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10 de maio de 2022 08:51

João Maimona nasceu em 1955, em Quibocolo,


município de Maquela do Zombo, na província de
Uíge.

Em 1961, refugiou-se na República do Zalre.


Estudou Humanidades Científicas em Kinshasa e
em 1975 ingressou na Faculdade de Clências,
regressando a seu país em 1976.

Dois anos depois, fixou residência em Huambo,


onde se licenciou em Medicina Veterinária. É
membro-fundador da Brlgada Jovem de
Literatura do Huambo e membro da União dos
Escritores Angolanos.

João Maimona é diplomado em estudos superiores


especializados em virologia médica e epidemiologia
animal, pelo institut pasteur de Paris e pela École
Nationale Vétérinaire d Alfort, na França.

Poeta, ensaísta e crítico literário, foi membro


fundador da Brigada jovem de literatura no Huambo.
Foi laureado duas vezes com um dos mais
prestigiados prémios nacionais, o prémio Sagrada
Esperança, com as obras Trajectória Obliterada (1984)
e Idade das Palavras (1996).

Figura em distintas antologias em Angola, Portugal,


Brasil, Espanha, Bélgica, França e Macedónia.
Alguns dos poemas seus foram objecto de
tratamento no âmbito da escultura, numa
belíssima amostra de intertextualidade
protagonizada pelo escultor angolano Massongi
Afonso, um dos mais proeminentes nomes das
artes plásticas angolanas, intitulada O falar das
Máscaras. Poesia e escultura, exposição essa que
sob os auspícios da Alliance Française de Luanda,
esteve aberta ao público durante o mês de Abril de
2000, na associação dos franceses de Angola. JM é
autor de 7 obras, nomeadamente: Trajectória
Obliterada (Poemas — 1985), Les Roses Perdeus de
Cunene (Poemas — 1985), Traço de União
(Poemas — 1987), Diálogo com a Peripécia (teatro —
1987), As Abelhas do Dia (Poemas — 1988),

Trajectória Obliterada

«A natureza deu-me a esperança

imensa e indiferença

de esmagar os meus desejos.

Eis que os meus desejos

Meus poemas não

São senão um espaço

Por desanuviar.»

Os presentes da naturez»)

Os meus braços cresciam. Os passos fugiam.

E o corpo rasgava o vento do naufrágio

que não entrou pelas janelas da trajectória».

(«Espectáculo Compilado», TU)

«Eis o meu dia. Suas dores.

No lenço truncado da noite

sem dia».

(«As dores do meu lenço»,

Aprendi a angolar

pelas terras obedientes de Maquela

(onde Nasci)

pelas árvores negras de Samba-Caju

pelos jardins perdidos de Ndalatandu

pelos cajueiros ardentes de Catete

pelos caminhos sinuosos de Sambizanga

pelos eucaliptos das Cacilhas

Angolei contigo nas sendas do

incêndio onde teus filhos comeram balas

e regurgitaram sangue torturado.»

As asas dos sentimentos

E as dores não se dissipam.

Entre as maravilhas humanas

e as agulhas corporais.

Não, não há linguagem

Para ensinar os homens

como destruir as dores

Quem o fará

para que o homem se realize?»

ARTE POÉTICA

Que erosãono choque genésico das marésde


encontro às pedras habitadas. Cai areia na areia.
Assim o gasto da palavralimando os duros
conformismoslibertando as verdades mais
remotastão necessárias ao frulr dos gestos.

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