município de Maquela do Zombo, na província de Uíge.
Em 1961, refugiou-se na República do Zalre.
Estudou Humanidades Científicas em Kinshasa e em 1975 ingressou na Faculdade de Clências, regressando a seu país em 1976.
Dois anos depois, fixou residência em Huambo,
onde se licenciou em Medicina Veterinária. É membro-fundador da Brlgada Jovem de Literatura do Huambo e membro da União dos Escritores Angolanos.
João Maimona é diplomado em estudos superiores
especializados em virologia médica e epidemiologia animal, pelo institut pasteur de Paris e pela École Nationale Vétérinaire d Alfort, na França.
Poeta, ensaísta e crítico literário, foi membro
fundador da Brigada jovem de literatura no Huambo. Foi laureado duas vezes com um dos mais prestigiados prémios nacionais, o prémio Sagrada Esperança, com as obras Trajectória Obliterada (1984) e Idade das Palavras (1996).
Figura em distintas antologias em Angola, Portugal,
Brasil, Espanha, Bélgica, França e Macedónia. Alguns dos poemas seus foram objecto de tratamento no âmbito da escultura, numa belíssima amostra de intertextualidade protagonizada pelo escultor angolano Massongi Afonso, um dos mais proeminentes nomes das artes plásticas angolanas, intitulada O falar das Máscaras. Poesia e escultura, exposição essa que sob os auspícios da Alliance Française de Luanda, esteve aberta ao público durante o mês de Abril de 2000, na associação dos franceses de Angola. JM é autor de 7 obras, nomeadamente: Trajectória Obliterada (Poemas — 1985), Les Roses Perdeus de Cunene (Poemas — 1985), Traço de União (Poemas — 1987), Diálogo com a Peripécia (teatro — 1987), As Abelhas do Dia (Poemas — 1988),
Trajectória Obliterada
«A natureza deu-me a esperança
imensa e indiferença
de esmagar os meus desejos.
Eis que os meus desejos
Meus poemas não
São senão um espaço
Por desanuviar.»
Os presentes da naturez»)
Os meus braços cresciam. Os passos fugiam.
E o corpo rasgava o vento do naufrágio
que não entrou pelas janelas da trajectória».
(«Espectáculo Compilado», TU)
«Eis o meu dia. Suas dores.
No lenço truncado da noite
sem dia».
(«As dores do meu lenço»,
Aprendi a angolar
pelas terras obedientes de Maquela
(onde Nasci)
pelas árvores negras de Samba-Caju
pelos jardins perdidos de Ndalatandu
pelos cajueiros ardentes de Catete
pelos caminhos sinuosos de Sambizanga
pelos eucaliptos das Cacilhas
Angolei contigo nas sendas do
incêndio onde teus filhos comeram balas
e regurgitaram sangue torturado.»
As asas dos sentimentos
E as dores não se dissipam.
Entre as maravilhas humanas
e as agulhas corporais.
Não, não há linguagem
Para ensinar os homens
como destruir as dores
Quem o fará
para que o homem se realize?»
ARTE POÉTICA
Que erosãono choque genésico das marésde
encontro às pedras habitadas. Cai areia na areia. Assim o gasto da palavralimando os duros conformismoslibertando as verdades mais remotastão necessárias ao frulr dos gestos.