rastilho obteremos uma ação mais baixa, ou seja, uma viola
mais macia; para juntarmos os pares e as cordas faremos um pequeno sulco no
rastilho, obtendo assim a distância desejada de uma corda para a outra no par.
Braço e Palheta
Em geral as cordas são de metal, mas já houve tempo em que se fazia corda das
tripas de mico, macaco, coati e até ouriço. E houve muitas violas cujas primas,
segundas e terceiras e contra-canotilho eram de origem animal. Hoje as cordas
são de seda e até de nylon.
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Posição ou Empunhadura
O geral, o comum é segurar o braço da viola com a mão esquerda e com a direita
dedilhar as cordas. Das várias maneiras de planger as cordas da viola ou
"pinicar" como genericamente se referem a esta ação, podemos destacar a mais
delicada, maneirosa e suave delas, que é o ponteio, "jeito choroso" para
acompanhar as modas de "causos" e "assucedidos" que provocam
enternecimento e até lágrimas, bem como o riscado para acompanhar as músicas
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As doenças da Viola
Basta haver amor por determinada coisa, para que o homem lhe empreste
imediatamente certos atributos humanos. A viola, instrumento que maior
número de amantes tem tido entre o povo do meio rural brasileiro, por isso
mesmo padece das muitas doenças que atormentam o ser humano. A viola se
resfria, se "constipa", apanha "quebranto", fica rouca ou fanhosa, se
"destempera" e chega até a ficar reumática.
As doenças da viola seriam provenientes desse antropomorfismo que lhe é
atribuído, pois tem braço, costas, boca, ilharga, orelhas (cravelhas), "cacunda",
pestana, etc., ou da afeição que identifica instrumento e tocador?
De médico, poeta e louco todo mundo tem um pouco e o violeiro cuida da
saúde de sua viola: contra quebranto, galhinho de arruda no seu interior, jogado
boca adentro em noite de 6ª feira, na primeira após a compra do instrumento; há
um processo de magia simpática para dar melhor "voz" às cordas, colocando um
guizo de cascavel. E contra todos os fluidos prejudiciais, nada melhor do que
uma fita vermelha para desviar o mau olhado e a inveja. E bom violeiro é
sempre invejado!
Quer ver violeiro contrariado, é um estranho tocar em sua viola ou pedir licença
para "arranhar as cordas". Lá com seus botões o violeiro fica mandando ele
pinicar... Bem, não diz nada, mas pensa. A mão de estranho "destempera"
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Embora a viola tenha lá suas doenças, é inegável o poder que ela possui para
curar as doenças quando tocada em romarias e folia de reis. A viola nas danças
do santo português - padroeira dos violeiros, além de arrumar casamento para as
moças que vão ficando para "tias", cura também reumatismo. Quem num
cateretê "pisar nas cordas da viola", isto é seguir-lhe o ritmo, sem errar, jamais
ficará doente dos pés, das pernas, nunca terá "veia quebrada" - varizes. E,
portanto um preventivo maravilhoso que só os catireiros têm o privilégio de
possuir.
Se por um lado há doenças da viola, por outro ela tem grande função
medicinal. Ela cura as doenças, mata a saudade, elimina a tristeza, realiza a
psicoterapia profunda melo-medicinal. Acontece que a função medicinal da
música é coisa velhíssima.
Repete-se com o instrumento predileto do nosso caipira - a viola - o mesmo
destino medicinal da harpa bíblica - ela cura as doenças dos homens tristes.
Quem resiste à alegria contagiante de um cateretê riscado nas cordas de uma
viola? Qual é o reumático que não entra e desenferruja os ossos sob o ritmo
desencarangador de uma dança?
A lei da compensação ai está: o bom violeiro cuida de sua viola para que
ela não apanhe doenças, seja sempre sã, e ela recompensa, uma boa viola, bem
tocada dá alegria para o homem e já dizia Salomão nos seus Provérbios: "O
coração alegre aformoseia o rosto, mas pela dor do coração, o espírito se abate".
E é por isso que "violeiro morre é de velho"
Afinações da Viola
LÁ SI DO RÉ MI FA SOL
A B C D E F G
Esta denominação se conservou intacta através dos séculos até nossos dias e até
hoje ainda é usada preferencialmente, nos países de língua inglesa e na
Alemanha. O sistema de cifragem para designar acordes de acompanhamento
usado em todo o mundo emprega essa notação. Junto destas letras também são
usados alguns sinal denominados acidentes:
# (sustenido) - aumenta a nota em 1 semitom
b ( bemol ) - diminui a nota em 1 semitom
x ( dobrado sustenido) aumenta a nota em 1 tom
bb ( dobrado bemol ) diminui a nota em 1 tom
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Para explicarmos a palavra TOM e SEMITOM, vamos pegar por base as teclas
de um piano:
Agora que já temos noção de leitura de cifras, podemos falar sobre algumas
afinações utilizadas na viola.
A viola caipira é um instrumento que diferente do violão, utiliza diversas
afinações como já vimos anteriormente no primeiro capitulo, como cebolão, rio
abaixo, rio acima, natural, entre outras. Para o nosso método, iremos usar a
afinação CEBOLÃO EM MI MAIOR.
RITMOS
Cururu
Batidão ou Pagode
Polca Paraguaya
Chamamé
Cateretê
Querumana
CURURU
O cururu é um rítimo bastante usado na música caipira. Nasceu quando o Jesuíta
para ensinar catequese aos índios faziam uma festa chamada de "Festa da Santa
Cruz". O Índio, por não conseguir falar a palavra cruz, dizia "curuz" e com o
tempo o ritmo ganhou o nome de cururu. Há vários tipos de cururu, como o
piracicabano, por exemplo que é um desafio feito entre os violeiros assim como
as emboladas. No nosso caso, cururu é um ritmo básico da viola que veremos a
seguir.
O rítmo está expresso pelo seguinte desenho:
Para os que estão começando agora nesse novo curso dediquei este capítulo para
abordar sobre a posição dos acordes a fim de vocês terem em mente e fixá-los
para que possam tocar uma canção na sua viola.
Veja abaixo a lista dos acordes mais usados com suas devidas posições no braço
da viola. Este é um dicionário com afinação em MI, ok?
PRINCIPAIS ACORDES - C
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PRINCIPAIS ACORDES - D
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PRINCIPAIS ACORDES – E
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PRINCIPAIS ACORDES – F
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PRINCIPAIS ACORDES – G
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PRINCIPAIS ACORDES – A
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PRINCIPAIS ACORDES – B
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Olá, tudo bem??? Fiquei sabendo que com o conteúdo da aula passada você já
está conhecido em sua região como o "rei do cururu"!!! Parabéns. Vamos então
a mais um passo
A ESCALA CROMÁTICA nada mais é do que a escala musical que contém
todas as notas do nosso alfabeto musical. É como o nosso alfabeto e todas as
suas letras. Temos então na escala cromática:
Como já dissemos na aula passada, nossa escala musical é formada por 12 notas
e que a distância entre elas é de 1 semitom, ou seja, de DÒ para DÒ# existe a
distância de 1semitom, de RÈ# para MI exista também a distância de 1 semitom,
de MI para FÀ também existe a distância de 1 semitom. Cabe ressaltar uma
regra básica para se decorar (ou entender, o que é melhor) esta escala. Toda
nota terminada em "i" NÂO tem sustenido, ou seja, MI e SI. Continuando,
podemos também concluir que de DÒ para RÈ temos a distância de um tom,
assim como de RÈ# para FÀ, temos também a distância de um tom.
Mas para produzirmos música popular, não é necessário que você use todas as
12 notas da escala cromática e sim apenas um pequeno grupo de 7 (sete) notas
que são as conhecidas ESCALAS MAIORES e ESCALAS MENORES. O que
irá diferenciar uma da outra é a distância entre semitom e tom que há entre uma
nota e outra. Vamos ver?
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ESCALA MAIOR
Você já deve ter ouvido isso?
DÓ – RÉ – MI – FÁ – SOL – LÁ – SI – DÓ
Capítulo 5: Cateretê
O Cateretê é um ritmo ternário ( conta-se 1...2...3...1...2...3...) e é muito usado
em músicas caipiras, principalmente aquelas músicas mais românticas e tristes.
Vamos ao Ritmo:
Neste ritmo, o polegar desce duas vezes, o indicador sobe duas vezes e desce
rasqueando.
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A–B–C–D–E–E–F–G–A
E – F# - G – A – B – C – D – E
TOADA
Vamos agora para a parte rítmica, com a toada.
A Toada é um dos ritmos mais bonitos da viola. Temos verdadeiros clássicos
tocados este ritmo como por exemplo "Chico Mineiro", "Cabocla Tereza",
“Pingo d’Água” “Tristezas do Jeca” entre muitas outras. Vamos ver como é o
seu ritmo?
Neste ritmo deve-se reparar que ele começa com polegar e termina com polegar,
ou seja, colocado em seqüência, teremos dois polegares descendo um após o
outro. .
Há a mudança de acorde, o mesmo entrará entre os polegares como no exemplo
abaixo:
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Veja que apertando as notas certas teremos da mais grave para a mais fina B, E,
B, B, G. Observe que todas as notas fazem parte da escala de Mi Menor.
Um bom exercício é pegar todas as escalas maiores e menores que você fez e
formar tríades. Lembre-se que o acorde irá ganhar o nome da escala e do modo a
que ele pertence. Se você pega e faz a tríade da escala de Dó Maior, obviamente
o acorde também se chamará Dó Maior. Na aula que vem veremos como se
formam as tétrades.
QUERUMANA
Dando continuidade à parte rítmica, vamos conhecer hoje a Querumana. Este
ritmo não é lá muito conhecido, mas está presente num dos maiores sucessos da
música caipira dos últimos anos: “Meu Reino Encantado”. Vamos ver o seu
desenho?
Este ritmo é muito fácil, porém você tem que observar que ele tem 6 tempos e
você toca apenas nos 4 primeiros deixando os dois últimos sem bater. Por
exemplo, conte até seis. Depois toque contando os quatro primeiros tempos e no
5 e 6 abafe as cordas para não tocar.
Este ritmo é bem audível na música “Encantos da Natureza”, dos nossos
saudosos Tião Carreiro e Pardinho.
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Capítulo 7: Intervalos
Vamos estudar este mês os intervalos. Os intervalos musicais são como
distâncias entre um ponto e outro e muito importante para a compreensão de
certos acordes como E9, A11 entre outros. Vamos conhecê-los. Para este
exemplo vou pegar uma escala cromática que comece pela nota MI :
Convém estudar em todos os tons. O que mudará são as notas, mas a seqüência
de Tônica á Oitava Justa é sempre a mesma. Mão á obra!!!
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CIPÓ PRETO
A - abafado
R - rasqueado
I - indicador
Este ritmo é bem fácil desde que você observe que ele não é igual aos outros.
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Toque com o dedo indicador na segunda casa da corda mi grave e segure o som,
não o deixe morrer.
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Em seguida bata com o dedo anelar na quarta casa e segure o som, não solte
nem o indicador e nem o anelar.
Treine bastante até conseguir fazê-lo o mais limpo possível. Vamos agora ver a
parte rítmica. Vamos conhecer a batida seca.
A batida seca é um rasqueado seco, ou seja, toque um rasqueado forte e com o
peso da mão na descida, abafe a corda com a palma da mão. O som tem que sair
percussivo. Para testar, faça acordes e toque sua batida seca. Se o som do acorde
sair é porque ela ainda não está perfeita. Treine bastante isso.
Bom, com o “ligado” e a “batida seca” treinada, vamos ao ritmo:
BS – batida seca
I – indicador
Repare que há um espaço separando a última batida seca e indicador. Este
espaço tem sentido. Dê este espaço para tocar. Juntando dois compassos, ele fica
assim:
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Treine bastante sempre ouvindo as músicas para ter noção do tempo e do ritmo.
Agora vamos ver os acordes usados nele.
1- na saída dos solos: repare no que a viola faz na saída de um solo no pagode.
Os acordes usados ali são:
Acorde 1
Acorde 2
4- Para outros acordes, como Lá Maior (A), Mi maior com Sétima Menor, faça o
acorde normal, mas substituindo o ligado pela descida do polegar:
Bom, espero que você tenha gostado da aula. Treine bastante e lembre-se de que
seu som tem que ficar o mais nítido possível.
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Aqui indicamos com qual dedo da mão direita vamos ferir a corda.
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Fazendo sempre uma sequência completa de Mão direita para cada Posição da
Escala na mão esquerda iremos até o fim do braço e voltaremos ao começo.
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Vão aqui algumas técnicas para o ponteio de viola que são muilo usadas e
que, se forem executadas com destreza, darão um "molho" todo especial à viola:
Na maior parte desses ponteios podemos usar o dedo anular da mão direila
apoiado no tampo da viola.
Nesse caso, cada violeiro achará seu melhor ponto de apoio, podendo também
executar o ponteio sem esse recurso.
Ponteio de Três:
Esse ponteio, na verdade, é um dedilhado bem simples onde para cada nota ou
batida no polegar damos uma batida com o indicador e outra com o médio. Só
então pegaremos outra nota com o polegar. O ideal é trabalhar o ponteio com o
máximo de rapidez para se conseguir um efeito bonito.
Note que a partir dessa variação podemos criar batidas diferentes conforme a
música que se vai tocar. Podemos também variar os pares:
ou
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Ponteio de Quatro
Para o ponteio de quatro teremos variações:
Note que, nesse ponteio, teremos uma batida do indicador de baixo para cima
para cada batida do polegar.
Nesse ponteio temos uma batida de indicador e outra do médio para cada batida
do polegar.
Apesar de apresentarmos esse ponteio junto com uma escala duetada, pode-se
praticar o exercício no 3º e lº par soltos, para que se consiga certa agilidade para
depois pegar as notas presas na mão esquerda.
Ponteio de Quatro (6ª inversão):
Bons Estudos.
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Bibliografia
Junior da Viola
http://www.juniordaviola.com.br
Luciano Queiroz
Dicionário de acordes
http://www.lucianoqueiroz.com
Ricardo Anastácio
http://www.violatropeira.com.br