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0668 – Ficheiros de Armazém e Contas Correntes

2. Valorimetria das Existências:

O conhecimento das existências, em quantidade e em valor, responde a várias necessidades


da empresa, servindo para alimentar a contabilidade, gerir a tesouraria e gerir os
reaprovisionamentos.

É indispensável o conhecimento do preço unitário dos artigos para os poder integrar no


cálculo dos preços de custo dos produtos finais ou em curso. É, portanto, necessário que os
stocks e os seus movimentos sejam corretamente valorizados.

Em termos de gestão dos stocks, o inventário permanente permite informar as quantidades


e os preços unitários, bem como o valor dos consumos anuais, parâmetros de base para
definir o período económico de encomenda.

Por outro lado, os preços unitários servem de referência aos compradores permitindo
determinar os preços de faturação dos artigos cedidos a outros serviços da empresa ou
vendidos ao exterior.

Em resumo, o conhecimento global do stock só se obtém quando se fala em unidades


monetárias e não apenas em quantidades – daí a necessidade de dispor de dados
quantificados e valorizados sobre stocks: os consumos, as entradas e os stocks detidos.

Tipos de movimentos

• Os materiais dentro da empresa estão sujeitos aos mais diversos tipos de movimentos.
Destes, os mais utilizados são os seguintes:

➢ Entradas de compras
Produtos provenientes de fornecedores que provocam o aumento das existências.

➢ Saídas de compras
Produtos requisitados para uso na própria empresa e que originam a redução das existências

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➢ Expedição
Movimento de saída para o exterior que conduz à redução das existências

➢ Transferências
Movimentos entre armazéns ou entre locais de armazenagem, que não conduzem ao
aumento em termos globais do inventário

➢ Devolução de fabricação
Ou mais genericamente devoluções de utilização, compreendem movimento de entrada em
stock proveniente de saídas de stock não utilizadas

➢ Devoluções a fornecedores
Movimento de saída resultante da não-aceitação de materiais provenientes de compras, mas
cuja não conformidade só foi detetada após o movimento de Entrada da Compra.

• As existências serão valorizadas ao custo de aquisição ou ao custo de produção:

➢ Custo de aquisição de um bem


Soma do respetivo preço de compra com os gastos suportados direta ou indiretamente para
o colocar no seu estado atual e no local de armazenagem.

➢ Custo de produção de um bem


A soma dos custos das matérias-primas e outros materiais diretos consumidos, da mão-de-
obra direta, dos custos industriais variáveis e dos custos industriais fixos necessariamente
suportados para o produzir e colocar no estado em que se encontra e no local de
armazenagem.

Se o custo de aquisição ou de produção for superior ao preço de mercado, será este o utilizado,
também nos casos em que haja obsolescência, deterioração física parcial, quebra de preços,
bem como outros fatores análogos, deverá ser utilizado o preço de mercado.

Relativamente aos subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos serão valorizados pelo valor
realizável líquido, se a empresa não conseguir aplicar outro critério mais adequado.

Definições:
➢ Preço de mercado
Diz respeito ao custo de reposição ou ao valor realizável líquido, conforme se trate de bens
adquiridos para a produção ou de bens para venda.

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➢ Custo de reposição de um bem


Valor que a empresa teria de suportar para o substituir nas mesmas condições, qualidade,
quantidade e locais de aquisição e utilização.

➢ Valor realizável líquido de um bem

Preço de venda esperado deduzido dos necessários custos previsíveis de acabamento e venda.

Como métodos de custeio das saídas podem adotar-se, entre outros:


a) FIFO;
b) LIFO;
b) Custo médio ponderado.

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1.1 FIFO

Custo Cronológico Direto ou FIFO (first in, first out) – as existências vendidas e consumidas
são valorizadas pelos preços mais antigos, sendo, consequentemente, as existências em
armazém valorizadas aos preços mais recentes.

Tal critério origina que, em períodos inflacionistas, as empresas tendam a apurar margens
mais elevadas, pois o custo das existências vendidas é função de preços (de custo) antigos,
enquanto as vendas são registadas a preços recentes (inflacionados).

Deverá ser evitado quando se pretenda a apresentação de resultados mais baixos.


Exemplo 1:

Em suma:

• Primeiro saem os lotes mais antigos aos respetivos preços.


• Este método permite que a existência seja valorizada ao último ou últimos preços de
aquisição, que normalmente são mais elevados, enquanto as saídas de armazém são
valorizadas aos preços mais antigos, o que origina uma sobreavaliação dos lucros.
• Se, no entanto, os preços baixarem, as saídas de armazém são avaliadas a preços mais
elevados que os preços de mercado, e as existências valorizadas a preços mais baixos,
o que origina uma subavaliação do lucro.

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1.2 Custo médio ponderado

O custo médio ponderado, é o custo que, normalmente, permite atribuir o valor aos stocks e
resulta do preço de custo (da compra) considerado.

O preço de custo é o preço à entrada do armazém e obtém-se pela soma dos valores da fatura
do fornecedor (deduzidos os descontos comerciais obtidos) com os encargos com a compra
(transportes, seguros, taxas, ...).

Normalmente, calcula-se este preço de custo em relação à unidade de compra (que pode
diferir da unidade de utilização interna), por isso é designado preço de custo unitário.

A utilização deste critério faz distribuir por todos os artigos em stock com o mesmo código,
as alterações de custo resultantes de novas entradas. Obtendo-se assim uma Valorização ao
mesmo custo de todos os artigos desse código.

➢ Custo Médio Ponderado de um Artigo

O custo médio ponderado (unitário) é obtido da seguinte maneira:

Se der entrada em armazém uma quantidade Q e de unidades de um artigo adquirido cujo


preço de custo unitário seja cu, o valor V da quantidade Q é:

V = cu x Q e

Se entretanto, existir no stock, S unidades valorizadas com o anterior custo médio ponderado
ca, o valor da existência antes da entrada do reaprovisionamento é:

E a = c a x S.

Como o valor na nova existência será:

E=Ea+V

E a quantidade física total do stock:

St=Qe+S

Então, o novo custo médio ponderado (unitário) será:

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Exemplo:

Valor Existência Final = 28,125

CMV = 5+5,25+5,25+16,875

Sempre que se fala em existências, está a referir-se valores (em unidades monetárias); no
caso de se nomear stocks então o “valor” em causa é a quantidade existente em unidades
físicas.

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