Você está na página 1de 46

Contribuições do latim e do grego ao

português
Profª. Fernanda Lemos de Lima   Profª. Márcia Regina de Faria da Silva

Descrição

Presença e influência do latim e do grego na língua portuguesa.

Propósito

Compreender a presença do latim e do grego na língua portuguesa para ampliar a competência linguística.

Preparação

Tenha em mãos um dicionário de Linguística para consultar os termos específicos da área. Na Internet, você
pode acessar o Dicionário de Termos Linguísticos, hospedado no Portal da Língua Portuguesa.

Objetivos
Módulo 1

A influência da língua grega


Reconhecer os elementos de origem grega no português.

Módulo 2

A influência da língua latina


Identificar a influência da língua latina na língua portuguesa.

Introdução
A língua portuguesa que falamos no Brasil veio de Portugal. Entretanto, até se consolidar como
língua de Portugal e de lá ser levada para outros continentes, ela passou por vários estágios
anteriores, tendo se originado do latim, com influência de outras línguas, como o grego. Ou seja, é
uma longa história de encontros e transformações que tem sua origem numa família de línguas
muito antiga, a indo-europeia.

Neste conteúdo, você conhecerá um pouco da história das línguas, dos seus contatos e, sobretudo,
refletirá sobre a presença do grego e do latim no português que você fala no dia a dia.
1 - A influência da língua grega
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os elementos de
origem grega no português.

A influência do grego

“Como assim?” você poderá se perguntar. Essa ideia é problemática!

Ideia é uma palavra que vem da língua grega antiga (idea) e está ligada ao verbo eidein, que significa “saber”.
Problemática está ligada à palavra “problema”, que temos em português e indica aquilo que projeto, que
está diante de mim e, por consequência, pode ser um obstáculo: pro é uma preposição grega e ballo é o
verbo lançar.

Como você pode perceber, há uma relação entre o grego e o português que vale a pena conhecer!

A presença da língua grega no uso cotidiano do


português
"A economia em crise é o assunto de maior polêmica entre políticos".

Esse é um enunciado que poderíamos facilmente ouvir em um noticiário do dia a dia. E nessa fala cotidiana,
temos quatro vocábulos que são originários da língua grega e chegaram ao português por meio do latim.

A palavra economia também é grega e é formada a partir dos vocábulos oikos (casa/lar) e nomos
(ordenação/lei). Ou seja, economia é a ordenação do lar.

Crise também é uma palavra grega e significa decisão, dificuldade.

Polêmica, por sua vez, também é uma palavra grega e está ligada à ideia de guerra.

Por último, política é igualmente uma palavra grega e está ligada à ideia de pólis, cidade, e se refere a tudo
que diz respeito à gestão da cidade.

Agora você percebeu que fala grego de fato!

A resiliência da língua grega


A língua grega, helleniká em grego, a língua falada pelos helenos, definitivamente é um idioma resistente.
Vem sendo falada há mais de 3.000 anos e passou a produzir literatura em torno do século VIII a.C.

As primeiras obras da Literatura Ocidental — A Ilíada e A Odisseia — tiveram a língua grega como idioma de
expressão. Note que, mesmo depois da queda do império Romano do Oriente em 1453 — um império que se
expressava em grego — a língua continuou sendo falada, escrita e cantada.
Ulisses e as sereias, por Herbert James Draper (1909).

A língua grega, no decorrer de sua história, passou por várias fases. A língua grega contemporânea é
também chamada de grego-moderno.

O grego moderno é a língua da Grécia e também do Chipre. Além disso, segue ativa, mesmo em outros
idiomas, como no próprio português, não apenas pela permanência de palavras nessas línguas, mas por ter
suas raízes, prefixos e sufixos utilizados em novas elaborações vocabulares, como você verá ao longo deste
módulo.

O indo-europeu, o grego e o latim


A língua grega é de origem indo-europeia, como é o caso do latim.

Mas o que é o indo-europeu? O indo-europeu é uma família linguística que congrega línguas e dialetos da
Europa, da Índia, da Ásia Central e da Anatólia.

A concepção de uma família linguística começa a ser gestada pelos estudos históricos comparativos que
viriam a ser realizados por viajantes europeus, os quais passam a observar as semelhanças entre as línguas
da Índia, o grego e o latim. Destaca-se a figura do linguista holandês Van Boxhorn (1612-1653), cujos
estudos levaram à proposição da existência de um idioma originário comum para o grego, o latim, o
holandês, o persa e o alemão.

Retrato de Marcus Zuerius van Boxhorn, por autor desconhecido.

Outros estudiosos seguiram a pista de comparação entre as línguas, mas o termo Indo-europeu foi
empregado apenas no século XIX, pelo cientista e egiptólogo britânico Thomas Young (1773-1829). Mais
tarde, na obra do linguista alemão Franz Bopp (1791-1867), Gramática Comparada da Linguística Indo-
europeia, um marco nos estudos da linguística histórica comparada, o termo indo-europeu foi consagrado.

Comparando aspectos lexicais e morfológicos dessas línguas, os pesquisadores chegaram à conclusão de


que um tronco linguístico, chamado indo-europeu, gerou outros troncos que também evoluíram e geraram
línguas antigas da Europa e da Ásia. Sendo assim, várias línguas, entre elas o grego e o latim, pertencem a
uma única família linguística.

O indo-europeu, como não possui qualquer registro escrito, é hipotético, mas tem sua existência atestada
pelo método histórico-comparativo.

A presença do grego na língua latina


A Literatura Grega no ambiente romano foi uma referência indelével. Ela era uma espécie de modelo a ser
emulado, copiado pelos autores posteriores. Isso fez com que muitos termos gregos da Literatura e de
diversas outras áreas, como Filosofia, Matemática e Medicina, por exemplo, fossem transcritos em latim.
Esses termos foram fartamente utilizados na literatura latina e, igualmente, na língua cotidiana, vindo a
permanecer presentes no latim vulgar, fase que dará origem aos romances ou línguas que gerarão as
línguas neolatinas.

Todavia, os termos gregos chegaram ao português não apenas pelo latim vulgar. Muitos textos da cultura
grega foram redescobertos durante o Renascimento, e outros vocábulos helênicos se tornaram correntes
nas áreas de Arte, Filosofia e Medicina.

Diante desse pequeno histórico, você pode perceber a complexidade do processo de constituição do
português e a importância do grego como elemento de formação da língua portuguesa.

Romances
Romance ou romanço são termos que designam as várias línguas que se desenvolveram a partir da introdução
do latim na Península Ibérica e em outras regiões que o Império Romano abrangia.

Não confunda romance ou romanço, que precedeu as línguas neolatinas, com o romance, como forma ou
gênero literário.

A formação das palavras em português e a


presença do grego
Quando vemos um pouco da formação da língua portuguesa, fica mais fácil aceitar a ideia de que, de certo
modo, falamos grego em nosso cotidiano. Entretanto, à diferença do latim, que será estudado no próximo
módulo, você verá que a presença da língua grega no português se dará na formação das palavras.

Vale lembrar que toda língua em uso, ou seja, falada e escrita atualmente, é dinâmica e forma novos
vocábulos o tempo todo. Nesse processo, vamos identificar alguns elementos da língua grega que
continuam formando palavras novas — neologismos — no português.

Você verá que, em algumas áreas mais específicas, como as ciências biológicas, matemáticas e da
natureza, o uso de raízes, prefixos e sufixos de origem grega é muito utilizado para criação de novas
nomenclaturas e conceitos.

Mesmo no seu cotidiano, você poderá se deparar com novas palavras que trazem elementos gregos.

Vamos ver um exemplo?

Anti

Prefixo que vem do grego e significa algo que é contrário.


add

Depressivo

Palavra que remete ao substantivo depressão.

Assim, antidepressivo trata de algo que combate (é contra) a depressão.

Para que você possa perceber melhor a presença desses elementos gregos no seu cotidiano de falante do
português, vamos observar como se dá, na língua portuguesa, o processo de formação de palavras com
acréscimos de elementos de origem grega.
Palavras simples, compostas e derivadas
Em português, encontramos palavras simples, compostas e derivadas.

As palavras simples apresentam uma única raiz, ou seja, um único núcleo de significado.

Exemplo: Na forma verbal “bebemos”, o núcleo de significado está em bebe-, enquanto -mos é a desinência
que indica número e pessoa, ou seja, 1ª pessoa do plural.

Palavras Compostas

As palavras compostas são aquelas que apresentam duas ou mais raízes ou núcleos de significado,
por exemplo, “guarda-chuva”, que apresenta a ideia do verbo guardar e o substantivo chuva.
add

Palavras Derivadas

As palavras derivadas, como o nome indica, derivam de outra, ou seja, vêm de outra palavra já existente
pelo acréscimo de prefixos ou de sufixos, ou ainda dos dois elementos. Elas podem apresentar um
prefixo e uma raiz, como o caso do verbo “antever”, em que há o prefixo latino ante (antes) e o verbo
ver, ou seja, ver algo antes. Acrescentou-se, portanto, uma nuança de significado ao verbo ver.

Os sufixos guardam um significado de modificação da palavra original e criam um novo vocábulo que pode
ser da mesma classe ou de outra.

Veja um exemplo: “livraria” é derivada da palavra livro. Nela, você encontra a raiz livr- acrescida do sufixo -ia,
que pode indicar coleção, qualidade. Ou seja, uma livraria seria uma coleção de livros. Vale ressaltar que,
curiosamente, livro é uma palavra que vem do latim e o sufixo -ia é de origem grega, ou seja, houve a
formação de uma palavra em português, a partir do latim e do grego.

Vamos observar mais detalhes para poder perceber melhor a presença da língua grega no vocabulário do
português.

Os prefixos gregos na língua portuguesa


Agora que você já relembrou os modos de formação de palavras em língua portuguesa, vai observar alguns
dos prefixos gregos mais utilizados em português. Afinal, talvez você não tenha se dado conta, mas ao falar
que vai ao hipermercado, você está usando uma palavra com prefixo grego. Isso porque hiper- (super, acima)
é um prefixo grego... e você talvez jamais tivesse pensado nessa hipótese. Aliás, temos novamente uma
palavra de origem grega — hipótese — com o prefixo hipo- (sob), além da raiz tese (lugar, posição).

Agora, você estudará alguns dos principais prefixos de origem grega e poderá conferir exemplos para cada
um deles:

PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO EXEMPLO

a/na- a/an privação, negação acéfalo, aculturado

antissequestro,
anti- anti- posição contrária
antisséptico

dis- dys- dificuldade disfunção, disforia

epi- epi- sobre, acima epiderme, epidemia

eu-/ev- eu- bem, bom evangelho, euforia

hipertensão,
hiper- hyper- sobre, superior
hipermercado

hipotensão,
hipo- hypo- abaixo, inferior
hipossuficiente

metáfora,
meta- meta- depois, meio
metamorfose

para- para- ao lado, junto paralelo, paramédico

peri- peri- em torno perímetro, periferia

simultâneo,
sin-/sim- syn- síncrono, simpático
companhia

Quadro: prefixos de origem grega.


É importante compreender que, independentemente de a raiz ou o prefixo serem de origem grega ou latina,
ou ainda de outra língua, eles poderão se combinar na formação de uma nova palavra em português.

Vamos ver um exemplo!

No enunciado anterior, é mencionada uma nova lei que passou a vigorar no Brasil há alguns anos. A lei tem
por nome um neologismo, uma palavra nova formada de um prefixo grego anti- unido ao vocábulo inglês
bullying. Ou seja, você percebe como os elementos gregos continuam ativos no português e, ao mesmo
tempo, como o processo de formação combina elementos de diferentes origens para formar novos
vocábulos no português.

Sufixos gregos na língua portuguesa

Os sufixos são elementos formadores de vocábulos cuja versatilidade é imensa. Isso porque, como já foi
dito, eles podem criar palavras diferentes e ainda modificar a classe de palavras no processo de derivação.

E quais seriam os sufixos gregos no português? Vamos ver!

Vamos começar pelos formadores de nomes:

PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO EXEMPLO

coleção, acúmulo,
-ia ia perfumaria, livraria
qualidade

crença, sistema, Iluminismo,


-ismo -ismos
conceito, prática charlatanismo

agente de uma ação,


maquinista, maoísta,
-ista -ista relação de
socialista
pertencimento
PORTUGUÊS GREGO NOÇÃO EXEMPLO

-ite -ite inflamação flebite, rinite

alteração patológica,
-ose -osis escoliose, psicose
modificação

Quadro: sufixos de origem grega.

O sufixo formador de verbo de origem grega é -izar. Ele indica a realização do processo da palavra ao qual
se liga.

Exemplos:

problematizar, tornar algo problemático.

martirizar, tonar algo ou alguém alvo de martírio.

Em uma linguagem mais chula, temos o neologismo “escrotizar”, agir de maneira errada, em palavra de
baixo calão, “escrota”. Esse sufixo tem enorme utilização na criação vocabular da língua portuguesa.

Atenção!
A partir do conhecimento desses elementos de formação de origem helênica, você pode começar a
perceber com mais facilidade os significados de palavras desconhecidas. Ou seja, se você conhece os
elementos de modo separado, poderá reconhecer com mais facilidade sua combinação em palavras
desconhecidas!

Raízes gregas na língua portuguesa

As raízes gregas dos vocábulos da língua portuguesa são bastante numerosas e, uma vez que você passe a
observar como elas aparecem nas palavras, sua compreensão vocabular será bastante ampliada. Mesmo
que você nunca tenha ouvido ou lido a palavra, por conhecer os elementos que a compõem, poderá deduzir
o seu significado primeiro.

Observe a seguinte frase:

“O autódromo de Jacarepaguá receberá mais uma prova automobilística.”

Autódromo e automobilística são palavras que trazem raízes gregas. E note: não havia ainda o automóvel na
Grécia antiga, mesmo assim, são as raízes de origem grega que serão tomadas para as elaborar!
Vamos entender:

autos

autos significa ”mesmo”, “próprio”. Automóvel é algo que se move por si mesmo, não precisa ser
puxado para andar. Automobilismo é o esporte realizado com automóveis.

arrow_forward
dromo

E dromo aparece em outras palavras da língua portuguesa? Sim! Em hipódromo, em que hipo (hyppo) é
a palavra cavalo (e não deve ser confundida com o prefixo hypo-) acrescida à dromo, ou seja, o lugar
em que os cavalos correm. Dromo aparece ainda em kartódromo.

Assim, autódromo é uma palavra que traz a ideia de lugar onde se corre (dromo) e a palavra auto já está
ligada à ideia de automóvel, mas com a eliminação da raiz “móvel”, o que é bem curioso.

Vamos ver mais exemplos?

Em uma reportagem de jornal, você se depara com a notícia sobre estratégias de repressão ao narcotráfico.
Será que o grego também está nessa reportagem?

Veja:

Perceba que há várias raízes gregas na língua portuguesa. “Narco” e “estratégia” são palavras de origem
helênica. Então você já identificou dois elementos gregos em nosso exemplo. Mas ainda há a palavra
“problema”, outro vocábulo de origem grega. Ou seja, você viu novamente que, no cotidiano, continuamos
falando grego. Agora, como usar esse conhecimento para enriquecer nosso vocabulário?

Vamos tomar a palavra “estratégia”, que se refere à logística de combate. Em grego, strategós é o general,
aquele que determina os procedimentos em batalha. Você pode tanto puxar pela sua memória, quanto
buscar em um dicionário on-line, para identificar outras palavras que utilizem essa raiz.

Vamos experimentar? Podemos encontrar, a partir de estratégia, o adjetivo “estratégico”, o advérbio


“estrategicamente” e o substantivo “geoestratégia”, que significa utilizar dados geográficos para determinar
uma estratégia militar. Justamente porque você sabe que geo- é uma palavra ligada à ideia de terra, de
espaço na terra, você pode inferir que se trata de uma estratégia ligada à compreensão do espaço em
determinado terreno.

Atenção
Na prática, quanto mais você souber determinar a origem de uma palavra, mais fácil será compreender o
significado de palavras desconhecidas, aumentar sua precisão vocabular e, evidentemente, seu domínio da
língua portuguesa.

Os vocabulários gregos nas diversas áreas de


conhecimento

Em muitas áreas específicas, há uma larga utilização de raízes, prefixos e sufixos gregos. Entretanto, por
mais que sejam determinadas, como medicina, economia, matemática, geografia, linguagem ou artes, elas
aparecem em leituras cotidianas, como jornais e revistas.

Algumas palavras que estarão em vários domínios de conhecimento são logos (palavras, discurso); o que
estará na ideia de estudo (logia ).

Por exemplo, na palavra metodologia, você encontrará a junção de meta-, que é a preposição que indica
meio, odo (de odós), a raiz, que significa “caminho”, com a palavra logia. Assim, metodologia (meta + odo +
logia) é o caminho que eu uso para estudar algo.

Morfologia também é um termo usado em várias áreas e significa estudo da forma. Logia, você já sabe,
significa estudo. Morfo carrega a ideia de forma. Então, morfologia verbal é o estudo das formas verbais.

Além das áreas específicas de estudo, você também pode ouvir esses termos em veículos de comunicação.
Vejamos algumas raízes gregas em áreas específicas!

Na Geografia expand_more

O próprio nome da área pode ser Geografia ou Geopolítica. Essa última nomenclatura já apresenta
duas raízes gregas: geo- e política. Política você já estudou em nosso módulo. A segunda está ligada
à ideia de terra, em grego gaia/ge, que resulta “geo-”em português. Geografia é a escrita (grafia) da
terra. Geologia é o estudo (logia) da terra. E geometria? É a medida (metria) da terra, do espaço, e
será utilizada nos estudos geográficos e, evidentemente, na Matemática, pois implica cálculos.

Na Biologia expand_more

Novamente, o nome da área de conhecimento é de origem helênica. Bíos, “bio-” em português,


significa vida. Assim, Biologia é a área de estudos da vida.

Quer ver mais alguns termos? Ecossistema. Eco se liga à palavra oikos, a mesma que forma o
vocábulo economia em português. Se economia é a ordem da casa, o que é um ecossistema? É o
sistema da casa? Mais ou menos. Se entendermos que o planeta é a nossa “casa” primeira, sim.
Logo, ecologia será o estudo da “casa” ou do nosso planeta como um todo. O ecossistema é o
sistema de funcionamento do planeta como uma inteireza, em que todos os elementos estão
correlacionados e se afetam mutuamente.

Na Economia expand_more

Esse termo você já conhece! Mas em que outros conceitos de economia o vocabulário de origem
helênica surge? Você já ouviu falar em Criptomoeda? Vamos ver esse verbete a partir do seguinte
texto:

Criptomoeda: Criptomoeda é um tipo de moeda virtual que utiliza a criptografia para garantir mais
segurança em transações financeiras na Internet. Em todo o mundo existem diversos tipos de
criptomoeda, sendo o bitcoin a mais conhecida delas. (TAJRA, 2021, s.p.)

Moeda você sabe o que é... mas cripto? Cripto, em grego, é algo escondido. Daí, uma mensagem
criptografada é uma mensagem escrita de modo a não se dar a ver facilmente, logo, a mensagem
está escondida.
Nas áreas de Engenharia e Física expand_more

O termo “física”, do grego fysis, está relacionado à natureza. E, justamente por isso, é uma área de
estudos que remete a vários termos cunhados na antiguidade helênica, como átomo, algo que é não
(a- negação) divisível (tomos- divisão).

Outra palavra é termodinâmica. Nele, termo- traz a ideia de calor/temperatura, acrescida à ideia de
forca (dynamis). Aerodinâmica é uma palavra que será cunhada a partir da mesma ideia de força,
acrescida da ideia de aer, em aéreo.

Nós poderíamos passar muito tempo procurando exemplos e encontrando neologismos com a utilização de
raízes gregas. Afinal, para além de ter contribuído para a construção do vocabulário do português, elas
continuam a gerar novos vocábulos, de acordo com as demandas da comunidade falante da língua
portuguesa.

video_library
A influência do grego no português
Assista agora a um vídeo que trata da contribuição do grego para a formação de palavras em português.

Mão na massa
Questão 1

A partir do que você estudou sobre a formação da língua portuguesa e os estágios anteriores a ela, é
possível afirmar:

A língua grega, mesmo com sua origem indo-europeia, não tem grande importância para
A
o português.

A língua grega faz parte do indo-europeu e não tem relação com o latim ou com a língua
B
portuguesa.

A língua grega teve grande influência no latim e tem presença importante na língua
C
portuguesa.

A língua grega não faz parte do indo-europeu e não é importante para a formação da
D
língua portuguesa.

A língua grega pertence ao grupo de línguas indo-europeias e não chegou pelo latim à
E
língua portuguesa.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A língua grega foi incorporada ao português por meio do latim. As demais alternativas estão incorretas
porque o grego tem sua importância na língua portuguesa, sendo a língua grega também parte do indo-
europeu e tendo ainda relação com o latim.

Questão 2
Indique a opção em que todas as três palavras apresentam elementos de origem grega.

A Arte, tecnologia, biodança

B Antissemita, metamorfose, agronegócio

C Geografia, etnografia, antissocial

D Livraria, biblioteca, desinformação

E Economia, ecologia, escola

Parabéns! A alternativa C está correta.

Na única opção em que os três vocábulos apresentam algum elemento de origem grega, há o sufixo -ia
nas duas primeiras palavras e o prefixo anti- na terceira. As demais alternativas apresentam tanto
palavras com elementos de origem grega quanto de origem latina.

Questão 3

Estudando o processo de derivação, você aprendeu que há um sufixo grego formador de verbos.
Indique a opção que apresenta um verbo com esse sufixo.

A Roubar

B Nadar

C Dramatizar
D Mudar

E Inundar

Parabéns! A alternativa C está correta.

O sufixo de origem grega que é formador de verbos é -izar. Assim, dramatizar é a única alternativa
correta.

Questão 4

A partir do que você estudou sobre os prefixos gregos, assinale a alternativa que apresenta a dupla de
palavras com prefixos gregos que indicam posição superior:

A Hipocrisia, hipérbato

B Hipoderme, supermercado

C Hipermercado, epiderme

D Metaplasia, episódio

E Epicentro, evangelho

Parabéns! A alternativa C está correta.


A resposta correta é a dupla hipermercado e epiderme, em que os dois prefixos indicam superioridade.
Nas outras opções, há a presença de prefixos hipo-, meta- e ev-, que não trazem a ideia de superioridade
ou de posição superior.

Questão 5

Há um sufixo grego que pode indicar o pertencimento ou o agente de uma ação. Partindo da palavra
“social”, indique a palavra que traz o sufixo grego o qual atribui à palavra a ideia de pertencimento.

A Socialmente

B Socialista

C Socialite

D Sociedade

E Sócio

Parabéns! A alternativa B está correta.

Apenas a palavra socialista é composta da raiz social acrescida do sufixo -ista, que indica o
pertencimento.

Questão 6

Você estudou o processo de formação de palavras em língua portuguesa, com o acréscimo de sufixos e
prefixos de origem helênica. A partir do que foi estudado, podemos dizer que:

A
O processo de prefixação acrescenta significado à raiz e pode mudar a classe da
palavra original à qual se acrescenta.

O processo de sufixação acrescenta significado à raiz e pode mudar a classe da palavra


B
original à qual se acrescenta.

O processo de prefixação não acrescenta significado à raiz e pode mudar a classe da


C
palavra original à qual se acrescenta.

O processo de sufixação acrescenta significado à raiz e não pode mudar a classe da


D
palavra original à qual se acrescenta.

O processo de prefixação não acrescenta significado à raiz e não pode mudar a classe
E
da palavra original à qual se acrescenta.

Parabéns! A alternativa B está correta.

A sufixação, além de acrescentar um novo significado à raiz original, pode modificar a classe da palavra
original, mudando-a, por exemplo, de substantivo em verbo.

note_alt_black
Teoria na prática
Muito bem! Depois de estudar o conteúdo do módulo I, você começou a perceber melhor como a língua
grega está presente em sua fala cotidiana. Entretanto, como se valer desse conhecimento e perceber melhor
esse vocabulário em seu dia a dia?

Tomando o trecho de uma notícia publicada em jornal na Internet, você pode começar a verificar o que há de
grego no texto em português. Quer ver?

“Lojistas querem que Estado construa ‘rolezódromos’ em São Paulo.”


(Fonte: Folha de S. Paulo, 22 jan. 2014.)

Esse título, retirado de uma notícia da Folha de S. Paulo, oferece para nós exemplo precioso da versatilidade
do português e da permanência dos termos gregos no idioma. Você já sabe que temos radicais da língua
grega antiga que permaneceram no latim e chegaram à língua portuguesa. Isso fica evidente quando você lê
o pedido de lojistas para que se construa “rolezódromos”.

O que está sendo chamado de “rolezódromos”? Trata-se de um espaço dedicado aos “rolezinhos”, encontros
com grande aglomeração de jovens. Aqui, você percebe, na prática, como funciona a dinâmica da língua
para formar palavras novas. Ou seja, a palavra de origem grega dromo, originalmente espaço para as
corridas, em que passam carros, no caso da palavra autódromo, passa a ser um espaço de realização de
algo que guarde ainda a ideia de algum movimento. O rolezinho pressupõe o encontro de jovens que ficarão
circulando.

A partir desse neologismo, podemos pensar em outros usos da palavra grega dromo em português?

Mostrar solução expand_more

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Tendo estudado a presença da língua grega no português e os elementos formadores de palavras,


dentre as opções a seguir, indique aquela cuja palavra apresente um prefixo de origem grega.

A Antibacteriano

B Argênteo

C
Felicidade

D Intolerância

E Premonição

Parabéns! A alternativa A está correta.

O prefixo anti- é de origem grega e significa contra. As outras palavras não apresentam elementos
gregos em sua formação.

Questão 2

“A Crise econômica e política geram discursos polêmicos.”

A frase acima traz palavras de origem grega que você estudou ao longo do conteúdo. Assinale a
alternativa que apresenta apenas os vocábulos de origem helênica.

A Crise, política, polêmicos.

B Crise, geram, polêmicos.

C Crise, economia, geram.

D Crise, geram, discursos.

E Crise, política, geram.

Parabéns! A alternativa A está correta.


As palavras de origem grega presentes na frase são “crise”, “econômica”, “política” e “polêmica”. A
forma verbal “geram” e o substantivo “discursos” são de origem latina.

2 - A influência da língua latina


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar a influência da língua
latina na língua portuguesa.

A mãe do português
Você já ouviu falar que nossa língua materna veio do latim? Isso mesmo! Poderíamos dizer que o latim é a
mãe do português.

E você deve se perguntar: como sabemos disso?

A resposta não é simplesmente porque ainda usamos muito do latim na língua portuguesa e podemos
encontrar inúmeros exemplos de palavras usadas em latim no nosso cotidiano, como habeas corpus (“que
tenhas o teu corpo”); o caput (cabeça) de uma lei; o corpus (conteúdo escolhido para análise) de um
trabalho. Também utilizamos muito do inglês em português nos dias atuais e nem por isso podemos dizer
que o português veio do inglês ou sequer que ambos vieram do latim.

Quando pensamos, em geral, nas influências linguísticas, olhamos apenas para um lado: o léxico. O que isso
quer dizer? Que identificamos apenas a estrutura superficial da língua: suas palavras, onde é fácil ver as
influências. Contudo, quando afirmamos que o português veio do latim é porque a correspondência não se
limita, como processo formador da língua, apenas ao léxico, mas também a estruturas morfológicas
profundas.

A língua falada no Lácio

Região do Lácio em mapa de Gerardus Mercator (1589).

A língua latina é muito antiga. Os primeiros escritos são datados do século VIII antes da nossa era. Foi
usada como língua oficial do Império Romano até o século V d.C., quando se costuma estabelecer sua
queda.

Você percebeu que o latim deixou de ser língua oficial de uma comunidade linguística há muito tempo?

Mas como será que ele influencia as línguas ocidentais até os nossos dias?

Para responder, precisaremos descobrir um pouco mais sobre a origem do povo que tinha o latim como sua
língua. As fontes históricas e arqueológicas são poucas e não permitem que tenhamos um relato muito
coerente dos primeiros romanos, mas nos dá muitas pistas.

Na mesma época em que os romanos, vários povos habitavam a Itália: etruscos, oscos, umbros, samnitas,
gregos e muitos outros. Cada povo vivia de forma independente e possuía sua própria língua. À língua do
povo que se fixou na região do Latium chamou-se latim.

Esse povo, depois da fundação de Roma, em 753 a.C., passou por muitas guerras e durante um longo
período foi dominando os povos vizinhos e disseminando sua língua. Em 272 a.C., com a queda de Tarento,
cidade grega no sul da Itália, o latim se torna língua oficial de toda a Península Itálica.
O domínio romano dos povos para além da Itália tem início e a língua latina é levada para praticamente todo
o mundo conhecido da época — Europa, norte da África e parte da Ásia, regiões conquistadas até o século II
d.C.

Rômulo e Remo, por Peter Paul Rubens (1616).

De onde veio o latim?

Antes de entender como o latim gerou o português, precisamos observar de onde veio essa língua. Tudo
tem uma origem. O latim falado pelos romanos do Latium, na região central da Itália, também tem sua
história.

Apesar de o latim ser muito antigo, ele também veio de outra língua. É verdade que não havia documentos
escritos na época. As línguas eram apenas faladas. Também não havia como gravar. Então, como podemos
ter certeza de onde veio o latim? Os linguistas e filólogos levaram muito tempo para descobrir. Eles fizeram
isso por meio de estudos comparativos entre as línguas mais antigas, como o grego, o sânscrito e o hitita,
como vimos no módulo I. O método histórico-comparativo usado por esses estudiosos permitiu descobrir o
indo-europeu e o latim como uma de suas línguas.

Saiba mais
Linguistas e filólogos acreditam que, para a formação das línguas conhecidas, aconteceu um processo
evolutivo intermediário. O indo-europeu teria se dividido em outros troncos linguísticos. Um deles, o ítalo-
céltico, foi levado para a Itália pelas migrações. Este tronco teria originado as línguas célticas posteriores,
como o irlandês, o gaulês e o bretão; e as línguas itálicas, dentre as quais o osco, o umbro e o latim.

O latim, como sabemos, tornou-se língua oficial da Península Itálica no século III a.C., mas o osco e o umbro
ainda foram falados até o século I d.C.

O período considerado o mais significativo da língua latina, no qual encontramos os principais autores
latinos, como Cícero, César, Virgílio, Horácio, Ovídio, se estendeu do século I a.C. até o início do século I da
nossa era.
Porém, mesmo depois desse período, o latim continuou se expandindo pelo mundo por meio das conquistas
romanas.

Primeira página da obra De Oratore, de Cícero, em edição do século XV.

A romanização

Quando os romanos dominavam uma região, a língua latina tornava-se língua oficial. E o que isso quer dizer?
Que era preciso aprender o latim.

Imagine que alguma coisa sua foi roubada. Você precisa fazer uma queixa, certo? Em que língua?
Exatamente, na língua do lugar em que você está. Se o latim era a língua oficial, então tinha que ser em
latim. Para participar da vida pública, a língua latina se torna necessária. Isso levou a um processo chamado
de romanização.

Muitos dos povos conquistados pelos romanos assimilaram e adotaram a língua latina e a cultura romana,
deixando de lado sua própria língua e cultura. Lógico que os romanos não conseguiram isso em todas as
regiões do Império. Algumas foram romanizadas, como a Gália, atual França, e Hispânia, onde temos
Portugal e Espanha. Em outras regiões do império, como a Grécia, a África ou o Egito, não houve o processo
de romanização. Os povos, apesar de usarem o latim como língua oficial, não abandonaram sua língua e
cultura originais.

A evolução do latim

Sabemos que em 476 d.C. o Império Romano caiu sob as hordas bárbaras. Isso quer dizer que outros povos
dominaram as regiões antes dominadas pelos romanos. Com a invasão de outros povos, houve o
fechamento das escolas e a descentralização do poder político. Mas, em muitos lugares, em vez de os
novos povos imporem suas línguas, eles adotaram o latim. Assim, cada região vai ter um desenvolvimento
diferente da língua latina.
O saque de Roma, por Johannes Lingelbach (1527).

Pense em uma região. O povo que mora ali fala uma língua. Os romanos chegam, dominam essa região e
tornam a língua latina oficial. O povo deixa de falar sua língua e passa a falar o latim. Mas observe que o
latim vai sofrer influência da língua que era falada ali. Chamamos de substrato linguístico aos vestígios da
língua do povo conquistado na língua do povo conquistador que prevaleceu.

Mas não parou por aí. Depois da queda do Império Romano, um outro povo dominou aquele lugar.
Consequentemente, o latim falado ali sofreu também influência da nova língua. Aos vestígios da língua
abandonada pelo povo conquistador na língua latina, denominamos superstrato linguístico.

Você já deve ter concluído que todo esse processo faz com que o latim se transforme, de forma diferente,
em cada região e que, por isso, teremos a formação do português, do espanhol, do italiano, por exemplo.
Você está no caminho certo!

Mas antes de chegar lá, houve um período de transição, no qual as línguas faladas nas regiões já não tinham
mais unidade para serem consideradas latim, mas também não tinham adquirido características suficientes
que as pudessem identificar como novas línguas.

Atenção
A estas línguas que não eram mais o latim, mas também ainda não eram línguas novas, chamamos de
Romances ou Romanços. Havia muitas delas, algumas, por questões geográficas e políticas, conseguiram
se desenvolver e ganhar status de língua. São as chamadas línguas Neolatinas ou Românicas. Ao todo, o
latim gerou nove línguas faladas ainda hoje: o português, o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o
rético ou reto romano, o italiano, o sardo e o romeno, e uma já extinta, o dálmata ou dalmático.

Existiam, paralelamente, um latim literário, o sermo urbanus ou língua da cidade, que era o registro culto
usado pelos autores latinos em suas obras e em situações formais, e o latim vulgar, o sermo uulgaris ou
língua vulgar, de vulgus (povo), ou seja, a língua coloquial, falada pelo povo no dia a dia, que sofria inúmeras
influências linguísticas e se transformava de região para região e de época para época. Foi esse latim que
originou as línguas Neolatinas.

É verdade que o latim foi usado como língua escrita, depois da queda do Império Romano do Ocidente por
inúmeros autores durante muitos séculos. No período Renascentista, muitas obras foram escritas em latim.
Até o século XIX, os textos científicos também eram escritos em latim.
O Vaticano ainda utiliza a língua latina para escrever documentos oficiais. E isso nos mostra como o latim
clássico e o latim vulgar são aspectos diferentes da mesma língua que nos deixou um enorme legado
linguístico e cultural.

Basílica de São Pedro, por Viviano Codazzi (1630).

Se o latim vulgar era apenas falado, como se chegou até ele?

Da mesma forma que se chegou ao indo-europeu: pela comparação de palavras usadas nas mais diversas
línguas em busca de chegar à mesma palavra do latim vulgar. Foi assim que os linguistas viram que vaca,
em português, vacca, em italiano, vaca, em romeno, vache, em francês, vaca, em espanhol, bacca, em sardo,
vieram de vacca no latim vulgar.

Esse método permite que se chegue a conclusões bem exatas das formas originais das palavras. Muitas
foram inclusive encontradas em textos que são utilizados como fontes do latim vulgar. Quanto maior é o
número de línguas comparadas que apontam para uma determinada forma, tanto mais confiável ela será.

Do latim ao português
Como vimos, a língua portuguesa é proveniente do latim vulgar levado pelos romanos à região da Lusitânia,
no ocidente da Península Ibérica. O processo de romanização do que atualmente denominamos Portugal
ocorreu entre o século II a.C. e o I de nossa era, com a convivência de vários povos, especialmente celtas e
fenícios.

A Romanização, que a princípio sofreu uma certa resistência, foi facilitada não só pela proximidade
linguística entre o latim e o céltico, mas também pelo prestígio que a língua latina tinha enquanto língua
oficial.

Como em todo o Império, o latim falado pelo povo da Ibéria foi se modificando com o tempo, tendo como
influência o substrato das línguas célticas e o substrato de vândalos, suevos, visigodos.

O romance falado, nessa região, diferia bastante dos falados em outras regiões da Península, por ter sido o
local ocupado pelos celtas e suevos. Desse romance, aparece, no norte de Portugal, o dialeto galeziano ou
galaico-português, que foi ganhando terreno para a parte meridional, indo até o Algarve, em 1250.

Após a independência de Portugal, aconteceu gradativamente a diferenciação entre o português e o galego,


até o português constituir um idioma totalmente diferente do galego.

No século XIX, em alguns documentos em latim bárbaro, foram encontradas algumas formas vulgares em
português. Contudo, só no século XII é que aparecem os primeiros textos totalmente em português.

Essa língua portuguesa torna-se língua literária e se expande com as conquistas marítimas, inclusive para o
Brasil.

A sobrevivência do léxico latino

Como já foi dito, a forma mais fácil de reconhecer o latim na língua portuguesa é por meio da observação
das palavras, cuja grande maioria veio do latim.

Muitas vieram sem qualquer alteração, como poeta de poeta(m), animal de animal ou discípulo de
discipulu(m), que encontramos no latim clássico.

Outras nos chegaram com pequenas modificações, como mesa demensa(m); fruto de fructu(m) ou tempo
de tempus.

Outras com alterações mais expressivas, como treva de tenebra(m).

Algumas vieram de formas do latim vulgar que não existem no latim clássico, como cavalo de caballu(m) ou
porco de porcu(m), que correspondem às formas equu(m) e sui(m) do latim clássico. Isso lembra alguma
coisa? Pois é! Equino e suíno. São os adjetivos referentes a cavalo e porco que foram formados a partir do
radical do latim clássico.

Algumas vezes temos duas palavras formadas da mesma palavra latina. Quer ver? O adjetivo integru(m) deu
por evolução fonética inteiro, mas também, por reconstituição erudita, temos a palavra íntegro, que é
utilizada mais abstratamente como integridade moral.

Atenção!
Você quer saber como acontecem as alterações? Existem algumas tendências evolutivas tanto das vogais
quanto das consoantes que influenciam suas modificações, quedas ou mudança de lugar. O nome dado a
essas transformações, ocorridas na passagem do latim para o português, é metaplasmos.

Os metaplasmos podem ocorrer por subtração, quando há a queda de algum fonema (attonitu(m) > atônito),
por acréscimo (ante > antes) ou por transposição (semper > sempre).
Existem ainda transformações que ocorrem em função das vogais e outras que decorrem de mudanças nas
consoantes. Vamos conhecer ambas as modalidades a seguir:

Vocalismo

Quando as transformações acontecem com as vogais, chamamos de vocalismo. Elas acontecem de


forma diferente por três motivos básicos: a influência da sílaba tônica, a adaptação a fonemas vizinhos e
a perda da quantidade latina.

No latim clássico, as vogais podiam ser breves ou longas. Uma longa equivalia ao tempo de pronúncia de
duas breves. No latim vulgar, contudo, especialmente a partir do século I, começa a haver uma confusão
do valor quantitativo das vogais, o que vai resultar no desaparecimento da quantidade. Nota-se que as
vogais longas e as tônicas são mais resistentes a mudanças, como segredo de secrētu.

Entre as vogais anteriores à sílaba tônica, pode acontecer a queda, se forem iniciais e estiverem sozinhas
(epigru > prego; episcopu > bispo) ou se não forem iniciais, mas estiverem nas adjacências da sílaba
tônica (bonitate > bondade; laborare > lavrar).

As vogais postônicas não finais, ou seja, localizadas no interior da palavra, com exceção do -a, sofrem
uma síncope (cal(i)du > caldo; man(i)ca > manga).

Como vimos, são possíveis transformações nas vogais devido à influência de fonemas vizinhos, como em
confessione > confissão, em que há a influência da semivogal.

Outra modificação comum nas vogais é a contração. Na passagem para o português, isso acontecerá
para desfazer um hiato (tenere > teer > ter; legere > leer > ler).

Na passagem para o português, o ditongo ae pode sofrer as seguintes modificações:


• passar a i (aequale > igual);
• transformar-se em ê (aestivu > estio), quando pretônico;
• passar a é (caelu > céu), quando tônico.

Quanto ao ditongo au, ele se torna ou (tauru > touro) ou o (auricula > orelha), transformação esta já atestada
no latim vulgar.

Consonantismo

Consonantismo é o nome dado às transformações das consoantes. Elas podem ser iniciais, mediais e
finais. Normalmente, as consoantes iniciais não sofrem modificação na passagem do latim para o
português. As consoantes mediais estão sujeitas a frequentes modificações ou quedas.
A este propósito pode-se formular o seguinte princípio: as consoantes mediais surdas latinas, quando
intervocálicas, sonorizam-se em português nas suas homorgânicas (lupu(m) > lobo), e as sonoras,
geralmente, caem (legere > leer > ler) (COUTINHO, 1976).

As consoantes são finais, em português, porque tinham posição idêntica no latim, ou porque
posteriormente se deu a queda de algum fonema final.

Os grupos de duas consoantes iguais são chamados de consoantes geminadas. Na passagem para o
português, haverá uma redução dessas duas consoantes a uma consoante simples (attonitu(m) > tonto),
não sofrendo sonorização, quando for surda, nem apócope, quando for sonora.

íncope
Supressão de fonema no interior de uma palavra.

Contração
Redução de duas ou mais vogais contíguas a uma só vogal.

Saiba mais
Sonorização ou vozeamento é um processo fonético no qual uma consoante surda passa a ser consoante
sonora ou vozeada. Podemos exemplificar a sonorização no processo evolutivo do latim para o português
em caecu > cego, e cattu > gato. Em ambos os casos, temos o c surdo evoluindo para g sonoro.

A redução dos casos e declinações

Você deve ter notado que as palavras latinas estão todas em acusativo, caso que corresponde à função
sintática do objeto direto. Isso acontece porque foi a partir desse caso que aconteceu a evolução e, por isso,
dizemos que o acusativo é o caso lexicogênico do português. É também por isso que nosso plural é
marcado pela desinência -s que é também a desinência do acusativo plural latino.

No latim vulgar, houve uma redução tanto dos casos como das declinações. Os seis casos do latim clássico
— nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo e ablativo — foram reduzidos a três: nominativo, acusativo
e genitivo-dativo. Tendo o nominativo absorvido o vocativo, o acusativo se confundido com o ablativo, e o
genitivo se unido ao dativo. Isso ocorreu devido à ambiguidade existente entre as desinências casuais que
podiam representar mais de um caso, inclusive em declinações diferentes e, além disso, aconteceu o
aumento do emprego das preposições.
Comentário
Na passagem para as línguas neolatinas, esses três casos foram reduzidos a apenas um. Em português é o
acusativo, que, sofrendo a apócope do -m no singular, gerou um morfema zero (mensam > mesa) e
estabelecendo a permanência do -s no plural, sistematizou a desinência de plural portuguesa (mensas >
mesas).

Apócope
Supressão de um fonema no final da palavra.

O sermo uulgaris já não utilizava também as cinco declinações, mas apenas as três primeiras. Isso
aconteceu em decorrência de uma tendência, já existente no latim clássico, de confundir a quarta com a
segunda declinação, como notamos na palavra domus, -us, originalmente de quarta, mas que também podia
figurar como de segunda, domum, -i.

Havia vocábulo de quinta declinação, como plebes, -ei, que aparecia, esporadicamente, também na terceira
declinação (plebs, -is).

Essa tendência generalizou-se no latim vulgar, causando o desaparecimento da quarta declinação, cujas
palavras migraram para a segunda, e da quinta declinação, que teve os substantivos absorvidos pela
terceira, como no exemplo dado (plebs), ou pela primeira, caso de dies, -ei, que aparece em latim vulgar com
a forma dia, -ae.

Foram esses três grupos de declinações que evoluíram até o português.

Substantivos de vogal temática -a- expand_more

Temos, portanto, substantivos de vogal temática -a-, associados, em sua maioria, à primeira
declinação latina, podendo ser femininos, como mesa, de mensa, ou masculinos, como poeta, de
poeta.

Vocábulos de vogal temática -o- expand_more

Vocábulos de vogal temática -o-, vindos, em grande parte, da segunda declinação, como discípulo, de
discipulo.
Palavras de vogal temática -e- expand_more

As palavras de vogal temática -e- provêm da terceira declinação latina, como nave, de navi. É preciso
lembrar, contudo, que a maioria dos consonânticos da terceira declinação, na passagem para o
português, tornaram-se sonânticos, incluindo-se em um dos temas já existentes. É o caso, por
exemplo, de dente de dentem ou integridade de integritatem, ou corpo de corpus, acusativo neutro
semelhante ao nominativo de segunda declinação. Os substantivos em português terminados no
singular em consoante antecedida de vogal que fazem o plural em -es devem ser consideradas como
temáticos, pois a vogal temática -e-, ausente no singular, aparece no plural. É o caso de mulher, de
muliere, ou de cônsul, de consule. Contudo, esses nomes eram consonânticos, em latim, constituindo
-e uma desinência de caso.

Na formação do léxico português, por influência de outras línguas, como as indígenas, acrescentou-se outro
grupo de atemáticos, alheio ao latim, constituído de palavras oxítonas, como jabuti ou Pará. Com isso,
percebemos que os substantivos em língua portuguesa, excetuando-se as oxítonas, agrupam-se da mesma
forma do latim vulgar, anexando-se aos três grupos de temas -a, -o, -e, inclusive palavras de outras origens,
como alface, proveniente do árabe.

Noções de caso e gênero neutro

Vimos que os casos desapareceram do latim vulgar para o português. Mas observe as frases a seguir:

1. Eu gosto de estudar.
2. A sabedoria me guia.
3. Traga um bom livro para mim.

Perceberam que eu, me e mim são todos pronomes pessoais de primeira pessoa que mudam de forma de
acordo com a função sintática que exercem na oração (sujeito, objeto direto, objeto indireto)?

É exatamente isso que o caso latino faz. Mas, então, existe caso em português? Há a sobrevivência da
noção de caso nos pronomes pessoais, mas chamamos isso de pronome reto e oblíquo.

Saiba mais
Outra noção que não desapareceu completamente do português, embora só em alguns pronomes e, por
isso, não pode ser considerado como um aspecto morfológico de nossa língua, é a noção de gênero neutro.
Nos pronomes demonstrativos, temos, por exemplo, o emprego de aquele para o masculino, aquela para o
feminino. E aquilo é o quê? Sobrevivência do neutro latino.

Formação das palavras


Sabemos que as palavras se compõem de morfemas, partes menores que possuem significado gramatical
ou semântico. Assim, temos, normalmente, um morfema lexical, também chamado de radical, a ele podem-
se juntar afixos de flexão, como as desinências de gênero, número, pessoa, tempo e modo, ou afixos de
derivação, como os prefixos ou os sufixos.

Vamos ver como ficaria a divisão de algumas palavras para ficar mais claro?

PREF RAD VT D

demarcavam de marc a -

pedrinhas - pedr - a

abnegação ab neg a -

bondade - bom - -

REF - prefixo; RAD - radical; VT - vogal temática;


DG - desistência de gênero para nomes; DN - desinência de número para nomes;
DMT - desinência modo temporal para verbos; DNP - desinência número-pessoal para verbos; SUF - sufixo.

Já vimos que a grande maioria dos vocábulos em nossa língua veio diretamente da evolução de palavras do
latim vulgar e já compreendemos como aconteceram as transformações dos morfemas lexicais por meio
dos metaplasmos.

Cabe ressaltar também que a estrutura verbal em português é praticamente igual à da língua latina, tendo
havido apenas a união da terceira conjugação com a segunda.

Assim, das quatro conjugações latinas — amare (primeira), vendēre (segunda), dicĕre (terceira), audire
(quarta) —, temos apenas três em português — amar (primeria), vender e dizer (segunda), ouvir (terceira).
Quanto aos prefixos e sufixos que vieram do latim e são usados para formar novas palavras em português
ao serem unidos ao radical, precisaremos falar um pouco mais.
Os prefixos

A maioria dos prefixos usados em português eram preposições latinas. Muitas delas usadas também como
prefixos no próprio latim.

Exemplo: As preposições latinas ab (a, abs), ex e de possuem uma mesma tradução: de. Em latim, possuem
valores semânticos diferentes: ab é usado para indicar o ponto de partida das proximidades de algum lugar
(Venio a portu – venho do porto); ex indica a saída do interior de algum lugar (Venio ex schola – venho da
escola); enquanto de traz a ideia de movimento de cima para baixo (cadere de muro – cair do muro).
Enquanto preposições, as duas primeiras não vieram para o português, apenas a terceira preposição traz a
noção generalizada de lugar.

Observe agora estas três palavras: abster, expulsar e decair.

Perceba que quando são usadas como prefixo, em português, elas mantêm as noções das preposições
latinas. Abster é ter algo afastado, algo que já estava fora; expulsar é tirar algo que estava dentro; enquanto
decair mantém o significado de movimento de cima para baixo.

Trazemos, agora, um quadro com alguns prefixos e seus significados:

PORTUGUÊS LATIM NOÇÃO EXEMPLO

a, ad ad aproximação alinhar, admirar

embarcar, ingerir,
em, en, in, e in para dentro
enterrar

im, in, i in negação, privação imortal, infeliz

o ob oposição opor

per per movimento através percorrer

movimento para
re re retrospectiva
trás

sobre super posição superior superfície


Quadro: prefixos latinos e seus correspondentes em português.

Os sufixos

Os sufixos podem ser usados para formar:

• Verbos, como alegrar, com a união do sufixo -ar, do latim -are, ao adjetivo alegre;
• Advérbios, como antigamente (adjetivo antigo + sufixo -mente);
• Substantivos, como muralha (muro + alha do latim alia), trazendo a ideia de grandeza;
• Adjetivos, como risonho (riso + nho do latim -neu), indicando qualidade.

Confira um quadro de sufixos latinos que vieram para o português:

PORTUGUÊS LATIM NOÇÃO EXEMPLO

-cho -sculu diminutivo riacho

-do (a) -tu ação, cargo pedrada, reinado

-nça -ntia estado, qualidade obediência

-ão -one agente, grandeza fujão, sabichão

-ão, -ano -anu qualidade, origem vilão, guardião

-ção -tione ação, resultado oração

-inho -inu diminutivo Menininho

Quadro: sufixos latinos e seus correspondentes em português.

Resumindo
Podemos concluir que a combinação desses elementos mórficos é que faz a riqueza do nosso léxico.
Mão na massa

Questão 1

A respeito do método histórico-comparativo, podemos afirmar que:

A Ajudou os linguistas e filólogos a descobrirem a origem dos povos antigos.

B Foi fundamental para a descoberta do indo-europeu.

C Por meio da comparação das línguas modernas, descobriu que o inglês veio do latim.

D Ajudou linguistas a identificarem que todas as palavras do português vieram do latim.

E Por causa do céltico, o latim evolui.

Parabéns! A alternativa B está correta.

Os linguistas e filólogos usaram o método histórico-comparativo para identificar a origem das línguas
antigas. Comparando o grego, o latim, o sânscrito e o hitita, conseguiram chegar a uma língua comum
que as havia gerado, que chamaram de indo-europeu. O mesmo método foi usado para chegar ao latim
vulgar por meio da comparação das línguas neolatinas.

Questão 2
Assinale a única alternativa em que todas as palavras apresentam um prefixo latino.

A perseguir, retomar, agrupar

B procurar, morar, indicar

C guiar, demitir, produzir

D gritar, beber, indagar

E comer, refazer, dormir

Parabéns! A alternativa A está correta.

Os prefixos per-, re- e a- são de origem latina. Nas outras alternativas, podemos destacar, pelo menos,
uma palavra sem prefixo: morar, guiar, gritar, dormir.

Questão 3

Síncope é a queda de um fonema no interior de um vocábulo. Sabemos que, na evolução das palavras
do latim para o português, existiram muitos metaplasmos por subtração, como é o caso da síncope.
Assinale a alternativa em que podemos confirmar esse processo evolutivo.

A pectu > peito

B folia > folha

C strictu > estrictu > estrectu > estreito


D ovicula > ovecula > ovecla > ovelha

E semper > sempre

Parabéns! A alternativa D está correta.

Na evolução de ovicula para ovelha, aconteceu a síncope ou metaplasmo por subtração ou queda do
fonema -u-. Nas outras palavras das demais alternativas, houve transposição ou alteração dos fonemas,
mas nenhuma queda.

Questão 4

Qual das alternativas a seguir relaciona corretamente o sufixo latino ao seu significado na formação da
palavra?

A casarão - cargo

B fogacho - aumento

C capitão - diminutivo

D barquinho - aumento

E criação - ação

Parabéns! A alternativa E está correta.


Em casarão, o sufixo -ão indica aumento; em fogacho, o sufixo -cho mostra o diminutivo; em capitão,
temos a indicação de cargo; em barquinho, de diminutivo. Apenas em criação, o sufixo -ão, determina
uma ação.

Questão 5

De acordo com o desenvolvimento linguístico evolutivo do latim para o português, podemos afirmar
sobre os Romances que:

A É a transição entre o latim e as línguas neolatinas.

B É um outro nome dado para as línguas neolatinas.

C São composições literária dos povos latinos.

D É a denominação dada aos substratos linguísticos.

E São os livros escritos pelos autores depois da queda do Império Romano.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Romances ou Romanços é o nome dado ao processo de modificações que o latim sofreu de forma
diferente em cada uma das regiões onde houve evolução, mas que ainda não tinha características
precisas que configurassem uma nova língua, sendo, portanto, a transição entre o latim e as línguas
neolatinas.

Questão 6

Os casos latinos identificavam as funções sintáticas das palavras na oração, por meio de uma
terminação morfológica. Sabemos que, na evolução para o português, as terminações de caso
desapareceram e a posição das palavras passou a ser fundamental para determinar a função sintática.
Contudo, podemos observar reminiscência dos casos latinos no seguinte exemplo:

A Precisamos de alegria para viver.

B Os homens devem amar o próximo.

C Eu me dei um presente.

D Os livros transmitem conhecimento.

E Hoje está um lindo dia.

Parabéns! A alternativa C está correta.

O pronome de primeira pessoa possui uma forma como sujeito (eu) e uma forma diferente na posição
de objeto (me), a alteração de forma, em função da mudança de função sintática, mostra a
sobrevivência na noção de caso latino em português.

note_alt_black
Teoria na prática
As palavras que vieram do latim sofreram várias evoluções, mas não foram aleatórias. Existe um padrão
para as transformações ocorridas tanto nas vogais como nas consoantes. Observe as alterações no
exemplo a seguir:

aequalitate > aequalitate > iqualitate > igualidade > igualdade


Neste exemplo, vemos a tendência à monotongação, ou seja, houve a redução do ditongo ae a uma simples
vogal i. Também vemos que houve a sonorização de todas as consoantes surdas: o q e o t viraram,
respectivamente, g e d. Finalmente, temos a síncope ou queda do -i interno.

Podemos, ainda, oferecer outro exemplo. Veja as etapas evolutivas de aetate para idade:

aetate > itate > idade.

Por fim, lembramos que uma palavra latina pode não ter vindo direto do latim para o português. Ela pode dar
uma passadinha por outra língua.

Quer ver? Você, certamente, costuma usar muito a palavra deletar, e vai dizer que ela veio do inglês delete.
Mas o que você talvez não saiba é que delete veio do verbo delere (apagar, destruir) em latim. Ela foi para o
inglês e de lá veio para o português, formando um verbo com o sufixo também latino -ar.

video_library
A influência do latim no português
Assista agora a um vídeo em que são comentadas e exemplificadas as contribuições do latim para o
português.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

A língua latina deu origem a várias línguas faladas atualmente. Dentre as opções a seguir, assinale
aquela que apresenta apenas línguas que vieram do latim.

A Francês e Alemão.

B Inglês e Romeno.

C Italiano e Português.

D Sardo e Russo.

E Rético e Japonês.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Ao todo, o latim gerou nove línguas faladas ainda hoje, o português, o espanhol, o catalão, o francês, o
provençal, o rético ou reto romano, o italiano, o sardo e o romeno, e uma já extinta, o dálmata ou
dalmático.

Questão 2

A respeito da palavra criação, proveniente de criatione, podemos afirmar que:

A Não tem radical.


B Não é de origem latina.

C Possui o prefixo grego -cri.

D Possui prefixo e sufixo latinos.

E Possui o sufixo latino -ção

Parabéns! A alternativa E está correta.

Conforme os quadros de prefixos e sufixos, o único que pode ser identificado é o sufixo -ção, do sufixo
latino -tione.

Considerações finais
Você começou a conhecer um pouco mais das origens da língua portuguesa, podendo interpretar melhor os
significados presentes na formação das palavras de origem grega e latina.

Esse é um conhecimento importante, não apenas para você se expressar melhor em português, mas para
analisar e explicar os processos dessa língua.

Os profissionais que lidam, de algum modo, com a expressão verbal, compondo textos ou expressando-se
oralmente diante de um público ou cliente, ao dominarem melhor os processos e significados do português,
terão sua capacidade de expressão e precisão na mensagem a ser transmitida extremamente ampliada.

Aproveite!
headset
Podcast
Ouça agora um podcast que apresenta uma síntese do conteúdo.

Referências
COUTINHO, I. de L. Gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976.

TAJRA, A. Glossário: o que você quer saber de economia? In: Estadão, São Paulo, 25 jun. 2021. Consultado
na Internet em: 06 jul. 2021.

Explore +
Leia os seguintes artigos:

Um estudo sobre a origem da língua portuguesa: do latim à contemporaneidade, contexto poético e social,
de Cristiane Boas e Elizete Hunhoff, publicado pela UNEMT, para aprofundar suas reflexões sobre o tema.
Helenismos no Léxico da Língua Portuguesa, de Brian Silva, publicado na revista Anagrama, da USP, para
uma breve abordagem da influência do grego no léxico português.

Do grego antigo ao português contemporâneo: o sortilégio da língua e a epifania da cultura, de Luís Cardoso,
publicado na revista Millenium.

Assista aos seguintes vídeos no YouTube:

O que o grego tem a ver com o português?, da BBC News Brasil, abordando, de forma interessante e
divertida, a influência grega na nossa língua.

Latim! Cadê você?, da TV Cultura, que debate a atualidade do latim com o professor Alexandre Hasegawa e
o escritor Ignácio de Loyola Brandão.

Você também pode gostar