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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS


FACULDADES INTEGRADAS DOS CAMPOS GERAIS
CURSO DE ENFERMAGEM

MARINA CHAVES CARNEIRO

AVALIAÇÃO DO ESTRESSE DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE


EMERGÊNCIA HOSPITALAR

PONTA GROSSA
2010
2

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS


FACULDADES INTEGRADAS DOS CAMPOS GERAIS
CURSO DE ENFERMAGEM

MARINA CHAVES CARNEIRO

AVALIAÇÃO DO ESTRESSE DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE


EMERGÊNCIA HOSPITALAR

Monografia apresentada como requisito parcial


para obtenção do grau de bacharelado e
licenciatura do Curso Superior de Enfermagem
das Faculdades Integradas dos Campos
Gerais.
Orientador: Msc. Maurício Wisniewski.
Co-orientador: Msc.Jacir da Silva Pinto.

PONTA GROSSA
3

2010
4

Dedico este trabalho aos meus pais


Claudio e Elisabeth; por me darem a
vida como maior prova de amor;
pelo apoio, esforço, dedicação e
compreensão, em todos os
momentos desta e de outras
caminhadas. À minha mãe Elisabeth
que para mim representa superação,
coragem, determinação e ousadia.
Ao meu pai Claudio que para mim
representa força, família, calma e
proteção. Ao meu noivo Júlio, por
seu incentivo, companheirismo,
paciência e lealdade. À minha avó
Áurea, que para mim representa a
jovialidade e o aconchego. À minha
5

irmã Lorena, por compartilhar


comigo mais uma conquista.
AGRADECIMENTOS
 
A Deus, pelos momentos de desespero, solidão, fragilidade, que
busquei a fé para seguir minha jornada. Ofertou-me força nos momentos em
que já sentia a derrota. Agradeço também aos momentos de alegrias,
conquistas, vitórias e superações em minha caminhada.
A Nossa Senhora Aparecida, pela sua proteção e apoio que me
revigora sempre.
À Irmã Scheilla, que estará sempre ao meu lado fortalecendo minha
coragem, responsabilidade, dedicação e eficiência no desempenho da
profissão de Enfermagem.
À minha família, minha essência, obrigada por participar comigo
desta e de outras batalhas que tive e venci com seu apoio, que foi fundamental.
Obrigada por acreditar desde o começo do curso, que conseguiria chegar à sua
conclusão. Quando pensei em desistir, obrigada por encorajar-me. Obrigada
por mais uma vitória!
Ao meu orientador Maurício Wisniewski, obrigada pelos dias de
orientação, atenção e dedicação que foram fundamentais para o
desenvolvimento do Trabalho de Conclusão de Curso. Obrigada por
proporcionar a mim e minhas colegas um clima de amizade e companheirismo
em um ambiente descontraído, o qual possibilitou que as idéias fluíssem
naturalmente, com resultados satisfatórios, retribuídos com esta vitória.
Ao Professor Jacir da Silva Pinto e à Professora Cristiane Ansbach
Pereira pela contribuição, dentro de suas áreas, para o desenvolvimento da
monografia, e, principalmente pela dedicação e empenho que demonstraram
no decorrer de suas atividades.
A todos os professores e funcionários que fazem parte do curso de
Enfermagem da Faculdade Cescage. À direção geral e coordenação do curso.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que este
trabalho consiga atingir aos objetivos propostos.
6

A todos os amigos e colegas da faculdade, por estes quatro anos


que estivemos juntos, os quais guardarei com maior carinho em minhas
recordações. Desejo sucesso a todos!

“Muitas vezes o estresse


tem mais a ver com focar no que
ama do que com qualquer outra
coisa. Se disséssemos para nós
mesmos que estamos ‘tão sem foco’
em vez de ‘tão estressados’,
esclareceríamos tudo mais
rapidamente. Quanto mais focarmos
7

em fazer coisas que gostamos,


menos estressados nos sentiremos”
(Donald Trump)

MINHA HISTÓRIA

Minha proximidade com a Enfermagem se iniciou pela experiência


própria como paciente. Quando criança, tive sarampo e hipertermia (40º C), o
que desencadeou a convulsão febril. Tive varias convulsões (epiliepsia), as
quais ocasionaram uma lesão cerebral no lobo temporal esquerdo. O primeiro
médico que realizou minhas consultas encaminhou-me a um neuropediatra de
Curitiba, pois naquela época não existiam em Ponta Grossa recursos físicos e
equipe para neurocirurgia pediátrica. Fui com meus pais consultá-lo, realizei
eletroencefalograma (EEG), neuroimagem e radiologia. Porém, o neuropediatra
de Curitiba indicou aos meus pais o cirurgião neuropediatra em São Paulo pois
precisaria realizar uma neurocirurgia. Meu pai tinha medo de arriscar, ir a um
lugar diferente, que algo ruim acontecesse. Minha mãe, mesmo sabendo que
ele discordava, fez nossas malas e partimos para São Paulo, na Unidade
Hospital São Joaquim (Hospital Beneficência Portuguesa). Fui hospitalizada
aos oito anos de idade (1994) para o tratamento da epilepsia não controlada
pela medicação. No mês seguinte, foi realizada craniotomia temporal esquerda.
Durante minha internação, conheci várias enfermeiras. Uma delas, em
especial, recordo que me estimulava muito, passava todos os dias em meu
quarto, perguntava se queria passear, mostrava-me o hospital, passávamos a
maior parte do dia na brinquedoteca, onde conheci outras crianças e
juntamente com elas não percebíamos o dias passarem. O cuidado da
enfermeira e a confiança que ela passava para mim foram peças-chaves em
meu pré e pós-operatório. Fiquei internada 28 dias. Após a alta, percebemos
que a cirurgia realizou-se com sucesso. Utilizei tratamento medicamentoso até
os 13 anos de idade. Nesta idade realizei meu último eletroencefalograma com
resultados normais. Admiro muito os médicos e profissionais e sou à eles
eternamete grata, sei que graças à cautela durante a cirurgia, com cuidados
milimétricos, estou aqui, hoje, aos 24 anos, sem nenhuma seqüela, realizando
8

o sonho de SER ENFERMEIRA, e poder prestar a mesma assistência e


dedicação que tive um dia.

No começo do curso de Enfermagem, tudo parecia mais difícil para


mim, pois tenho muita dificuldade de decorar nomes e conceitos. Preciso
entender e interpretar. Entrei na Faculdade Cescage em 2005. Minha primeira
turma se formou em 2008. Tive muita dificuldade em acompanhar os conteúdos
e práticas. Fiquei várias vezes em dependência. Quase desisti do curso. Mas
quando percebi que faltavam somente dois anos, decidi ser persistente.
Durante o curso, tive professores que me motivaram e outros que me
desmotivaram. Porém, ambos questionavam-me se essa é a profissão que
realmente desejo exercer. Essa pergunta fazia-me refletir sobre seus conceitos
e atribuições.
Como aluna, sempre observei o comportamento de meus
professores e colegas. Nas aulas, sempre foi citado o tema “humanização
hospitalar”, porém raramente isso podia ser observado durante as assistências
prestadas. Sei que as faculdades de enfermagem preocupam-se em formar um
enfermeiro técnico-científico com boa destreza manual e agilidade na
assistência, porém o que pude perceber até hoje, é que há uma lacuna nesta
formação. Esta lacuna se relaciona ao trato do profissional habilitado ao
trabalho em equipe e ao cuidado com o paciente: parece faltar a tal
“humanização”. Comecei a reparar o tipo de liderança que cada professor
exercia sobre a equipe e sobre a turma, percebendo que a maioria tem muito
mais teor autocrático do que humanizado, e tem como maior dificuldade o
relacionamento interpessoal, gerador de estresse em vários âmbitos da vida.
Por isso escolhi como tema do Trabalho de Conclusão do Curso o
estresse do enfermeiro em unidade de emergência, o qual fez com que
refletisse sobre a profissão que vou exercer e suas principais dificuldades.
Sinto-me ainda um pouco novata e assustada no trabalho de um hospital,
sendo este o motivo pelo qual alguns professores me questionavam a respeito
desta escolha profissional. Porém, concluindo o curso, vejo que a Enfermagem
tem várias opções de campo de atuação. Gostei muito de estagiar nas
Unidades de Saúde, no CAPS I e II, e no setor administrativo. Pretendo me
9

especializar em algum desses cursos: Saúde Mental, Saúde do trabalhador,


Gestão Hospitalar, Administração Hospitalar, Auditoria ou Acupuntura. Afinal:
“Não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são
pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles”. (Augusto Cury)
RESUMO

CARNEIRO, M.C. Avaliação do estresse do enfermeiro em unidade de emergência


hospitalar. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem), Centro de Ensino
Superior dos Campos Gerais – Cescage. Ponta Grossa, 2010.

O estresse é considerado uma doença psicossomática, a qual os fatores que alteram o estado
emocional fazem com que este interfira diretamente no estado físico. As causas do estresse
variam de indivíduo a indivíduo. Considerando a Pirâmide das necessidades de Maslow, o
estresse pode surgir quando o indivíduo não consegue suprir suas necessidades primárias
(fisiológicas e de segurança) e secundárias (sociais, auto-estima, auto-realização). O estresse
pode ser crônico ou agudo. O estresse crônico é considerado como uma doença do ser
humano moderno gerado muitas vezes em ambiente de trabalho (Sídrome de Burnout). Hans
Selye descreveu os sintomas do estresse nomeando-os como Síndrome Geral de Adaptação,
composto de três fases sucessivas: alarme, resistência e esgotamento. Baseando-se na Teoria
de Selye, a psicóloga Marilda Emmanuel Novaes Lipp, identificou no decorrer de seus estudos
uma quarta fase do processo de estresse, nomeada como “quase-exaustão”. Em função disso,
o objetivo desta pesquisa foi avaliar o estresse do enfermeiro em unidade de emergência
hospitalar. Trata- se de um estudo de caso do tipo experimental com sete enfermeiros de um
P.S. de uma cidade do interior do Paraná, por meio do Inventário dos Sintomas do Stress de
Lipp e três questões fechadas de múltipla escolha. Utilizou-se a análise de conteúdo para
discutir os dados, a partir da qual se definiram os fatores estressores no ambiente de trabalho.
Conclui-se que o processo de trabalho do enfermeiro que atua em unidade de emergência é
considerado estressante. Tem como função prestar assistência em situações de urgência e
emergência, executar o tratamento, coordenar a equipe de enfermagem, além de exercer
funções burocráticas. Para isso, deve ter além do conhecimento técnico-científico o
discernimento, a iniciativa, boa comunicação, habilidade de ensinar, maturidade, estabilidade
emocional e capacidade de liderança, que provoca uma sobrecarga de trabalho. Essa situação
pode gerar um desgaste físico e mental, resultando em estresse.

PALAVRAS-CHAVES: Estresse; Enfermeiro; Emergência; Equipe; Assistência.


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ABSTRACT

CARNEIRO, M.C. Evaluation of the stress of nurses in a hospital emergency ward.


Completion of course work (undergraduate Nursing), Centre for Higher Education of Campos
Gerais – Cescage. Ponta Grossa. 2010.

Stress is considered a psychosomatic illness, which factors that alter the emotional state make
it to interfere directly in the physical state. The causes of stress vary from individual to
individual. Considering Maslow's pyramid of needs, stress can arise when the individual fails to
meet their basic needs (physiological and safety) and secondary (social, self-esteem, self-
realization). Stress can be acute or chronic. Chronic stress is considered a disease of modern
humans often generated in the workplace (Sídrome Burnout). Hans Selye described the
symptoms of stress naming them as General Adaptation Syndrome, which consists of three
stages: alarm, resistance and exhaustion. Based on the theory of Selye, psychologist Marilda
Emmanuel Novaes Lipp, identified in the course of their studies a fourth stage of stress, named
as "quasi-exhaustion." As a result, the objective was to assess stress of nurses in a hospital
emergency ward. This is a case study of an experimental nature with seven nurses from a PS to
an inland city of Paraná, using the Inventory of the Lipp Stress Symptoms and three closed
questions multiple choice. We used content analysis to discuss the data from which were
defined stressors in the workplace. We conclude that the working process of the nurse working
in emergency rooms is considered stressful. Its function to assist in emergency situations and
emergency, to perform the treatment, to coordinate the nursing staff, in addition to exerting
bureaucratic functions. To do so, must have knowledge beyond the technical and scientific
insight, initiative, good communication, ability to teach, maturity, emotional stability and
leadership, which causes an overload of work. This situation can generate a physical and
mental, resulting in stress.

KEY WORDS: Stress; Nurse, Emergency; Team; Assistance;


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Pirâmide hierárquica das necessidades de Maslow ...................22

Figura 2. Prisioneiros da Segunda Guerra....................................................26

Figura 3. Tabela dos comportamentos de pessoas Tipo A.........................30

Figura 4. Charles Chaplin em Tempos Modernos .......................................31

Figura 4. Piramide hierárquica: antigo paradigma.......................................44

Figura 5. Piramide hierárquica: novo paradigma.........................................47

Figura 6. Enfrentamento do Estresse............................................................53

Figura 7. Causas do estresse ocupacional por ordem de preferência......56

Figura 8. Avaliação do estresse baseado no ISSL.......................................60

Figura 9. Grupo feminino (G1)........................................................................61

Figura 10. Grupo masculino (G2)...................................................................61

Figura 11. Sintomas mais freqüentes............................................................62


12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................13

2. OBJETIVOS...........................................................................................16
2.1. GERAL............................................................................................16
2.2. ESPECÍFICOS................................................................................16

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................17
3.1. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM..................................................17

3.2. O AMBIENTE HOSPITALAR......................................................19

3.3. ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO............................................19

3.4. O ESTRESSE NA PERSPECTIVA DA SAÚDE..........................20


3.4.1. O que é o estresse?....................................................21
3.4.2. Estresse versus Motivação: Causas...........................22
3.4.3. Tipos de estresse........................................................23
3.4.4. Teoria de Hans Selye..................................................23
3.4.5. Coping: maneiras de enfrentamento do estresse........27
3.4.6. Personalidade & Estresse versus doença cardíaca....28

3.5. ESTRESSE OCUPACIONAL......................................................30


3.5.1. Estresse ocupacional na profissão de Enfermagem...32
3.5.2. Síndrome de Burnout..................................................34

3.6. FATORES ESTRESSORES NA ENFERMAGEM:


(DES) MOTIVAÇÃO.....................................................................36

3.7. O ENFERMEIRO NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA..................39

3.8. ENFERMEIRO: LÍDER & GERENTE..........................................41

4. METODOLOGIA...................................................................................50
13

4.1. CAMPO E SUJEITOS DA PESQUISA...........................................50


4.2. COLETA DE DADOS......................................................................51
4.3. ANÁLISE DE DADOS.....................................................................51
4.4. ASPECTOS ÉTICOS......................................................................51

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS................................52


5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS............................................52
5.2. DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS..................................................52
5.2.1. Categoria 1 ............................................................................52
5.3.2. Categoria 2.............................................................................54
5.3.3. Categoria 3.............................................................................55
5.3.4. Categoria 4.............................................................................58
5.3.5. Categoria 5.............................................................................59

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................63
7. REFERENCIAS.....................................................................................67
8. APÊNDICES..........................................................................................79
9. ANEXOS................................................................................................84
14

1. INTRODUÇÃO

O estresse está presente desde os tempos mais primitivos da


civilização, quando o indivíduo deveria sentir-se preparado para lutar e fugir. O
estresse se manifesta quando o indivíduo é exposto a situações que podem
colocar em perigo a sua “sobrevivência”. Por isso, nos últimos anos, o estresse
é observado com maior preocupação (CALIL; PARANHOS, 2007, p.117).
Nos dias de hoje, maior parte dos seres humanos não precisam
mais lutar fisicamente, caçar seu alimento para conseguir saciar a fome, suprir
suas necessidades, fugir, abrigar-se, sobreviver. Porém a luta e a fuga hoje em
dia, são vivenciadas pelos seres humanos de maneira racional e emocional.
No mundo moderno, cheio de conflitos, rapidez de informações e
necessidade de superação, os padrões herdados na nossa genética não são
aceitos, gerando sentimento de incapacidade. Quando a pessoa julga não ser
capaz de cumprir suas responsabilidades junto à sociedade, desacreditada de
sua importância junto a sua rede de relacionamento, surge o estresse. Assim, o
organismo tende a reagir às exigências que são absorvidas. De acordo com
nossa herança genética, o organismo reagiria causando ao individuo uma
fuga ou luta. No mundo moderno, cheio de conflitos, rapidez de informações e
necessidade de superação, os padrões herdados na nossa (SILVA, 2009).
O estresse é um tema que é inserido nos campos de conhecimento
da Enfermagem em Saúde Mental e Saúde do Trabalhador. A Organização
Mundial da Saúde, em 1946 definiu a saúde como “um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou
enfermidade”. Atualmente o foco único na doença, que sempre foi priorizado
em pesquisas da área de saúde, cede espaço a estudos de características
adaptativas, sendo algumas: esperança, sabedoria, criatividade, coragem e
espiritualidade. Já em 1983, a Assembléia Mundial de Saúde, abordando a
inclusão de uma dimensão não-material ou espiritual de saúde esta sendo
discutida extensamente a ponto de haver uma proposta para modificar o
15

conceito clássico de saúde da OMS para “um estado dinâmico completo de


bem-estar físico, mental, espiritual e social e não meramente a ausência de
doença” (PANZINI et al, 2007).
De acordo com a pirâmide (hierarquia) das necessidades de
Maslow, o ser humano tem várias necessidades; dentre elas:

 Necessidades fisiológicas: alimento, ar, água, eliminação,


vestuário, sexo, atividade e repouso, em quantidades suficientes
para sua sobrevivência (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
 Necessidades de segurança: quando o indivíduo percebe que
está livre de qualquer ameaça de perigo ou ataque e sente-se
então seguro (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
 Necessidades sociais: envolve relacionamento interpessoal
(amor - amar e ser amado, sexualidade, família colegas, amigos)
(ATKINSON et.al. 1995, p.436).
 Necessidades de auto-estima: necessidades que o indivíduo
precisa alcançar para sentir-se confiante. Auto-confiança,
aprovação, reconhecimento, respeito, produtividade, expressão e
comunicação (ATKINSON et.al. 1995, p.436).
 Necessidades de auto-realização: A auto-realização envolve a
moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas,
ausência de preconceitos e a aceitação dos fatos (ATKINSON
et.al. 1995, p.436).

O estresse pode surgir quando o indivíduo não consegue suprir suas


necessidades como forma de enfrentamento destas situações.
O endocrinologista canadense Hans Selye (1907-1982) foi quem
iniciou as pesquisas sobre o estresse em 1936. Selye classificou o estresse
como “Síndrome Geral de Adaptação”, ou seja, quando o indivíduo não
consegue adaptar-se a determinada situação, ou várias situações, causando
em seu organismo reações que podem interferir no sistema imunológico, no
sistema nervoso e no sistema endócrino. Selye dividiu o estresse em três
16

fases: fase de alerta, fase de resistência e fase de exaustão (CAMELO;


ANGERAMI, 2004, p.15).
Para que haja melhor compreensão da relação do estresse com a
saúde do trabalhador e desta com a saúde do enfermeiro, especialmente
aquele que atua em unidade de emergência, é necessária uma análise do
conceito e dos sintomas derivados do estresse para então, compreender os
fatores que influenciam resistências físicas e psíquicas deste profissional
(CALIL; PARANHOS, 2007, p.117).
Cada pessoa possui uma forma particular de reagir aos estímulos da
vida, portanto tem também limiares diferentes de esgotamento por estresse. De
acordo com o ponto de vista que cada um tem da realidade, da valorização do
passado ou das perspectivas do futuro, as reações de estresse podem variar.
Uma visualização pessimista da realidade pode proporcionar e até mesmo
favorecer estas reações, enquanto a representação otimista deve amenizar
seus efeitos (XAVIER, 2010).
Quando o indivíduo conscientizar-se de quais são estes estímulos,
poderá então começar a enfrentá-los. A função básica do enfrentamento é a
adaptação do indivíduo às situações adversas, com redução da tensão e
restauração do equilíbrio com menor dano possível (CALIL; PARANHOS, 2007,
p.120).
A maneira em que o trabalhador percebe e atribui um significado ao
trabalho, o modo como está inserido no processo de trabalho e envolvido por
ele, terá implicações em sua maneira de viver e ser saudável, refletindo em
uma melhor ou pior qualidade de vida (SÁ, 2001).
Nesse sentido, é necessário que o enfermeiro, profissional com
tamanha responsabilidade em sua função, esteja suprido em todas suas
necessidades, para que possa atender satisfatoriamente as necessidades de
seus pacientes, e mesmo em situações de extrema pressão e risco, consiga
que seu corpo e mente esteja em sintonia com as situações de emergência a
que são submetidos. O que é demonstrado na citação de Rocha:

O indivíduo mentalmente mais sadio encontra soluções mais satisfatórias


para seus conflitos. Essas soluções tanto são escolhidas por ele,
deliberadamente, como podem partir do seu inconsciente. Assim como
17

apresentamos respostas fisiológicas, também lançamos mão de respostas


psicológicas para nos defender e proteger (ROCHA, ANO, p.85).

No decorrer das atividades em campo de estágio curricular,


principalmente na unidade de emergência, se pode observar que vários
enfermeiros aparentam estar em alto grau de estresse emocional,
provavelmente advindos dos desgastes enfrentados diariamente, os quais
envolvem tensões, ansiedades, situações de tristezas, doenças, mortes,
cobranças externas (ambiente hospitalar, recursos, trabalho em equipe,
assistência, gerenciamento, liderança) e internas (família, amigos,
relacionamentos, estabilidade), sobrecarga de trabalho, falta de
reconhecimento da profissão pela sociedade (muitas vezes pelo próprio
enfermeiro já desmotivado), salário não-condizente, situações estas
potencializadas quando em unidade de emergência, onde o enfermeiro
encontra maior dificuldade na assistência prestada, gerando maior estresse, o
que prejudica sua saúde mental, e conseqüentemente sua qualidade de vida,
interferindo diretamente na qualidade da assistência prestada.
Sabe-se que a enfermagem, é definida como uma ciência voltada
para a promoção da saúde e bem-estar do ser humano, sendo o cuidado a sua
essência. Cuidado este, o qual primeiramente o próprio enfermeiro deveria
estar suprido. Afinal, cuidar e proporcionar assistência ao enfermo são tarefas
que implicam em desgaste físico e psicológico. Portanto, para melhor
compreensão, levanta-se a seguinte questão: Como avaliar o estresse do
enfermeiro em unidade de emergência?

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL:

- Avaliar o estresse do enfermeiro em unidade de emergência hospitalar.

2.2 ESPECÍFICOS:
18

- Identificar os fatores (internos/ externos) que ocasionam o estresse do


enfermeiro em unidade de emergência.
- Descrever as situações, as quais evidenciam o estresse do profissional
enfermeiro
- Apontar a importância da saúde mental para o enfermeiro no trabalho em
equipe e com a assistência prestada na unidade de emergência hospitalar.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Ao estudar Enfermagem e sua história, pode-se deparar com lutas


travadas a estigmas e preconceitos criados ao longo dos tempos pela
sociedade, alinhados à dificuldade de aceitação da profissão pela mesma
(COLPO; CAMARGO; MATTOS, 2006, p.68).
Por meio do estudo da História da Enfermagem pode-se identificar a
origem da maioria destes estereótipos. A história analisa o passado,
estabelecendo um entendimento sobre o presente. Através de seu estudo
identificam-se as possíveis causas de sua permanência no meio social através
dos tempos em detrimento à divulgação de toda a evolução tecnológica e
científica a qual passou a Enfermagem. Os estereótipos hoje relatados, na sua
maioria se referem a um passado remoto que foi superado pela cientificidade
(SANTOS; LUCHESI, 2002, s.p.).
A enfermagem, nos tempos mais remotos e antigos, era baseada em
ajudar o próximo, em mitos e em crenças. Atualmente, se baseia em estudos
científicos, tecnológicos e humanísticos. Avalia e cuida do ser humano de
forma holística. É uma ciência com campo de conhecimentos fundamentais e
práticas que abrangem do estado de saúde ao estado de doença, seu
tratamento e cuidados (STACCIARINI et al, 1999, s.p.).

O cuidado com o corpo humano foi distinguido entre os conceitos de


sagrado e profano, estabelecidos pelo Cristianismo, que impossibilitaram o
cuidado a áreas tidas como “proibidas”, como órgãos sexuais. Como forma de
manter a impessoalidade e respeito, a realização de procedimentos técnicos
corpo só era possível por meio de instrumentais, sendo a distância necessária
19

para a não contaminação com o corpo profano e pecaminoso (COLPO;


CAMARGO; MATTOS, 2006, p.68).
São encontradas algumas dificuldades entre a relação
enfermeiro/paciente, atribuídas a alguns aspectos relacionados a estes
estereótipos, os quais promovem uma visão distorcida sobre a profissão. Na
enfermagem, o toque no corpo do paciente é permitido e necessário, visto que
é uma necessidade intrínseca à realização do cuidado (COLPO; CAMARGO;
MATTOS, 2006, p.68).
Florence Nightingale é considerada mundialmente como a
precursora da Enfermagem Moderna. Obteve maior reconhecimento através de
sua participação como voluntária na Guerra da Criméia, em 1854. Ao retornar
da guerra, tornou-se uma figura nacionalmente popular; considerada como
sinônimo de doçura, eficiência e heroísmo (COSTA et. al. 2009, s.p.).
O trabalho que realizou durante a guerra teve um impacto muito
maior do que simplesmente a ação de reorganizar a enfermagem e salvar
vidas. Ela quebrou o preconceito que existia em torno da participação da
mulher no Exército e transformou a visão da sociedade em relação à
enfermagem. Defendeu a idéia de que a arte do cuidado fosse um treinamento
organizado, prático e científico. Para ela, o enfermeiro deve ser um profissional
capacitado a servir à medicina, à cirurgia e à higiene e não aos profissionais
dessas áreas Conseguiu prestar verdadeiros cuidados àqueles que
necessitavam, os quais, devido a questões histórico-religiosas, não percebiam
que os rituais que realizavam já indicavam uma prática profissional organizada
(COSTA et. al. 2009, s.p.).
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, observa-se ainda
uma tendência em centralizar o hospital como único ambiente de trabalho. A
enfermagem cresce em outras áreas, tais como na saúde coletiva, no ensino e
na pesquisa. Esse pequeno crescimento contribui para que o enfermeiro
participe das rápidas mudanças do mundo globalizado que são exigidas
(STACCIARINI et al, 1999, s.p.).
Os conceitos de saúde sofrem mudanças, porém esse contexto
parece não refletir na compreensão da sociedade com a enfermagem como
profissão. A sociedade ainda visualiza a enfermagem como uma profissão que
serve com espírito de solidariedade, caridade e religiosidade. Para que esta
20

visão enfermeiro/caridade mude, é preciso que o próprio enfermeiro supere


estes pré- conceitos e estereótipos (STACCIARINI et al, 1999, s.p.).
O primeiro passo para discussão de estratégias de enfrentamento e
divulgação da verdadeira profissão é entender e identificar a presença destes
pré-conceitos na sociedade e tentar reverter estes, proporcionando a
valorização e o reconhecimento da sociedade pelo trabalho e atribuições do
enfermeiro (SANTOS; LUCHESI, 2002, s.p.).
O enfermeiro ainda busca sua identidade profissional, sua auto-
definição e reconhecimento. Para alcançá-los, enfrenta dificuldades que
comprometem o seu desempenho no trabalho e que também acabam
influenciando e interferindo no seu lado pessoal, principalmente em sua auto-
estima e auto-realização (STACCIARINI; TRÓCCOLI; 2001 p.18).

3.2. O AMBIENTE HOSPITALAR

Para Dias et.al. (2005, p.5), os hospitais são organizações


complexas, com atividades intensas, que funcionam na sua maioria em período
integral. Para o funcionamento adequado de todas as suas unidades e setores,
é necessário uma eficiência na mão de obra, com investimentos em capital
humano, para uma atuação harmônica e independente, com profissionais
multidisciplinares, executando suas atribuições, como citado:

(...) as unidades hospitalares são compostas por uma complexidade muito


grande tanto de profissionais como também da sua própria estrutura
organizacional. Portanto, o ambiente hospitalar caracteriza-se por ser
altamente estressante e com atividades muito intensas, uma vez que lida
com pessoas debilitadas fisicamente e emocionalmente , lida com vida ,
morte e doenças, contribuindo assim, para ocorrência de situações de
ansiedade e tensão nas equipes técnicas. Tal afirmação não é difícil de ser
comprovada, uma vez que atualmente, hospitais que apresentam boas
condições de trabalho, sendo bem aparelhados, não faltando materiais e
nem tampouco medicamentos, se tornaram exceção. Tanto na esfera
pública quanto na privada, o que vemos são hospitais descuidados e
profissionais correndo contra o tempo para tentarem da melhor maneira
possível cumprirem suas tarefas, pois exercem diversas funções ao mesmo
tempo e se sobrecarregam realizando diversos plantões, face a má
remuneração que recebem (DIAS et.al., 2005, p.5).

3.3. ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO


21

A enfermagem tem como principal objetivo promover através de sua


atuação a promoção, a conservação e restabelecimento da saúde do paciente.
Para isso, é necessário o conhecimento do enfermeiro em diversas áreas,
como biologia, semiologia, psicologia, administração, entre outros. O
enfermeiro deve usar, além de sua habilidade pessoal e profissional, a
percepção e sensibilidade de poder antecipar os fatos e perceber a ansiedade,
preocupação e necessidades do paciente (DIAS et.al, 2005, p.6).
A estreita ligação entre os elementos deste sistema, e sua
complexidade, pode ser assim descrita:

“Ser enfermeiro significa ter como agente de trabalho o ser humano, e,


como sujeito de ação, o próprio ser humano. Há uma estreita ligação entre o
trabalho e o trabalhador, com a vivência direta e ininterrupta do processo de
dor, morte, sofrimento, desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos
outros sentimentos e reações desencadeadas pelo processo doença”.
(BATISTA; BIANCHI, 2006, p.535).

O estado de saúde de cada paciente determina as necessidades dos


cuidados de enfermagem, comparando-o sempre com o estado de saúde
normal. Cuidar faz parte dos moldes de nossa civilização, desde os tempos
mais primitivos. Os cuidados de enfermagem são ações realizadas com o
objetivo de conseguir a reabilitação completa do indivíduo, dentro de suas
limitações (LÓPEZ; CRUZ, 2002, p.6).

3.4. O ESTRESSE NA PERSPECTIVA DA SAÚDE

3.4.1. O que é o estresse?

O estresse é um fato que sempre foi comum na vida do ser humano,


observado em qualquer situação, ou mudança, que exige adaptação do
indivíduo. O modo que o indivíduo reage às experiências estressantes cria uma
resposta ao estresse (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.9).
O estresse é vivenciado pelo indivíduo a partir de três fontes
básicas: ambiente, corpo e pensamento. O ambiente exige adaptação do
indivíduo, pois nele podem ocorrer mudanças de temperatura, barulhos,
excesso de pessoas e exigências interpessoais. Pressões estas, que ameaçam
as suas necessidades de auto-estima. O corpo exige do indivíduo o cuidado,
que é prestado a partir de seus hábitos de vida (dieta, atividade física, sono). O
22

pensamento é a maneira de o indivíduo interpretar, perceber, rotular as


próprias experiências (passadas, atuais e futuras). Pode fazer com que o
indivíduo relaxe ou se estresse (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.9).

3.4.2. Estresse versus Motivação: Causas

O ser humano tem necessidades físicas, psíquicas, de segurança,


sociais, de auto-estima e de auto-realização. As necessidades físicas referem-
se às funções fisiológicas: alimento, água, oxigênio, eliminação, vestuário,
sexo, atividade e repouso. Já as necessidades sociais dizem respeito a
pertencer a uma família, um grupo, ter amigos, colegas, participar, aprender e
divertir-se. As necessidades de auto-estima têm a ver com autoconfiança,
responsabilidades. Por fim as necessidades de auto-realização, como o próprio
nome diz, quando o indivíduo se sente realizado (ROCHA, 2005, p.53).
Abraham Harold Maslow, pesquisador, professor e psicólogo
americano, construiu em meados do século 20 a teoria na foram hierarquizadas
as necessidades humanas. Segundo a Teoria de Maslow, conhecida também
como teoria da motivação humana, as necessidades humanas podem ser
agrupadas em cinco níveis (SAMPA, 2009, s.p.):
1. Necessidades fisiológicas: Estas são as necessidades básicas ao
organismo (ar, água, comida, etc.). Quando o ser humano não tem estas
necessidades satisfeitas, sente-se mal, desconfortado, irritado, ansioso,
inseguro, doente (enfermo). Quando o indivíduo satisfez estas necessidades,
preocupa-se então com outras (SAMPA, 2009, s.p.).
2. Necessidades de segurança: No mundo globalizado, conturbado e
dinâmico dos dias de hoje, o ser humano procura fugir dos perigos da vida
moderna, busca abrigo, segurança, proteção, estabilidade e continuidade
(SAMPA, 2009, s.p.).
3. Necessidades sociais: O ser humano precisa amar e tem a
necessidade de ser amado e aceito, pertencer a uma família, um grupo. Esse
agrupamento de pessoas ocorre em sua casa, no seu local de trabalho, na sua
igreja, na sua família, no seu clube ou na sua torcida. Isso faz com que o
indivíduo tenha a sensação de pertencer a um grupo, ou a uma "tribo".
23

Atualmente, a política, religião e torcida são as “tribos modernas” (SAMPA,


2009, s.p.).
4. Necessidades de auto-estima: O ser humano necessita ter
autoconfiança. Ela proporciona a busca pela competência. Motiva o indivíduo a
alcançar objetivos, obter aprovação e ganhar reconhecimento. Há dois tipos de
estima: a auto-estima e a hetero-estima. A auto-estima é o ato indivíduo
acreditar em si mesmo, valorizar-se. A hetero-estima é a atenção, confiança e
o reconhecimento que o indivíduo recebe das pessoas (SAMPA, 2009, s.p.).
5. Necessidade de auto-realização: O ser humano busca a sua
realização como pessoa, a demonstração prática da realização permitida e
alavancada pelo seu potencial único. O ser humano pode buscar
conhecimento, experiências estéticas e metafísicas, ou mesmo a busca de
Deus (SAMPA, 2009, s.p.).
A hierarquia das necessidades de Maslow, é mostrada em forma de
pirâmide, como demonstrada na figura a seguir:

Figura 1.
Pirâmide hierárquica das necessidades de Maslow
24

Extraída de: http://cobaia.net/2008/11/lideranca-e-a-piramide-de-maslow/

Quando o indivíduo supera as necessidades de auto-estima e


alcança o reconhecimento por parte de outros indivíduos, procura então
satisfazer as necessidades de auto-realização. Porém, se as necessidades
situadas em um nível inferior deixam repentinamente de serem atendidas, o
indivíduo direcionará novamente sua motivação para elas (MAITLAND; 2000,
p.8).
3.4.3. Tipos de estresse

Existem dois tipos básicos de estresse: o estresse agudo e crônico.


O estresse agudo ocorre em um período mais curto, porém mais intenso. É
causado por situações traumáticas passageiras, como por exemplo, a perda de
um ente querido. O estresse crônico é aquele que afeta a maioria das pessoas
no mundo moderno-dinâmico que exige grande capacidade adaptativa,
cobrada no dia a dia, principalmente em ambiente de trabalho, caracterizado
pelo estresse ocupacional de uma forma mais suave, ou não (Síndrome de
Burnout) (GAWRYSZEWSKI, 2006, s.p.).

3.4.4. Teoria de Hans Selye

Os estudos realizados pelo endocrinologista Hans Selye envolvem


os principais sinais e sintomas do estresse e a sua fisiologia, que são
abordados nesta seqüência.

O médico endocrinologista Hans Selye foi o primeiro cientista que


utilizou o termo "estresse" na área da saúde. Observou que muitas pessoas
sofriam de doenças físicas e reclamavam de sintomas comuns. A partir de
investigações científicas em laboratórios, com animais, definiu em 1936 o
estresse como "o resultado inespecífico de qualquer demanda sobre o corpo,
seja de efeito mental ou somático, e "estressor", como todo agente ou
demanda que evoca reação de estresse, seja de natureza física, mental ou
emocional". Selye pode observar que o estresse produzia reações de defesa e
adaptação com ao agente estressor, descrevendo a Síndrome Geral de
Adaptação (SAG) (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.15).
25

De acordo com a Teoria de Hans Selye, as situações estressoras


podem estimular tanto respostas psicológicas como fisiológicas e, quando
ocorrrem, pode acontecer uma inter-relação entre elas fazendo se estimularem
mutuamente, intensificando e mantendo a estimulação geral, como um “efeito
cascata”. Afinal, o estresse é um fator que interfere nos sistemas: nervoso,
endócrino e imunológico (HOLMES, 1999, p. 55).
Selye descreveu com exatidão o que acontece no corpo humano
durante a reação de lutar-fugir. Descobriu que qualquer problema, imaginário
ou real faz com que o córtex cerebral envie um sinal de alarme para o
hipotálamo, que estimula o Sistema Nervoso Simpático (SNS) a realizar várias
mudanças em seu corpo (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.10).
Quando o indivíduo consegue identificar e conscientizar quais são os
estímulos estressores, estará preparado a enfrentá-los. O enfrentamento dos
estímulos estressores proporciona adaptação do indivíduo às situações
adversas, reduz a tensão e restaura o equilíbrio com menor dano
psicossomático (CALIL; PARANHOS, 2007, p.120).
A freqüência cardíaca, o volume de sangue e a pressão sanguínea
aumentam. Transpira. As mãos e pés ficam frios, enquanto o sangue é
desviado das extremidades e do sistema digestivo para músculos maiores que
podem ajudar o indivíduo a lutar ou fugir. O diafragma e o ânus se contraem.
As pupilas se dilatam para melhor visualização e há aumento da capacidade
auditiva (DAVIS; ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.10).
As glândulas adrenais começam a secretar corticóides (adrenalina,
epinefrina, norepinefrina). Essas inibem a digestão, a reprodução, o
crescimento, a renovação dos tecidos e as reações imunológicas e
antiinflamatórias. Assim que o momento estressante passa, o cérebro pára de
enviar sinais de emergência para o tronco cerebral que então pára de enviar
mensagens de pânico ao sistema nervoso. Os hormônios e as substâncias
químicas que levam o corpo ao estado de alerta são metabolizados
rapidamente. O indivíduo volta ao seu estado normal. Quando não consegue
voltar ao estado normal, o indivíduo pode sofrer estresse crônico (DAVIS;
ESHELMAN, MCKAY, 1996, p.10).
Selye divide o estresse em três fases, de acordo com seus principais
sintomas juntamente com a reação de luta-fuga:
26

1ª- FASE: Fase de alarme: O organismo percebe que precisa lutar


ou fugir da situação estressora para conseguir adaptar-se a esta. Após o ato da
luta e da fuga que acontecem na experiência estressante, ocorre o retorno à
situação de equilíbrio. Esta é uma situação de reação saudável ao estresse.
Essa fase é caracterizada por alguns sintomas: taquicardia, tensão crônica, dor
de cabeça, sensação de esgotamento, diminuição da concentração de cloretos
no sangue (hipocloremia), pressão no peito, extremidades frias, dentre outros
(CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
2ª- FASE: Fase de resistência: Quando as reações da fase de alerta
persistem, o organismo altera seus parâmetros de normalidade e concentra
estas reações em um determinado órgão-alvo, desencadeando a Síndrome de
Adaptação Local (SAL). Nessa fase, os sintomas psicossociais são
manifestados, como por exemplo: ansiedade, medo, isolamento social, roer
unhas, oscilação do apetite, impotência sexual e outros (CAMELO;
ANGERAMI, 2004, p.16).
3ª- FASE: fase de exaustão: Como o próprio nome diz, o organismo
encontra-se exausto pelo excesso de atividades e pelo alto consumo de
energia. Ocorre, diminuição e prejuízo no funcionamento do órgão mobilizado
na SAL, que manifesta-se sob a forma de doenças orgânicas (CAMELO;
ANGERAMI, 2004, p.16).
Embora Selye tenha identificado três fases do estress e, a psicóloga
Marilda Emmanuel Novaes Lipp, especialista no tratamento do estresse do
Laboratório de Estudos Psicofisiológicos do Stress da PUC de Campinas,
identificou no decorrer de seus estudos uma quarta fase do processo de
estresse, nomeada como “quase-exaustão”, pois se encontra entre a fase de
resistência e a de exaustão (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Essa fase é caracterizada por haver um enfraquecimento do
indivíduo que não está conseguindo se adaptar ou resistir ao fator estressor.
Começam a surgir doenças, as quais ainda não consideradas graves como na
fase de exaustão (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Lipp relata em suas pesquisas as possíveis reações físicas e
emocionais que ocorrem durante o estresse. Os sinais e sintomas físicos que
ocorrem com maior freqüência são: aumento da sudorese, tensão muscular,
taquicardia, hipertensão, aperto da mandíbula (ranger de dentes),
27

hiperatividade, náuseas, mãos e pés frios. Os sinais e sintomas psicológicos


são: ansiedade, tensão, angústia, insônia, alienação, dificuldades
interpessoais, dúvidas quanto a si próprio (auto-estima e auto-realização),
preocupação excessiva, dificuldade de concentrar-se em outros assuntos que
não estão relacionados ao estressor, dificuldade de relaxar, ira e
hipersensibilidade emotiva (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Nos campos de concentração nazistas da Segunda Guerra, os dois
tipos de estresse ocorriam entre os prisioneiros. O tipo agudo provavelmente
acontecia no momento da prisão e/ou no momento da condenação à morte ou
da perda de um ente querido (op.cit GAWRYCZEWSKI, 2006, s.p.). O tipo
crônico se desenvolvia durante o aprisionamento, pela própria condição de
condenado e pelo trabalho forçado.
Os sinais e sintomas psicológicos de tais prisioneiros podem ser
observados a partir das expressões de apatia, desamparo e descrença no
momento da libertação (ATKINSON et.al. 1995, p.465), como se pode observar
na figura seguinte:
Figura 2.
Prisioneiros da Segunda Guerra

Extraída de:
http://3.bp.blogspot.com/_WOu99KE4Kyk/SSv2x2BuJJI/AAAAAAAAA9o/_YeCZFGxTeg/s1600-
h/BW08.jpg
28

Quando o estresse está constantemente presente no indivíduo (em


sua maneira de viver e ver a vida) pode desencadear uma série de doenças.
Se nada é feito para aliviar a tensão a pessoa sente-se exausta, desmotivada e
depressiva (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Fisicamente, podem ocorrer vários tipos de doenças. Essa variação
de doenças depende da carga genética da pessoa. Alguns podem adquirir
úlceras, hipertensão, outros ainda ter crises de pânico, de herpes e outras
doenças. Doenças estas, que, não tratadas corretamente, sem tratamento
especializado e de acordo com as características pessoais, podem ocasionar
problemas graves, como infarto (IAM), acidente vascular encefálico (AVE),
dentre outros (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).
Não é o estresse que causa essas doenças, porém é ele que
propicia o desencadeamento de doenças para as quais a pessoa já tinha
predisposição e ao reduzir a defesa imunológica, ele abre espaço para que
estas doenças “oportunistas” apareçam (CAMELO; ANGERAMI, 2004, p.16).

3.4.5. Coping: maneiras de enfrentamento do estresse

Coping refere-se às maneiras que o indivíduo procura na tentativa


de mudar as circunstancias ou as interpretações das circunstancias para torná-
las menos ameaçadoras (HOCKENBURY, 2003, p.463).
Quando o coping é eficaz, o indivíduo adapta-se à situação e o
estresse é reduzido. Infelizmente, os esforços para gerenciar o estresse nem
sempre ajudam o indivíduo a adaptar-se. Um gerenciamento não realista pode
implicar em pensamentos e comportamentos que intensificam ou prolongam o
sofrimento. Pode também produzir resultados frustantes (HOCKENBURY,
2003, p.463).
Os psicólogos Richard Lazarus e Suzan Folkman (1984)
descreveram dois tipos básicos de coping. O coping com enfoque no problema
e o coping com enfoque na emoção (HOCKENBURY, 2003, p.464).
O coping com enfoque no problema é dirigido para administrar ou
mudar um estressor ameaçador ou nocivo. O indivíduo pode focalizar-se sobre
o problema ou situação específica que surgiu, tentando encontrar algum modo
29

de mudá-la ou evitá-la no futuro (HOCKENBURY, 2003, p.464; ATKINSON et.


al. 1995, p.476).

As estratégias para a solução de problemas incluem defini-los, gerar


soluções alternativas, pesá-las em termos de custos e benefícios, selecionar
entre elas e implementar a alternativa selecionada. As estratégias
focalizadas no problema também podem ser dirigidas para o interior: a
pessoa pode mudar algo em si mesma, em vez de mudar o ambiente.
Exemplos seriam a modificação do nível de aspiração, descoberta de fontes
alternativas de gratificação e aprendizagem de novas habilidades. O grau de
habilidade com que os indivíduos empregam essas estratégias depende de
sua faixa de experiências e capacidade para o autocontrole (ATKINSON et.
al. 1995, p.476).

Se o indivíduo acredita que não há nada que possa alterar uma


situação, a tendência é contar com o coping com enfoque sobre o alívio das
emoções associadas com a situação estressante, que direciona os seus
esforços para regular ou aliviar o impacto emocional da situação estressante
(HOCKENBURY, 2003, p.464; ATKINSON et. al. 1995, p.476).

3.4.6. Personalidade & Estresse versus doença cardíaca

Em 1956, os cardiologistas Meyer Friedman e Ray Rosenman


mediram o nível de colesterol no sangue. Através de sua análise concluíram
que o estresse contribui com o risco de infarto (MYERS, 1999, p.367).
Friedman e Rosenman realizaram estudos com mais de 3.000
homens “saudáveis”, com idade de 35 a 59 anos. Questionaram sobre seus
trabalhos e hábitos alimentares. Durante a entrevista foram registrados padrões
de comportamento. Com isso, podem-se identificar dois tipos de
comportamentos, que eles classificaram como: Tipo A e Tipo B (MYERS, 1999,
p.367)
Comportamento Tipo A: Possui três características:
1) Senso exagerado de urgência de tempo: indivíduos
extremamente preocupados com o tempo. Tentam fazer cada
vez mais coisas em menos tempo (ATKINSON et. al. 1995,
p.474; HOCKENBURY, 2003, p. 458).
2) Senso geral de hostilidade: indivíduos mais reativos, verbalmente
agressivos e irritados. Possuem dificuldade de relaxar e aquietar-
30

se. Irritam-se ou ficam impacientes quando confrontados com


atrasos ou com pessoas que eles deduzem que sejam
incompetentes. Também são predispostos a acreditar que o
comportamento desagradável dos outros é intencionalmente
dirigido à eles (ATKINSON et. al. 1995, p.474; HOCKENBURY,
2003, p. 458).
3) Senso de competitividade: Indivíduos extremamente competitivos
e orientados para o sucesso. Determinados, impacientes,
supermotivados (ATKINSON et. al. 1995, p.474; HOCKENBURY,
2003, p. 458).

Comportamento Tipo B: indivíduos mais calmos e descontraídos.


Capazes de relaxar sem sentirem-se culpados. Conseguem trabalhar sem se
tornarem agitados e irritados. Não possuem impaciência e senso de urgência.
Dificilmente sentem raiva. (MYERS, 1999, p.367; ATKINSON et. al. 1995,
p.474).
No final do estudo, 257 homens sofreram infarto (IAM). Desses, 69%
eram do Tipo A. Nenhum dos que se enquadraram no Tipo B sofreu infarto.
Portanto, as pessoas do Tipo A são mais propensas à doenças cardíacas.
Quando pressionadas, desafiadas, ameaçadas, com o risco da perda de
controle, os indivíduos do Tipo A tem uma reação fisiológica maior. Indivíduos
que fumam mais dormem menos, consomem bebidas cafeinadas estão mais
propensos a riscos coronarianos. Isso faz com que as secreções hormonais, a
pulsação e a pressão aumentem (MYERS, 1999, p.367).
Até o fim do século XX, o estresse era visto pelos trabalhadores
como sinal de alerta. Hoje, no século XXI, é visto como a melhor demonstração
de superprodução. O trabalhador do século XXI é um ser incrível que
consegue, ao mesmo tempo, falar ao celular, checar mensagens, anotar um
recado, amarrar o sapato e ajeitar a gravata (GEHRINGER, 2009, p. 47).
Uma pesquisa recente mostrou que os típicos trabalhadores do
século XXI têm prazer em não ter tempo para nada. Trabalham quinze horas
por dia, não tiram férias e só vêem a família por fotografia. Muitos são
incapazes de dizer em que ano da escola os filhos estão (GEHRINGER, 2009,
p. 47).
31

Figura 3.
Tabela dos comportamentos de pessoas Tipo A.
Alguns comportamentos que caracterizam as pessoas do Tipo A
(baseado em Friedman & Rosenman)

- Pensa ou faz duas coisas ao mesmo tempo


- Marca cada vez mais atividades em um tempo cada vez menor
- Deixa de perceber ou de mostrar interesse pelo ambiente ou coisas belas
- Apressa a fala dos outros
- Torna-se indevidamente irritado quando forçado a esperar em uma fila ou
enquanto dirige um automóvel que julga estar indo muito devagar.
- Acredita que se deseja algo bem feito, precisa fazer por si mesmo.
- Gesticula enquanto fala.
- Cruza freqüentemente as pernas ou tamborila rapidamente com os dedos.
- Tem padrões explosivos de fala ou usa obscenidades frequentemente.
- Pratica quase qualquer jogo para vencer, mesmo quando brinca com
crianças.
- Mede o próprio sucesso e dos outros em termos de números (número de
pacientes atendidos, de artigos escritos e assim por diante.
- Lambe os lábios, assente com a cabeça, cerra os punhos, dá golpes na mesa
ou puxa o ar entre os dentes ao falar.
- Torna-se impaciente enquanto observa outros fazendo coisas que sente ser
capaz de fazer melhor ou mais rapidamente.
- Pisca os olhos rapidamente ou ergue as sobrancelhas como em um tique.

Extraída de (ATKINSON et.al. 1995, p.461).

3.5. ESTRESSE OCUPACIONAL

Trabalhadores de fábricas foram os primeiros sujeitos investigados


sobre o estresse ocupacional, com enfoque nos aspectos do ambiente físico de
trabalho. Nestas pesquisas, foram identificadas conseqüências psicológicas e
ergonômicas sobre a saúde do trabalhador (LAUTERT; CHAVES; MOURA,
1999, p.416).
O cinema retratou esta questão social no filme “Tempos Modernos”
estreado em 1936, no Rivoli Theatre, de Nova York, que teve roteiro e direção
de Charles Chaplin. No filme, Charlie Chaplin interpreta um operário que
trabalha em uma grande fábrica e tenta sobreviver em meio ao mundo
moderno e industrializado (INÁCIO, 2007, s.p.).
32

Figura 4.
Tempos modernos (Charles Chaplin)

Extraída de:
http://www.montgomerycollege.edu/Departments/hpolscrv/Pics/ModernTimesCog.jpg

O filme mostra o trabalho repetitivo de um operário de apertar


parafusos o tempo todo. Com este trabalho repetitivo, caracterizado pela visão
funcionalista (homem máquina), o operário tem problemas de stress. Exausto,
passa a apertar tudo o que se parece com parafusos. Acaba sendo despedido
e internado em um hospital, onde permanece até se recuperar. Porém, com a
constante ameaça de exaustão que a vida moderna impõe: correrias
constantes, poluição sonora, confusões diversas nas ruas, congestionamentos,
desemprego, etc. Desde então, as relações de trabalho ficaram mais
estressantes, considerando, principalmente, a rapidez de informação para a
qual ficamos limitados (INÁCIO, 2007, s.p.).
33

3.5.1. Estresse ocupacional na profissão de Enfermagem

Para Regis; Porto (2006, p.567), a profissão de enfermagem se


configura basicamente como prestação de cuidados ao ser humano. Tal
cuidado é, antes de tudo, um exercício e uma arte de observação, de saber e
de fazer. Dinâmica que envolve quem cuida e quem é cuidado (seus
pacientes). As atividades do enfermeiro não devem se limitar a uma ação
técnica a ser estudada e desenvolvida, tal como uma função braçal. Esta
profissão está fortemente pautada nas relações humanas, sociais e nas
implicações que definem sua pratica, de tudo e todos à sua volta.
Regis; Porto (2006, p.567) afirma que “jamais se analisará a
Enfermagem, sem antes reconhecer que dela nasce um universo humano
extraordinário, revelador e original.”
Existem alguns componentes considerados ameaçadores ao
ambiente ocupacional do enfermeiro. Entre eles, o número reduzido de
profissionais de enfermagem no atendimento em saúde, considerando o
excesso de atividades por eles executadas, as dificuldades em delimitar os
diferentes papéis entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e a
ampla falta de reconhecimento do enfermeiro. Esta falta de reconhecimento
fica caracterizada na remuneração insatisfatória, que acaba obrigando os
profissionais a manter mais de um vínculo de trabalho, que resulta numa carga
de trabalho desgastante (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005,
p.259).
No processo evolutivo da profissão, o enfermeiro tem encontrado
muitos problemas que estão associados com a sua própria história, a
formação, às exigências e deficiências do sistema inserido no atual contexto
sócio-político. Porém, assim como o momento histórico e o contexto sócio-
econômico devem ser analisados para uma maior compreensão do estresse
ocupacional do enfermeiro, também é importante distinguir o indivíduo
(enfermeiro) e seu comportamento, considerando-os como elementos
importantes na dinâmica deste fenômeno. (STACCIARINI; TRÓCCOLI; 2001
p.19).
Segundo Batista; Bianchi (2006, p.535), “o estresse no trabalho
ocorre quando o ambiente de trabalho é percebido como uma ameaça ao
34

indivíduo, repercutindo no plano pessoal e profissional, surgindo demandas


maiores do que a sua capacidade de enfrentamento.”
As doenças referidas com diagnóstico médico foram englobadas em:
doenças do sistema musculoesquelético, doença do sistema respiratório,
doença do sistema genitourinário e endócrino e doença do sangue, que podem
ser decorrentes do estresse vivido pelos profissionais (CALIL; PARANHOS,
2007, p.124).
Pesquisas demonstram o desconhecimento e a falta de
reconhecimento da vivência do estresse pelo enfermeiro. Questionado a
respeito do estresse geralmente existe negação por parte do profissional.
Porém , quando consideradas as condições físicas e psicológicas nas
atividades que realiza, fica estabelecida a importância da avaliação do
estresse. A falta de reconhecimento dessa condição acaba influenciando a
tomada de decisões, indo desde a decisão individual até a ausência de
decisões organizacionais para a melhoria das condições de trabalho na
unidade de emergência (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).
Bianchi classificou e agrupou em categorias os estressores
ocupacionais do enfermeiro e suas principais dificuldades:

1) PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO COM A EQUIPE: relacionamento


com superiores; relacionamento interpessoal com o paciente, familiares,
colegas e outros profissionais; falta de suporte; equipe de Enfermagem
apática e descontente (CALIL; PARANHOS, 2007, p.122).

2) INERENTE À UNIDADE: recursos físicos; mudanças tecnológicas;


mudanças profissionais; ambiente; trabalho repetitivo; carga de trabalho;
número adequado de pessoal; odores desagradáveis; exposição constante
a riscos; falta de equipamentos; pressão no trabalho (CALIL; PARANHOS,
2007, p.122).

3) ASSISTÊNCIA PRESTADA: lidar com a morte e o morrer; paciente


com dor; doença terminal; lidar com necessidades emocionais do paciente e
da família; pacientes e familiares agressivos; incerteza quanto ao tratamento
do paciente (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).

4) INTERFERÊNCIA NA VIDA PESSOAL: conflito entre o trabalho e a


casa; desenvolvimento na carreira; tomada de decisões nos rumos da vida;
experiências anteriores (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).

5) ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO: conflito de papéis; ambigüidade de


papéis; falta de autonomia; estilo de supervisão; salário não-condizente,
falta de treinamento; falta de oportunidade de crescimento na organização;
falta de suporte administrativo e envolvimento (CALIL; PARANHOS, 2007,
p.123).
35

3.5.2. Síndrome de Burnout

Os primeiros estudos sobre a síndrome de burnout iniciaram na


década de 70, pelo psicólogo Herbert Freudenberger. O termo burnout origina-
se do verbo em inglês to burn out (queimar por inteiro). Como gíria, deu sentido
ao fato de o indivíduo chegar em seu limite , sem condições físicas e psíquicas
(VIEIRA et.al., 2002, p.21).
A Síndrome de Burnout é caracterizada por três situações, as quais
são: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal,
como Vieira et al. (2006, p.353) refere:

A exaustão emocional (EE) caracteriza-se por fadiga intensa, falta de


forças para enfrentar o dia de trabalho e sensação de estar sendo exigido
além de seus limites emocionais. A despersonalização (DE) caracteriza-se
por distanciamento emocional e indiferença em relação ao trabalho ou aos
usuários do serviço. A diminuição da realização pessoal (RP) se expressa
como falta de perspectivas para o futuro, frustração e sentimentos de
incompetência e fracasso. Também são comuns sintomas como insônia,
ansiedade, dificuldade de concentração, alterações de apetite, irritabilidade
e desânimo (VIEIRA et.al. 2006, p.353).

Em meados de 1974, o cientista Freudenberger descreveu Burnout


como sendo um excesso de gastos de energia, com exaustão física, provocado
por desgaste de recursos, observando profissionais que trabalhavam
diretamente com dependentes químicos. Esses profissionais de
decepcionavam com seus pacientes, pois constatavam que os mesmos,
gerando cuidados e tratamentos, não se preocupavam em abandonar o uso de
drogas. Esses profissionais, falavam que, devido à exaustão, muitas vezes
desejavam nem acordar para não ter que ir para o trabalho. Por não alcançar
seus objetivos, se sentiam frustrados e desmotivados por não terem projeções
futuras de sucesso, já que este dependeria da vontade e desejo de seus
pacientes (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.258). 
A exaustão emocional ocorre com a caracterização de dois fatores,
sendo a falta de energia e esgotamento emocional. Pode se manifestar
fisicamente, psiquicamente ou uma combinação entre os dois. O profissional
não possui mais energia para realizar um atendimento completo, com todas as
fases pertinentes, pois suas energias para absorver os problemas e gerar
36

soluções já se esgotaram (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005,


p.258).
A falta de envolvimento pessoal no trabalho ocorre e envolve
sentimento de inadequação pessoal e profissional. O trabalhador se auto-avalia
de forma negativa. Isso prejudica a habilidade para a realização do trabalho e o
atendimento, o contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a
organização (MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.258).

A ação humana social, envolvendo o trabalho, compreende a


possibilidade do ser humano transformar o meio em que vive. No processo de
interação entre natureza - homem, ao mesmo tempo em que modifica-se a
natureza, também é modificado  homem. Dentre as inúmeras modificações,
encontram-se aquelas que têm conseqüências no aparelho psíquico
(MUROFUSE; ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.256).
A proposta da existência da Síndrome de Burnout para os
trabalhadores da enfermagem possibilita novos horizontes e abre novas
perspectivas para as possibilidades de entendimento e transformação do
processo de trabalho, numa tentativa de resgatar as dimensões afetivas
contidas no cotidiano de quem cuida (MUROFUSE; ABRANCHES;
NAPOLEÃO, 2005, P.260).
O exercício da profissão de enfermagem requer boa saúde física e
mental. Porém, raramente os enfermeiros recebem a proteção social adequada
para o seu desempenho. Exercem atividades cansativas, muitas vezes em
locais inadequados, não recebem a proteção e atenção necessárias para evitar
os acidentes e as doenças decorrentes das atividades (MUROFUSE;
ABRANCHES; NAPOLEÃO, 2005, p.260).
Cada dia exige mais capacidade técnico-científica do enfermeiro em
um sistema dinâmico-capitalista. A baixa remuneração, a sobrecarga de
trabalho, a falta de autonomia e reconhecimento contribuem ao surgimento de
alterações psíquicas que levam muitos funcionários a um estado de exaustão
emocional, perda de interesse pelas pessoas que teriam que ajudar; e por fim
baixo rendimento profissional e pessoal, com a crença de que o trabalho não
vale a pena e, institucionalmente, não se podem mudar as coisas e que não há
37

possibilidade de melhorar pessoalmente (SANTOS; ALVES; RODRIGUES,


2009, p.59).

3.6. FATORES ESTRESSORES NA ENFERMAGEM:


(DES) MOTIVAÇÃO

Cada profissional trás consigo pensamentos, filosofias, influências


culturais, familiares, convívios diferentes que precisam ser levados em conta e
analisados para entender o comportamento humano e as diferenças no
ambiente de trabalho (SCORSIN; SANTOS; NAKAMURA, 2006, s.p.).
O serviço de enfermagem em um hospital é de extrema importância,
pois proporciona o cuidado, que é fator essencial para o desencadeamento dos
trabalhos realizados junto aos pacientes no que diz respeito ao seu tratamento
físico-mental. No entanto, apesar de sua extrema importância, o enfermeiro
sofre com as condições de trabalho que lhes são ofertadas muitas vezes de
forma precária prejudicando assim o seu trabalho e desmotivando os
profissionais da área (DIAS et.al, 2005, p.2).
O trabalhador de enfermagem geralmente possui mais de um
vínculo empregatício. Isso prejudica o tempo destinado ao lazer e, como a
maioria dos trabalhadores pertence ao gênero feminino, a jornada de trabalho e
cuidado doméstico também deve ser considerada na análise da qualidade de
vida desses profissionais (SILVA; MELO, 2006, p.16).
É muito importante que o ambiente de trabalho seja o mais saudável
possível, principalmente para os enfermeiros que lidam com vidas o tempo
todo. O bem estar no trabalho, mesmo em um hospital, que é um ambiente
caracterizado por dor, tristeza e morte, é de extrema importância para o melhor
desenvolvimento dos trabalhos realizados. Assim, pode-se evitar o
desenvolvimento de ambientes estressores e com pouca qualidade de vida no
ambiente de trabalho, podendo assim, trazer prejuízos ao paciente (DIAS et.al,
2005, p.7).
O trabalho de enfermagem é extremamente desgastante devido aos
aspectos operacionais de trabalho e às exigências relativas à imensa
responsabilidade para com seus pacientes e à equipe. Ao paciente, tanto no
aspecto físico quanto no aspecto moral, social e psicológico. No entanto, o
profissional de enfermagem apesar de ter autonomia para tomar certas
38

decisões, fica prejudicado quando o assunto é poder administrativo na


organização como um todo, status e prestígio. Parece que esse profissional,
por questões sócio-culturais, ainda é visto apenas como um ajudante de outros
profissionais de saúde, principalmente os médicos (DIAS et.al, 2005, p.7) .
O enfermeiro só vai conseguir atingir estes objetivos se tiver um
ambiente harmonioso, condições dignas de trabalho, bons salários, lazer,
equipe integrada com bom relacionamento interpessoal. Para isso deverá ser
líder e não chefe, para amenizar os estressores já existentes no ambiente de
trabalho. Isso tudo reflete diretamente em boa qualidade de vida e no
atendimento. Torna o ambiente de trabalho saudável (SCORSIN; SANTOS;
NAKAMURA, 2006, s.p.).
Para Dias et.al. (2005, p.7-10) algumas particularidades do trabalho
do enfermeiro levam à desmotivação em ambiente hospitalar: o tipo de trabalho
(horário de trabalho, ritmo de trabalho, conteúdo do trabalho, controle do
trabalho, uso de habilidades), relações interpessoais e grupais (tipos de
relações, relações com superiores, relações com colegas, relações com os
pacientes) o desenvolvimento da carreira (insegurança no trabalho).
Regis; Porto (2006, p.567) relaciona a Teoria de Maslow com o
trabalho, cita que ele está diretamente ligado às necessidades sociais e de
auto-estima. As necessidades sociais referem-se ao relacionamento
interpessoal do enfermeiro com sua equipe. As necessidades de auto-estima
envolvem o reconhecimento do enfermeiro, como citado a seguir:

A interação entre a teoria da motivação humana de Maslow e algumas


características da prática da enfermagem leva a perceber que as
necessidades humanas podem influenciar o desenvolvimento das atividades
da equipe de enfermagem no trabalho (REGIS; PORTO, 2006, p.567).

Os elementos estressores na enfermagem são comuns,


independente da ocupação do enfermeiro. Esses elementos refletem a origem
das causas e conseqüências que ocasionam no exercício da profissão. Isso
sugere novos desafios e maneiras de trabalho (MUROFUSE; ABRANCHES;
NAPOLEÃO, 2005, p.260).
A carga de trabalho exaustiva é o estressor mais proeminente na
atividade do enfermeiro, além dos conflitos internos entre a equipe e a falta de
39

motivação e apoio ao profissional, sendo a indefinição do papel profissional um


fator somatório aos estressores (BATISTA; BIANCHI, 2006, p.537).
O trabalho em um ambiente hospitalar que possui deficiência de
meios para o seu funcionamento adequado contribui de maneira significativa
para a ocorrência de acidentes de trabalho. Essa constante situação de
instabilidade provoca no ambiente de trabalho situações de desmotivação
profissional ocasionadas pelo intenso stress e fadiga mental, vivenciado por
muitos profissionais quando atingem o estado de exaustão (DIAS et.al, 2005,
p.7).
A diversidade de tarefas realizadas no cotidiano do enfermeiro
provoca ansiedade e estresse, pois estas tarefas devem ser executadas
sempre em um intervalo de tempo muito reduzido. Quando os enfermeiros
percebem esse fato, sentem-se irritados e de frustrados e conseqüentemente
desmotivados (DIAS et.al, 2005, p.7).
Com isso, percebe-se que a função dos enfermeiros torna-se
desmotivadora. Os enfermeiros possuem muita responsabilidade no desenrolar
de suas atividades diárias. As condições de trabalho são muitas vezes
deficientes, e, além disso, não possui autonomia e poder de decisão
compatíveis com as suas responsabilidades perante a organização (DIAS et.al,
2005, p.7).
No Brasil, infelizmente, a enfermagem é mal remunerada. Esse é um
motivo que leva muitos profissionais a fazerem jornada dupla de trabalho. A
categoria fica exposta em um maior tempo aos riscos existente na profissão.
Isso aumenta ainda mais a insatisfação dos profissionais, que utilizam seus
dias de folga para resolver problemas de ordem pessoal. Por falta de tempo,
deixam de lado o lazer, a recreação, a família, o convívio com os filhos, e até
seu próprio descanso (SCORSIN; SANTOS; NAKAMURA, 2006, s.p.).
O indivíduo tem ampla participação na avaliação dos fatores
estressores. Fica dependente de mecanismos de enfrentamento (coping) para
a adaptação individual com o menor prejuízo possível. A organização também
é responsável, pois, as condições de trabalho foram os estressores mais
apontados pelos enfermeiros de emergência (independentemente da região
geográfica brasileira). Portanto as organizações hospitalares devem promover
40

a obtenção de recursos materiais e humanos para a efetiva realização do


trabalho do enfermeiro em emergência (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).

3.7. O ENFERMEIRO NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA

A estrutura física de um ambiente de trabalho em unidade de


Emergência deve ser cuidadosamente avaliada. A vulnerabilidade deste local,
deve ser interceptada por medidas de prevenção e segurança, pois é normal o
acesso de pacientes com doenças desconhecidas. É difícil se fazer um
isolamento adequado dessas patologias, sequer fornecer condições de
tranqüilidade para a realização dos trabalhos (CALIL; PARANHOS, 2007,
p.123).
A maioria da população ainda acredita que as unidades de
emergência são os meios mais rápidos e alternativos de conseguir consultas,
pois não há restrição de marcação de consultas. Além disso, exames
laboratoriais e de imagem, assim como o diagnóstico podem ser obtidos em um
mesmo dia sem grande tempo de espera (HARBS; RODRIGUES; QUADROS,
2008, p.42).
Essa postura da população ocasiona aumento da demanda de
atendimentos, gerando filas intermináveis, morosidade no resultado de
diagnósticos, ausência de especialistas, acarretando aumento da carga de
trabalho aos profissionais de saúde, principalmente aos enfermeiros (HARBS;
RODRIGUES; QUADROS, 2008, p.42).
A falta leitos, equipamentos e materiais, dificultam à equipe de
enfermagem o atendimento de casos realmente emergenciais.
Conseqüentemente, essa situação agrava a existência de estressores ao
profissional de saúde, principalmente enfermeiros, pois prestam assistência
aos pacientes em condições criticas alem de atender aqueles que poderiam ser
assistidos nos níveis ambulatoriais, postos de saúde (HARBS; RODRIGUES;
QUADROS, 2008, p.42).
O estado de saúde dos enfermeiros da unidade de emergência pode
se comprometer, por decorrência do trabalho. O trabalho do enfermeiro de
emergência requer um desgaste físico pelo seu constante deslocamento nos
setores da unidade, tempo escasso para realizar tarefas em detrimento, muitas
41

vezes, do tempo de alimentação e de descanso requeridos, afetando também


psicologicamente o enfermeiro (CALIL; PARANHOS, 2007, p.124).
O trabalho do enfermeiro é considerado estressante, principalmente
em uma unidade onde a instabilidade de condições clínicas dos pacientes e a
imprevisibilidade da atuação do enfermeiro são pontos marcantes, como ocorre
nas unidades de emergência (CALIL; PARANHOS, 2007, p.122).
Mesmo que esses processos tornem a vida do profissional de
enfermagem comprometida, tanto fisicamente quanto psicologicamente, poderá
tornar a qualidade do atendimento em unidade de emergência mais efetivo e
dinâmico. As reações de estresse, desde os tempos primitivos do ser humano,
são uma reação do organismo para tornar o homem apto a guerras, batalhas e
medos. Assim, mesmo comprometendo a si próprio, poderá em algum
momento, em que o estágio de evolução do estresse esteja em seu inicio,
contribuir para o atendimento urgente nas unidades de emergência (CALIL;
PARANHOS, 2007, p.124).
Ainda, no Brasil, verifica-se uma grande dificuldade na questão de
saúde pública. Falta de reconhecimento pelo Estado aos profissionais de
saúde, ocasiona desmotivação e frustração em seu desempenho profissional.
Ainda observa-se desorganização na caracterização dos serviços de
emergências e ambulatoriais. Sendo que a população solicita atendimento em
unidades de emergência, a fim de tratar com agilidade sua doença, já que as
unidades de saúde e atendimento são deficitárias (CALIL; PARANHOS, 2007,
p.123).
Os fatores estressores mais identificados, em diferentes trabalhos de
pesquisa realizados em trabalho de unidade de emergência são: carga de
trabalho excessiva, falta de respaldo institucional e profissional, relacionamento
interpessoal, necessidade de realização de tarefas com tempo reduzido e uso
elevado de tecnologia (CALIL; PARANHOS, 2007, p.123).
O perfil do enfermeiro em unidade emergência é constatado por
mulheres jovens, com menos de 40 anos de idade, exercendo atividades
assistenciais e com até dez anos de formação. Muito comum o profissional de
enfermagem, ao sair da academia, inserir-se no mercado de trabalho iniciando
sua carreira em unidades de emergência. Em pesquisas realizadas, comprova-
se que os fatores mais estressantes de suas atividades, são às condições de
42

trabalho e relacionamento interpessoal entre as equipes de trabalho (CALIL;


PARANHOS, 2007, p.123).
Pode-se considerar que a maior fonte de satisfação no trabalho do
enfermeiro em unidade de emergência concentra-se no fato de que as suas
intervenções auxiliam na manutenção da vida humana. Como principais
estressores, podem-se determinar os seguintes itens: número reduzido de
funcionários compondo a equipe de enfermagem; falta de respaldo institucional
e profissional; carga de trabalho; necessidade de realização de tarefas em
tempo reduzido; indefinição do papel do profissional; descontentamento com o
trabalho; falta de experiência por parte dos supervisores; falta de comunicação
e compreensão por parte da supervisão de serviço; relacionamento com
familiares; ambiente físico da unidade; tecnologia de equipamentos; assistência
ao paciente e relacionamento com familiares (BATISTA; BIANCHI, 2006,
p.535).

3.8. ENFERMEIRO: LÍDER & GERENTE

Muitos profissionais ainda acreditam que a liderança é uma


característica própria do indivíduo, ou seja, somente alguns indivíduos podem
tornar-se líderes. Muitos já nascem líderes. Segundo Hunter (2006, p.24), essa
idéia, já não tem sentido, como citado:

Se acreditar que a liderança é um conjunto de características com as quais


se nasce ou deixa-se de nascer, então não precisa assumir a
responsabilidade. Pode simplesmente culpar os ancestrais. Mas, se aceitar
o fato de que a liderança pode ser desenvolvida, fica a pergunta: o que está
fazendo para desenvolver ao máximo essa habilidade? (HUNTER, 2006,
p.24)

Liderar significa conquistar as pessoas através de seu poder de


inspirar corações, influenciar mentes e obter atitudes. Envolvê-las de forma que
coloquem seu coração, mente, espírito, criatividade e excelência, se
empenhando ao máximo a serviço de um objetivo em comum, sentindo-se
motivado (HUNTER, 2006, p.20).
Essa é uma característica marcante e de grande utilidade para as
organizações modernas, que convivem em um ambiente cheio de
concorrentes, em um clima nem sempre favorável, assentado sobre dúvida da
43

permanência da economia, da tecnologia, do mercado e da política (MUSSAK,


2008, s.p.).
Em ambientes inconstantes, líderes são fundamentais. Hoje em dia,
muitas empresas esperam que seus gerentes sejam líderes, mas, quando um
gestor vira líder, começa a falar sobre as causas; quando um líder vira gestor,
ele representa a causa da empresa. Líderes sabem como motivar as pessoas;
gestores sabem para onde e como canalizar a motivação e o esforço da
produção. O poder do líder associado à competência do gerente forma a
combinação ideal da liderança (MUSSAK, 2008, s.p.).
Os estilos de liderança representam a maneira pela qual o líder
lidera os demais no grupo a partir de seu comportamento. O comportamento do
líder repercute na dinâmica de interação com a equipe de trabalho. Existem
três tipos básicos de liderança: a autocrática, a democrática e a liberal, como
Knapik (2005, p.105) descreve a seguir:

(1) Liderança autocrática: a chefia tem uma atuação mais centralizadora e


diretiva, exige obediência do grupo, decide “o quê” e “como” as tarefas
devem ser executadas. Os grupos de trabalho podem apresentar sinais
de tensão, frustração e descontentamento. Ênfase no líder (KNAPIK,
2005, p.105).
(2) Liderança democrática: a chefia procura ouvir as idéias, aceita
sugestões e discussões com a equipe de trabalho, estimula e encoraja
a participação do grupo. Os grupos de trabalho tendem a apresentar
maior qualidade no seu trabalho e um clima de satisfação,
comprometimento e maior integração grupal. Ênfase no líder e nos
subordinados (KNAPIK, 2005, p.105).
(3) Liderança liberal: a chefia tem uma conotação de agente de
informações, ou seja, estimula a iniciativa e a criatividade do grupo e
exerce um mínimo de controle das atividades. Ênfase nos subordinados
(KNAPIK, 2005, p.105)

É comum considerar a liderança democrática como a mais eficaz na


gestão de equipes, porém, na realidade, a liderança ou chefia autocrática não
significa ditadura ou satisfação pessoal às custas da equipe; que a liderança
democrática não significa por tudo a votos e que a liderança liberal não
significa ausência de liderança ou abandono do grupo (KNAPIK, 2005, p.106).
Existe também a liderança servidora. A liderança servidora é
justamente o oposto de tudo isso. Hunter (2006, p.30) define a liderança
servidora como a inversão da pirâmide organizacional, ou seja, invertê-la, de
44

maneira que o líder sirva a sua equipe, valorizando-a, reconhecendo-a,


motivando-a.
Muitas pessoas não acreditam na eficácia da liderança servidora.
Consideram a liderança servidora como um estilo de liderança passivo. Existe
extrema preocupação com a “pirâmide” e certo ar autocrático quando se trata
de determinados aspectos da gestão da organização, como a missão, valores,
padrões e responsabilidades (HUNTER, 2006, p.30).
Os novos tempos exigem dos profissionais modernos novas
características como prioridade: competência interpessoal, flexibilidade, atitude
experimental, capacidade de assumir riscos e facilidade para trabalhar sob
pressão. E como requisito básico a competência técnica. (KNAPIK, 2005, p.
101).
O estilo autoritário e centralizador caracterizam um “bom gerente”.
Porém, muitos indivíduos erram ao acreditarem que um gerente eficiente deve
ter todas as respostas, resolver todos os problemas, e, acima de tudo, manter o
controle. Quando recebem algum treinamento de liderança, mantém como foco
o lado operacional, que tem como objetivo capacitá-los a administrar e não a
liderar e fazer com que inspirem os outros à ação. As habilidades técnicas
orientadas a muitos gerentes os o levaram a ocuparem posições de liderança,
porém, não são as melhores ferramentas que inspiram os outros a fazerem um
bom trabalho. (HUNTER, 2006, p.19)

Planejamento, orçamento, organização, solução de problemas, controle,


manutenção da ordem, desenvolvimento de estratégias e várias outras
coisas – gerência é o que fazemos, liderança é quem somos (HUNTER,
2006, p.19).

O enfermeiro deve desempenhar seu papel de gerenciador com uma


visão da gerência voltada às transformações, procurar inovar, ter como eixo
norteador a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem e como líder
buscar estratégias que possibilitem maior satisfação para a equipe de
enfermagem no seu dia a dia de trabalho. A liderança é peça-chave na
implementação de mudanças requeridas na forma atual de gerenciar do
enfermeiro (GALVÃO; TREVIZAN; SAWADA, 1998, p.303).
45

O Serviço de Enfermagem pode ser nomeado de várias maneiras


(Diretoria de Enfermagem, Departamento de Enfermagem, Divisão de
Enfermagem, Coordenação de Enfermagem, Chefia de Enfermagem, etc.), de
acordo com a instituição hospitalar em que está inserido. Este é o serviço
centralizador das questões relativas à profissão, ligado diretamente à
assistência prestada aos clientes e às condições de trabalho da equipe
(SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
Segundo Spagnol; Fernandes (2004, p.161), a estrutura hierárquica
organizacional do Serviço de Enfermagem nos hospitais é composta pelos
seguintes cargos profissionais: chefe do serviço, assistente da chefia,
supervisores, enfermeiros chefes de unidades, técnicos de enfermagem,
auxiliares de enfermagem e secretárias, podendo variar os cargos, conforme a
instituição, como pode ser observar na pirâmide abaixo.

Figura 5.

Estrutura Hierárquica Organizacional do Serviço de Enfermagem

Antigo paradigma
C
h
ef
e
d
o
S
er
A ssistente
vi
da Cçhefia
o
S upervisores

E nferm eiros C hefes de


U nidades

Técnicos de E nferm agem

A uxiliares de E nferm agem


46

Cliente
Segundo Fernandes; Spagnol (2004, p.160), “a configuração
clássica apresentada pela maioria dos hospitais causa dificuldades gerenciais e
de liderança nestas instituições, tais como: concentração de poder, falha na
comunicação e demora em se obter respostas aos problemas emergenciais.”
Muitas vezes esta configuração clássica impossibilita a organização
de atingir metas e objetivos. A forma encontrada principalmente nos grandes
hospitais demonstra que as estruturas organizacionais verticalizadas e
centralizadas são as que configuram o serviço de enfermagem. Historicamente
a enfermagem tem adotado princípios da escola científica e clássica da
administração para gerenciar o seu trabalho (SPAGNOL; FERNANDES, 2004,
p.161).
A posição de Responsável técnica (RT) é ocupada geralmente pela
chefia no serviço de enfermagem, responsável pelas ações de enfermagem
desenvolvidas em todo hospital, respondendo legalmente perante o Conselho
Regional de Enfermagem (COREn) por todas as atividades técnicas e
administrativas (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
Por carregar consigo esta responsabilidade, na maioria dos
hospitais, a estrutura organizacional da enfermagem configura uma estrutura
rígida com centralização do poder decisório, dificultando sobremaneira a
operacionalização da resolução dos problemas ocorridos nos setores de
trabalho, uma vez que estes são passados por todos os níveis de chefia até
chegar à chefia geral do serviço (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
O modelo de liderança mais comum na estrutura organizacional da
enfermagem é o modelo rígido, autocrático, diretivo e centralizador. Porém,
este modelo de liderança impede a visão de novas perspectivas e a
contribuições à melhoria da assistência de enfermagem e do trabalho em
equipe (SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
As estruturas administrativas da enfermagem de modo geral, em
vários hospitais ainda apresentam concepções rígidas de poder decisório e
autoridade, impondo-se de forma distanciada e isolada da base operacional,
apresentando um fluxo de comunicação truncado, não permitindo que os atores
institucionais entrem em sintonia com os seus parceiros e com os próprios
47

problemas do seu local de trabalho. Com esta estrutura rígida e centralizadora,


a maioria das decisões opõe-se a realidade, visto que as pessoas detentoras
do poder decisório estão situadas no ápice da pirâmide hierárquica, distante do
contato com os trabalhadores e com as situações vivenciadas nos setores
(SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.161).
A estrutura organizacional clássica (velho paradigma) ainda é
encontrada nas instituições hospitalares e reproduzida pela enfermagem.
Produz efeitos negativos que prejudicam a agilidade e a operacionalização dos
processos de trabalho. Isso faz com que os hospitais tenham dificuldades para
responderem prontamente aos problemas do cotidiano, às necessidades dos
clientes e dos trabalhadores, interferindo na qualidade dos serviços prestados
(SPAGNOL; FERNANDES, 2004, p.160).
Conviver com os outros no ambiente de trabalho não é uma tarefa
fácil. Porém ao transformar essa dificuldade em uma oportunidade de contato
interpessoal e aprendizado, o líder promove o crescimento e amadurecimento
emocional de sua equipe. Há comunicação, aproximação, afastamento,
sentimentos de aversão, carinho, medo, ameaças, de segurança, etc. Existem
infinitas reações e sentimentos que rodeiam a infinitas mentes humanas. Essas
reações, conscientes ou inconscientes, são fundamentais no processo da
interação humana (KNAPIK, 2005, p. 102).
O mercado de trabalho hoje em dia requer além do conhecimento
técnico-científico e administrativo do enfermeiro o conhecimento e a aplicação
das habilidades de liderança, e alguns profissionais estão começando a ficar
atentos a essa nova demanda (HILGA; TREVIZAN, 2005, p.60).
Visando a promoção de equipes de alto desempenho, exigem-se dos
profissionais inseridos no mercado de trabalho: flexibilidade e maturidade
emocional nos relacionamentos interpessoais. Porque ameniza os conflitos e
proporciona condições de trabalho com um clima favorável para o
desenvolvimento e a motivação de talentos humanos nas organizações
(KNAPIK, 2005, p. 103).
Estabelecer metas e objetivos comuns dentro da equipe de trabalho,
existir uma programação definida, que especifique as atividades de cada um
dos elementos da equipe e, por último, avaliar periodicamente o trabalho
realizado em conjunto são objetivos essenciais no trabalho em equipe.
48

Agrupando e coordenando, reconhecendo e motivando os esforços dos


diferentes profissionais que formam uma equipe de trabalho é fundamental ao
cumprimento do papel de líder-gestor (LÓPEZ; CRUZ, 2002, p.9).
A liderança servidora solucionaria muitos dos problemas
encontrados pelos líderes e gerentes de enfermagem, os quais poderiam ser
questionados à classe operacional (técnicos e auxiliares de enfermagem),
contribuindo com as metas e o trabalho da equipe como um todo, como mostra
a figura:

Figura 6.
Estrutura Hierárquica Organizacional do Serviço de Enfermagem

Novo paradigma

Cliente

Auxiliares de Enfermagem

Ténicos de Enfermagem

Unidades
Enfermeiros Chefes de

Supervisores

a chefia
ço
Assistented
vi
er
S
do
fe
he
C

As relações interpessoais e o clima psicológico do grupo contribuem


diretamente com o ambiente de trabalho, proporcionando um ambiente
49

agradável e estimulante, desagradável e inibidor que pode estimular ou


neutralizar idéias criativas e muitas vezes inovadoras. Os gestores do ambiente
de trabalho e a equipe de trabalho precisam dessas competências
interpessoais (reforçada na idéia da liderança servidora) para conquistar a
sinergia de esforços na busca do sucesso dos resultados da organização
(KNAPIK, 2005, p. 103).

Quando nos “alistamos” para ser o líder, nos dispomos a assumir uma
tremenda responsabilidade. Afinal, seres humanos são confiados aos
nossos cuidados e há muita coisa em jogo (HUNTER, 2006, p.23).

Investir e motivar a formação do enfermeiro líder possibilitará que


este profissional seja um agente de mudanças, motivando, criando inovações
com o propósito de melhorar a organização, a equipe de enfermagem e
principalmente a assistência prestada ao cliente/ paciente obtendo resultados
satisfatórios e contribuindo com a auto-realização da equipe como um todo. É
necessário que haja amplitude e foco na temática liderança (GALVÃO;
TREVIZAN; SAWADA, 1998, p.306).
Para ser um líder, motivar e influenciar as pessoas não é preciso ter
um cargo de chefia ou ser hierarquicamente importante. A palavra liderança é
definida pela capacidade do líder influenciar os outros os atraindo para os
mesmos objetivos, filosofias, valores. As equipes comandadas por ditadores ou
autocratas não são realmente eficazes. Cada membro da equipe tem seu papel
na mesma: a responsabilidade pessoal pelo sucesso da equipe. Todos os
integrantes da equipe deixam sua marca, mas vale ressaltar o tipo de marca
que cada integrante quer deixar (HUNTER, 2006, p.21).
Para Hunter (2006, p.28), a liderança tem relação direta com o
caráter do líder. O líder sempre influencia sua equipe. Seja de maneira positiva
ou negativa. Uma forma saber como o líder influencia é observar se as pessoas
trabalham de forma mais ou menos produtiva porque simplesmente o chefe
estava lá. Por isso Hunter questiona:

Liderança é uma questão de caráter: por exemplo: serei paciente ou


impaciente? Gentil ou indelicado? Pretensioso, orgulhoso, arrogante ou
humilde? Respeitoso ou desrespeitoso? Altruísta ou egoísta? Indulgente ou
implacável? Honesto ou desonesto? Empenhado ou apenas envolvido?
(HUNTER, 2006, p.28).
50

Estudos afirmam que o serviço de enfermagem tem a missão de


desenvolver líderes. Lideres estes que possibilitem um elo de comunicação
entre os clientes e a organização. Nos requisitos básicos para atuação dos
enfermeiros, evidencia que eles precisam ter capacidade de liderança e saber
trabalhar em equipe. Nessa perspectiva, a liderança deve estar pautada nos
valores pessoais, de maneira que contribua para a transformação do
enfermeiro, em busca de auto-realização (HILGA; TREVIZAN, 2005, p.60).
As pesquisas realizadas sobre a liderança na enfermagem ainda
estão em crescente desenvolvimento. Porém já existe um novo conceito do
enfermeiro como líder. Na enfermagem, são necessários líderes que estejam
motivados, com espírito criativo para vivenciar, experimentar, compreender e
praticar as habilidades de liderança (HILGA; TREVIZAN, 2005, p.60).
A comunicação é peça-chave para o sucesso da liderança exercida
pelo enfermeiro, pois permite a este profissional visualizar melhor desempenho
e motivação de sua equipe, através de interrelações com o cliente, com a
equipe de enfermagem, com a instituição, a equipe médica, buscando a
melhoria da qualidade da assistência prestada (GALVÃO; TREVIZAN;
SAWADA, 1998, p.305).
51

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

Este trabalho configura um estudo de caso do tipo experimental.


Segundo Gonçalves (2008, p.3), os estudos de caso utilizam várias
fontes como meio de obtenção de informações, representando diferentes
pontos de vista presentes em uma situação social. O pesquisador pode
recorrer a uma diversidade de dados, coletados em diferentes momentos e
situações e com diversos tipos de informantes. Assim, percebe-se a realidade
sob diferentes ângulos e pontos de vista, havendo mais de um que seja
verdadeiro e então o pesquisador traz essas diferentes visões e opiniões
referentes à situação e posiciona-se diante dela, reforçando a seguir:

Os estudos de caso enfatizam a interpretação contextual: para melhor


compreender a manifestação geral de um problema, deve-se relacionar as
ações, os comportamentos e as interações das pessoas envolvidas com a
problemática da situação a que estão ligadas (GONÇALVES, 2008, p.3).

Os estudos de caso devem ter uma boa fundamentação teórica, pois


através da teoria orienta-se a investigação. A teoria deve servir como suporte à
formulação das respectivas questões e instrumentos de recolhimento de dados
e guia na análise dos resultados (GONÇALVES, 2008, p.4).
Para Gonçalves (2008, p.4) “O estudo de caso permite responder a
questões como: Que coisas observar? Que dados colher? Que perguntas
fazer? Que tipos de categorias construir?”
Na pesquisa experimental, como a própria palavra experimental
significa, há o experimento de campo, ou seja, ocorre a manipulação das
variáveis no próprio local onde a mesma está sendo observada (MARTINS,
2004, p.86)

4.1. CAMPO E SUJEITOS DA PESQUISA

Este estudo foi desenvolvido em um Pronto – Socorro de uma


cidade do interior do estado do Paraná, instituição esta destinada ao
atendimento de urgência e emergência prestado pela equipe. A pesquisa foi
feita com sete sujeitos, possuindo como critério de inclusão na pesquisa a
52

participação voluntária e a formação profissional de nível superior em


enfermagem. Cada enfermeiro respondeu as questões em um prazo de 15 a 30
minutos. As condições de humor e aceitação dos entrevistados variou de
indivíduo a indivíduo. Sete sujeitos aceitaram, outros três recusaram.

4.2. COLETA DE DADOS

Para atingir os objetivos propostos por este trabalho, foi utilizado


como instrumento de coleta de dados O Inventário de Sintomas de Stress de
Lipp (ISSL) e três questões fechadas de múltiplas escolhas referentes ao
reconhecimento de estressores envolvidos na atuação profissional do
enfermeiro. A coleta foi feita entre a segunda quinzena do mês de abril e a
primeira quinzena do mês de maio, respeitando o sigilo e anonimato dos
pesquisados através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
obedecendo a Resolução 196/96.

4.3. ANÁLISE DOS DADOS

Após o término da coleta dos dados, realizou-se então a leitura dos


mesmos para facilitar a compreensão das informações obtidas; analisadas a
partir das respostas adquiridas, transformadas em informações significativas.

4.4. ASPECTO ÉTICO

Nesta investigação foi solicitada a participação dos Enfermeiros de


forma voluntária, por meio de entrevistas semi-estruturadas. Foi assegurado
aos participantes o anonimato, e para isso utilizamos uma seqüência numérico-
romana, ou seja, foram identificados de I a VII na apresentação dos dados.
Todas as informações e esclarecimentos a respeito desta, foram prestados aos
sujeitos. Após devidamente esclarecidos os sujeitos receberam o termo de
consentimento, deixando claro ainda que, estes não teriam nenhum tipo de
ganho financeiro, poderiam a qualquer momento interromper a sua participação
conforme a Resolução 196/96 (Brasil, 1996).
53

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Este capítulo abordará algumas características dos sujeitos da


pesquisa e a análise dos dados a partir da apresentação e discussão das
categorias encontradas, surgidas a partir das respostas.

5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS:

Foram entrevistados sete enfermeiros. Os dados referentes à


caracterização dos sujeitos demonstram que a maioria é do sexo feminino
totalizando quatro, com três participações masculinas. Em relação à idade,
uma se encontrou na faixa etária entre 20 e 30 anos, uma pessoa entre 31 e 40
anos, finalizando com cinco participantes na faixa etária dos 41 aos 50 anos.

5.2. DESCRIÇÃO DAS CATEGORIAS

5.2.1. CATEGORIA 1 - PERCEPÇÃO PESSOAL SOBRE OS MEIOS


DE ENFRENTAMENTO DO ESTRESSE (COPING) PARA MELHORAR A
QUALIDADE DE VIDA – MOTIVAÇÃO

Essa categoria foi construída a partir da questão: quais os recursos


que utiliza para enfrentar, ou reduzir o estresse do seu cotidiano do ambiente
hospitalar?
A partir do questionário com perguntas fechadas de múltipla escolha,
com possibilidade ilimitada de respostas, teve os seguintes resultados: cinco
citações do lazer como meio de enfrentamento para o estresse; três citações
de atividades físicas e alimentação equilibrada; duas citações da música como
terapia; uma citação da utilização de medicamentos controlados e uma citação
da realização da massoterapia. Havia ainda as seguintes alternativas que não
foram escolhidas: acupuntura e fitoterapia.
54

Figura 6.

Enfrentamento do estresse
6
5
4
3
2
1
0
er ad
a
sic
a ica a ia
laz r fí us o lad r ap
lib e m tr te
ui ad n so
eq
v id co as
ão o m
ati çã
taç ci a
en ed
m m
ali

As estratégias que o indivíduo utiliza para lidar com eventos


estressantes são exemplos de Coping. Coping refere-se às maneiras como se
tenta mudar as circunstancias ou a interpretação destas para torná-las mais
favoráveis e menos ameaçadoras (HOCKENBURY, 2003, p. 463).
Coping é um processo dinâmico e contínuo. O indivíduo pode mudar
as suas estratégias de coping à medida que avalia as variáveis das demandas
de uma situação estressante e seus esforços mudam a situação estressante
para melhor ou pior, e ajusta suas estratégias de coping, de forma adequada
(HOCKENBURY, 2003, p.463).
De acordo com a maioria dos entrevistados, a melhor forma de
enfrentar o estresse ocasionado no ambiente hospitalar é através do lazer. O
lazer é a melhor forma de reduzir o estresse, renovar as energias, esquecer
das dificuldades do trabalho, estar perto das pessoas que ama, família, amigos,
ter momentos de alegria, prazer, satisfação, sentir-se motivado, e então suprido
de suas necessidades fisiológicas, de segurança e sociais (segundo a Pirâmide
das necessidades de Maslow, op cit.SAMPA).
A atividade física juntamente à alimentação equilibrada também
proporcionam redução do estresse e melhor qualidade de vida. Ambos se
enquadram nas necessidades fisiológicas (Pirâmide das necessidades de
Maslow, SAMPA, s.p.).
55

Existem inúmeros estudos científicos que mostram que a atividade


física é uma das melhores formas de combate ao estresse. Ela libera
serotonina e endorfinas no cérebro que reduzem o estresse e a ansiedade.
Reforça os ossos, aumenta a massa muscular e melhora o sistema
imunológico. Proporciona sensações de prazer, autocontrole. Quando praticado
regularmente pode mesmo ajudar a controlar dependências (CARRETEIRO,
2003, s.p.).
Nenhum dos entrevistados citou como forma de enfrentamento do
estresse e da ansiedade o consumo excessivo do tabaco, cafeína e álcool.
(MYERS, 1999, p.367)

5.3.2. CATEGORIA 2 – IMPORTÂNCIA DO TRABALHO NA


QUALIDADE DE VIDA

Essa categoria foi formulada através da seguinte questão: como o


trabalho influencia sua qualidade de vida?
Após analisada a questão da definição de qualidade de vida, ficou
claro que os entrevistados tiveram uma boa percepção sobre seu significado e
também a estreita ligação entre saúde, família e trabalho. Esclareceu-se a
diversidade de fatores ligados ao trabalho que interferem na qualidade de vida,
que são expressos através de sentimentos como a satisfação e a motivação.
Para os entrevistados, o emprego é significativo e imprescindível na
concepção do conceito de qualidade de vida, pois é o que possibilita a
aquisição de bens materiais e realização de desejos, objetivos e metas,
conforme as declarações:

“O trabalho possibilita ter condições financeiras, de convívio familiar, social,


uma renda que proporciona condições de saúde à minha família e uma boa
educação aos meus filhos (enfermeiro II).”

“[...] viver com dignidade, ser tratado com respeito, ter direitos de cidadão,
moradia, educação e saúde (enfermeiro IV).”

“No trabalho, você espera ter reconhecimento, salário condizente ao cargo


ocupado, bom relacionamento com os colegas e ser tratado com dignidade
(enfermeiro VI).”

“Procuro não levar os problemas do trabalho para casa e vice-versa. Mas


confesso, que, nem sempre consigo separar minha vida pessoal da minha
vida profissional (enfermeiro VII).”
56

Sendo assim, por meio de sua remuneração, o indivíduo consegue


usufruir de recursos que proporcionam a qualidade de vida desejada, como a
aquisição de moradia (casa própria), planos de saúde, educação, formação
profissional, etc.
O ambiente de trabalho é importante na qualidade de vida do
indivíduo. Do mesmo modo que o ambiente de trabalho pode fazer com que o
indivíduo se sinta bem, o mesmo faz com que se sinta desmotivado, caso o
ambiente possua um clima desfavorável e o resultado esperado não sejam tão
satisfatórios quanto desejados (MAITLAND, 2004, p.13).
Portanto, o emprego está diretamente relacionado às necessidades
primárias (direito à educação, saúde, moradia) e às secundárias (motivação,
qualificação, metas, trabalho em equipe, liderança, reconhecimento,
satisfação). Quando satisfeitas as necessidades primárias, o objetivo passa a
ser atingir as necessidades secundárias.

5.3.3. CATEGORIA 3 – ESTRESSE OCUPACIONAL

Essa categoria foi formulada através da questão norteadora: quais


os fatores causadores do estresse na unidade de emergência?
Os fatores que o enfermeiro considera como causadores do estresse
na unidade de emergência dificultam seu desempenho em sua assistência e
coordenação.
Através do questionário, foram identificados os fatores estressores
na seguinte ordem: (1º) equipe de enfermagem; (2º) espaço físico; (3º) falta de
equipamentos; (4º) estilo de supervisão; (5º) pressão no trabalho; (6º) salário
não-condizente; (7º) exposição a constantes riscos; (8º) tomada de decisões de
conflitos pessoais; (9º) falta de autonomia; (10º) carga horária exaustiva; (11º)
conflito entre trabalho e família.
A maioria dos entrevistados não encontra soluções para os fatores
que dificultam seu desempenho profissional, ficando com acúmulo de tarefas e
funções, levando-os ao desgaste físico e emocional.
57

Figura 7.
Causas do estresse ocupacional por ordem de preferência

0
Fal Est Pre Sal Exp Tom Fal Car Con

“Se pudesse mudar algo em meu trabalho, mudaria minha equipe, pois
considero esta como a maior dificuldade (enfermeiro II).”

“Os plantões com carga horária exaustiva, a sobrecarga de trabalho e


funções, falta de equipamentos, um enfermeiro para a resolução de várias
situações e soluções ao mesmo tempo, o desrespeito e impaciência dos
pacientes e familiares e o salário insatisfatório (enfermeiro VII).”
58

“Poucos profissionais atuando, troca de profissionais, desinteresse de


muitos colegas pela profissão, muitos pacientes para um enfermeiro, falta
de autonomia na tomada de algumas decisões e conflitos entre enfermeiros
e técnicos de enfermagem (enfermeiro IV).”

Pelo relato dos entrevistados, percebe-se a liderança como maior


dificuldade no trabalho de enfermagem. De acordo com Maitland (2004) um
bom líder é alguém que motiva e coordena sua equipe aplicando de forma
eficaz suas habilidades individuais e grupais, seus conhecimentos e suas
experiências de modo a alcançar as metas. É preciso que se saiba exatamente
aonde quer chegar, como chegar e quando quer chegar. Também é primordial
que todas essas metas sejam consistentes e se complementem, que todas
estejam seguindo na mesma direção.
Para os entrevistados, o trabalho em equipe é o fator mais
estressante. Muitas vezes o enfermeiro precisa de auxílio para a realização do
seu trabalho, nem sempre possível, assim afetando seu desempenho
profissional.
Os conflitos gerados no decorrer do trabalho, a insatisfação do
profissional, influenciam sua auto-estima, tornando impaciente e irritado,
conseqüentemente estressado, como relatado:

“Estresse, esforço físico, esgotamento mental, impaciência, irritabilidade,


dificuldade de se relacionar com a equipe, leva-nos muitas vezes a uma
postura de total desumanização hospitalar (enfermeiro III).”

Os entrevistados descrevem a assistência da enfermagem na


unidade de emergência, como uma atividade desgastante e estressante, pois
envolve o convívio diário com o sofrimento alheio, exigindo constante
aperfeiçoamento técnico e habilidades manuais, principalmente durante as
situações de urgência e emergência, exigindo rápidas tomadas de decisões.
A unidade de emergência exige total controle racional, técnico e
emocional do enfermeiro, o qual permanece em alerta para as situações
imprevisíveis, nas quais são necessários recursos físicos e materiais, muitas
vezes indisponíveis, prejudicando então a assistência, como demonstrado no
relato a seguir:
59

“Acredito que nós como Enfermeiros, não somos heróis, mas somos
GUERREIROS! Porque todo dia é uma batalha que temos que estar
preparados a enfrentar. Poucos profissionais atuando, sobrecarga de
pacientes, número de macas insuficientes, pacientes irritados, salário
incompatível, o que nos leva muitas vezes a exercer mais de um emprego
(enfermeiro III).”

Portanto, o estresse é uma reação que o indivíduo apresenta ao


viver uma situação que não consegue se adaptar, as quais, muitas vezes
exigem uma rápida resposta, o que provoca manifestações de ordem
emocional, social e psicológica.

5.3.4. CATEGORIA 4 - A DESMOTIVAÇÃO COM FATOR DE


DESVALORIZAÇÃO DO ENFERMEIRO NO AMBIENTE HOSPITALAR –
DESMOTIVAÇÃO
Essa tem como base o questionamento: quais os fatores
desmotivadores?
A análise das respostas revela que ocorre a desvalorização do
enfermeiro pela sociedade e muitas vezes pelo próprio profissional já
desmotivado.
Quando o enfermeiro não está bem emocionalmente, insatisfeito
com sua função e ambiente de trabalho, acaba por interferir em sua
produtividade, como relatado:

“Escolhi exercer a enfermagem, porque já atuava como auxiliar de


enfermagem. Não sinto paixão pela profissão. Só estou trabalhando como
enfermeiro porque tenho um salário melhor (enfermeiro II).”

“Gostaria de sair do ambiente de emergência. Preferia quando trabalhava


em Unidade de Saúde. Era menos estressante e podíamos prestar
melhores assistências e orientações. (enfermeiro IV).”

Esses relatos mostram que os enfermeiros trabalham


sobrecarregados, e por se tratar de unidade de emergência, fica impossível o
acompanhamento contínuo aos pacientes, na assistência e evolução de
enfermagem. O reconhecimento profissional não é satisfatório em termos
financeiros.
O acúmulo de funções em seu dia a dia, não permite que o
enfermeiro solucione os problemas devido à falta de autonomia, enfrentando
60

muitas vezes o desrespeito e a falta de ética no seu local de trabalho,


passando por momentos estressantes no cotidiano do ambiente hospitalar.
Através destes dados, percebe-se que o enfermeiro realiza sua
função de forma competente e comprometida, mesmo com falta de recursos, e
desmotivados até pela ausência de reconhecimento pelos pacientes, com
dificuldades de trabalho em equipe.

5.3.5. CATEGORIA 5 – ANÁLISE DOS SINTOMAS APONTADOS


COMO INDICADORES DE ESTRESSE PELOS ENTREVISTADOS.

O Inventário dos Sintomas do Stress de Lipp (ISSL) apresenta um


modelo quadrifásico do estresse. Pode ser aplicado por pessoas que não
tenham treinamento em Psicologia, mas a análise deve ser sempre realizada
por um psicólogo, em cumprimento às diretrizes do Conselho Federal de
Psicologia (LIPP, 2005).
Nesse estudo, a análise foi realizada em conjunto com o professor
orientador da pesquisa, cuja formação básica é em Psicologia.
A partir das respostas coletadas e da observação em campo foi
realizada a avaliação do estresse do enfermeiro através do Inventário dos
Sinais e Sintomas de Lipp (ISSL) (LIPP; GUEVARA, 1994), o qual é baseado
na Teoria de Hans Selye, sob o nome de Síndrome Geral da adaptação,
porém, de forma quadrifásica: (1) Fase de alarme, (2) Fase de resistência, (3)
Fase de quase-exaustão (esgotamento), (4) Fase de exaustão (esgotamento).
O que permite identificar em que fase o enfermeiro se encontra são os
sintomas identificados pelo mesmo:

(1) Fase de alarme: mãos e/ou pés frios, boca seca, nó no estômago,
aumento de sudorese, tensão muscular, aperto na mandíbula/ ranger os
dentes, diarréia passageira, insônia, roer as unhas/ponta da caneta,
taquicardia, respiração ofegante, hipertensão súbita e passageira, mudança
de apetite, aumento súbito de motivação, entusiasmo súbito, vontade súbita
de iniciar novos projetos (LIPP; GUEVARA, 1994).

(2) Fase de resistência: problemas com a memória, mal estar


generalizado, formigamento das extremidades, sensação de desgaste físico
constante, mudança de apetite, aparecimento de problemas dermatológicos,
hipertensão arterial, cansaço constante, gastrite prolongada, tontura,
61

sensibilidade emotiva excessiva, dúvida quanto a si próprio, obsessão com


o agente estressor, irritabilidade excessiva, desejo sexual (libido) diminuído
(LIPP; GUEVARA, 1994).

(3) Fase de esgotamento: diarréias freqüentes, dificuldades sexuais,


formigamentos nas extremidades, insônia, tiques nervosos, hipertensão
arterial confirmada, problemas dermatológicos prolongados, mudança
extrema de apetite, taquicardia, tontura freqüente, úlcera, impossibilidade de
trabalhar, pesadelos, apatia, cansaço excessivo, irritabilidade, angustia,
hipersensibilidade emotiva, perda do senso de humor, náuseas, excesso de
gases, (LIPP; GUEVARA, 1994).

Se o enfermeiro entrevistado teve:


 Sete ou mais sintomas físicos ou psicológicos da FASE I nas
últimas 24 horas: encontra-se em fase de ALERTA
(AMPESSAN; OLIVEIRA, 2008, p.12; COSTA et.al, 2007,
p.218).
 Quatro sintomas físicos ou psicológicos da FASE II na última
semana: encontra-se em fase de RESISTÊNCIA.
(AMPESSAN; OLIVEIRA, 2008, p.12; COSTA et.al, 2007,
p.218).
 Nove ou mais dos itens da FASE III: encontra-se em fase de
ESGOTAMENTO. (AMPESSAN; OLIVEIRA, 2008, p.12;
COSTA et.al, 2007, p.218).
 A fase de QUASE-EXAUSTÃO é diagnosticada quando
assinalados mais de quatro sintomas físicos e psicológicos
na FASE II (COSTA et.al, 2007, p.218).

Como resultados tiveram os seguintes dados: dos sete enfermeiros


entrevistados, dois encontram-se em Fase de Alarme, um se encontra em Fase
de Resistência e quatro deles encontra-se em Fase de Quase Exaustão, como
demonstrado a seguir:

Figura 8.
62

Avaliação do estresse baseado no ISSL


4.5
4
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
e ia o
lar
m
tênc ustã
e A
es
is xa
ed R seE
s e a
Fa sed Qu
Fa e
sed
Fa

Dos sete enfermeiros entrevistados, quatro pertencem ao grupo


feminino e três pertencem ao grupo masculino. Para melhor compreensão, o
grupo feminino está representado como G1 e o grupo masculino está
representado como G2.
Figura 9.

G1
2.5

1.5

0.5

0
Fase de Alerta Fase de Resistencia Fase Quase Exaustão

No grupo feminino (G1), percebe-se que duas integrantes


encontram-se em fase de alerta, uma integrante encontra-se em fase de
resistência e outra integrante encontra-se em fase de exaustão.

Figura 10.
63

G2
3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
ta ia o
ler tênc ustã
A xa
e sis
sed Re seE
Fa de a
se Qu
Fa se
Fa

No grupo masculino (G2), percebe-se que os três integrantes


encontram-se em fase de Quase Exaustão.

Os sintomas encontrados com maior freqüência entre os enfermeiros


entrevistados foram: (1º) angústia, (2º) tensão e dor muscular, (3º) boca seca,
(4º) irritabilidade, (5º) pesadelos (6º) problemas dermatológicos (7º) entusiasmo
súbito (8º) cansaço constante (9º) insônia (10º) sensibilidade (11º) mudança de
apetite (12º) alergias (13º) dores de cabeça (14º) agitação (15º) aperto da
mandíbula/ ranger os dentes (16º) formigamento nas extremidades (17º) dor no
estomago (18º) gastrite prolongada (19º) Sensação de desgaste físico
constante (20º) Hipertensão arterial (21º) mãos e pés frios (22º) mal estar
generalizado.

Figura 11.
64

Sintomas mais frequentes


3.5

2.5

1.5

0.5

0
C sia e c los

ca ias

s
as rite st es

al s
M otiv In nte

to ng Ag eça

do
ço s o
n s to

ça e ia
ap va
es Ale tite

H si olo ago

es os a r t t e
o

r g pé a l
o r e m te

er rio
sa m o e l

te c o a d
s os çã
an ex ôn
co úbi

n
ta e e r i
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sg st o e dad

iza
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D xtr den
an s ab

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M M são sta

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D
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e

ig bu
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Fo an
ib

de
m
ns

ão
Se

da


to

ns
er

Se
Ap

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, pode-se refletir como o enfermeiro vivencia o


estresse na unidade de emergência; quais os fatores desencadeantes do
estresse do enfermeiro na unidade de emergência, quais as situações que
evidenciam o estresse e que forma ele procura amenizá-lo. Deu-se importância
ao significado que as palavras estresse, saúde mental e qualidade de vida
representam para os enfermeiros, tendo como propósito avaliar o estresse
deste profissional no ambiente de emergência. Destacou-se a Pirâmide das
necessidades de Maslow (Teoria da motivação), reforçando a idéia de que é
preciso que o enfermeiro cuide primeiramente das suas necessidades para
posteriormente cuidar das necessidades do paciente e obter uma assistência e
um trabalho satisfatório.
65

Relacionando a teoria de Maslow com as necessidades dos


enfermeiros dentro do ambiente de trabalho, conclui-se que as necessidades
fisiológicas seriam ligadas ao salário, as necessidades de segurança estariam
ligadas a segurança no trabalho , auxílio-doença, períodos de folga suficientes,
carga horária satisfatória, segurança física e psicológica. As necessidades
sociais estariam vinculadas à participação de todos da equipe, em um clima de
amizade e companheirismo entre os auxiliares/ técnicos de enfermagem e os
enfermeiros. As necessidades de auto-estima estariam relacionadas ao
reconhecimento e elogio por parte dos superiores hierárquicos e dos membros
da sua equipe (auxiliares e técnicos de enfermagem). As necessidades de
auto-realização podem ser atingidas pelo enfermeiro quando realiza trabalhos
satisfatórios e gratificantes na unidade de emergência e então é reconhecido e
motivado.
Para a avaliação do estresse do enfermeiro na unidade de
emergência foi utilizado o Inventário dos Sintomas do Stress de Lipp (ISSL),
que é baseado na Teoria de Hans Selye. Em função disso, pode-se afirmar que
o principal objetivo deste trabalho foi atingido, pois todos os sujeitos da
pesquisa foram submetidos à tentativa da análise do estresse e na sua maioria
encontram-se em Fase de Quase Exaustão emocional.
Os enfermeiros entrevistados demonstraram que o estresse está
presente diariamente na unidade de emergência, que é caracterizada por
situações estressantes, que exigem alto preparo psicológico, total controle
racional, técnico e emocional do enfermeiro, que permanece em alerta para as
situações imprevisíveis, nas quais são necessários recursos físicos, materiais e
número de funcionários suficientes, muitas vezes reduzidos ou indisponíveis,
prejudicando então a assistência.
Na unidade de emergência há insatisfação da qualidade da
assistência prestada. O enfermeiro sempre busca melhorias na assistência,
tentando melhorar seu atendimento para que o paciente não seja prejudicado,
pela falta de recursos que poderiam contribuir para sua melhoria de forma mais
rápida.
O enfermeiro na unidade de emergência sente-se desvalorizado
porque muitas vezes não atua na tomada de decisões da unidade, seu trabalho
é sobrecarregado com acúmulo de funções, gerando desgaste físico e
66

emocional causado pelos conflitos operacionais, pelas atividades exercidas


com poucos recursos físicos, e número reduzido de profissionais somado ao
salário não condizente.
Porém, o fator considerado pela maioria dos enfermeiros
entrevistados como mais estressante é o trabalho em equipe, ou seja, apesar
das dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na unidade de emergência, o
que torna seu ambiente de trabalho mais estressante é a dificuldade do
relacionamento com sua equipe.
Durante a assistência da enfermagem ocorrem conflitos que, muitas
vezes não são resolvidos. O enfermeiro precisa do auxílio dos técnicos e
auxiliares de enfermagem, que, muitas vezes não colaboram, ou, se
colaboram, não são reconhecidos pelo enfermeiro.
A visão Nightingaliana da liderança na enfermagem é autocrática e
centralizadora, e não permite que haja um bom relacionamento do enfermeiro
com a sua equipe. Porém, esse modelo de liderança já não é adequado à
realidade atual. Hoje em dia, o trabalho em equipe é visto como forma de
auxílio, envolvendo parcerias, crescimento profissional e exploração da
motivação humana.
O relacionamento entre o enfermeiro e a sua equipe precisa que
haja confiança entre ambos, o que muitas vezes não ocorre, dificultando o
trabalho em equipe e conseqüentemente a assistência, resultando na
insatisfação do enfermeiro com a sua equipe e do paciente com a assistência.
A valorização do enfermeiro e da profissão de enfermagem contribui
diretamente na qualidade da assistência, entra nas necessidades de auto-
realização do profissional. Porém, de acordo com a pesquisa realizada,
constatou-se que o enfermeiro se considera muito desvalorizado, pois suas
condições de trabalho são desfavoráveis e isso o desmotiva de tal maneira
que, aparentemente, ele mesmo acaba desvalorizando sua profissão.
Os problemas apontados pelos enfermeiros entrevistados mostram o
difícil acesso a novos conceitos dentro da unidade de emergência, pois, a
melhoria não depende só do enfermeiro e sua equipe, mas também de
superiores competentes, para mudança da política da instituição, buscando a
melhoria no atendimento e solucionando os problemas apontados. Isso o
67

desmotiva na busca de soluções que contribuiriam no processo da assistência


e também com sua autonomia.
A importância da saúde mental do enfermeiro dentro da equipe e na
assistência prestada foi avaliada a partir do entendimento do estresse
ocupacional justaposto à Síndrome de Burnout. O trabalho do enfermeiro é
estressante e cabe como peça-chave o reconhecimento dessa realidade. O
enfermeiro deve procurar reconhecer quais são os fatores estressores e como
reagir a eles.
Ao questionar sobre a existência de algum espaço ou atividade que
proporcione redução do estresse no trabalho oferecido pela instituição,
percebe-se que há poucas atividades, reuniões ou palestras que promovam
momentos de interação da equipe, motivação, saúde física e mental,
colaborando com a satisfação e rendimento do profissional, reforçando a idéia
do melhor rendimento através do trabalho em equipe, reconhecendo a
importância de cada um dos integrantes da equipe, havendo momentos de
interação, evitando assim o esgotamento.
Para que o enfermeiro consiga responder a todos os desafios e
dificuldades decorrentes do exercício de suas funções, seria interessante se
ele tivesse uma visão da liderança servidora, pois há necessidade de uma
relação mais humanizada no trabalho, oferecendo maiores possibilidades de
valorização e desenvolvimento pessoal, treinamentos, palestras, havendo
reconhecimento do enfermeiro com a sua equipe e vice-versa.
Essa pesquisa é de caráter temporário, pois as condições de
trabalho e as pessoas que participaram vivem num ambiente dinâmico que
pode mudar as condições de existência. Diante disso, percebe-se a
importância de valorizar, investir e melhorar a qualidade das condições de
trabalho do enfermeiro, pois há um desequilíbrio entre os investimentos
tecnológicos e humanos, e o desempenho do profissional fica comprometido
pela insatisfação e desmotivação que reflete na sua produtividade, afetando
diretamente a sua assistência, sua motivação, sua satisfação e sua qualidade
de vida.
A continuidade desta pesquisa pode estar justamente na questão do
reconhecimento do líder enfermeiro pela equipe e do manejo da liderança
como formas profiláticas da instalação do estresse no ambiente hospitalar.
68

Seja como pesquisa de pós-graduação lato-sensu ou strictu-sensu, as


intenções de se pesquisar este assunto são inúmeras, porém todas
fundamentadas no exercício da pesquisa ética e comprometidas com a
qualidade.
Esse trabalho buscou ampliar o conhecimento da situação do
estresse do enfermeiro em unidade de emergência, mas está longe de esgotar
os estudos sobre o tema, uma vez que cabe ampliar discussões sobre o
mesmo, pois essa é apenas uma pequena contribuição para o início desta
investigação tão necessária nos campos da Saúde e das Ciências Sociais.

7. REFERÊNCIAS

AMPESSAN, Y.P.A.; OLIVEIRA, A.R. A ginástica laboral compensatória e


sua contribuição à saúde dos professores. Secretaria de Estado da
Educação do Paraná. Programa de Desenvolvimento Educacional.
Arapongas. 2008. Disponível em:
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74

APÊNDICES

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Em atendimento à RESOLUÇÃO n 196/96 Ministério da Saúde

Eu,
estou plenamente de acordo em participar da pesquisa “AVALIAÇÃO DO
ESTRESSE DO ENFERMEIRO EM UNIDADE DE EMERGENCIA” , que tem
como objetivo “avaliar o estresse do enfermeiro em unidade de emergência”
,sabendo que o propósito desta pesquisa é coletar informações que ajude a
desenvolver serviços para promover a saúde mental dos enfermeiros.
A coleta de dados será obtida por meio de um questionário,
composto de perguntas fechadas. As informações obtidas e registradas serão
garantidos o sigilo e anonimato dos sujeitos. A participação é consensual,
havendo liberdade para ausentar-se em qualquer etapa. O conteúdo final da
investigação estará disponível aos sujeitos e instituições envolvidos, antes de
75

sua divulgação acadêmica pública. Os dados procedentes serão utilizados para


o desenvolvimento da pesquisa e de artigos a serem divulgados nos meios
científicos.
Os dados somente serão utilizados pela autora da pesquisa
mediante minha autorização, desde que sejam mantidos o sigilo e anonimato.
Tenho conhecimento também que o sigilo na pesquisa está garantido e que o
meu nome será identificado por código e não aparecerá nos documentos finais.
Por fim, sei que está sendo respeitado meu anonimato, minha dignidade e que
não me causará danos. Declaro ter recebido as informações acima e concordo
em participar dessa pesquisa nos termos apresentados.

Ponta Grossa, ......./......../........

Nome:

Assinatura:

R.G:

Maurício Wisniewski Marina Chaves Carneiro


Pesquisador responsável Pesquisadora participante
(042) 91088883 (042) 9122-2022

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E/OU ENTREVISTA

Pelo presente Termo de Autorização para Uso de Questionário,


Marina Chaves Carneiro, Brasileira, estudante, solteira, portadora de identidade
RG. Nº 9.660.587-0 e CPF nº 044.605.099-70, residente e domiciliado à Rua
Carlos de Laet, 27, Bairro Oficinas, na Cidade de Ponta Grossa, UF-Paraná.
De outro lado ____________________________,
nacionalidade,________________, profissão,_________________estado
civil_________________, portador de carteira de identidade nº
_______________e CPF n º___________________,residente e domiciliado
à_____________________,n°______ Bairro____________________ na
cidade de _______________, UF _______.

Têm entre si justo e acertado as seguintes condições:


76

1) O Sr. (a) autoriza, expressamente a utilização de seu Questionário nos


materiais discriminados no Anexo I, que passa a fazer parte integrante deste
termo, para serem veiculados/utilizados no projeto de pesquisa intitulado (Nível
de estresse do profissional de Enfermagem em unidade de emergência) e/ou
outras publicações dele decorrentes.
2) Pela presente permissão de uso, conforme discriminado nas condições
acima referidas, o Sr. (a) não receberá qualquer valor em moeda corrente ou
produtos, dando plena e irrevogável quitação das obrigações assumidas pelo
projeto de pesquisa.
3) A presente autorização de uso abrange, exclusivamente, a concessão de
uso da imagem para os fins aqui estabelecidos, pelo que qualquer outra forma
de utilização, deverá ser previamente autorizada para tanto.
(Local/Data):

_________________________________________________________

Assinatura do Sr.(a):

__________________________________________________

Testemunha:
________________________________________________________
QUESTIONÁRIO
Idade: Sexo: F ( ) M( )
1. Em quais situações sinto maior estresse durante o trabalho?
( ) Equipe de enfermagem (relacionamento interpessoal)
( ) Recursos físicos
( ) Trabalho repetitivo
( ) Carga horária
( ) Odores, situações desagradáveis
( ) Exposição constante a riscos
( ) Falta de equipamentos
( ) Pressão no trabalho
( ) Lidar com a morte; paciente terminal
77

( ) Lidar com a família, acompanhante ,paciente agressivo ou com


necessidades emocionais.
( ) Conflito entre o trabalho e a família
( ) Tomada de decisões de conflitos pessoais
( ) Falta de autonomia como enfermeiro
( ) Estilo de supervisão insatisfatório
( ) Salário não- condizente
2. Destas substâncias, consumo de maneira excessiva...
( ) tabaco
( ) cafeína
( ) álcool
3. Soluções que busco para manter minha saúde mental
( ) Atividades físicas
( ) Alimentação equilibrada
( ) Acupuntura
( ) Massoterapia
( ) Músicas
( ) lazer
( ) fitoterapia
( ) medicamentos controlados
78

ANEXOS

INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE STRESS (ISS)


(LIPP; GUEVARA, 1994)

PARTE 1:
Marque um (X) nos sintomas que tem experimentado nas últimas 24 horas:

( ) mãos ou pés frios


( ) boca seca
( ) dor no estômago
( ) aumento de sudorese
( ) tensão muscular
( ) aperto na mandíbula / ranger de dentes
79

( ) diarréia passageira
( ) insônia
( ) taquicardia
( ) hiperventilação (respirar ofegante, rápido)
( ) hipertensão arterial súbita e passageira (pressão alta)
( ) mudança de apetite (pouca ou muita apetite)
( ) aumento súbito de motivação (agitação)
( ) entusiasmo súbito

PARTE 2:
Marque um (X) nos sintomas que tem experimentado na última semana:

( ) problemas com a memória


( ) mal-estar generalizado, sem causa específica
( ) formigamento das extremidades
( ) sensação de desgaste físico constante
( ) mudança de apetite
( ) aparecimento de problemas dermatológicos
( ) hipertensão arterial
( ) cansaço constante
( ) gastrite, úlcera ou indisposição estomacal muito prolongada
( ) tontura ou sensação de estar flutuando
( ) sensibilidade emotiva excessiva (estar muito nervoso)
( ) dúvida quanto a si próprio
( ) obsessão com o agente estressor
( ) irritabilidade excessiva
( ) diminuição da libido (desejo sexual)

PARTE 3
Marque um (X) nos sintomas que tem experimentado no último mês:

( ) diarréia freqüente
( ) dificuldades sexuais
( ) insônia
80

( ) náusea
( ) tiques nervosos
( ) hipertensão arterial confirmada (continuada)
( ) problemas dermatológicos prolongados
( ) mudança extrema de apetite
( ) excesso de gases
( ) tontura freqüente
( ) úlcera, colite ou outro problema digestivo sério
( ) enfarte
( ) impossibilidade de trabalhar
( ) pesadelos freqüentes
( ) sensação de incompetência em todas as áreas
( ) angústia
( ) apatia, depressão ou raiva prolongada
( ) cansaço constante e excessivo
( ) pensar e falar constantemente em um só assunto
( ) irritabilidade freqüente sem causa aparente
( ) angústia, ou ansiedade, ou medo diariamente
( ) hipersensibilidade emotiva
( ) perda do senso de humor
( ) formigamentos nas extremidades
81
82

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