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DEPARTAMENTO DE LETRAS
PROGRAMA DE DISCIPLINA
I - EMENTA
A civilização romana. Origem e evolução da língua romana. A sintaxe latina. Flexão nominal
(substantivos e adjetivos de todas as declinações). Flexão verbal (voz ativa): as quatro conjunções e o
verbo ESSERE
II – COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
- Reflexão crítica sobre a importância da civilização romana e da língua latina para a compreensão da
cultura ocidental e para o processo de formação das línguas românicas;
- Domínio dos diferentes usos da língua latina e de suas gramáticas;
- Domínio do uso da língua latina em sua variante padrão, bem como compreensão crítica das
variantes linguísticas, nas suas manifestações escritas;
- Domínio teórico e crítico dos componentes fonológico, morfossintático, léxico e semântico da língua
latina;
- Capacidade de analisar, descrever e explicar, diacrônica e sincronicamente, a estrutura e o
funcionamento da língua latina;
- Capacidade de relacionar a origem da Língua Latina ao processo de formação das línguas românicas,
em particular ao da Língua Portuguesa.
III – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade Conteúdo
I - A civilização romana: - Origem e história da cidade de Roma; - A constituição do povo romano; -
Origem da língua latina; - Períodos e fases do latim; - O Império romano.
II - Os sistemas de flexões nominais e a sintaxe latina: - Generalidade da língua latina; - Os casos
latinos e suas funções; - Os substantivos: 1ª e 2ª declinações; - Os adjetivos de primeira classe; - Os
substantivos: 3ª declinações; - Os adjetivos de segunda classe; - Os substantivos: 4ª e 5ª declinações.
III - Sistemas de flexões verbais – voz ativa: - O verbo auxiliar ESSE; - As quatro conjunções
regulares.
IV - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
- Aula expositiva;
- Utilização de multimeios e tecnologias da informação;
- Aplicação de trabalhos individuais e em grupo;
- Fóruns;
- Seminários e debates.
V – ATIVIDADES DISCENTES
- Participação nos trabalhos individuais e em grupo realizados em sala de aula;
- Participação em pesquisa, debate, seminários, fóruns etc;
- Realização das atividades orientadas disponibilizadas no espaço da Turma Virtual do SigUema.
Serão duas atividades, 6h cada, perfazendo um total de 12h, conforme disciplinado pela Instrução
Normativa nº 01/2017 – CP/Programa Ensinar – Formação de Professores da Uema.
VI – RECURSOS DIDÁTICOS
- Quadro e seus acessórios;
- Projetor multimídia;
- Televisão e vídeo;
- Revistas;
- Textos.
- Todos os disponibilizados na Turma Virtual do SigUema.
VII – AVALIAÇÃO
- A avaliação será de cunho processual e contínuo, contemplando o nível acadêmico dos alunos nos
vários aspectos da cientificidade, da capacidade de compreensão, análise e síntese dos conteúdos
desenvolvidos no processo de construção do conhecimento.
- Para tanto, serão diagnosticados os diferentes níveis de aprendizagem dos alunos por meio de:
troca de experiências, participação, interesse, compromisso, pontualidade, assiduidade,
responsabilidade, desempenho, habilidade e competência acadêmica.
- Serão utilizados, no decorrer da disciplina, instrumentos avaliativos, como: prova, trabalho
individual e em grupos, seminários e produções cientificas, além das atividades orientadas na
Turma Virtual do SigUema.
-
VIII – BIBLIOGRAFIA:
Básica
ALMEIDA, Napoleão Mendes. Gramática latina. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
CARDOSO, Zélia de Almeida. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 2010
COMBA, P. Júlio. Gramática latina. São Paulo: Salesiana, 2002.
Complementar
BUSSARELLO, Raulino. Dicionário básico latino – português. 6.ed. Florianópolis: UFSC,
2003.
COMBA, P. Júlio. Introdução à língua latina. São Paulo: Salesiana, 2010.
MELASSO, Janete. Introdução à prática do latim. Brasília: UNB, 2001.
REZENDE, Antônio Martinez de. Latina essentia: preparação ao latim. 3. ed. Belo
Horizonte: UFMG, 2003.
STOCK, LEO. Gramática de latim. 2. ed. Lisboa: Presença, 2005.
ELABORADOR(a):
Profa. Dra. Fabíola de Jesus Soares Santana.
ASSINATURA(S):
DATA:
CRONOGRAMA E CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Ab Urbe condita
Desde a fundação da Cidade – trata-se de Roma, 753 a.C., ponto de
partida da cronologia romana.
1. PENÍNSULA ITÁLICA
O Latim foi a língua falada pelo povo que habitava o território denominado LATIUM, na pequena
planície situada na região central, no meio da península itálica, e tinha como capital a cidade de Alba. Essa
planície era uma espécie de encruzilhada de uma via comercial terrestre e de uma via comercial fluvial; uma
ligava a Etrúria à Campânia; a outra, os Apeninos ao mar. Essa localização geográfica favoreceu o destino da
futura capital do Mundo Mediterrâneo.
O Lácio era uma planície sem defesas naturais e, portanto, sujeito a
constantes ataques dos povos vizinhos. Mais tarde, os habitantes dessa região
fortificaram-se construindo cidadelas, a fim de se protegerem das invasões
predatórias e das ambições de conquista dos novos vizinhos.
Roma foi a primeira cidadela. Os invasores indo-europeus
apareceram na Itália, na metade do segundo milênio a.C. Introduziram na LENDA DA
Península os falares itálicos, entre os quais se distinguem: o Osco, falado ao FUNDAÇÃO DE
sul do Lácio; o Umbro, ao nordeste; e o Latim, no Lácio. Mas os verdadeiros ROMA
fundadores de Roma foram os povos itálicos, que viviam na região do Lácio,
ao sul do Rio Tibre. Eram pastores seminômades que misturavam as
atividades de pastoreio com as de pilhagem.
Dentre as inúmeras colônias próximas ao Tibre, foi o Palatino
considerado o berço de Roma. Essa aldeia, situada na iminência ocidental do
Palatino, foi a Roma Quadrata, núcleo da futura Urbs, que teve origem no
século VIII ou IX a.C. (a tradição fixa 753 a. C.) e engrandeceu-se
progressivamente, dada a sua localização, até o final do século VI a.C. O
FIGURA 2: Península Itálica.
território dominado pelo estado romano abrangia toda a Planície Latina, dos
Fonte: http://imperio-
Apeninos até o Mediterrâneo: era quase todo o mundo conhecido da época. romano.blogspot.com.br/2007/06/l
enda-de-rmulo-e-remo.html.
De acordo com uma antiga lenda, Roma foi fundada pelos gêmeos
Rômulo e Remo, por volta de 753 a.C. Já os historiadores e arqueólogos Conta a lenda que os gêmeos
afirmam que Roma começou a se formar antes dessa data, no decorrer do Rômulo e Remo, cujo o pai era o
segundo milênio antes de Cristo, a partir de algumas aldeias de agricultores e deus Marte, foram abandonados
pastores. Esses primeiros habitantes construíram suas cabanas no Monte no Rio Tibre por ordem do rei
Palatino, perto do Rio Tibre. Roma era, então, apenas uma das várias Amulio. Os irmãos teriam sido
povoações onde viviam os latinos, povos da planície do Lácio. A sua protegidos e amamentados pela
população cresceu e espalhou-se pelas sete colinas vizinhas, levando os loba Luperca e, quando
romanos a construir uma primeira muralha protetora. cresceram, fundaram a cidade
de Roma. Conta-se também que,
após a fundação da cidade,
2. O IMPÉRIO ROMANO
houve um grave e fatal conflito
entre os gêmeos para decidir
quem seria o rei – e Rômulo
acabou matando Remo,
tornando-se o primeiro rei de
Roma.
3. O LATIM
O latim é uma língua pertencente à família indo-europeia, tal como o grego, o sânscrito, o
escandinavo antigo, o russo e várias outras. Nenhum traço material do, digamos, idioma original indo-
europeu, o qual deve ter sido falado há cerca de cinco mil anos atrás, sobreviveu, mas a partir do estudo
comparativo entre as várias línguas da família, os linguistas conseguem reconstruir vários elementos deste,
como por exemplo raízes, radicais, desinências, etc. À essa língua reconstruída dão o nome de proto indo-
europeu. Não se sabe ao certo o local de origem dos falantes do indo-europeu, mas as teorias mais aceitas
postulam que este seja em algum lugar da Estepe Pôntica ao norte do Mar Negro, na Anatólia (atual Turquia)
ou no Cáucaso, mais precisamente na atual Armênia.
O indo-europeu apresentava uma série de características que se encontram em geral nas línguas
derivadas, e que se opõem aos outros grupos linguísticos, como o semítico (árabe, hebreu, aramaico, etc.), o
chinês, etc. Suas principais características:
papel importante do sistema flexional (conjugação dos verbos, declinação em oito casos
dos nomes e dos adjetivos,...);
as desinências se encontram sempre no fim da palavra, nunca no início; o elas exercem
muitas vezes várias funções simultaneamente (p.ex., em português, -mos em estudamos
indica a pessoa e o número);
o verbo muda de forma em função de seu sujeito, jamais em função de seus
complementos;
os nomes têm um gênero;
a oposição fundamental é entre o gênero animado (posteriormente separado entre
masculino e feminino) e o gênero inanimado ou neutro; o a ordem das palavras tem pouca
importância gramatical.
PROTO-INDO-EUROPEU
ITÁLICO HELÊNICO CÉLTICO BALTO- ÍNDICO ALBANÊS GERMÂNICO
ESLÁVICO
A partir de um desses locais, os falantes dessa língua teriam imigrado para as mais diferentes áreas
da Europa e da Ásia. Os motivos dessa imigração são desconhecidos, assim como se conhece muito pouco
sobre seus mores (costumes); o pouco que se sabe provém dos estudos de linguística comparativa e de
religião comparada.
Dentro da família indo-europeia, o latim pertence ao subgrupo itálico, e, dentro deste, às línguas
latino-faliscas. Alguns linguistas propõem ainda um subgrupo anterior ao itálico, o ítalo-céltico. Traçar a
história do latim pré-clássico, mais conhecido como latim arcaico, não é tarefa simples. As mais antigas
inscrições em latim que nos são conhecidas são, em sua maior parte, fragmentárias. Datam do século VI a. C.
e são encontradas na região do Lácio, onde fica Roma. Nesse período, a Itália era um amálgama das mais
diferentes línguas: etrusco, grego, gaulês, osco, umbro, entre muitas outras. Ora, é costume apontar como
local de origem do latim o Lácio, e salientar que de lá, com as conquistas militares de Roma se espalhou para
outras regiões da Península Itálica e, depois, para outros locais na Europa, Ásia e África.
A mais antiga inscrição latina, data de aproximadamente 600 a.C., e é, na verdade, um latim dialetal,
o prenestino: “MANIOS MED FHEFHAKED NVMASIOI” = “Manius me fecit Numerio” “Manios me fez
para Numério”. Trata-se de uma inscrição em uma fivela de ouro, encontrada em Preneste (hoje em dia
Palestrina), por isso o nome “fíbula prenestina”.
As características dialetais e arcaicas que estão presentes nessa frase são: a conservação do ditongo
oi, observada em numasioi, um dativo (depois, o i final cai, e a desinência de dativo passa a o), a
conservação do s intervocálico, que no latim muitas vezes sofre rotacismo (como no caso de flos, floris;
honos, honoris), e a reduplicação do pretérito perfeito fhefhaked, além da desinência secundária em d. No
latim arcaico era feced, forma atestada em uma inscrição, chamada de “vaso de Duenos”. Depois esta forma
evoluiu para fecit . Fhefhaked, como se disse, é uma forma dialetal do pretérito perfeito com redobramento.
É interessante notar ainda, nesta inscrição, a posição medial do verbo, que contrasta com a posição mais
normal de ser encontrada no latim clássico, que é no fim da frase.
Uma parte notável das tendências do latim vulgar, além de já estarem presentes no latim arcaico,
resulta da estrutura do indo-europeu e se verificam em quase todas as línguas europeias. São exemplos
comprovados pela epigrafia latina que o ē e ō eram pronunciados como e fechado e o fechado,
respectivamente, pois o ō longo aparece frequentemente representado por u e o ē longo por i. O umbro
apresenta apócope do –m final e o osco-umbro apresenta a partícula de reforço dos demonstrativos –ce,
idêntica ao latim.
Havia, pois, na origem, “falares latinos”, sendo o latim de Roma um deles. Além do prenestino,
outro importante é o falisco, falado em Falérios (Falerii). Estes dois dialetos apresentam características mais
arcaicas ainda do que se aponta para o chamado latim arcaico. Como documentação do latim arcaico, há
pouquíssimos textos, apenas alguns outros escritos epigráficos, como os epitáfios dos Cipiões, do Vº ou IVº
séc. a.C.
Cícero, numa de suas cartas a seu amigo Paeto, fala-nos dessas duas modalidades de língua existentes em
Roma:
Quid tibi ego uideor in epistulis? Nonne plebeio sermone agere tecum? ...Causas
agimus subtilius, ornatius; epistulas uero cotidianis uerbis texere solemus. Que tal
me achas nas cartas? Parece que uso contigo a língua do povo, não é? Nos
discursos aprimoro mais; nas cartas, porém, teço as frases com palavras do dia a
dia.
AULA 2
1. O ALFABETO
O alfabeto latino derivou do etrusco e este derivou do grego. Ou seja, indiretamente, o alfabeto
latino derivou do alfabeto grego. Pois bem! Esse alfabeto latino era composto apenas de letras maiúsculas,
mais tarde, no século I a.C., os romanos desenvolveram as minúsculas. Cícero, no período áureo da
literatura (de 100 a.C. até 100 d.C.), em sua obra Natura, faz menção a vinte e uma letras, que já se
apresentavam como capitales (maiúsculas) e cursivae (minúsculas). São elas: Aa, Bb, Cc, Dd, Ee, Ff, Gg,
Hh, Ii, Kk, Ll, Mm, Nn, Oo, Pp, Qq, Rr, Ss, Tt, Vu, Xx. O X é consoante dupla e equivale aos dígrafos cs,
gs, vs, ps, ts (vox, vocis; lex, lege; nix, nivis; proximus, propre; nixus, nitor). O Y e o Z não eram letras
latinas, mas gregas, e se incorporaram ao alfabeto latino pela sempre crescente influência dos gregos em
Roma, nos fins da República.
Os latinos, para transliterarem o som das letras γ (ípsilon) e ζ (dzeta), introduziram o y e o z. Elas
eram usadas apenas em palavras gregas transcritas em latim: lyra, syllaba, Lysander. No início de palavra, o
y é sempre precedido de h, que corresponde ao espírito forte da língua grega: hymnus, hydra. O I e o J são
equivalentes e tanto podemos escrever “Iesus” como “Jesus”. O U e o V também são equivalentes e será
indiferente em “uita” ou “vita”. O emprego das letras J e V, para a representação dos seus verdadeiros
valores consonânticos, foi difundido pelo humanista francês Pierre La Ramée, a partir do séc. XVI (1515 –
1572) – em latim Petrus Ramus – de onde vem a denominação de “letras ramistas”. Até então, as letras I e U
apresentavam-se com valor de consoante e de vogal conforme o contexto fônico. O C, nos primeiros
documentos escritos em Latim, era empregado tanto para representar o K (oclusiva velar surda) como o G (a
sua homorgânica sonora). Depois, para diferenciar as duas oclusivas, uma pequena barra horizontal foi
acrescida na haste inferior do C, criando assim a letra G. O K era somente usado em abreviaturas Kal. de
kalendae e, às vezes, permutava com a letra c: Karthago, Carthago.
O Latim não possuía as aspiradas gregas e as letras que as representavam em grego foram tomadas
como sinais de numeração: o teta (θ) passou a representar o numeral cem, depois foi substituído pelo C
inicial de centum “cem”; o fi (φ), o numeral mil, mais tarde representado pela letra M, inicial de mille “mil”.
Mas a metade vertical de φ, identificada com o D, passou a representar quinhentos. E o psi (ψ), que
representava no alfabeto grego ocidental o KH (oclusiva velar surda aspirada), foi empregada para
representar cinquenta, que depois passou a L. Para transcreverem as letras χ, φ, θ e ρ (qui, fi, teta e rô), os
latinos introduziram os dígrafos ch, ph, th e rh, respectivamente. Estes são os nomes, em Latim, das vinte e
três letras que passaram a constituir o alfabeto usado pelos romanos no período clássico: a, be, ce, (quê), de,
e, ef, ge (guê), há, i, ka, el, em, em, o, pe, qu, er, es, te, u, ix, hy , zeta. Vale lembrar que os nomes das letras
são indeclináveis.
2. A PRONÚNCIA
No século XIX, depois de a Filologia Clássica se constituir como uma verdadeira ciência, servida
por outras ciências auxiliares, é que os estudos de fonética latina passaram a ter base sólida. Os
comparativistas, com base nos estudos feitos entre os séculos XVI e XIX sobre transcrição latina de palavras
gregas, depoimentos de gramáticos e a pronúncia do Latim pelos germanos, reconstituíram a pronúncia latina
que teria sido a pronúncia da elite culta de Roma no ápice cultural romano. Estamos falando sobre a
pronúncia restaurada ou reconstituída. Mas, além dessa, as gramáticas latinas, aqui no Brasil, apontam a
existência de também outras duas possíveis pronúncias do Latim clássico: a pronúncia eclesiástica e a
pronúncia tradicional. A Pronúncia Eclesiástica é uma pronúncia italianizada, a que mais se aproxima do
italiano por ter sido difundida pela Igreja Católica a partir de Roma. Possui as seguintes características:
• oe soa arredondado como o francês peu (para tal faz-se uma espécie de bico com os lábios e
pronuncia o ditongo);
• g antes de e, i, ae, oe, y soa africada como no inglês gentle: gemma, gigno;
• x soa africada: SONORA /kz/ quando precedida de e e seguida de vogal: examen; e SURDA
/ks/ nos demais casos: uxor, fixus.
• ae soa é de pé: aetas, laedo; • oe soa ê de ler: foedus, poena; • i semivogal soa /j/ de fiapo:
iam, iustus;
• u semivogal soa /w/ de qual, como se tivesse o trema (¨): quinque, quem;
• ti + vogal soa /sj/ de ciente: oratio, laetitia; mas precedido de s ou x soa /tj/ de pátio: ostium,
mixtio;
• ch, ph, th, rh soam /k, f, t, r/ respectivamente: brachium, philosophia, theatrum, rhetor;
Agora nos resta conhecer a Pronúncia Reconstituída. É a pronúncia mais antiga e talvez a que mais
se aproxima do Latim falado. Trata-se de uma tentativa feita pelos gramáticos e filólogos de reconstrução da
pronúncia da língua latina. É o resultado de acurados estudos linguísticos, com base na Linguística
Comparativa, nos estudos de métrica e no testemunho dos gramáticos e escritores latinos como Quintiliano,
Varrão e Cícero. É essa a pronúncia adotada pela maioria das universidades, nas áreas de Língua Latina e
Linguística. Segundo Faria (1958, pág. 23), “E de fato, nos principais países cultos, é a pronúncia
reconstituída não só adotada, mas praticada por professores e alunos”. Características principais:
• a duração (longa ou breve) das vogais é seguida com rigidez: ĕ, ŏ soam abertos: lĕvis,
pĕritus, rŏta; o ē, ō soam fechados: puēlla, amōrem, passiōnem;
• o ditongo ae soa /aj/ como pai ou /ae/: aequalis, laeta, dominae; • o ditongo oe soa /aj/
como coisa ou /oe/: foedus, poena;
• a semivogal i soa /j/ de fiapo: iam, iustus;
• O s- impuro soa assibilado, sem apoio de vogal: spes /sspes/ e não /espes/ ou /ispes/;
• O -s- intervocálico, ou seja, entre vogais, soa fricativa surda [s] como em nossa: rosa,
formosus;
• o h soa aspirado como no inglês hand: hoc, schola, rhetor; • x soa /ks/ de léxico: lux,
pax, vox, exemplum, Alexander;
• m e n finais não nasalizam a vogal anterior. Uma estratégia para que m e n sejam
pronunciados corretamente é colocar após estas letras, a vogal e, levemente articulada, só para apoiar ex.:
templum(e), carmen(e), bellum(e);
Esta é a pronúncia que iremos adotar em nosso curso e será de suma importância treiná-la.
Fiquem atentos e procurem pronunciar as palavras de acordo com as suas regras.
3. A QUANTIDADE
As vogais e as sílabas da Língua Portuguesa se distinguem em tônicas ou átonas pelo critério do acento. As
das Línguas Clássicas, como o Grego e o Latim, se distinguem pela quantidade de tempo utilizada na sua
enunciação. Elas podem ser longas ou breves. São longas aquelas vogais e sílabas cuja enunciação requer
duas unidades de tempo. As breves são aquelas que requerem uma unidade. As vogais e sílabas longas têm a
duração de duas breves. Para melhor entendimento eis alguns exemplos: Puēlla - a vogal e tem quantidade
longa - /puééélla/ Domĭnus – a vogal i tem quantidade breve - /dóminus/
4. A ACENTUAÇÃO
O Latim apresentava característica mais musical que intensiva. E foi o aspecto intensivo que permaneceu,
pois seria difícil reproduzir a musicalidade da acentuação latina. Em Latim, não existem palavras oxítonas.
Dois sinais são utilizados para indicar a quantidade das vogais e das sílabas: a quantidade breve é indicada
pelo sinal ˘ (bráquia), uma meia-lua colocada sobre a vogal; e a longa pelo sinal ˉ (macron), um traço
horizontal colocado sobre a vogal. A bráquia é uma espécie de “meia-lua” colocada horizontalmente sobre a
sílaba ou vogal e o macron é um traço longo, talvez um hífen, colocado sobre elas.
Podemos observar, nestes exemplos, que a sílaba que comanda a acentuação da palavra é a penúltima: se
esta for longa ( ˉ ), o acento (sílaba forte, comumente falando) recairá sobre ela, se breve ( ˘ ), o acento
recuará para a sílaba anterior.
Exemplos:
DOMĬNUS /dóminus/ - senhor
STĒLLA /sstéééla/ - estrela
AQUĬLA /ákuila/ - águia
PUĒLLA /puéééla/ - menina
LACRĬMA /lákrima/ - lágrima
PENĀTES /Penááátes/ - Penates
CATHĔDRA /kátedra/ - cadeira
ANCĪLLA /ankíííla/ – escrava
AULA 3
Depois de comparar as duas variedades do Latim e deixar claro que é do Latim Vulgar que surgem as
Línguas Românicas, inclusive o Português, analisaremos as características morfossintáticas do Latim e do
Português. Preste bastante atenção no que segue abaixo.
1.1.1 Português
Apesar de a estrutura das duas orações estar perfeita, a segunda oração é bem diferente da primeira.
Elas têm sentidos distantes.
O significado da oração em Português depende muito da ordem das palavras.
Na primeira oração, o sujeito é “o mestre”, e o objeto direto, a coisa vista, é “o aluno”. Mas na segunda
oração, a coisa vista é “o mestre” e quem vê é “o aluno”. São duas situações distintas.
Observamos também a ordem das palavras na oração. Na primeira, a coisa vista, ou seja, o objeto direto,
“o aluno”, aparece depois do verbo ver. Já na segunda, “o aluno”, que é a coisa vista na oração anterior, aparece
antes do verbo, tornando-se agente ativo da ação verbal de ver, ou seja, o sujeito.
A função sintática dos nomes no Português é indicada pela posição que o nome ocupa na frase ou por
uma preposição. Ou seja, a relação das palavras na frase no Português é estabelecida pela ordem em que elas
aparecem.
A Língua Portuguesa exige uma colocação de palavras em uma ordem mais rígida que definirá quem é
sujeito e quem é objeto em orações mais simples, ou seja, quem vem antes e quem vem depois do verbo. No
Português, a relação das palavras entre si segue regras mais sólidas de colocação. É a chamada Sintaxe, que
significa ordem. Como exemplo, expressamo-nos dizendo “O mestre vê o aluno” e não “Mestre o aluno vê o” e
nem “Vê mestre o aluno o”.
Na oração “O lobo persegue os cordeiros pelo rio”, temos: sujeito + verbo + objeto direto + adjunto
adverbial, como em:
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As terminações dos nomes variam apenas em gênero e número e a posição dos nomes é que determina a
função sintática. Se houver mudança de posição dos nomes, há mudança de sentido como em:
Os cordeiros perseguem o lobo pelo rio.
Sujeito Verbo Objeto Direto Adjunto Adverbial
1.1.2 Latim
Em qualquer posição que o nome Petrus se encontre, nas orações a, b, c, d, e e f, será sempre o sujeito
da oração, porque está no caso nominativo; em qualquer posição que o nome Paulum se encontre nas mesmas
orações, será sempre objeto direto, pois está no caso acusativo. Você conhecerá os casos latinos na próxima
aula! O oposto, em Latim, dessa oração seria: g) Paulus necavit Petrum.
Observe que Petrus passou a Petrum e Paulum passou a Paulus. Houve mudança na terminação e
consequentemente de função sintática: Petrum agora é objeto direto, está no caso acusativo, e Paulus, o sujeito,
está no caso nominativo.
A relação das palavras, na oração latina, é determinada pelas desinências de caso. Cada caso
morfológico latino vai corresponder a uma função sintática no português. Resumindo: caso é morfologia e
função é sintaxe.
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AULA 4
O Latim é uma língua sintética. Sua sintaxe pertence ao grupo das línguas de declinação. E difere da
sintaxe do Português, língua analítica. A função sintática dos nomes no Português é indicada, geralmente, pela
posição (rígida) que o nome ocupa na frase ou por uma preposição.
Os romanos mataram os inimigos na luta. (sujeito + verbo + objeto direito + adjunto adverbial). As
terminações nominais variam apenas em gênero e número. A posição dos sintagmas é que determina sua função
sintática. É diferente dizer Os inimigos mataram os romanos na luta.
Em Latim, as terminações nominais expressam além do gênero e do número também as funções
sintáticas, o que permite que a posição dos nomes na frase seja, muitas vezes, totalmente livre.
O oposto seria:
Inimici pugna romanos necauerunt. Os inimigos, na luta, mataram os romanos.
Diferenciamos então, sob um aspecto, o Português do Latim atribuindo ao primeiro funções sintáticas e
ao segundo casos. No primeiro o nome mantém sempre a mesma forma em todas as funções sintáticas, no
segundo o nome apresenta formas variadas, chamadas de casos, denominação oriunda do vocábulo grego ptosis
que denotava as diferentes relações em que pode se encontrar uma palavra.
São seis os casos em Latim, e sua correspondência com as funções sintáticas, grosso modo, são as
seguintes:
Nominativo - sujeito, predicativo do sujeito
Genitivo - adjunto adnominal (restritivo)
Acusativo - objeto direto
Dativo - objeto indireto; complemento nominal
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Ablativo - adjunto adverbial
Vocativo - vocativo
O nominativo e o vocativo fazem o caso reto, onde os nomes aparecem ‘puros’, sem se ‘dobrar’
(declinar) nas relações em uma oração como o fazem os casos oblíquos.
Gênero
Na língua latina há três gêneros, masculino, feminino, neutro. Não existe artigo para designar gênero.
Este é reconhecido ou pelo gênero natural ou pelo gênero gramatical.
Gênero natural - é válido para todas as declinações: são masculinos os substantivos que designam
homens, povos, rios e ventos; e são femininos os substantivos que designam mulheres, árvores, cidades, terras e
ilhas.
Gênero gramatical - são as regras particulares a determinadas declinações e grupos de palavras.
Número
Assim como em português, em latim há dois números, singular e plural. Também aí encontram-se
palavras que só ocorrem no plural, chamadas de pluralícias: nuptiae, reliquiae, insidiae (núpcias, resto, cilada).
Declinações
Cada declinação apresenta uma vogal temática diferente. A vogal temática é a vogal que se liga ao
radical - a parte invariável do nome - para formar o tema.
O radical de uma palavra é obtido tirando-se dela a terminação do genitivo singular:
1a. - madona, madon-ae;
2a. - lupus, lup-i;
3a. - nauis, naui-s, labor, labor-is;
4a. - fructus, fruct-us,
5a. - dies, di-ei.
O tema é reconhecido no genitivo plural: ao separarmos a desinência própria do caso e da declinação, o
restante é o tema:
madon-a-rum (1D),
lup-o-rum (2D),
nau-i-um, labor-um (3D),
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fruct-u-um (4D),
di-e-rum (5D).
Em suma, radical + vogal temática = tema. Temos, assim, as declinações com suas vogais temáticas:
A 3a. declinação possui, além dos nomes de tema terminados em vogal i, também um segundo grupo de
vocábulos - em número maior do que os do primeiro - cujo tema termina em consoante, são os chamados
consonantais:
homo, homin-is, homin-um.
Declinar ou flexionar uma palavra é, pois, acrescentar-lhe ao radical todas as terminações que ela pode
apresentar nos diferentes casos: amica, amicae, amicam, amicas, amicarum, amicis... semelhantemente ao que
acontece com os verbos, cujo processo nomeamos conjugação: amo, amas, amat, amamus, amatis, amant.
Conjuga-se um verbo, declina-se um nome.
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1ª. Declinação
Tema em a
Genitivo -ae
A 1a. declinação apresenta a vogal temática em a - por isso é chamada declinação em a - e o genitivo
singular em -ae.
Gênero
É uma declinação de nomes com predominância do gênero feminino, respeitando, porém, o gênero
natural, conforme acima exposto.
Atente-se para o paradigma a seguir, onde ao radical (invariável) são acrescentadas as terminações
específicas dos casos.
Particularidades
Alguns substantivos como dea, filia, liberta, anima, nata, asina, equa, mula, famula formam o dativo e
o ablativo plurais também em -abus, mas só quando em união ou oposição aos seus correspondentes
masculinos:
filiis et filiabus (aos filhos e às filhas),
diis deabusque (aos deuses e às deusas).
Os nomes gregos terminados em -as e -es no nominativo singular seguem o paradigma comum da
declinação em todos os outros casos:
Pelopidas, ae; Spartiates, ae.
Há vocábulos que apresentam significados diferentes quando no singular ou no plural:
angustia, ae - brevidade
angustiae, arum - desfiladeiro, garganta
copia, ae - abundância
copiae, arum - exércitos, tropas
littera, ae - letra
litterae, arum - carta
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opera, ae - obra
operae, arum - operários
Imperativo —— —— —— —— —— ——
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EXERCÍCIOS
1ª declinação
b) Aquila, ae (f)
Nom.
Voc.
Gen.
Dat.
Abl.
Ac.
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2) Preencha as palavras cruzadas abaixo.
1
2
4 5
10
Horizontal: Vertical:
2. Genitivo do plural de "memoria, - 1. Acusativo do plural de "lachrima, -ae"
ae"
5. Nominativo do plural de "causa, -ae"
3. Dativo do singular de "iniuria, -ae"
7. Ablativo do singular de "gloria, -ae"
4. Acusativo do singular de "natura, -
ae" 8. dativo do singular de "fama, -ae"
6. Genitivo do plural de "aqua, -ae"
7. Acusativo do plural de "gratia, -
ae"
8. Acusativo do plural de "forma, -
ae"
9. ablativo do singular de "cura, -ae"
10. Acusativo do singular de "ira, -ae"
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3) Analise morfossintaticamente e faça a versão.
a) A história é mestra da vida.
b) A Grécia é pátria de poetas.
c) A Sicília é uma ilha da Itália.
d) As injúrias serão causas de inimizades.
Puella cantat. Magistra educat. Aquila volat. Puellae cantant. Magistrae educant. Aquilae volant.
Discipula saltat. Poeta recitat. Agricola laborat. Ranae natant. Reginae regnant. Nautae navigant.
Sempronia est magistra. Livia est discipula. Discipulae sedulae sunt. Iulia et Silvia quoque discipulae
sunt. Discipula bona semper sedula est. Magistra educat, puellae laborant: Livia cantat, Iuliarecitat,
Silvia saltat. Discipulae malae non laborant. Magistra severa est.
MAGISTRA ET POETA
Tulia cum puellis in schola est.
Multa herbae circa scholam sunt. Schola ad aquam, prope silvam, est. Magistra et discipulae in silvam,
prope aquam, ambulant et violas delibant. Ex aqua ardea avolat. Tum discipulae violas portant. Postea
scholam violis ornant. Poeta appropinquat. Magistram discipulasque salutat:
─ Ave, Tulia! Avete, puellae!
─ Ave, poeta!
Deinde Caecilia cum poeta, a schola, ad villam remeat et amicis magistraque ait: “Valete!”
“Vale, Caecilia!”
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Ave Maria gratia plena Dominus tecum Benedicta tu in mulieribus Et benedictus Fructus Ventris tui, Jesu
Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus Nunc et in hora mortis nostrae Amen
8) Conjugue o verbo nego, as, avi, are, atum no presente, pretérito perfeito e imperfeito e no futuro
imperfeito.
2ª. Declinação
Tema em o
Genitivo -i
A 2a. declinação é a que engloba todos os nomes que fazem o genitivo singular em -i e a que traz a
vogal temática o. Declinação em o. Caracteriza-se também por apresentar predominantemente nomes do gênero
masculino, e as terminações do nominativo singular em
-us (amicus, amici), e, em minoria, em
-er (ager, agri) (há um único nome em -ir (uir, uiri)), e em
-um (uinum, uini).
Gênero
As palavras terminadas em -us são masculinas, excetuando-se algumas femininas (humus, terra; aluus,
ventre; colus, roca; uannus, joeira; domus, casa, os nomes derivados do grego, como periodus, período;
methodus, método, dialectus, dialeto, etc.), e as de gênero natural (mulheres, árvores, cidades, terras, ilhas).
Excetuam-se também algumas neutras (uulgus, povo; uirus, veneno; pelagus, mar).
As palavras terminadas em -er são todas masculinas, bem como uir, i.
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Particularidades
Em todas as palavras neutras do Latim, em todas as declinações, três casos são declinados da mesma
forma: nominativo, acusativo, vocativo.
As palavras em -us fazem o vocativo singular em -e, diferentemente das outras, que apresentam o
vocativo sempre igual ao nominativo: discipulus, discipule; magister, magister; imperium, imperium. O
vocativo singular apresenta terminação em -i para os substantivos próprios em -ius: Lucius, Luci; o substantivo
filius: fili; o adjetivo meus: mi. Plini, mi fili!
Os nomes próprios tomados ao grego podem apresentar o nominativo singular em -on, -os e -eus. Nos
demais casos, as terminações seguem o paradigma comum, sendo que o vocativo singular dos nomes em -eus é
-eu: Theseus, Theseu.
Quando as palavras terminam em -ius ou em -ium no nominativo singular, o genitivo singular pode (ou
não) apresentar dois -ii (contração do tema com a terminação): filius, filii; imperium, imperii.
Algumas palavras fazem o genitivo plural em -um em vez de -orum:
- as que designam dinheiro, medida e peso em combinação com numerais: duo milia nummum; binum, senum, e
outras.
A palavra Deus, i apresenta várias diferenças:
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bona, orum - bens materiais
castrum, i - castelo
castra, orum – acampamento
ludus, i - jogo, escola
ludi, orum - espetáculos, jogos públicos
Também nesta declinação existem pluralícios:
arma, orum - armas, munições
liberi, orum (ou liberum) - meninos, filhos
EXERCÍCIO
1) Decline as palavras a seguir.
a) Discipulus,i (m)
Nom.
Voc.
Gen.
Dat.
Abl.
Ac.
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Praemium, i (n)
Nom.
Voc.
Gen.
Dat.
Abl.
Ac.
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3ª. Declinação
Tema em i e Consonantal
genitivo -is
A 3a. é a declinação que abarca o maior número de vocábulos latinos. É uma declinação de nomes de
todos os gêneros, parissílabos e imparissílabos, com temas consonantais e temas vocálicos, cuja vogal temática
é i. Caracteriza-se também por possuir no nominativo singular uma grande variedade de terminações: nomes em
-or, -er, -os, -es, -o, -do, -go, -io, -as, -x , -aus, -ex, -men, -us, -is, -ar, -e, -al, consoante + -s, mistos. Todos,
porém, formam o genitivo singular em -is.
Gênero
Participam desta declinação nomes de todos os gêneros, os quais podem ser reconhecidos através de
longa regra:
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Exceções masculinas:
1. ordo, os concretos em -io e septentrio;
2. as, assis;
dens, fons, mons, pons;
dux e coniux são comuns de dois;
3. mus, muris.
Exceções neutras:
1. fas, nefas, vas.
III. Neutros são os nomes terminados em:
1. -a, -c, -l, -n, -t;
2. -us que não conservam o u no genitivo singular e demais casos;
também ius, iuris;
3. -ar, -e, -al;
4. -ur.
Exceções masculinas:
1. sol; sal;
2. lepus, leporis; tripus, tripodis.
Temas Consonantais - São os temas que, sem a desinência do genitivo plural, terminam em consoante:
homin-um.
homo, inis m. - homem, ser humano
Temas vocálicos - São os temas que, sem a desinência do genitivo plural, terminam com a vogal -i:
ciui-um. Os nomes de temas em i apresentam no genitivo singular a desinência -s.
ciuis, ciuis m.- cidadão, civil
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Nomes Parissílabos - São os que conservam no genitivo singular e demais casos (exceto o vocativo) o mesmo
número de sílabas apresentados no nominativo singular: mater, matris. A nomenclatura parissílabo e
imparissílabo não tem nada a ver com a dos números pares e ímpares.
Nomes Imparissílabos - São os que têm seu número de sílabas no genitivo singular e demais casos (exceto o
vocativo) maior que no nominativo singular: arbor, arboris.
O reconhecimento de nomes da 3a. declinação com tema consonantal ou vocálico, nomes parissílabos ou
imparissílabos funciona como uma regra (entre outras) e importa sobretudo para a utilização correta das
desinências de alguns casos:
Particularidades
A) O genitivo plural pode ser -um e -ium:
- os nomes imparissílabos, dos quais o radical termina em uma só consoante, e os nomes parissílabos senex,
pater, mater, frater, accipiter, iuuenis, canis, uolucris fazem o genitivo plural em -um;
- os nomes parissílabos, os imparissílabos com radical terminado em mais de uma consoante, os nomes com -i
no ablativo singular e em -ia no nominativo plural (cf. regras abaixo), os nomes lis, litis; fauces, faucium; uis;
plures e complures (entre mais uns poucos) fazem o genitivo plural em -ium.
Cf. paradigmas acima: homo, inis; ciuis, is.
B) O Acusativo singular apresenta geralmente a terminação em -em, no entanto, formam-no em -im:
- os nomes de rios e cidades terminados em -is;
- os nomes: sitis, tussis, vis, amussis, buris, rauis, febris, puppis, turris, securis.
A palavra sitis pertence a um pequeno grupo com temas puros em i. O i do tema permanece em todos os casos,
excetuando-se o nominativo plural, e pertence ao tema e não à desinência.
C) O ablativo singular termina geralmente em -e, porém, formam-no em -i:
- os nomes com -im no acusativo singular;
- os nomes neutros terminados em -ar, -e, -al;
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- os adjetivos de 2a. classe no grau positivo.
D) O nominativo neutro plural termina geralmente em -a, à exceção de alguns nomes que formam em -ia:
- os nomes neutros terminados em -ar, -e, -al;
- os particípios do presente;
- os adjetivos de 2a. classe no grau positivo.
Outras Particularidades
Há vocábulos (dicio, frux, ops, prex, uix, spons, fors, uis...) chamados defectivos, isto é, não apresentam
declinação completa, alguns não declinando no plural, outros possuindo poucos casos no singular. A palavra uis,
por exemplo, é defectiva no singular:
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Há também nesta declinação substantivos que apresentam significados distintos se ocorrentes no singular ou
plural:
aedes, is – templo
aedes, ium - a casa
carcer, eris – cárcere
carceres, um - cancelas, barras (de ferro)
facultas, atis – faculdade
facultates, um - bens, riquezas
finis, is – fim
fines, ium - confins, território
naris, is – narina
nares, ium - nariz
ops, opis – auxílio
opes, opum - poder, riqueza
pars, partis – parte
partes, ium - partido, papel numa peça teatral
sal, salis – sal
sales, ium - sais, argúcias
sors, sortis – sorte
sortes, ium - respostas do oráculo
Nota relativa à morfologia:
Muitos vocábulos sofrem mudanças morfológicas ao serem declinados. Para encontrá-los no dicionário, onde
aparecem no nominativo singular, faz-se necessário observar algumas regras concernentes aos radicais
terminados em consoante:
A) Radicais terminados em –l- ou –r- mantêm o l e o r no nominativo:
consul-is – nom. consul
fur-is – nom. fur
B) Radicais terminados em –d- ou –t- terminam em –s no nominativo:
ped-is – nom. pes
dot-is – nom. dos
C) Radicais terminados em –c- ou –g- terminam em –x no nominativo:
reg-is – nom. rex
duc-is – nom. dux
D) Radicais terminados em –on- ou –ion- terminam em –o ou –io no nominativo:
Scipion-is – nom. Scipio
praedon-is – nom. Praedo
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ADJETIVOS DE PRIMEIRA CLASSE E DE SEGUNDA CLASSE
Os adjetivos em latim são divididos em duas classes, para fins de enquadramento nas declinações. Assim, os
adjetivos que seguem as duas primeiras declinações, ou seja, a forma feminina segue a primeira declinação e as
formas masculina e neutra seguem a segunda, são considerados adjetivos da primeira classe.
Bonus, bona, bonum – bom, boa; (bona segue a 1a. declinação; bonus e bonum seguem a 2a.)
Jucundus, a, um – alegre;
Os adjetivos que seguem a terceira declinação em todas as suas formas são considerados de segunda classe.
Estes adjetivos podem ser uniformes, biformes ou triformes, dependendo de terem uma única forma para todos
os gêneros, ou de terem a mesma forma para o masculino e o feminino e uma outra forma para o neutro ou então
terem uma forma para cada gênero.
Communis, commune – comum; (a primeira forma corresponde ao masculino e feminino; a outra é o neutro)
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CASOS ESPECIAIS
1 – Os particípios presentes dos veerbos em latim terminam sempre em ‘ns’ e são conjugados como adjetivos de
segunda classe, seguindo a terceira declinação.
Exemplos:
2 – Quase sempre, os adjetivos desta classe são empregados também como substantivos.
Exemplos:
4ª Declinação
Tema em u
Genitivo -us
Declinação em u. À 4a. declinação pertencem todos os nomes que apresentam o genitivo singular em -us. De
gênero predominantemente masculino, umas poucas palavras são femininas e outras neutras.
Gênero
As palavras terminadas em -us são masculinas, com algumas exceções femininas: manus, porticus, domus,
tribus, acus, idus, nurus, socrus, anus.
São neutras as palavras que terminam em -u.
fructus, us m. - fruto, fruta
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genu, us n. - joelho
Particularidades
A terminação -ibus passa a ser -ubus para os seguintes nomes da 4a. declinação, que podem confundir-se com
alguns de 3a. no dat. e abl. plural: acus (f.), arcus (m.), artus (m.), lacus (m.), partus (m.), pecu (n.), quercus
(f.), specus (m. e f.), tribus (f.).
Dois nomes apresentam irregularidades: Jesus, u (m.) e domus, us (f.).
Domus é declinada às vezes como nome de 2a. declinação. Também conserva um sétimo caso: locativo,
resquício do indo-europeu, expressando o lugar onde alguém se encontra: dom-i, em casa. Existem ainda outras
palavras que seguem ou a 2a. ou a 4a. declinação, como: laurus, i ou laurus, us – loureiro; pinus, i ou pinus, us
– pinheiro; Idus, Iduum (dia 13 ou 15 do mês) é pluralício.
5ª. Declinação
Tema em e
Genitivo -ei
Sob a 5a. declinação reúnem-se os nomes com nominativo singular em -es e genitivo singular em -ei. A vogal
temática é e.
Gênero
Os poucos nomes desta declinação são de gênero feminino, excetuando-se dies e meridies que são masculinos.
Dies, porém, é feminino quando indicar prazo, dia fixo, ocasião.
res, rei f. - coisa
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Aula 5
1. Considerações gerais.
Os verbos constituem a classe gramatical mais difícil do latim, por sua imensa variedade e, principalmente, por
sua enorme versatilidade. Além de terem uma conjugação mais vasta do que em português, chegam a assumir
diversos modos excepcionais, o que torna imprescindível o uso do dicionário e da gramática, para sua tradução e
conjugação.
Uma característica importante é que não se usam os pronomes pessoais antes dos verbos, a não ser raramente,
para enfatizar. Devido à sua conjugação assumir uma desinência diferente para cada pessoa verbal, torna-se
desnecessária a indicação do pronome pessoal.
Os verbos em latim podem ser (como também em português) transitivos ou intransitivos, conforme a sua
necessidade ou não de objetos para a complementação do sentido. É importante sempre lembrar que a regência
dos verbos em latim nem sempre corresponde ao seu correlato em português. Ou seja, um verbo pode ser
transitivo direto em latim e pode não ser assim em português, e vice-versa.
2. Vozes do verbo
O latim tem três formas verbais de conjugação (vozes do verbo): ativa, passiva e depoente. Em português, só há
as duas primeiras. A forma depoente é uma característica do latim e se configura pelo uso da forma verbal na
voz passiva, no entanto, com o significado de voz ativa.
Explicando melhor. Tomemos o verbo ‘laudare’ (louvar). Na voz ativa, a primeira pessoa é ‘láudo’ (eu louvo);
na voz passiva, a primeira pessoa é ‘láudor’ (sou louvado). [OBS: O acento é apenas representativo da
pronúncia.] Como se vê, na voz passiva acrescenta-se um ‘r’ à primeira pessoa. Mas há, por exemplo, o verbo
‘lóquor’, que pela forma está escrito na voz passiva, porém significa ‘eu falo’, na voz ativa. Este é um verbo
depoente. Conforme disse acima, para conhecer as formas dos verbos, é indispensável o uso do dicionário. Não
há regra para isto nem há como memorizar todos os casos.
3. Conjugações
A língua latina tem quatro conjugações verbais, que se distinguem pela terminação do infinitivo:
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2ª conjugação – verbos terminados em ‘ére’ (‘e’ tônico);
Exemplos:
1ª conjugação: amare (amar), ambulare (andar), laborare (trabalhar), obtemperare (obedecer), vulnerare (ferir),
æstimare (apreciar);
2ª conjugação: monére (avisar); adhibére (usar); cohibére (reprimir); habére (ter); merére (merecer); placére
(agradar); tacére (calar); prohibére (proibir);
3ª conjugação: légere (ler); deféndere (defender); dícere (dizer); accéndere (subir); statúere (estabelecer); dúcere
(conduzir); tóllere (tomar);
4ª conjugação: audire (ouvir); custodire (guardar); dormire (dormir); erudire (ensinar); impedire (impedir);
munire (fortificar); nutrire (alimentar).
4. Notações gramaticais
Tendo em vista que os verbos em latim assumem grande versatilidade nas formas, costuma-se citar um verbo
mencionando as suas formas básicas, que são: primeira e segunda pessoa do singular do presente, primeira
pessoa singular do pretérito perfeito, supino e infinitivo. É assim que comumente eles se encontram nos
dicionários. Ao verificar estas formas, percebe-se logo se o verbo é regular ou irregular, bem como orienta-se a
sua conjugação, conforme será explicado posteriormente.
Laudo [1ª pes. Sing. Pres.), laudas [2ª pes. Sing. Pres.], laudavi [1ª pes. Sing. Pret. Perf.], laudatum [supino,
assemelha-se ao particípio passado], laudare [infinitivo]. Percebe-se que é um verbo regular, porque conserva as
formas padronizadas da 1ª conjugação (‘avi’ no pret.perf. e ‘atum’ no supino).
Móneo, mónes, mónui, mónitum, monére – também é regular, pois conserva o padrão da 2ª conjugação (‘ui’ no
pret.perf. e ‘itum’ no supino).
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Exemplo 3: o verbo ‘dare’ (dar) encontra-se assim:
Do, das, dedi, datum, dare – é um verbo irregular, pois não conserva o padrão ‘avi’ no pret.perf. como os verbos
regulares da primeira conjugação (terminação ‘are’).
Máneo, mánes, mánsi, mánsum, manére – é um verbo irregular, pois não conserva o padrão ‘ui’-‘itum’ da 2ª
conj.
5. Tempos primitivos
A consulta dos verbos no dicionário deve ser feita pela primeira pessoa do singular, conforme dito antes.
Associados a ela encontramos os tempos primitivos do verbo, pelos quais é possível verificar se o verbo tem
conjugação regular ou irregular e ainda é possível compor os seus diversos tempos conjugáveis.
supino = laboratum
infinitivo = laborare.
Trata-se de um verbo regular da primeira conjugação. Aliás, os verbos da primeira conjugação, na sua grande
maioria, são de conjugação regular.
Outro exemplo:
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com o verbo ‘eligere’ (eleger, escolher) está assim: eligo, is, elegi, electum, eligere.
Observa-se que:
a) são verbos irregulares, porque alteram os radicais (respond- e elig-) nos tempos primitivos;
b) o verbo ‘respondere’ é da segunda conjugação pois tem a segunda pessoa do presente do indicativo em ‘es’;
d) assim sendo, o verbo ‘respondére’ é paroxítono e o verbo ‘elígere’ é proparoxítono (terminação verbal tônica
na 2.ª conjugação e átona na 3.ª);
Exemplos:
derivações –
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futuro do presente (eligam, eligas, eligat, eligamus, eligatis, eligant).
derivações –
mais que perfeito indicativo (elegeram, elegeras, elegerat, elegeramus, elegeratis, elegerant);
mais que perfeito subjuntivo (elegissem, elegisses, elegisset, elegissemus, elegissetis, elegissent).
Supino: electum;
derivações :
electus sum (eu fui eleito), electus eram (eu fora eleito); electus sim (eu tenha sido eleito).
OBS: Nos tempos compostos, conjuga-se com o auxílio do verbo ‘esse’ (ser).
Imperativo —— —— —— —— —— ——
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1ª conjugação
dare - dar
e Futuro perfeito
erō eris erit erimus eritis erunt
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i a Imperfeito darer darēris darētur darēmur darēminī darentur
v s
o s datus1 datus1 datus1 datī 2
datī 2
datī 2
Perfeito
i sim sīs sit sīmus sītis sint
v
o Mais-que-perfeito datus1 datus1 datus1 datī 2
datī 2
datī 2
Imperativo —— da —— —— date ——
2ª conjugação
videre - ver
o Futuro perfeito
erō eris erit erimus eritis erunt
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u c Imperfeito vidērem vidērēs vidēret vidērēmus vidērētis vidērent
b t
j i Perfeito vīderim vīderīs vīderit vīderīmus vīderītis vīderint
u v
n e Mais-que-perfeito vīdissem vīdissēs vīdisset vīdissēmus vīdissētis vīdissent
c
t Presente videar videāris videātur videāmur videāminī videantur
P
i
v
a Imperfeito vidērer vidērēris vidērētur vidērēmur vidērēminī vidērentur
s
o
s vīsus1 vīsus1 vīsus1 vīsī 2
vīsī 2
vīsī 2
Perfeito
i sim sīs sit sīmus sītis sint
v
o Mais-que-perfeito vīsus1 vīsus1 vīsus1 vīsī 2
vīsī 2
vīsī 2
3ª conjugação
dicere - dizer
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v dictus1 dictus1 dictus1 dictī 2
dictī 2
dictī 2
Perfeito
o sum es est sumus estis sunt
4ª conjugação
scire - saber
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a o Perfeito scīvī scīvistī scīvit scīvimus scīvistis scīvērunt
t
i Futuro perfeito scīverō scīveris scīverit scīverimus scīveritis scīverint
v
o Mais-que-perfeito scīveram scīverās scīverat scīverāmus scīverātis scīverant
o Futuro perfeito
erō eris erit erimus eritis erunt
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CURSO DE LETRAS
ATIVIDADE ORIENTADA 1
TEXTO COMPLEMENTAR
IMPORTÂNCIA E ATUALIDADE DO LATIM
Você, com certeza, já deve ter feito e enviado o seu “curriculum vitae”... ou já ouviu os noticiários
da TV falar em renda “per capta”, ou que fulano de tal comprou um “duplex”. Você já assistiu ao filme
“Sociedade dos Poetas Mortos”, no qual a frase “Carpe Diem” é intensamente utilizada? Quem nunca ouviu
falar em álibi, que levante a mão. E o “vide bula”, escrito na caixa de remédio? Como podem ver, tudo isso é o
Latim no nosso cotidiano. No passado, o Latim deveu sua importância ao prestígio de Roma, pois foi a língua
de comunicação de toda a Europa. Hoje, a língua e a rica literatura deixada pelos romanos, que se estende por
outras áreas do conhecimento como Historia, Filosofia, Teoria Literária, Antropologia, Medicina, Botânica,
Zoologia etc., e o interesse linguístico pela mesma, explicita a importância do conhecimento do Latim, mesmo
depois de ter sido abolido das escolas pela reforma do ensino brasileiro de 1964, pois era obrigatória nos quatro
anos do ensino ginasial até 1961, quando entrou em vigor a LDB (Lei de Diretrizes e Bases - 4024/61).
O Papa Bento XVI, por meio da Carta Apostólica Motu Próprio, autorizou, recentemente, a missa
em Latim. E, tão interessante quanto o P.S. ao final de uma carta, que é Latim: “Post scriptum” (pós-escrito), é
o nosso tão usado etc.: abreviação de et caetera (e as demais coisas).
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O que se herdou do Império Romano ao longo de vinte e sete séculos também está nas tecnologias
mais modernas: na fecundação in vitro, no fax, que é a abreviação de fac símile (“faze igual”). O Latim é
utilizado a todo o momento. É claro que não nos comunicamos em Latim como nos tempos do Império
Romano, mas ainda utilizamos diversas expressões.
Eis mais alguns exemplos de como o Latim está vivo no nosso dia a dia. Idem é Latim; grosso
modo também é Latim e, por isso, não é correto dizer “a grosso modo”; Supra summum; causa mortis (causa
da morte) utilizado também em certidões de óbito; ipsis litteris (com as mesmas letras), ou seja, textualmente;
vice versa (em sentido oposto, reciprocamente, ao contrário); a priori (anteriormente a experiência); exempli
gratia (por exemplo) abrevia-se e.g.; Homo sapiens (homem sábio) nome científico da espécie humana; alter
ego (outro eu) pessoa em que se pode ter a mesma confiança; mutatis mutandis (mudando o que tem que ser
mudado); Ave, Maria (Salve, Maria!); pari passu (a passo igual) acompanhando lado a lado; persona non
grata (pessoa não grata); conditio sine qua non (condição sem a qual não); ad hoc (para isso); sui generis (de
seu próprio gênero); tabula rasa (tábua rasa) em filosofia, vazio total que caracteriza a mente antes de qualquer
experiência; vade mecum (vem comigo) nome que se dá a livrinho portátil de conteúdo prático; vade retro (sai
da minha frente); aedes aegypti nome científico do mosquito que transmite a dengue. Ufa! Quantos exemplos.
O Latim, a língua mater, não morreu, transformou-se desde o Latim Clássico, passando pelo
Vulgar, até as suas línguas filhas. O romanço foi uma língua única falada em toda vastidão do Império Romano.
Essa língua fracionou-se e passou a sofrer profundas modificações em sua estrutura lexical e sintática dando
origem às chamadas línguas românicas, novilatinas ou neolatinas. Estas línguas são o resultado do encontro
desse romanço com as demais línguas faladas pelos povos dominados pelos romanos. São elas:
Português: falado em Portugal, nas colônias portuguesas espalhadas pelo mundo e no Brasil.
Espanhol: baseado no dialeto castelhano que, a partir do séc. XIII, começa a sobrepujar política e
culturalmente os outros dialetos da península: asturiano, lionês, catalão, andaluz etc. Estes passam a simples
falares regionais.
Catalão: primitivamente língua da Catalunha, tinha, na Idade Média, uma literatura desenvolvida.
Com a predominância política do castelhano, vai diminuindo sua esfera de influência, até mesmo na Catalunha.
Provençal: também chamado de “langue d’oc”. Falado no sul da França, desenvolveu uma rica
literatura na Idade Média. No séc. XIII, começa sua decadência, suplantada pelo Francês.
Francês: também chamado de “langue d’oil”, baseia-se no dialeto de Paris. No séc. XV, completa
seu domínio sobre todos os outros dialetos, inclusive sobre o Provençal.
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Italiano: a partir da segunda metade do séc. XIII, o dialeto toscano se converte em base do italiano
literário, graças às obras dos grandes florentinos Dante Alighieri, Petrarca e Bocaccio.
Sardo: língua da Sardenha, sem literatura. Desenvolveu uma forma peculiar por estar em uma ilha
isolada do Continente, a Sardenha. Rético: também chamado de falares ladinos e reto-romano, localizado na
região média e oriental dos Alpes, no alto Danúbio. Atualmente sofre a concorrência de outras línguas,
principalmente o italiano, e vai cedendo terreno a estas línguas.
Romeno: língua da região da Dácia, que fez parte do Império Romano de 107 d. C. até 275 d. C., e
que conserva sua romanidade mesmo depois da saída da administração romana. A partir do séc. VI, sofre
influência dos eslavos, o que acarreta uma invasão de elementos eslavos na língua: Apesar disto, conserva seu
caráter fundamental de língua românica.
Dalmático: língua considerada morta, extinta desde 1898. Através dos tempos essas línguas
ultrapassaram as fronteiras da Europa: o Português, o Espanhol e o Francês atravessaram os oceanos e se
implantaram na África e nas Américas. Hoje, as línguas românicas são faladas por milhões de pessoas. Veja, no
quadro 1, as transformações que o Latim sofreu para chegar às Línguas Românicas:
QUADRO 1
Ego Io Yo Eu Je
Ille Il El Ele Il
Podemos comprovar, através das palavras do quadro, que o radical latino está presente em todos os
vocábulos das respectivas línguas e que não apenas os falantes do Português, mas também os que falam línguas
oriundas do Latim utilizam bastante este idioma no dia a dia.
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Para que você possa comparar e comprovar que as línguas românicas são a continuação do Latim,
observe, logo abaixo, o artigo 1º da Declaração dos Direitos Humanos nas várias línguas neolatinas:
Castelhano ou espanhol: Todos los seres humanos nacen libres e iguales en dignidad y derechos
y, dotados como están de razón y conciencia, deben comportarse fraternalmente los unos con los otros.
Catalão: Tots els éssers humans neixen lliures i iguals en dignitat i en drets. Són dotats de raó i de
consciència, i els cal mantenir-se entre ells amb esperit de fraternitat.
Português: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de
razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Francês: Tous les êtres humains naissent libres et égaux en dignité et en droits. Ils sont doués de
raison et de conscience et doivent agir les uns envers les autres dans un esprit de fraternité.
Provençal: Tóuti lis uman naisson libre. Soun egau pèr la digneta e li dre. An tóuti uno resoun e
uno counsciènci. Se dèvon teni freirenau lis un ‘mé lis autre.
Italiano: Tutti gli esseri umani nascono liberi ed eguali in dignità e diritti. Essi sono dotati di
ragione e di coscienza e devono agire gli uni verso gli altri in spirito di fratellanza.
Romeno: Toate fiintele umane se nasc libere si egale în demnitate si în drepturi. Ei sînt înzestrate
cu ratiune si constiinta si trebuie sa se comporte unele fata de altele în spirit de fraternitate.
Sardo: Totu sos èsseres umanos naschint lìberos e eguales in dinnidade e in deretos. Issos tenent sa
resone e sa cussèntzia e depent operare s’unu cun s’àteru cun ispìritu de fraternidade.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADnguas_rom%C3%A2nicas
Vejamos mais alguns exemplos que mostram como o latim está presente no dia a dia. Domĭnus é
latim e significa senhor: domínio, dominar, dominação e condomínio. Todas essas palavras têm algo em
comum: o mesmo radical do vocábulo latino. Sem esquecer-se de Dom Pedro I, ou Senhor Pedro I?... “Também
o adjetivo dominicus (do senhor), nome a que Constantino atribuiu o primeiro dia da semana, tornou-se
domingo” (VIARO, 1999).
Do adjetivo latino saluber (bom para saúde, salutar) temos seu radical em salubre, propício a
saúde, insalubre, que não é salubre, tendo como vocábulo mais conhecido insalubridade. Do substantivo regis
(rei) temos régio, regime. O verbo discĕre (aprender) tem seu radical em discípulo e discente. Isso explica por
que discente não se escreve com SS. Docente se escreve com C por que vem do radical de docēre (ensinar).
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Temos também palavras compostas como terremoto (terrae + motus = movimento da terra). O mesmo para o
vocábulo maremoto, (mare + motus) = movimento do mar.
Com os verbos também as mesmas transformações: capto (tomar, apanhar, agarrar, pegar)
(SARAIVA, 2000) e excepto = ex (de, fora de) + cepto (apofonia capto>cepto). Este deu origem ao substantivo
exceptio = ato de retirar. Daí, em Português, exceção, que significa desvio de regra, com Ç, pois todo ti latino
originou ç em Português. E só para comprovar a origem do ç por meio do ti latino... gratia (graça); capitia
(cabeça); pretiu (preço). O verbo latino volare (voar) perdeu o l intervocálico e o e final, isso também aconteceu
com colore (cor) e dolore (dor).
Mas será que o radical vol- do verbo latino aparece em algum vocábulo no português? Sim,
aparece. Você já ouviu falar em volátil??? O álcool é uma substância volátil. Se você colocar um pouco de
álcool em uma superfície, logo ele desaparecerá, ou seja, o álcool irá voar, sumir. O verbo amare significa
amar. O seu particípio presente, que é uma das formas nominais do verbo latino, é amans, amantis (aquele que
ama), ou seja, amante. Hoje, grosso modo, o sentido é outro, ou seja, é a “outra” ou o “outro”.
Nesse mesmo ritmo segue o verbo carēre (não ter), o particípio presente é carens, carentis (aquele
que não tem), o carente; serpĕre (andar de rastos, serpear), o particípio presente é serpens, serpentis (aquele que
rasteja), donde surge o vocábulo serpente. Clepĕre é roubar e seu particípio passado é cleptum. Encontramos
esse radical no vocábulo cleptomaníaco. De um só verbo latino, agĕre (fazer), surgem três palavras distintas:
ato, ata e agenda. O particípio passado é actus (o que foi feito), daí temos o ato. Do mesmo particípio temos a
forma neutra acta (as coisas que foram feitas), em Português, ata. E do gerundivo, que também é forma nominal
dos verbos latinos, temos agenda (as coisas que devem ser feitas), daí, em Português, agenda. Agora, se
definirmos cada uma dessas palavras, ato, ata e agenda, veremos o que elas fazem. E ainda: o particípio
presente deste mesmo verbo é agens, agentis (aquele que faz), em Português, o agente, (de polícia, ou
funerário...).
Depois dessa pequena e interessante trajetória etimológica de alguns vocábulos latinos, podemos
concluir que é assim que o Latim ainda vive, sobrevive e convive no nosso cotidiano. É indispensável que nós,
já professores ou futuros professores, orientemos os nossos alunos a reconhecer a íntima relação de maternidade
entre a Língua Latina e a Língua Portuguesa, pois o estudo do Latim nos permite maior fundamentação do
léxico das línguas românicas e os percursos etimológicos e a evolução semântica contribuem para desfazer o
preconceito de Latim como língua morta, verificando que, por meio das palavras, o Latim continua vivo,
justificando, assim, o seu ensino em pleno século XXI.
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