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O sono pesado dos guardiões foi interrompido por uma gritaria ensurdecedora.

Correram
por todos os corredores sem nada avistarem. Não importava para onde fossem, os corredores
não tinham fim, a gritaria não tinha fim. Quando Emily finalmente encontrou uma saída,
olhou ao seu redor e todos os guardiões estavam caídos, mortos.

Quando olhou para fora, chamas se estendiam até onde sua visão alcançava. O povo druida
tinha sido completamente extinto.

Ela gritava por socorro, mas sua voz não tinha som, a única coisa possível de escutar era a
enlouquecedora gritaria vindo de todos os lados. Correu para fora da casa e a visão era
aterrorizante. Até onde sua visão alcançava existia fogo, corpos de druidas carbonizados e em
cima de tudo isso, lá no alto do grande céu tingido de laranja, estavam eles.

Seus sorrisos maléficos iam de um lado ao outro, seus olhos derramavam uma cachoeira de
sangue que formaram uma poça no chão, ao ver a poça, o mundo de Emily foi ao chão, seu
pai, sua mãe e Júnior, seu tio, todos mortos, pensava ela. Seus rostos desfigurados viraram
para a princesa assim que os viu, pouco a pouco foram rastejando até ela.

Caída no chão, Emily se arrastou para trás, assustada. Ela não sabia o que estava
acontecendo, não sabia como começou e, principalmente, como ela não percebeu antes, mas
antes que tivesse sua resposta seu fim chegou.

Eles desceram do alto céu; andaram com seus passos lentos e despreocupados até ela;
olharam no fundo dos olhos dela, quase enxergando todo o pecado e o medo existente em
todo o seu corpo.

Quando se deu conta, estava rodeada de sangue, seu sangue. Sua vista foi embaçando mais e
mais, levando sua consciência embora e deixando como sua última visão, os rostos nefastos
dos vermes em sua frente.

Ela estava morta, mas, por algum motivo, ainda conseguia escutar os mesmos gritos
desesperados dos druidas. Eles foram aumentando pouco a pouco, até que, subitamente,
sumiu.

— Emily! Emily! Acorda! Emily — disse, sem parar, uma voz abafada.

Sentiu pequenos toques em seus ombros, como se alguém a balançasse. Aquecia suas
pálpebras a luz calorosa do sol, apertou os olhos e lentamente foi acordando. Antes que
pudesse ver as pessoas em sua frente, o vômito a fez ir ao chão, ela soltava na superfície seu
sangue.

Arthur e Isa a levantaram, Calisto trouxe água, ela bebeu e em seguida disse: — Visão — Ela
estava ofegante — eu tive uma visão.

— Não diga o que viu, princesa! — falou Arthur e depois continuou — Vamos começar com o
que combinamos hoje mesmo.

— Mas… não… sabemos… por… onde… começar…


— Submundo — falou Emily, ainda ofegante.

— Vamos conversar com a Morte? — perguntou Isa.

— Infelizmente é a única alternativa que temos no momento.

Todos se entreolharam, levantaram-se e foram até a sala do trono onde a rainha estava.
Haviam três pessoas quando entraram que saíram ao ver os guardiões chegarem. Explicaram
que iriam se dividir e depois saíram da vila.

— Acho que aqui é um bom lugar — disse Iuri, apontando para um lugar plano no meio de
toda aquela mata fechada.

Os guardiões se puseram em círculo, porém diferentemente de antes, cada grupo fez um


círculo e o primeiro a conjurar o de Emily.

— Nós, protetores da magia — o chão começou a tremer, — abençoados pelas divindades —


os animais correram para longe, — herdeiros de todos os tronos — os olhos dos guardiões
começaram a sangrar e brilhar, — ordenamos que nos mande para qualquer canto do
mundo. Teleporte!!

Duas árvores imensas, paralelas uma à outra, seus troncos ancestrais emanavam a mais pura
magia, aquela era a entrada para o inferno. A grande escadaria que levava ao inferno se abriu
no chão logo depois que chegaram, e sem demorar, começaram a descer.

Cada passo que davam era refletido cruelmente no exterior, e, quando finalmente chegaram
ao fim da escada viram a entrada para o primeiro andar do inferno.

Um colossal arco de pedra que ia do chão ao teto do inferno, do lado de fora dava para sentir
o calor escaldante, os gritos desesperados das almas perdidas, o medo que elas sentiam, e,,
quem mais sofria com tudo isso, era Meredith — por mais que ela tentasse não demonstrar.

Os guardiões se olharam e por fim entraram no grandioso inferno, dava para ver os corpos
carbonizados andando por todos os lados como moribundos, eles gritavam, se jogavam de
todo lugar alto e quando perceberam a presença dos guardiões, os seguiram.

No alto de todo aquele céu avermelhado, uma grande nuvem cinza em formato de caveira se
formou, os moribundos que antes os seguiam, agora, olhavam fixamente para a nuvem,
afinal, aquela era a dona do inferno.

— Olá, guardiões. Demoraram bastante para virem me visitar — disse a Morte.

— Nós…

— Eu sei o que vocês vieram fazer — interrompeu ela. — Por mais que eu simpatize com o
motivo de vocês, infelizmente não posso ajudá-los. Vocês sabem o que devem fazer, mas se
recusam a fazer. Tolos.
— Nós não podemos usar magia sombria, você sabe o preço.

— Justamente por eu saber o preço que eu não posso dar outra alternativa — falou a Morte.

— Vejam, toda diversão que acontece aqui é graças a essas pobres almas, e eu vou confessar,
elas me deixam entediada. Ter vocês aqui seria incrível — Ela riu.

Logo após ela rir, os mortos ao seu redor riam também.

— Para confortar vocês, não acho a ideia de juntar as raças tão ruim assim, porém muitas
pessoas vão morrer e talvez no fim a única alternativa vá ser usar a magia sombria.
Obviamente, quanto mais gente morrer, melhor é para mim, HAHA!!

— Como… eles… saíram… daqui?

A expressão de graça que a Morte estava fazendo há tempo foi embora assim que ouviu.

— Eles estavam selados na escadaria e lá eu não tenho controle como aqui dentro. Se fosse
para apostar em alguma coisa eu diria que o selo ficou fraco. Como ele enfraqueceu eu não
sei, mas é o que deve ter acontecido.

— Você sabe qual foi o selo que usaram? — perguntou Isa.

— Nem adianta tentarem fazer, a magia usada vai além da sombria. No momento a única
coisa que pararia eles, é a morte.

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