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O LEÃO, A LEBRE E O CÁGADO

Adaptado para as Crianças por Ana Luísa Sousa Lourenço


Era uma vez uma lebre que tinha uma cabra e um leão que
tinha um bode.
A lebre foi, pois, ter com o leão e disse-lhe:
- Irmão leão, empresta-me o teu bode, a fim de fazer
companhia à minha cabra. E, quando a minha cabra tiver filhos,
então devolver-te-ei o teu bode.
O leão acedeu e a lebre levou o bode por uns tempos.
Quando a cabrita deu à luz os cabritinhos, a lebre foi
entregar o bode ao leão que, ao vê-lo só, perguntou então à lebre:
- Tu, ó lebre, pediste-me o bode para que a tua cabra tivesse
filhos, não foi? Pois se não fosse o meu bode a tua cabra não tinha
tido os cabritinhos. Portanto, traz-mos cá, pois são filhos dele!
A lebre respondeu:
- Os filhos são da cabra.
Puxando cada qual a razão para o seu interesse, nenhum
deles se entendia e, então, a lebre lembrou-se de apelar para o
tribunal dos anciãos:
- Reunamos o conselho geral e lá se verá se os filhos
pertencem ao macho ou à fêmea: ao bode ou à cabra.
O leão concordou e a lebre dirigiu-se à assembleia. E este
mandou juntar todos os animais poderosos para decidir o conflito.
No dia marcado, compareceram os animais da floresta que,
depois de informados do assunto que se ia discutir, deram os seus
conselhos.
E a lebre começou por defender a sua causa:
- Anciãos amigos, eu, que tinha apenas uma cabra, fui ter
com o leão, que tinha o bode. A minha cabra pariu os cabritinhos,
e agora o leão diz que foi o bode que causou o parto e que,
portanto…depois…por conseguinte…que os filhos são dele,
quando quem os teve foi a cabra.
O leão ripostou-lhe:
- Os filhos pertencem ao macho, pois que, se o macho não
tivesse aparecido lá, a fêmea nunca os teria!
E, perante o seu raciocínio, o leão exigia os cabritinhos,
enquanto a lebre protestava também. Divide-se o tribunal,
discordam as opiniões, e é o animal mais poderoso e responsável
quem decide:
- O leão tem toda a razão, pois, se o bode não tivesse
aparecido lá, a cabra nunca teria os cabritinhos!
A lebre contestava o valor da decisão, baseando-se em que a
assembleia não estava completa, porque faltava um elemento
importante:
- Esperamos pelo cágado, que é, que é ancião.
- Se o cágado não aparece, vamos esperar por ele o dia
inteiro?
Mas, como havia bebida, sempre se resolveram aguardar a
chegada do cágado!
Mas o leão se fartou de esperar disse:
- Acabou a questão, ó lebre, traz os cabritinhos!
- De modo nenhum, pois que falta o cágado e devemos
esperar por ele!
E o cágado lá vinha com os seus vagares, sem pressa
alguma. O leão, vendo-o assim, nesta lentidão, ficou muito
zangado:
- Estamos à tua espera desde manhã – disse o leão.
O cágado, escondido na sua concha, fez sair a cabeça e
respondeu-lhe, para se justificar do seu atraso:

- Vim mais tarde, porque me detive a assistir ao parto de


meu pai!
Os animais troçaram do cágado e perguntaram, por sua vez:
- Onde é que tu viste um homem a sofrer dores de parto?
O cágado criticou dizendo:
- E não é isso de que tratais?
Então os animais ficaram envergonhados e disseram:
- Isto era conversa, porque, de facto, quem tem os filhos é a
fêmea!
Ouvida a sentença, separaram-se os animais e a lebre ficou
com os cabritinhos.

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