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TESTE DE AVALIAÇÃO

Nº 4 – 11º ANO

ESCOLA______________________________________________________ D ATA ___/ ___/ 20__

NOME_______________________________________________________ N. O____ TURMA_____

GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

PARTE A

Ao anoitecer, Simão, como estivesse sozinho escreveu uma longa carta, da qual extratamos
os seguintes períodos:

“Considero-te perdida, Teresa. O sol de amanhã pode ser que eu o não veja. Tudo, em volta
de mim, tem uma cor de morte. Parece que o frio da minha sepultura me está passando o
5 sangue e os ossos.
Não posso ser o que tu querias que eu fosse. A minha paixão não se conforma com a
desgraça. Eras a minha vida: tinha a certeza de que as contrariedades me não privavam de ti.
Só o receio de perder-te me mata. O que me resta do passado é a coragem de ir buscar uma
morte digna de mim e de ti. Se tens força para uma agonia lenta, eu não posso com ela.
10 Poderia viver com a paixão infeliz; mas este rancor sem vingança é um inferno. Não hei de
dar barata a vida, não. Ficarás sem mim, Teresa; mas não haverá aí um infame que te persiga
depois da minha morte. Tenho ciúmes de todas as tuas horas. Hás de pensar com muita
saudade no teu esposo do Céu, e nunca tirarás de mim os olhos da tua alma para veres ao pé
de ti o miserável que nos matou a realidade de tantas esperanças formosas.
15 Tu verás esta carta quando eu estiver num outro mundo, esperando as orações das tuas
lágrimas. As orações! Admiro-me desta faísca de fé que me alumia nas minhas trevas!... Tu
deras-me com o amor a religião, Teresa. Ainda creio; não se apaga a luz que é tua; mas a
providência divina desamparou-me.
Lembra-te de mim. Vive, para explicares ao mundo, com a tua lealdade a uma sombra, a
20 razão por que me atraíste a um abismo. Escutarás com glória a voz do mundo, dizendo que eras
digna de mim.
À hora em que leres esta carta…”

Não o deixaram continuar as lágrimas, nem depois a presença de Mariana. Vinha ela pôr a
mesa para a ceia, e, quando desdobrava a toalha, disse em voz abafada, como se a si mesma
25 somente o dissesse:
– É a última vez que ponho a mesa ao senhor Simão em minha casa!
– Porque diz isso, Mariana?
– Porque mo diz o coração.
Desta vez, o académico ponderou supersticiosamente os ditames 1 do coração da moça, com
30 o silêncio meditativo deu-lhe a ela a evidência antecipada do vaticínio.
Camilo Castelo Branco, Amor de perdição (Prefácio de Vasco Graça Moura), Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2006 .

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Nº 4 – 11º ANO
Vocabulário: 1 impulsos, avisos.

1. Caracterize o estado de espírito de Simão e justifique-o considerando a mensagem que


expressa.

2. Apresente três características do herói romântico aqui presentes.

3. Explique, por palavras suas, o diálogo entre Mariana e Simão.

PARTE B

Leia o soneto.

Se as penas com que Amor tão mal me trata


quiser que tanto viva delas
que veja escuro o lume das estrelas
em cuja vista o meu se acende e mata;

5 e se o tempo, que tudo desbarata,


secar as frescas rosas sem colhê-las,
mostrando a linda cor das tranças belas
mudada de ouro fino em bela prata;

vereis, Senhora, então também mudado


10 o pensamento e aspereza vossa,
quando não sirva já sua mudança.

Suspirareis então pelo passado,


em tempo quando executar-se possa
em vosso arrepender minha vingança.

Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão,
Coimbra, Almedina, 2005 [1994].

4. Justifique o desalento manifestado pelo sujeito poético.

5. Explique de que modo o sujeito poético evidencia o seu desejo de vingança.

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PARTE C

6. O sentimento amoroso é uma das temáticas mais exploradas na literatura portuguesa.

Escreva uma breve exposição sobre o modo como este tema é explorado na poesia
trovadoresca e na lírica de Camões.

A sua exposição deve incluir:


 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento onde apresente uma característica distinta em cada uma das
manifestações literárias indicadas;
 uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

GRUPO II

Dia dos Namorados, uma lenda com tradição

A versão mais disseminada conta que, por alturas do século III, o imperador Cláudio II,
querendo formar um poderoso exército romano, decidiu proibir temporariamente a
celebração de casamentos para garantir que os jovens se concentrassem mais facilmente na
guerra e na vida militar.
5 Contudo, o bispo Valentim contrariou as ordens e continuou a celebrar casamentos, agora
na clandestinidade. A afronta à vontade do imperador levou a que Valentim acabasse preso e
condenado à morte.
Até à sua execução, foi recebendo flores e bilhetes (o que explica a troca de postais,
cartas e presentes, hoje em dia) enviados por anónimos como demonstração de apoio e
10 consideração pela sua conduta.

A milagrosa história de amor


A filha do carcereiro de Valentim, que era cega, movida pela curiosidade, terá pedido para
o visitar no cárcere e, mal se aproximou dele, recuperou a visão. Ambos se apaixonaram um
pelo outro. Numa carta escrita à sua amada, o bispo ter-se-á despedido com a expressão “do
15 seu Valentim”, que ainda é usada na língua inglesa (“Valentine”) para designar namorado.
Mas esta história não tem final feliz: ainda segundo a lenda, a ordem de execução dada
por Cláudio foi cumprida e Valentim acabaria por ser decapitado num 14 de fevereiro de
finais dos anos 200 (séc. III).
Devido à indefinição e à falta de factos históricos comprovados para além de qualquer
20 dúvida, a Igreja Católica não celebra oficialmente esta data. Não é por isso, no entanto, que o
Dia de São Valentim, Dia dos Namorados, 14 de fevereiro, deixa de ser festejado em todo o
mundo, tendo passado a fazer parte das tradições nacionais. Assim sucede há séculos – em
Portugal, por exemplo.

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(com Agência Lusa) http://ensina.rtp.pt/atualidade/dia-dos-namorados-uma-lenda-com-tradicao/
(consultado em 17-02-2019, com supressões).

1. Considerando o contexto em que ocorre, o vocábulo “disseminada” (l. 1) significa


(A) errada.
(B) credível.
(C) ridícula.
(D) espalhada.

2. A decisão do imperador Cláudio II visava


(A) impedir o nascimento de mais crianças.
(B) a concentração dos nubentes nas artes bélicas.
(C) a expansão do império romano através da guerra.
(D) garantir o aumento do exército imperial romano.

3. A condenação do bispo Valentim deveu-se


(A) ao facto de este não cumprir as ordens emanadas.
(B) a ter desrespeitado o celibato imposto pelo clero.
(C) ao apoio que recebia através de cartas e de postais.
(D) à intolerância da Igreja face ao casamento dos pregadores.

4. Valentim teria vivido uma verdadeira história de amor


(A) com um final inesperado.
(B) bastante despropositada.
(C) com um final muito infeliz.
(D) que comoveu o Imperador.

5. A forma verbal “concentrassem” (l. 3) exprime uma situação


(A) real.
(B) possível.
(C) impossível.
(D) irreal.

6. A palavra sublinhada em “que era cega” (l. 12) é


(A) uma conjunção subordinativa completiva.
(B) uma conjunção subordinativa consecutiva.
(C) um pronome relativo com função de sujeito.
(D) um pronome relativo com função de complemento direto.

7. A oração “que ainda é usada na língua inglesa” (l. 15) é subordinada


(A) adjetiva relativa explicativa.
(B) adjetiva relativa restritiva.
(C) substantiva completiva.

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(D) adverbial consecutiva.

8. Nomeie o tipo de referência deítica expressa pelo advérbio “agora” (l. 5).

9. Identifique a função sintática dos seguintes segmentos sublinhados:


a) “o que explica a troca de postais” (l. 8).
b) “foi recebendo flores e bilhetes […] enviados por anónimos” (ll. 8-9).

10. Indique o referente do pronome pessoal presente em “terá pedido para o visitar” (ll. 12-13).

GRUPO III

A celebração de determinados dias festivos transformou-se num hábito a que quase toda a
gente adere, seja por que motivo for.

Num texto de opinião bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de


trezentas palavras, defenda uma perspetiva pessoal sobre a importância da comemoração de
algumas datas que se associam a acontecimentos marcantes ou a tradições culturais.

No seu texto:
– explicite, de forma clara e pertinente, o seu ponto de vista, fundamentando-o em dois
argumentos, cada um deles ilustrado com um exemplo significativo;
– utilize um discurso valorativo (juízo de valor explícito ou implícito).

FIM

COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6.
I
20 20 20 20 20 20 120
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
II 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 50
(2,5 + 2,5)
III Item único 30
TOTAL 200

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