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Olá, caro(a) contador(a) de histórias!

Um dos símbolos da Páscoa mais conhecidos e queridos pelas crianças é o COELHO!

Um animal que, além de fofo e peludinho, tem um ar simpático e, ao mesmo tempo, misterioso. As
crianças gostam de passar um bom tempo observando como mexem o focinho, como comem, como
saltam...

É por isso também que as histórias com coelhos sempre fazem sucesso entre as crianças!

Pensando em trazer mais opções de narrativas para a Páscoa, traduzi duas histórias francesas, para que
tenhamos em português mais opções não só para essa época do ano, mas para outras ocasiões também.

Ah, e são histórias leves, com um humor peculiar, sutil! Vocês vão adorar!

A primeira narrativa fala sobre um coelhinho que queria ser rei. Os outros coelhos riem dele mas, com
persistência e determinação, sem se deixar abalar pelas risadas e comentários dos colegas, sai à procura
de vários objetos para se tornar um rei. Essa procura exige internamente do coelho o mesmo que as
crianças precisam buscar dentro de si para procurarem os ovos de Páscoa!

A segunda narrativa já traz um lobo faminto que tenta levar vantagem em diferentes situações, mas é
meio atrapalhado... E os coelhos vão aparecer nessa história para ensinar algo ao lobo. A estrutura
dessa narrativa apresenta muitas interjeições, sons, reticências. Dá pra explorar esses aspectos com
recursos cênicos. E ela foi escrita em "episódios". Mantive a estrutura original do autor Philippe Corentin
para que vocês sentissem o máximo possível do texto original.

Bem, espero que aproveitem essas narrativas que traduzi com muito carinho, para que mais crianças
pudessem se divertir com elas ao longo do ano, não só na Páscoa.

Uma linda Páscoa pra você e seus queridos!

Um forte abraço,
Ana Flávia Basso, do Educar com Histórias
"O coelho que queria ser rei"

Certa vez, um pequeno coelho quis se tornar rei. Numa manhã de verão em que podia-se sentir
o cheiro da grama úmida, ele saiu de sua toca e correu até a clareira dos coelhinhos, todo
empolgado. Ele gritava:
- Coelhinhos, coelhinhos, está decidido: eu serei rei!
- Há, há, há! – gargalharam os coelhinhos. Mas você não tem uma coroa, você não pode ser rei.
Longe de sentir-se desencorajado, o pequeno coelho se pôs a caminho e partiu em busca de
uma coroa de rei.
Caminho percorrido, ele encontrou o esquilo sobre o maior galho de um carvalho, o qual lhe
perguntou:
- Para onde você corre assim, pequeno coelho?
- Eu estou à procura de uma coroa de rei. Você saberia onde eu posso encontrar uma? –
perguntou o pequeno coelho.
O esquilo refletiu por um instante e, como se fosse fazer uma revelação, disse:
- Procure aqui e procure acolá. Depois, ele se virou e entrou em seu buraco.
Então, o pequeno coelho colheu alguns galhinhos e ramos. Ele os juntou e os colocou sobre a
cabeça. Sem esperar, voltou para a clareira dos coelhinhos, todo animado. E falou bem alto:
- Coelhinhos, coelhinhos, olhem, eu sou o rei!
- Há, há, há! – gargalharam todos os coelhinhos. Mas para ser rei, é preciso uma coroa e um
cetro de rei. E você não tem um cetro, você não pode ser um rei.
Longe de sentir-se desencorajado, o pequeno coelho se pôs a caminho e partiu em busca de um
cetro de rei.
Caminho percorrido, ele encontrou um cachorro que farejava e procurava um osso. Escutando
o coelho se aproximar, ele levantou o focinho e lhe perguntou:
- Para onde você corre assim, pequeno coelho?
- Eu estou à procura de um cetro de rei. Você saberia onde eu posso encontrar um? –
perguntou o pequeno coelho.
O cachorro refletiu por um instante e, como se fosse fazer uma revelação, ele disse:
- Procure aqui e procure acolá. Depois, ele se virou e retomou sua procura.
Logo ele desenterrou um belo osso e o entregou ao coelho.
- Tome, pequeno coelho, é para você - disse o cachorro.
- Muito obrigado, mil obrigados, respondeu o pequeno coelho e, sem esperar, voltou para a
clareira dos coelhinhos, todo animado. E falou bem alto:
- Coelhinhos, coelhinhos, olhem, eu sou o rei!
- Há, há, há! – gargalharam todos os coelhinhos. Mas para ser rei, é preciso uma coroa de rei,
um cetro de rei e os guardas do palácio. Mas você não tem guardas do palácio, você não pode
ser rei.
Longe de sentir-se desencorajado, o pequeno coelho se pôs a caminho e partiu em busca dos
guardas do palácio.
Caminho percorrido, ele encontrou o cavalo, a galinha, o cachorro e o esquilo. Todos o olhavam
se aproximar e lhe perguntaram:
- Para onde você corre assim, pequeno coelho?
- Eu estou à procura dos guardas do palácio. Vocês saberiam onde eu posso encontrá-los? –
perguntou o pequeno coelho.
O esquilo, o cachorro, a galinha e o cavalo, responderam todos num só coro:
- Pequeno coelho, nós seremos os guardas do seu palácio.
- Muito obrigado, mil obrigados, respondeu o pequeno coelho e, sem esperar, ele voltou para a
clareira dos coelhinhos, todo animado. E falou bem alto:
- Coelhinhos, coelhinhos, olhem, eu sou o rei!
Atrás dele vieram o esquilo, o cachorro, a galinha e o cavalo. Ele tinha o osso em uma das patas
como seu cetro e, sobre a cabeça, a coroa de galhos.
- Há, há, há! – gargalharam todos os coelhinhos. Mas para ser rei, é preciso...
- Parem agora! Gritou o pequeno coelho muito bravo. Eu consegui uma coroa de rei, um cetro
de rei e os guardas do palácio. E vocês não querem que eu seja o rei? Guardas! Prendam os
coelhinhos!
Então, os guardas prenderam os coelhinhos e os fecharam dentro de suas tocas. E montaram
guarda para não escaparem!
O pequeno coelho rei ficou sozinho na clareira dos coelhinhos.
Foi muito bom ter se tornado rei, mas ele ficou entediado. O que ele poderia fazer? Ele
procurou, procurou e finalmente, ele encontrou uma bola entre os arbustos.
Rapidamente, ele correu em direção às tocas dos coelhinhos, todo animado. E falou bem alto:
- Coelhinhos, coelhinhos, está decidido, eu serei árbitro de futebol! Guardas do palácio,
libertem os coelhinhos!
- Há, há, há! – gargalharam todos os coelhinhos. Mas para ser árbitro de futebol, é preciso uma
equipe e muitos jogadores.
- É... bem... justamente... - disse o pequeno coelho. Vocês são muitos coelhinhos...
- E nós seremos os espectadores, disseram o esquilo, o cachorro, a galinha e o cavalo.
E todos falaram bem alto:
- Viva o árbitro! Viva os coelhinhos jogadores de futebol!
E o pequeno coelho colocou a bola no meio da clareira.

"Pluf"
(Philippe Corentin)

Bem, essa é a história de um lobo que estava com muita fome, mas muita, muita fome.
Uma noite, ele viu, no fundo de um poço, um queijo.
Ele se inclinou para pegar o queijo.
Ele se inclinou, se inclinou e pluf!
Caiu dentro da água.
Ele percebeu então que o quei....
Ah, o balde! Ele percebeu então que o queijo não era senão o reflexo da lua. Ele estava furioso,
encharcado, com frio e ele não sabia como sair dali.
Episódio 2

Ei! Um barulho. Lá em cima, alguém se aproximava.


Era um porco. “O que você faz aí dentro?”, perguntou admirado o porco.
“Eh! Eu estou bem aqui. Aqui é fresco e, além de tudo, tem um grande queijo. Você pode vir, se
quiser...”
“Sim, mas como eu desço?”
“Você se agarra à corda,” disse o lobo.
Hop! O porco desceu.
E hop! O lobo subiu.
Ele quase agarrou o porco no meio do caminho...
Mas, não... O porco, grande como um porco, desceu muito rápido.
E, dessa vez, o lobo perdeu!

Episódio 3

“Ah, seu porco”, disse para si mesmo o porco quando percebeu que o lobo o tinha enganado. O
enorme queijo era apenas o reflexo da lua.
Ele estava com frio e ele estava furioso. Como subir? O tempo passava. E ele ficava cada vez
mais com frio e cada vez mais furioso.
O lobo desapareceu, a lua também. Era quase dia. Ei! Um barulho.
Era um coelho. Na verdade, uma família de coelhos.

Episódio 4

“Mas, veja! O que você faz aí dentro?”, perguntou o pai coelho.


“ Eh! Eu estou bem aqui. Eu me banho, eu nado, eu mergulho... Eu me divirto muito, mas eu já
vou indo porque como acontece dentro de todos os poços com cenouras, faz calor, é quente...”
“Um poço com o quê?”, perguntou o coelho.
“Um poço com cenouras!”, gritou o porco.
“Como a gente faz para descer?”
“Para descer dentro de um poço com cenouras, senhor coelho, a gente usa o balde”, disse
irritado o porco.
Hop! Os coelhos desceram.
E hop! O porco subiu.
“Bom apetite!”, disse o porco. “E atenção à indigestão”.

Episódio 5

Brrr! Os coelhos estavam com frio. Eles batiam os dentes e não havia uma cenoura sequer,
evidentemente. Eles subiam um pouco, mas não tão alto a ponto de conseguirem sair do poço.
Ei! Alguns passos...
Brr! Era o lobo. O lobo do começo da história, aquele que estava com muita, muita fome.
“Hi,hi! O que vocês fazem aí?”, zombou o lobo.
“Oh, lá,lá! Você não sabe como é que estamos aqui...”
“Ah, sim... Ah, tá! E eu imagino que haja um grande queijo aí, hein”, retorquiu o lobo, quase
rindo.
“Não, não há queijo aqui, mas há muitos coelhos para comer”, respondeu educadamente o pai
coelho.

Episódio 6

“Você não gosta de coelhos?”


“Mas claro, claro!”, gargalhou o lobo que, esquecendo-se de qualquer prudência, pegou
rapidamente a corda e pulou dentro do poço.
E foi bem assim! Os coelhos subiram. O lobo tentou agarrar os coelhos no meio do caminho
mas, com tanta pressa, ele acabou descendo muito rápido. Tão rápido que ele não poderia
pegá-los. Perdeu a chance!
Pluf! Fez o lobo ao cair dentro da água. Ufa! Fizeram os coelhos quando chegaram lá em cima...
...E bum! Fez o balde.
...E ai! Fez o lobo.

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