ANTROPOLOGIA

JURÍDICA

Dr. Javier Marzal

OBJETIVOS DA AULA
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Explorar a relação Fazer um breve Compreender como
entre Antropologia percurso pela os conceitos de
e Direito e as história da Etnocentrismo e
funções dos Antropologia Relativismo Cultural
saberes Jurídica. se manifestam no
antropológicos no contexto jurídico.
campo jurídico.
OBJETIVOS DA AULA
Problema central da nossa aula:

Qual é a relação que se pode estabelecer entre

Antropologia e Direito? Quais são as funções do
saber antropológico no campo jurídico?
Na aula anterior:
ANTROPOLOGIA
Ciência que estuda a
diversidade cultural humana,
situada em determinado local
e tempo na história da
humanidade. Estudo sobre o
ser humano, suas relações e a
formação das culturas.
CULTURA
“o modo de ver o mundo, as
apreciações de ordem moral
e valorativa, os diferentes
comportamentos sociais e
mesmo as posturas corporais
são assim produtos de uma
herança cultural, ou seja,
resultado da operação de
uma determinada cultura
(LARAIA, 2003, p. 68).
Na aula anterior:

ETNOCENTRISMO RELATIVISMO CULTURAL

Explorando a Necessidade da Antropologia Jurídica
Na comunidade de Vila Esperança, localizada em uma região diversificada culturalmente,
surgiu um conflito complexo relacionado ao uso de terras comunitárias para rituais
religiosos. Este conflito envolve dois grupos culturais distintos:

GRUPO A
Composto principalmente por
membros da comunidade
cultural "Tradição Ancestral",
que valoriza rituais ligados à
natureza e considera as terras
em questão como sagradas.
Eles acreditam que essas terras
são essenciais para a
realização de seus rituais
religiosos tradicionais.
GRUPO B
Representado por membros da
comunidade "Modernistas", que
têm crenças religiosas mais
contemporâneas e buscam
desenvolver a comunidade com
fins econômicos. Eles veem as
terras como um recurso para a
construção de instalações que
beneficiem a comunidade de
maneira prática, como uma
escola.
DIFERENÇAS CULTURAIS ENVOLVIDAS:
• Cosmovisões Divergentes: O Grupo A tem uma cosmovisão
ESTE CONFLITO profundamente ligada à natureza e aos antigos rituais, enquanto
HIPOTÉTICO SERVE o Grupo B valoriza a modernização e o progresso econômico.
COMO UM EXEMPLO
DE COMO AS
DIFERENÇAS • Significados Divergentes da Terra: Para o Grupo A, a terra é
CULTURAIS PODEM sagrada e central para sua identidade cultural. Já o Grupo B vê a
DESENCADEAR terra como um recurso que pode ser utilizado para benefício
CONFLITOS NO material.
CONTEXTO JURÍDICO
E COMO A
ANTROPOLOGIA
• Conflito de Valores: As diferentes visões sobre o propósito e
JURÍDICA PODE SER significado das terras comunitárias levaram a desentendimentos,
UMA FERRAMENTA resultando em tensões crescentes entre os dois grupos.
ESSENCIAL PARA
COMPREENDER E • Potencial para Conflito Jurídico: Ambos os grupos buscaram
RESOLVER ESSAS
soluções legais para resolver o impasse, levando a questões
SITUAÇÕES.
jurídicas complexas relacionadas à propriedade, direitos culturais
e uso da terra.
Antropologia jurídica: origem histórica e
definição

• “Produto cultural do ocidente moderno”. Nasce final do

século XIX, início do século XX, no contexto próprio da
Antropologia e da História do Direito.

• A pergunta sobre os chamados “povos primitivos”, suas

culturas e seus sistemas de leis.

• Não em termos de uma “teoria” antropológica diferente,

mas como uma “abordagem”.

• Essa abordagem se interessa pelo domínio do direito nas

diferentes culturas, comparando os sistemas jurídicos e os
sistemas de normas das sociedades estudadas.
 ANTROPOLOGIA JURÍDICA:
ORIGEM HISTÓRICA E DEFINIÇÃO

A ANTROPOLOGIA JURÍDICA CONSTITUI UMA PERSPECTIVA

EXTERNA DE ANÁLISE E DE CRÍTICA DA REGULAÇÃO JURÍDICA.
DESTE MODO, PODE ENXERGAR O PONTO CEGO DA
OBSERVAÇÃO DOS JURISTAS, O QUE LHE CONFERE, TAL COMO
OCORRE COM A SOCIOLOGIA, A POSSIBILIDADE DE UM
DISTANCIAMENTO CRÍTICO MUITO CONTRIBUI PARA
DESESTABILIZAR CERTEZAS SEDIMENTADAS NO “SENSO COMUM
JURÍDICO”.
 MALINOWSKI E O DIREITO
DOS POVOS NÃO OCIDENTAIS

• O antropólogo polonês radicado no Reino Unido

desenvolveu uma etnografia no norte da Austrália. Daí
nasceu um dos seus livros sobre essa experiência
antropológica. Trata-se de “Crime e Costume na
Sociedade Selvagem”.
• Neste livro, Malinowski descreve sua intensa
experiência de pesquisa na Austrália, inicialmente
com o povo Mailu (1915) e posteriormente com os
nativos das Ilhas Trobriand (1915-16, 1917-18).
• O livro chama a atenção para a falta de informações a
respeito da lei primitiva, ou seja, das forças que
contribuíram para a manutenção da ordem, da
uniformidade e da coesão na tribo selvagem¹. No
decorrer do livro, o autor demonstra que as regras
estão baseadas nos costumes e tradições e que,
embora não estejam escritas, são acatadas por todos.
MALINOWSKI E O DIREITO
DOS POVOS NÃO OCIDENTAIS

Malinowski enfatiza a importância de o

antropólogo desprender-se de seus
conhecimentos e costumes pessoais e prévios
antes de entrar em contato com qualquer grupo.
Ele retrata como são as regras do casamento,
das sucessões assim como os delitos puníveis.

Este estudo foi pioneiro na revelação de que

costumes primitivos considerados 'desejos
animalescos de pagão', eram produto de uma
lei firme e de uma tradição rigorosa, exigidas
pelas necessidades biológicas, mentais e sociais
da natureza humana.
ETNOCENTRISMO NO CAMPO JURÍDICO

ETNOCENTRISMO como a tendência de julgar outras culturas com base nos valores
da própria cultura.

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• Interpretação tendenciosa das • Criação de leis discriminatórias:
leis: As leis são interpretadas O etnocentrismo pode levar à
através da lente cultural do criação de leis que discriminam
intérprete. Se o intérprete tem certas culturas. Por exemplo, leis
uma visão etnocêntrica, ele pode que proíbem práticas culturais
interpretar as leis de maneira a específicas podem ser criadas
favorecer sua própria cultura e com base em uma visão
discriminar outras culturas. etnocêntrica.
ETNOCENTRISMO NO CAMPO JURÍDICO

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• Aplicação desigual da lei: A • Falta de reconhecimento dos
aplicação da lei também pode ser direitos culturais: O etnocentrismo
influenciada pelo etnocentrismo. pode levar a uma falta de
Por exemplo, indivíduos de certas reconhecimento dos direitos
culturas podem ser punidos mais culturais. Isso pode resultar em
severamente por crimes discriminação cultural, onde as
semelhantes em comparação com pessoas são tratadas de maneira
indivíduos de outras culturas. injusta com base em sua cultura.
RELATIVISMO CULTURAL NO CAMPO JURÍDICO

1. Compreensão cultural: O relativismo cultural permite que os

profissionais jurídicos compreendam melhor as normas e valores
RELATIVISMO culturais de diferentes grupos. Isso pode levar a uma interpretação e
CULTURAL aplicação mais justa da lei, pois leva em conta as diferenças culturais.
como uma postura de
respeito e 2. Respeito à diversidade: O relativismo cultural promove o respeito à
compreensão das diversidade cultural. Isso pode resultar em leis e políticas que protegem
culturas diferentes. O
os direitos das minorias culturais.
interesse pelo outro
não parte de uma 3. Prevenção de discriminação: Ao reconhecer que não existe uma
superioridade nem da
"moral universal", o relativismo cultural pode ajudar a prevenir a
discriminação, se não
discriminação baseada em normas e valores culturais.
do desejo de
descrever e explicar as
diferenças culturais
4. Promoção da igualdade: O relativismo cultural pode promover a
igualdade ao reconhecer que todas as culturas têm o mesmo valor. Isso
desde a própria
pode levar a uma aplicação mais justa da lei, onde todos são tratados
definição dos sujeitos.
igualmente, independentemente de sua cultura.

5. Resolução de conflitos: O relativismo cultural pode ajudar na

resolução de conflitos ao permitir que os profissionais jurídicos
compreendam melhor as perspectivas culturais das partes envolvidas.
OBJETIVOS:

A mediação de A promoção dos

A compreensão
conflitos
cultural. direitos humanos.
interculturais.

FUNÇÃO:

Consultoria em políticas públicas e direitos humanos

O Futuro da Antropologia Jurídica
Mediação em Disputas Transculturais ou Internacionais.

Proteção dos Direitos Humanos e Culturais.

Assessoria em Políticas Multiculturais.

Desenvolvimento de Códigos Legais Interculturais.

Pesquisa e Documentação de Práticas Jurídicas Globais.

Educação e Conscientização.
CONCLUSÃO
A Antropologia Jurídica, em um mundo globalizado, está
posicionada para desempenhar um papel crucial na
promoção da compreensão intercultural, na resolução
de conflitos e na proteção dos direitos humanos e
culturais. Seu impacto no campo jurídico continuará a
crescer à medida que, as interações culturais se
tornarem mais complexas e frequentes.
nead@faculdadecesusc.edu.br