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UFPI / CCHL /CLV 2021.

1 HISTÓRIA DA LP
PROFA SAMANTHA MARANHÃO

PORTUGUÊS ARCAICO
UFPI / CCHL /CLV 2021.1 HISTÓRIA DA LP
PROFA SAMANTHA MARANHÃO

FASES DE EVOLUÇÃO DO LATIM PARA AS LINGUAS ROMÂNICAS

De acordo com Bassetto (2001, p. 183- vulgar introduzido em cada antiga


248), é possível estabelecer três (03) província.
fases na evolução estrutural do latim
para as línguas novilatinas: a fase
latina, a romance e a românica. Já a fase romance, conforme
Bassetto (2001, p. 185-186), é de difícil
datação, mas se sabe que importantes
transformações fonéticas, como a
substituição da quantidade vocálica
pelo acento de intensidade, se deram
nos séculos IV e V d.C., bem como a
preferência pela preposição na
expressão dos casos, a criação de
artigos e o uso de formas verbais
perifrásticas, que identificam uma
morfossintaxe distinta, são do século VII
ou VIII. Tem-se, neste momento,
Fonte: Estante Virtual. portanto, um estágio de língua diverso,
em que o latim já não é mais
Segundo Bassetto (2001, p. compreendido. Essa língua é o romance,
184-185), a fase latina se estende do uma fala ‘ao modo de Roma’ (Romanice
século VI a.C. a V ou VI d.C., fabulare), que, entretanto, já não se
correspondendo ao período em que a confunde com a língua latina (Latine
língua do estado político romano era o loqui). O Concílio de Tours (813 d.C.)
latim. Caracteriza-se por relativa testemunha a incompreensão do latim
unidade, promovida pela administração pelos falantes do romance, ao
centralizada, mas fragmentada em determinar o uso deste nas missas. O
ritmos diferentes, após a queda do que se verifica nesta fase, em suma, é a
Império, a depender do nível de aceleração da fragmentação linguística
romanização das diversas regiões da România, com a dialetação regional
anteriormente ligadas a Roma, da ação cada vez mais nítida.
de substratos e de superstratos
diversos, além, claro, da diversidade
(diacrônica, diatópica) do próprio latim
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Fonte: Wikipedia.

Critérios extralinguísticos,
culturais e políticos, determinam a
elevação de um dialeto de uma língua à
sua variedade literária (BASSETTO,
2001, p. 188). Escritos portugueses
surgem no século XII, documentando
uma língua pautada nos falares de
Fonte: Fremdsprachenwerkstatt. Coimbra e de Lisboa, com contribuições
de dialetos do sul. Porquanto não
Na fase românica, ainda de houvesse dialetos concorrentes, o
acordo com Bassetto (2001, p. 186-188), português literário teve de competir com
embora surgissem novos centros, o espanhol até Gil Vicente (1470-1540),
políticos ou religiosos, de influência, cuja produção é bilíngue (BASSETTO,
ainda havia profundo sentimento de 2001, p. 187).
unidade, linguística, cultural e religiosa,
em boa parte da Europa Ocidental,
constituindo o Cristianismo um dos
fatores de latinização, na Idade Média.
Entretanto, aos poucos, alguns dialetos
românicos assumem a função de língua
literária (entre os séculos IX e XVI) de
nações cujas fronteiras começam a se
estabilizar e surge o sentimento de
identidade nacional.

Fonte: gilvicente.eu
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HISTÓRIA EXTERNA DO PORTUGUÊS ARCAICO


Hispania Romana, Reinos Germânicos, Alandalus, a Reconquista

Teyssier (2001, p. 03-08; 25- conquistado pelos visigodos. O impacto


29) considera as fases latina, romance e da presença germânica na região foi a
românica na constituição dos falares evolução e a diversificação do latim
ibéricos, contextualizando as mudanças regional (TEYSSIER, 2001, p. 05).
linguísticas no âmbito da sócio-história A conquista muçulmana trouxe
da comunidade de fala. a Alandalus invasores do Oriente Médio
Sobre a fase latina, Teyssier (Síria, Iêmen), mas, principalmente, do
(2001, p. 03-05) borda a conquista e norte da África. Os reinos cristãos
colonização romanas da Hispania, suas ficaram restritos a estreita faixa nas
sucessivas subdivisões administrativas, montanhas nortenhas. Desta forma, a
inicialmente em Citerior e Ulterior, com a influência linguístico-cultural árabe é
posterior fragmentação desta última em mais intensa ao Sul. Hispano-godos
Baetica e Lusitania, além da anexação cristãos, falantes do romance
da Gallaecia, parte norte da Lusitania, à andalusino, arabizados nos demais
Citerior (agora dita Tarraconensis). setores da vida (vestuário, trabalho,
Havia circunscrições judiciárias lazer) fizeram chegar aos romances
(conventus), correspondendo os cristãos do Norte (depois línguas)
territórios da atual Galícia e de Portugal numerosos arabismos. No processo de
a quatro delas, no Ocidente peninsular: retomada desses territórios em poder
Lugo (Lucus Augustus), Braga (Bracara), dos muçulmanos, estabeleceu-se a
Santarém (Scalabis) e Beja (Pax geografia, verticalizada, dos domínios
Augusta). A romanização foi mais rápida linguísticos ibéricos: português,
e intensa ao Sul. espanhol e catalão (TEYSSIER, 2001, p.
A fase romance, na qual se 05-08).
verifica o acirramento da dialetação do
latim na România Medieval, se
caracteriza, no que concerne à história
externa da Península Ibérica, pelas
invasões germânicas e muçulmana,
bem como pela Reconquista cristã dos
territórios sob jugo islâmico (TEYSSIER,
2001, p. 05-08).
Entre 409 e 711, estiveram na
Península Ibérica os alanos, os
vândalos, os suevos, que lograram
fundar um reino relativamente Fonte: Brasil Acadêmico.
duradouro (411-585), até ser
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IMAGENS DE CONTATOS LINGUÍSTICO-CULTURAIS NA PENÍNSULA IBÉRICA MEDIEVAL

Povos Germânicos (c. 470)

Alandalus, domínio muçulmano (711-1492)


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Atlas Linguístico (c. 1300)

Domínio Romandalusino (900-1300)


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Todas as imagens obtidas via Wikimedia Commons.

CONTATO DE LÍNGUAS

Define-se contato de línguas como (pidgins e crioulos) e crescimento do


uma situação em que línguas ou variedades de bilinguismo de vários tipos.
uma mesma língua se influenciam, em Trask (2006, p. 65-66) apresenta uma
decorrência principalmente de contiguidade escala em graus das consequências do contato
geográfica (áreas de fronteira), proximidade de línguas, consoante o alcance da
social (interação entre grupos sociais interferência: 1. se mais elementar, ocorrem a
distintos) ou conquistas e migrações, quando adoção de palavras, geralmente designativas
os falantes podem inclusive se misturar em de referentes novos, mas também podem
uma única comunidade, e, secundariamente, resultar de prestígio; 2. se mais longe, afeta a
em virtude de viagens ou exposição a meios gramática e a pronúncia; 3. se extremo,
de comunicação de massa (CRYSTAL, 1988, p. resulta no abandono de uma língua em favor
64; TRASK, 2006, p. 65-66; NEUVEU, 2008, p. de outra (morte da língua).
80).

Trask (2006, p. 66) lembra ainda que


Segundo Crystal (1988, p. 64), “Poucas línguas estão – ou já estiveram –
decorrem do contato linguístico, por exemplo, suficientemente isoladas para evitar todo tipo
empréstimos de palavras, alterações de proximidade, e portanto, virtualmente,
fonológicas e gramaticais, misturas de línguas toda língua mostra alguma prova de contato
antigo ou moderno entre línguas.”.
(MARANHÃO, S. de M., 2011)

ATIVIDADE

1. Discuta a dialetação regional do latim na Antiguidade e a constituição de um sermo


hispanicus.
2. Correlacione a fragmentação diatópica do latim à formação dos romances na România
Medieval.
3. Discuta os superstratos dos domínios linguísticos ibéricos.
4. Compare a presença arabófona em Alandalus e a área de fala romandalusina
(moçárabe).
5. Discuta os conceitos de Espanha Muçulmana e de língua moçárabe.
6. Observe a verticalidade dos domínios linguísticos ibéricos, decorrente do processo de
Reconquista dos territórios sob jugo muçulmano, levado a cabo pelos reinos cristãos
nortenhos.
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7. Considerando a fragmentação linguística no tempo e no espaço, entrevista na


evolução do latim hispânico para o hispano-romance, posicione-se face à visão de que
a mudança é uma deturpação da língua.

PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA


I) Período Pré-Literário
i) Pré-histórico, sem documentação do romance do noroeste da Península
Ibérica, dado que a língua escrita, nos reinos locais, é o latim medieval.
ii) Proto-histórico, documentado involuntariamente, desde cerca do século IX,
nas interferências do romance no latim, na situação de bilinguismo que
caracteriza a Europa Medieval. Fala-se, neste caso, de latim bárbaro, o
latim notarial ou tabeliônico.

II) Período Literário


i) Os documentos mais antigos de que se tem notícia são a cantiga de
escárnio de Joam Soares de Paiva, Ora faz est’o senhor de Navarra,
supostamente o mais antigo texto poético, cujos acontecimentos relatados
remontam a 1196, e o Testamento de Afonso II, de 1212.
ii) Registro do galego-português em cantigas trovadorescas e em documentos
como testamentos, queixas-crime, etc., desde fins do século XII, primórdios
do XIII1.
iii) Tomam-se estes registros escritos do galego-português como referência
para o seu surgimento, mas os limites finais desconhecem um parâmetro
linguístico, tomando-se marcos como o surgimento da imprensa, as
grandes navegações, a normativização gramatical e a utilização da língua
portuguesa como língua da escola, ao lado do latim, com a publicação das
primeiras gramáticas da língua portuguesa (Fernão de Oliveira (1536) e
João de Barros (1540)).
iv) Em geral, toma-se o século XVI como aquele em que o galego-português
evolui para o português clássico.

III) Fases da língua portuguesa


i) Pré-histórico (até o século IX, o romance existe, mas não está
documentado na escrita)
ii) Proto-histórico (até o começo do século XIII)
iii) Português arcaico (subdividido em galego-português ou português
antigo, até 1385/1420, e português comum ou médio ou pré-clássico, até
1536/1550)

1 Ana Maria Martins, analisando documentos da 2ª metade do século XII, informa estarem
documentadas formas românicas, lexicais e morfossintáticas, desde o último quartel do século XII.
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iv) Português clássico (até o século XIII)


v) Português moderno (desde o século XIX)
MATTOS E SILVA, R. V. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo:
Contexto, 2006. p. 21-31.

MARTIN CODAX
-I-

Ondas do mar de Vigo,


se vistes meu amigo?
E ay Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,


se vistes meu amado? 5
E ay Deus, se verrá cedo

Se vistes meu amigo,


o por que eu sospiro?
E ay Deus, se verrá cedo

Se vistes meu amado, 10


por que ey gran coydado?
E ay Deus, se verrá cedo!
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II -

Mandad'ey comigo
ca ven meu amigo:
E irey, madr', a Vigo! 15

Comigu'ey mandado
ca ven meu amado:
E irey, madr', a Vigo!

Ca ven meu amigo


e ven san' e vivo: 20
E irey, madr', a Vigo!

Ca ven meu amado


e ven viv' e sano:
E irey, madr', a Vigo!

Ca ven san' e vivo 25


e d'el-rey amigo:
E irey, madr', a Vigo!

Ca ven viv' e sano


e d'el-rey privado:
E irey, madr', a Vigo! 30
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III -

Mia irmana fremosa, treydes comigo


a la igreja de Vig', u é o mar salido:
E miraremos las ondas!

Mia irmana fremosa, treydes de grado


a la igreja de Vig', u é o mar levado: 35
E miraremos las ondas!

A la igreja de Vig', u é o mar salido,


e verrá i mia madr' e o meu amigo:
E miraremos las ondas!

A la igreja de Vig', u é o mar levado, 40


e verrá i mia madr' e o meu amado:
E miraremos las ondas!
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- IV -

Ay Deus, se sab' ora meu amigo


com' eu senheyra estou en Vigo!
E vou namorada! 45

Ay Deus, se sab' ora meu amado


com' eu eu Vigo senheyra manho!
E vou namorada!

Com' eu senheyra estou en Vigo,


e nulhas gardas non ey comigo! 50
E vou namorada!

Com' eu en Vigo senheyra manho,


e nulhas gardas migo non trago!
E vou namorada!

E nulhas gardas non ey comigo, 55


ergas meus olhos que choran migo!
E vou namorada!

E nulhas gardas migo non trago


ergas meus olhos que choran ambos!
E vou namorada!
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-V-

Quantas sabedes amar amigo


treydes comig' a lo mar de Vigo:
E banhar-nos-emos nas ondas!

Quantas sabedes amar amado


treydes comig' a lo mar levado: 65
E banhar-nos-emos nas ondas!

Treydes comig' a lo mar de Vigo


e veeremo' lo meu amigo:
E banhar-nos-emos nas ondas!

Treydes comig' a lo mar levado 70


e veeremo' lo meu amado:
E banhar-nos-emos nas ondas!
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- VI -

Eno sagrado, en Vigo


baylava corpo velido:
Amor ey! 75

En Vigo, no sagrado,
baylava corpo delgado:
Amor ey!

Baylava corpo velido,


que nunca ouver' amigo: 80
Amor ey!

Baylava corpo delgado,


que nunca ouver' amado:
Amor ey!

Que nunca ouver' amigo, 85


ergas no sagrad', en Vigo:
Amor ey!

Que nunca ouver' amado,


ergas en Vigo, no sagrado:
Amor ey! 90
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- VII -

Ay ondas, que eu vin veer,


se me saberedes dizer
porque tarda meu amigo
sen min?

Ay ondas, que eu vin mirar, 95


se me saberedes contar
porque tarda meu amigo
sen min?

Fonte: <http://www.cervantesvirtual.com/obra-visor/o-cancioneiro-de-martin-codax--
0/html/ffd43f04-82b1-11df-acc7-002185ce6064_7.html>.
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FONTES DO PORTUGUÊS ARCAICO

1. Fontes primárias (documentação remanescente) x secundárias (pautadas nas


primárias)

2. Tipologia das fontes primárias:


2.1. Documentação poética, a “lírica galego-portuguesa” ou o “cancioneiro medieval
português”: CA, CBN e CV; Pergaminho Vindel; Cancioneiro Mariano.
2.2. Documentação em prosa não-literária, de natureza jurídica: Testamento de
Afonso II, Auto de Partilhas, Testamento de Elvira Sanches, foros ou costumes,
forais, dentre outros.
2.3. Documentação em prosa literária (originalmente produzidos em português ou
traduções de outras línguas): Ciclo do Graal ou Matéria da Bretanha, Crônica
Geral de Espanha Livro de Linhagens ou Nobiliário do Conde D. Pedro,
Diálogos de São Gregório, Livro da Montaria de D. João I, Livro da Ensinança
de Bem Cavalgar, Vida e Feitos de Júlio César, etc.

3. Fontes secundárias:
3.1. Edições paleográficas ou diplomáticas e edições críticas.
3.2. Glossários
3.3. Monografias
3.4. Gramáticas históricas
3.5. Dicionários
3.6. Histórias da língua portuguesa

MATTOS E SILVA, 2006, p. 33-48.


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ROTEIRO DE LEITURA
PERIODIZAÇÃO DA HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

MATTOS E SILVA, R. V. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo:


Contexto, 2006. p. 21-31.

1. Leia atentamente o texto sobre os períodos da história da língua portuguesa, de Rosa


Virgínia Mattos e Silva (2006, p. 21-31) e informe:

d) sintetize as 06 fases da língua


a) o que significam os termos pré- portuguesa propostas por
literário, pré-histórico e proto- diferentes estudiosos;
histórico, na discussão sobre os e) sistematize peculiares do português
períodos da história da língua arcaico que se distinguem da
portuguesa; variedade da língua portuguesa
b) os documentos que testemunham o falada por você. Para isso, utilize o
início da história escrita da língua corpus e os comentários às páginas
portuguesa; 26 a 31.

c) o problema do estabelecimento do
final do período arcaico da língua
portuguesa;

Imagens: Google imagens.


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ROTEIRO DE LEITURA
FONTES DOCUMENTAIS DO PORTUGUÊS ARCAICO

MATTOS E SILVA, R. V. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo:


Contexto, 2006. p. 33-48.
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Trad. por Celso Cunha. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 27-29.

1. Leia atentamente os textos de Mattos e Silva (2006, p. 33-48) e de Teyssier (2001, p. 27-29)
e indique.

a) o critério que distingue as fontes primárias das secundárias;


b) os gêneros textuais que constituem fontes primárias do português arcaico;
c) os cancioneiros que registram a lírica galego-portuguesa;
d) documentos rotulados como prosa literária;
e) documentos classificados como prosa não-literária;
f) gêneros textuais que integram as fontes secundárias do português arcaico.
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ROTEIRO DE LEITURA
CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS ARCAICO: FONÉTICA & FONOLOGIA

TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Trad. por Celso Cunha. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 08-19, 29-35.

1. Leia atentamente o texto de Teyssier (2001, p. 08-19, 29-35) e elabore um esquema em que
você sintetize as transformações fonéticas e fonológicas verificadas na evolução do latim
vulgar para o português arcaico. Considere:
a) as vogais
b) as consoantes
c) os ditongos
d) os encontros consonantais

2. Analise o que caracteriza o sistema fonológico do português arcaico face ao latino clássico.

3. Descreva peculiaridades do sistema fonológico do português arcaico que o distingam do


português brasileiro moderno.
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ROTEIRO DE LEITURA
CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS ARCAICO: MORFOLOGIA & SINTAXE

TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Trad. por Celso Cunha. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 19-20, 36-39.

1. Leia atentamente o texto de Teyssier (2001, p. 19-20, 36-39) e elabore um esquema em que
você sintetize as transformações fonéticas e fonológicas verificadas na evolução do latim
vulgar para o português arcaico. Considere:

a) declinação nominal
b) gêneros
c) morfologia verbal
d) artigos
e) sintaxe
f) plural dos nomes
g) ditongo nasal -ão
h) pronomes dêiticos
i) pronomes anafóricos hi e ende
j) tratamento
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ROTEIRO DE LEITURA
CARACTERÍSTICAS DO PORTUGUÊS ARCAICO: LÉXICO & SEMÂNTICA

TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Trad. por Celso Cunha. São Paulo: Martins
Fontes, 2001. p. 20-24, 39-40.

1. Leia atentamente o texto de Teyssier (2001, p. 20-24, 39-40) e elabore um esquema em que
você sintetize as transformações fonéticas e fonológicas verificadas na evolução do latim
vulgar para o português arcaico. Considere:

a) a herança latina
b) empréstimos de línguas estrangeiras
c) cultismos
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SÍNTESE DAS TRANSFORMAÇÕES FONÉTICAS

Vogais

- redução das vogais com a desfonologização da duração vocálica no latim (perda da oposição entre vogal
longa e breve).

- o português conserva as mesmas 07 vogais latinas em posição tônica. [triângulo de Hellwag]

- em posição átona, a oposição entre as médias se neutraliza:

- o português, posteriormente, apresenta as vogais nasais: [sεtᶴi] e [s~etᶴi], [katᶴi] e [kãtᶴi].

- monotongação de ditongos latinos.

Consoantes

- dois processos caracterizam a evolução do sistema de consoantes: a sonorização e a palatalização.

- tornam-se sonoras as consoantes surdas intervocálicas, ainda na fase latina.

- as consoantes sonoras intervocálicas, mais tarde, desaparecem: luna > lua.

- grupos consonantais e consoantes diante de y se palatalizam: filium > filho, vino > vinyo > vinho, flamma >
chama etc.

- Desta forma, o sistema fonológico do português é mais rico e simétrico.


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Metaplasmos

TABELA 01 – TIPOS DE METAPLASMOS E POSIÇÕES EM QUE OCORREM

TIPO /POSIÇÃO INICIAL MEDIAL FINAL

PERDA DE FONEMA Aférese Síncope Apócope

INSERÇÃO DE FONEMA Prótese Epêntese Epítese ou Paragoge

INSERÇÃO DE FONEMA Anaptixe ou Suarabácti


VOCÁLICO DENTRO DE
GRUPO CONSONANTAL
PERDA DE GRUPO DE
FONEMAS NÃO ACENTUADO Haplologia
IGUAL OU PARECIDO COM
FONEMAS VIZINHOS

TRANSPOSIÇÃO DE
Metátese
FONEMAS NO INTERIOR
DE VOCÁBULO

TRANSPOSIÇÃO DE
Sândi
FONEMAS POR
JUSTAPOSIÇÃO DE
VOCÁBULOS
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TABELA 02 – METAPLASMOS VERIFICADOS NA EVOLUÇÃO DO LATIM PARA O PORTUGUÊS

METAPLASMO CONCEITO EXEMPLO(S)

Perda de fonema na posição inicial de


*inodium > inodiu > enojo > nojo
vocábulo, incide sobretudo em vogais
que constituam sílaba sozinhas. apothecam > apotheca > bodega
AFÉRESE
Favorece a aférese de o- e a- a confusão episcopum > episcopu > obispo > bispo
destes com o artigo definido.
Eventualmente, verificou-se a perda da insaniam > insania > sanha
sílaba inicial inteira, e não apenas de
um único segmento fônico.

Tipo de epêntese no qual se verifica a


febrarium > febrariu > fevreiro >
inserção de uma vogal dentro de um
grupo consonantal, como os fevereiro blattam > bratta > barata
ANAPTIXE
constituídos por oclusiva ou constritiva
labial seguida de líquida. Sin.:
Suarabácti.

Perda de fonema em posição final de


vocábulo.

São particularmente importantes dois


tipos de apócope: i) de consoantes amicum > amicu > amigo
APÓCOPE finais, a qual não atinge líquidas e
mensem > mense > mês
sibilantes, preservando, por exemplo, o
–s de acusativo plural, mantido em
sermonem > sermone > port. arc.
português; ii) do –e precedido por
consoante líquida, sibilante ou nasal sermon
dental, que passa a formar sílaba com
a vogal que a antecede.

Os três tipos mais importantes de


epêntese foram: i) inserção da
semivogal anterior depois de e tônico
venam > vena > vea > veia
em hiato, provocando uma ditongação
que caracteriza o português moderno
ideam > idea > idéia
face ao arcaico; ii) inserção de uma
consoante nasal depois de vogal nasal
EPÊNTESE vinum > vinu > vio > vinho
em hiato, com o segmento nasal pós-
vocálico, que caracteriza a vogal nasal,
nidum > nidu > nio > ninho
desenvolvendo-se em consoante pré-
vocálica da sílaba seguinte, ocorrendo,
humerum > humeru > um’ru > ombro
então, a palatalização; iii) inserção de b
no grupo mr resultante de síncope de
uma vogal pós ou pretônica.

Promove a inserção de –s na posição


antes < ante
final do vocábulo, por analogia a
formas assim terminadas (a exemplo do
EPÍTESE port. arc. entonces < estonce < *
port. pós < lat. post). Sin.: Paragoge.
extunce

perditam > perdida > perda

HAPLOLOGIA uenditam > uendita > vendida > venda


aurifices > aurifice > ourivezes >
Perda de grupo átono de sons com ourives (plural)
semelhança fônica aos sons vizinhos.

Houve dois importantes tipos de


primarium > primairu > primeiro
transposição de fonemas no interior de
um vocábulo: i) transposição de i ou u
para a sílaba tônica precedente, com
cuja vogal passava a constituir um
METÁTESE
ditongo descrescente e ii) transposição
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de r pertencente a grupo consonântico, fenestram > fenestra > feestra > fresta
de sílaba interna ou final de vocábulo, pigritiam > pigritia > pegriça > preguiça
para a inicial
tenebras > teevras > trevas

PARAGOGE ---
Mesmo que epítese (v.).

Inserção de fonema na posição inicial


de vocábulo. Na língua portuguesa,
houve a inclusão de e- diante da scutum > scutu > escudo
PRÓTESE
sibilante linguoalveolar surda
integrante de grupo consonantal. scholam > schola > escola
Podia ocorrer, ainda, a prótese
de o- ou a- por aglutinação do artigo
moram > mora > amora
definido ao nome por este determinado.

petra alumen > pedra-ume, ume


decorrente da separação de a- de aume

Deslocamento de fonema, em e a sua contração com a VT –a de


SÂNDI decorrência da fonética sintática, da pedra.
posição inicial ou final de uma palavra
para a medial, com a justaposição da ameixa < * damascea, com a separação
palavra precedente ou seguinte,
de d- desta, forma inicialmente usada
freqüente no português arcaico, em que
nem sempre respeitavam-se as na expressão pruna damascena.
fronteiras vocabulares.

Perda de fonema em posição medial de apiculam > apicula > apicla > abelha
vocábulo, houve dois tipos
particularmente importantes: i) de malam > mala > maa > má
SÍNCOPE
vogal postônica dos proparoxítonos
latinos, reduzidos, então, a paroxítono, pedem > pede > pee > pé
freqüentemente com posterior evolução
do grupo consonantal resultante deste
* bellitatem > bellitate > beldade
processo, e ii) síncope de consoante
sonora intervocálica. comitatum > comitatu > condado

uerecundiam > uerecundia > vergonha

SUARABÁCTI ---
Mesmo que anaptixe (v.).
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TABELA 03 –OUTROS PROCESSOS FONOLÓGICOS VERIFICADOS NA EVOLUÇÃO DO LATIM PARA O PORTUGUÊS

PROCESSO OBSERVAÇÕES EXEMPLO(S)

Ocorre entre os grupos consonantais -


st- e -str- em, por exemplo, lista e listra.
Processo fonológico
ANALOGIA
decorrente de interferência port. pelo < lat. vulg. pilu, em que pilu
verifica-se por analogia de pilu com
de um significante sobre capillu - capillum > capillu > cabelo -,
outro, seja pela associação que deve ter dado a pilu um -ll-
geminado, o qual, como em capillum,
de configurações fônicas evoluiu para -l- simples, ao passo que
semelhantes, seja pela -l- simples intervocálico teria sofrido
associação morfológica ou síncope.

semântica, que leva ao


estabelecimento da
semelhança fônica.
Caracterizada pela extensão de traços
articulatórios de um fonema a outro,
àquele contíguo, podendo o processo ser
ASSIMILAÇÃO viperam > vipera > víbora
progressivo (quando o fonema
assimilador precede o assimilado) ou
persicum > persicu > pêssego
regressiva (quando, ao contrário, o
fonema assimilador segue o assimilado).
A depender dos fonemas assimiladores,
resulta nos processos de sonorização,
vocalização, nasalização e palatalização.

malam > mala > maa > má


Fusão de duas vogais iguais em hiato,
CRASE resultantes, na história da língua colorem > colore > coor > cor
portuguesa, sobretudo de síncope de
consoante sonora intervocálica. pedem > pede > pee > pé

bonam > bona > boa > boa


Processo em que uma vogal nasal evolui
DESNASALIZAÇÃO para oral, o que aconteceu, na história lunam > luna > lua > lua
da língua portuguesa, principalmente
nas vogais e, o e u em hiato. O processo venam > vena > vea > vea > veia
de desnasalização verificou-se, ainda,
em consoante por diferenciação ou animam > anima > alma
dissimulação de duas nasais contíguas.

Processo no qual um genestam > genesta > geesta > giesta


fonema diversifica-se ou
falcem > falce > fouce > foice
mesmo evolui para zero
por existir fonema igual ou rotundum > rotundu > rodondo >
semelhante no mesmo redondo
DISSIMILAÇÃO
vocábulo. A dissimilação
aratrum > aratru > arado
também é classificada
consoante a direção em florem > flore > fror > frol
que o processo ocorre, isto
é, estando o fonema
assimilador à direita ou à
esquerda do assimilado,
designada,
respectivamente,
progressiva ou regressiva.
Em português, ocorreu
nos seguintes contextos: i)
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quando havia vogais
semelhantes em hiato ii)
quando havia ditongos; iii)
quando o o pretônico era
seguido por um tônico; iv)
quando havia r que ou
desaparecia ou evoluía
para l .
Processo que levou à nasalização de
vogais por nasal bilabial ou dental,
reduzindo-se as pós-vocálicas, no
NASALIZAÇÃO campum > campu > campo
interior de vocábulo, que apenas
nasalizaram a vogal precedente e, em
sermonem > sermone > sermon >
final de vocábulo, sofrendo apócope,
levando, eventualmente, à vogal a sermão
ditongar-se e a portar traço de
nasalidade.

Verificada quando a líquida lateral e a


nasal dental, seguidas de iode,
absorveram-lhe o traço palatal do seu
PALATALIZAÇÃO filium > filiu > filio > filho
ponto articulatório, criando dois
fonemas inexistente no latim, [ ] e [ ñ
].

Processo amplamente
difundido no latim arcaico,
ROTACISMO corpus e corporem
levando diversos
substantivos neutros da
terceira declinação a ter
radical diferente no
nominativo e no acusativo,
sem VT e desinência, em
oposição a outros com
desinência iniciada por
vogal e nos quais o s do
radical evoluiu para r .

Processo sofrido pelas consoantes


SONORIZAÇÃO surdas intervocálicas latinas, que, em apothecam > apotheca > bodega
português, evoluíram para as
correspondentes sonoras.

lactem > lacte > leite


Processo ocorrido em grupo
consonantal intervocálico latino, cujo noctem > nocte > noite
elemento oclusivo evoluiu geralmente
VOCALIZAÇÃO para a semivogal anterior ou, mais actum > actu > auto
raramente, resultando em semivogal
posterior e passou a constituir, com a Ceptam > Cepta > Ce uta
vogal precedente, um ditongo
decrescente; verificando-se, ainda, na saltum > saltu > sauto > souto
líquida lateral pós-vocálica, que, já
velarizada em latim, tornou-se altarium > autariu > autário > outeiro
semivogal posterior.

Referências Bibliográficas
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Melhoramentos/EDUNB, 2001. p. 50-57; 58-63.

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CÂMARA JR. Joaquim Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.

FURLAN, Oswaldo A.; BUSSARELLO, Raulino. Gramática básica do latim. 3. ed. Florianópolis: EDUFSC, 1997. p. 18-28.

GARCIA, Janete Melasso. Introdução à teoria e prática do latim. 2. ed. rev. Brasília: EDUNB, 2000.

NUNES, José Joaquim. Compêndio de gramática histórica portuguesa: fonética e morfologia. 5. ed. Lisboa: Livraria clássica,
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POGGIO, Rosauta Maria Galvão Fagundes. Iniciação ao estudo do latim. Salvador: EDUFBA, 1996. 3v.

SILVA, Rosa Virgínia Mattos e. O português arcaico: morfologia e sintaxe. São Paulo: Contexto, 1993. p. 13-22. (Repensando
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SILVA NETO, Serafim da. História da língua portuguesa. 5. ed. Rio de janeiro: Presença, 1988. p. 223-232. (Coleção
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WILLIAMS, Edwin B. Do latim ao português: fonologia e morfologia históricas da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1986. p. 103-122; 123-133.
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METAPLASMOS

1. Identifique os metaplasmos verificados nos vocábulos abaixo:

a. lat. clás. spiritum > lat. vulg. spiritu > port. espírito

b. lat. clás. stellam > lat. vulg. stella > port. estrela

c. lat. clás. planum > lat. vulg. planu > port. prão > port. porão

d. lat. clás. catenam > lat. vulg. catena > port. cadeia

e. lat. clás. ante> lat. vulg. ante > port. antes

f. lat. clás. attonitum> lat. vulg. attonitu > port. tonto

g. lat. clás. horologium > lat. vulg. horologiu > port. relógio

h. lat. clás. legalem > lat. vulg. legale > port. legal

i. lat. clás. male> lat. vulg. male > port. mal

j. lat. clás. pedem > lat. vulg. pede > port. pee > port. pé

k. lat. clás. pro > lat. vulg. pro > port. por

l. lat. clás. fenestram > lat. vulg. fenestra > port. fresta

m. lat. clás. regnum > lat. vulg. regnu > port. reino

n. lat. clás. uaccam > lat. vulg. uacca > port. vaca

o. lat. clás. bonum > lat. vulg. bonu > port. bom

p. lat. clás. bonam > lat. vulg. bona > port. bõa > port. boa

q. lat. clás. ipsum > lat. vulg. ipsu > port. isso

r. lat. clás. lactem > lat. vulg. lacte > port. leite

s. lat. clás. captare > lat. vulg. cattar > port. catar

t. lat. clás. lilium > lat. vulg. liliu > port. lírio

u. lat. clás. rotundum > lat. vulg. rotundu > port. redondo

v. lat. clás. rostrum > lat. vulg. rostru > port. rosto

w. lat. clás. lupum > lat. vulg. lupu > port. lobo

x. lat. clás. pacare > lat. vulg. pacare > port. pagar

y. lat. clás. vineam > lat. vulg. vinea > port. vinha

z. lat. clás. tegula > lat. vulg. tegla > port. telha
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ATIVIDADES PRÁTICAS

1. Leia atentamente a cantiga de amigo a seguir.


2. Verta-a, no espaço ao lado, para a norma comum do português brasileiro contemporâneo.

A MEU AMIGO, QUE EU


SEMPR'AMEI
João Garcia

A meu amigo, que eu sempr'amei,


des que o vi, mui mais ca mim nem
al,
foi outra dona veer por meu mal;
mais eu, sandia, quando m'acordei,

nom soub'eu al em que me del


5 vengar
senom chorei quanto m'eu quis
chorar.
Mailo amei ca mim nem outra rem,
des que o vi, e foi-m'ora fazer
tam gram pesar que houver'a
morrer;
10 mais eu, sandia, que lhe fiz por en?

Nom soub'eu al em que me del


vengar
se nom chorei quanto m'eu quis
chorar.

Sab'ora Deus que no meu coraçom


nunca rem tiv[i] ẽno seu logar,
15 e foi-mi ora fazer tam gram pesar;
mais eu, sandia, que lhe fiz entom?

nom soub'eu al em que me del


vengar
se nom chorei quanto m'eu quis
chorar.
Nota geral:
A donzela censura-se a si própria: o seu amigo, o único que sempre amou, foi encontrar-se outra mulher.
E ela, louca, o que fez? Não encontrou outra vingança senão a de chorar até mais não poder.

Fonte: < https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=855&tamanho=15 >.

3. Identifique e descreva peculiaridades fonético-fonológicas da cantiga acima.


4. Identifique e descreva peculiaridades morfológicas e morfossintáticas da cantiga
acima.
5. Identifique e descreva o léxico arcaico da cantiga acima.

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