Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA


DISCIPLINA: FILOLOGIA ROMÂNICA E LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA: Dra. MARIA IVONETE SANTOS SILVA

A QUESTÃO DO EMPRÉSTIMO LINGUÍSTICO

Weverton Calixto Monteiro

Uberlândia, 2018
RESUMO: As questões dos empréstimos linguísticos envolvem estudos
sobre as influências recebidas de outras línguas em uma determinada
língua, já que não existe propriedade privada no que se refere às línguas,
mas sim uma socialização geral. Podemos dizer, portanto, que
empréstimos linguísticos são os contatos que existem entre as culturas
diferentes e os falantes de línguas diferentes, sendo aplicadas palavras e
expressões de uma língua em outra, seja para nomear coisas, situações,
processos ou comportamentos que, no geral, não possuem uma palavra
em nossa língua como referência. Apesar de nem sempre notarmos, os
empréstimos linguísticos são muito comuns na língua portuguesa,
podendo ser usados em sua forma original ou adaptados. É importante
saber utilizar os empréstimos linguísticos, afinal, certas palavras
possuem notável relevância, porém, é importante saber utilizar as
palavras de forma coerente, do contrário, as palavras se tornam
estrangeirismos, manifestadas de forma abusiva, sendo altamente
condenáveis pelos padrões.

ABSTRACT: Language lending issues involve studies on the influences


received from other languages in a given language, since there is no
private ownership of languages, but rather a general socialization. We can
say, therefore, that linguistic loans are the contacts that exist between
different cultures and speakers of different languages, being applied
words and expressions from one language to another, whether to name
things, situations, processes or behaviors that, in general, do not have a
word in our language as a reference. Although we do not always notice,
language loans are very common in the Portuguese language, and can be
used in their original form or adapted. It is important to know how to use
the language loans, after all, certain words have a significant relevance,
however, it is important to know how to use the words in a coherent way,
otherwise, the words become foreign, manifested abusively and are highly
objectionable by the standards.
Trabalho sobre a questão do Empréstimo Linguístico:

1. Introdução:

Não devemos confundir o conceito cientifico da filologia e a


linguística embora, de fato, ambas dividem o mesmo foco de estudo que
é a língua, são ciências que se distinguem pois, a linguística contém um
enfoque maior na língua e em na sua vertente prática, ao passo em que
a filologia se concentra na reconstrução de textos literários antigos.
Neste trabalho, temos como objetivo caminhar por entre esses dois
conceitos para podermos entender a questão do empréstimo linguístico.

2.Filologia

2.1 Filologia Clássica

Através das palavras a filologia, estudo cientifico, analisa e compreende


a difusão das línguas e seus povos; suas culturas, conhecimentos e literatura
através de textos. Em tempos remotos, a filologia não era conceituada como
um estudo científico e se limitava apenas ao estudo das ideias por através da
crítica textual. Sua função era de uma área que absorvia a filologia grega e
latina. Esta filosofia tinha por foco de estudo os elementos literários da
Antiguidade Clássica. Este período da filologia é considerado como Filologia
Clássica.

Sua transformação em ciência ocorreu no período do Renascimento, ao


tempo em que sobrechegava tempos de reforma artística, literária e científica.
Com primícias em XIV na Itália, abarcando o restante da Europa e
permanecendo até século XVI. A filologia clássica manifesta-se por meio da
afinidade com a cultura greco-latina, entretanto, a mesma evoluiu e englobou
também a história, instituições e cultura com fascínio de desvendar um
conhecimento rico do próprio mundo e suas civilizações através do estudo de
textos literários.

2.2 Filologia Românica

Precedida pela filologia clássica, a filologia românica, -germânica,


hispânica, etc.-, surgiu no século XIX consequente da aplicação da
metodologia da filologia anterior em outras línguas com objeto de pesquisa
focando nas transmutações decorrentes do aspecto linguístico do latim vulgar
(uma evolução do latim que era falado pelas classes mais populares), nas
línguas românicas, também conhecidas como línguas neolatinas ou línguas
latinas; idiomas que se conectam com família das línguas indo-europeias.

Caracterizadas em tempos atuais como: português, espanhol/castelhano,


italiano, francês e o romeno, estas línguas sobrevieram do latim. Além destes
idiomas já citados, não devemos nos esquecer que uma grande quantidade de
idiomas usados por grupos minoritários de falantes também tiveram origem no
Latim.

3. Conceitos:

3.1 Empréstimo Linguístico

O que são empréstimos linguísticos?

Para responder essa questão de forma simplificada, podemos dizer que


empréstimos linguísticos são o emprego de termos estrangeiros (até mesmo
em detrimento de formas aportuguesadas) na nossa comunicação quando não
há e nosso léxico uma palavra que corresponde a palavra da outra língua.

Poderíamos definir que Empréstimo linguístico é a incorporação ao


léxico de uma língua de um termo pertencente a outra língua, seja mediante a
reprodução do termo sem alteração de pronúncia e da grafia (exemplo:know-
how, spray), seja mediante adaptação fonológica e ortográfica
(exemplos:garçom, futebol). Em geral, a palavra mantém o sentido da língua de
origem. As palavras tomadas como empréstimo são igualmente denominadas
'empréstimos'.

Ao ressaltar acerca da força centrífuga da inovação, ambos os autores


referem-se ao caráter dinâmico do qual se constitui a língua. Desse modo, vale
dizer que tal dinamismo se caracteriza pelos muitos caminhos trilhados no
campo da linguagem, ou seja, é criando e ampliando que a palavra passa por
esse processo de centrifugação, ora adquirindo novas acepções como é o caso
dos neologismos semânticos, dicionarizados com o passar do tempo,
incorporados a uma dada língua, uma vez oriunda de outras, como é o caso
dos estrangeirismos. Em razão de tais pressupostos, sobretudo em se tratando
desse último aspecto, é que o presente artigo tem por finalidade discorrer
acerca de uma ocorrência muito recorrente – as palavras estrangeiras que
invadiram e invadem o léxico português.
Cabe ressaltar que o fato não é recente, muito pelo contrário, vem de longas
datas. Esses empréstimos surgiram de línguas célticas, germânicas e árabes
ao longo do processo de formação do português na Península Ibérica.
Prosseguindo, pois, o advento do Renascimento e das navegações
portuguesas permitiram os empréstimos de línguas europeias modernas e de
língua africanas, americanas e asiáticas.

Foi assim que o anglicismo (cultura da língua inglesa) permeou entre diversas
línguas, sobretudo a nossa. Fato que representa o crescimento do poder
econômico dos EUA, notadamente após o fim da Segunda Guerra Mundial, em
1945. E hoje, com a efervescência dos recursos tecnológicos, em especial da
informática, observa-se que tal propagação se manifestou de forma notória.
Exemplo disso são os novos verbetes do dicionário Aurélio: grande parte deles
é de origem estrangeira, como por exemplo, test drive, pet shop, ecobag, entre
outros.

Dessa forma, em se tratando dos empréstimos linguísticos, é que temos


o bife, futebol, abajur, xampu, blecaute, sanduíche, surfe, entre muitos outros.
Tais palavras, como podemos perceber, passam por um processo de
aportuguesamento que não deixa claro para o emissor que se trata de uma
verdadeira influência que outras línguas exercem sobre a nossa – rica, por
excelência.

3.2 O processo de empréstimos linguísticos

Encontramos processos de empréstimo linguístico ao analisarmos


expressões e palavras estrangeiras, que antes eram usadas individualmente e
posteriormente ganharam determinada popularidade, passando a serem
utilizadas por uma comunidade, região, cidade, etc.

Durante o empréstimo linguístico, vale apena ressaltar que há diferenças em


sua pronúncia, que ocorre em função do processo de adaptação dos sons e
adequação ao padrão fonológico da língua que recebe determinada palavra, e
por isso chamamos metaforicamente de empréstimo.

Exemplos comuns utilizados no Brasil:


Stress | Outdoor | Web | Cowboy | Piercing | Drag Queen

Ticket | Hotdog | Abajour | Mouse | Site | Play

Delete | Online | Marketing | Scanner | Remix

E-mail | Offline | Shopping | Notebook | Link

Palavras aportuguesadas:

Bife | Futebol | Xampu

Chá | Café | Blecaute

Sanduíche | Surfe | Tabaco.

3.1 Neologismo

O neologismo se constitui de palavras novas que são os léxicos intrínsecos (os


de formação interna, com adaptação da fala estrangeira), os extrínsecos (os de
importação, incorporação da fala estrangeira) e os semânticos, ou seja, os que
assumem sentido novo.

Assim, compreendemos que o neologismo é uma palavra criada numa língua,


com base em palavras de outras línguas. São neologismos os termos
dicionarizados com o passar do tempo, incorporados a uma dada língua, uma
vez oriunda de outras, como é o caso dos estrangeirismos . Como se sabe,
variadas são as maneiras pelas quais os neologismos podem surgir numa
língua. Deixando de lado as raríssimas criações ex-nihilo (a partir do nada). Em
linhas gerais, isso se dá pela criação de itens lexicais inéditos a partir de
palavras da própria língua, mormente através de processos como derivação e
composição, mas igualmente por meio de recursos como uso de siglas ou de
acrônimos, onomatopeia, redução, reduplicação (ou duplicação silábica),
recomposição e palavra-valise (ou cruzamento vocabular). Outra alternativa
são os chamados neologismos semânticos ou conceptuais, ou seja, o
alargamento de significado de unidade lexical já conhecida.

A língua se renova através dos neologismos. São palavras, expressões


ou sentidos novos que aparecem em relação ao léxico.

3.1 Estrangeirismo
Não devemos confundir os conceitos de Empréstimos Linguísticos com
Estrangeirismos. Mas afinal de contas, o que são estrangeirismos?

O Estrangeirismo é o uso, por vezes, exagerado de palavras que podem


ser até as aportuguesadas, mas as pessoas acabam dando preferências a
forma estrangeira, quando nós temos expressões estrangeiras, utilizadas na
nossa comunicação cotidiana no Brasil em língua portuguesa.

Quando existe forma aportuguesada a preferência de acordo com o


padrão culto da língua é a forma aportuguesada. Se não houver a forma
portuguesa é desejável que utilizemos a expressão como ela é grafada no seu
idioma de origem, mas, ainda nesse caso utilizando as expressões
estrangeiras é preciso ter um certo cuidado, é preciso ter uma certa passionais,
para que seu texto não fique afetado. Para que não pareça esnobismo.

Professores envoltos no ensino de Língua Portuguesa no geral


condenam o uso desnecessário de estrangeirismo e a "salada" que se faz entre
as formas aportuguesadas e estrangeiras de alguns termos. Ele aconselha
usar palavras de outro idioma apenas no caso de não encontrarmos um
equivalente em português. Portanto, havendo a forma aportuguesada é dela a
preferência. Não havendo a forma aportuguesada aí sim devemos utilizar estas
expressões.

"É importante lembrar que


várias palavras estrangeiras
já foram aportuguesadas e
são bem aceitas: lasanha,
nhoque, espaguete (do
italiano) abajour; detalhe,
chofer (do francês); futebol,
becaute, estressado (do
inglês); chope, chucrute (do
alemão)" - Prof. Sergio
Nogueira, Estrangeirismos.

Os empréstimos linguísticos existem e fazem parte do nosso vocabulário. Você


pode empregar qualquer uma dessas palavras e será aceito com muita
naturalidade.

"Isso não significa que


devemos aportuguesar
todos os estrangeirismos,
isso não é possível.

Existem aqueles que já


estão consagrados e
permanecem entre nós
como na sua forma original:
show, marketing, dumping,
software, réveillon, pizza...

O que não dá pra entender


é a salada." - Prof. Sérgio
Nogueira, Estrangeirismos

O professor Sergio Nogueira nos lembra do seguinte, palavras em sua


forma original também estão presentes em sua forma original também estão
presentes em sua forma original, essa é uma realidade. Porém, ele desaprova
veemente e desaconselha é a mistura de formas aportuguesadas e formas
estrangeiras, gerando o que ele chama de "salada". Entenda, se a preferência
pela forma aportuguesada, vamos utiliza-la.

A luta contra o estrangeirismo não é de hoje. Houve época em que a


invasão dos galicismos (=palavras de origem francesa) nos deixava de cabelos
em pé. Hoje convivemos pacificamente com abajour, chofer, buquê, bufê, filé,
balé, chique, maquiagem, toalete e tantas outras. Em tempos passados nós
fizemos muito empréstimo do Francês, era muito comum que o empréstimo
chegasse por via da língua francesa, hoje acabaram sendo a maioria deles
aportuguesados, da mesma forma como o francês foi fonte de empréstimos
muito rica, muito produtivas décadas atrás.

Atualmente, a influência massacrante é do Inglês o que é causa de


antipatia de algumas pessoas em relação a língua inglesa. Esse é um
fenômeno linguístico que não podemos impedir, toda língua está sujeita ao
contato com outras línguas.

Devemos então nos cercar e evitar radicalmente os estrangeirismos?


Não. Não devemos ser tão radicais. Mas devemos valorizar nossa língua,
dando preferência as formas aportuguesadas.

"Quanto às palavras de
origem inglesa, temos um
problema muito sério. De um
lado, os puristas que rejeitam
tudo. Não vejo como evitar
palavras como software,
marketing, dumping e outras
cuja tradução não é precisa.

No lado oposto, encontramos


aqueles que "topam tudo".
Bobeou, lá vem o inglês. Aí é
um festival: shopping center,
play off, happy, end, happy
hour, approach, braitorming,
paper, realease, hot dog...
Difícil é ser moderado." - Prof.
Sérgio Nogueira,
Estrangeirismos.

Devemos tentar não sermos tão "fechados" aos empréstimos linguísticos, mas
também não devemos "escancarar a porta" quando não há necessidade.

Por fim, devemos ter a ciência de que todo brasileiro deve, antes de mais nada,
defender a língua portuguesa. Precisamos preservá-la. Isso não significa ser
purista, mas a a tradução do estrangeirismo deve ser a primeira opção.
Vejamos alguns exemplos:

- Estartar ou estartar (Estrangeirismo) | -Iniciar, principiar ou começar (Termo


adequado)

- Linkar ou lincar (Estrangeirismo) | Conectar, unir ou ligar (Termo adequado)

- E-mail esteja consagrado (Estrangeirismo) | Correio eletrônico. (Termo


adequado)

- Check (Estrangeirismo). | Lista de verificação. (Termo adequado)

4. Exemplos de Empréstimos linguísticos do léxico do português:

Exemplos palavras do léxico do português para outros idiomas:


Outros idiomas: Português

indonésio sekolah escola

inglês caste casta

japonês bateren padre

konkani zonel janela

malaio bendera bandeira

suaíle mesa mesa

tetum paun pão

5. Palavras que entraram no léxico do português de origem estrangeira

O uso de palavras de origem estrangeira em português é denominado


estrangeirismo: galicismo do francês, anglicismo do inglês, latinismo do latim
etc. Tal uso é desaconselhado por certos eruditos da língua; no entanto, tal
posição não reflete a dinâmica da formação do próprio português, que, tal
como todas as outras línguas europeias, teve a sua origem e continua hoje a
transformar-se mediante o contato e a mistura com outras línguas.

Língua Na língua Em português

algonquiano moccasin mocassim

árabe shiikh xeque

aramaico abba abade

balti polo polo (hipismo)

cantonês shî-yaū soja


checo robotnik robô

cingalês toramalli turmalina

copta tube adobe

dharuk bumariny bumerangue

divehi atolu atol

francês tourisme turismo

grego antigo hypokrisis hipocrisia

guguyimidjir gaNurru canguru

hindi gymkhana gincana

inglês beef bife

inuíte qajaq caiaque

italiano squadrone esquadrão

malaiobambu bambu

malaiala tēkka teca

malgaxe rafia ráfia

cantonês cha chá

mongol orda horda


náuatle tomatl tomate

sânscrito svastika-s suástica

sueco tungsten tungsténio

taino batata batata

tâmil kattu-maram catamarã

tonganês ta-bu tabu

Línguas tungúsicas shaman xamã

tupi jaguara jaguar

uólofe banana banana

6. Falsos cognatos

Por vezes, as palavras emprestadas podem mudar de significado na língua de


destino, denominando-se neste caso por vezes de "falsos cognatos". Por
exemplo, a palavra portuguesa marmelada (doce de marmelo) foi tomada de
empréstimo pela língua inglesa como marmalade, não com o significado
original, mas significando geleia de laranja com pedaços de casca ou qualquer
espécie de compota ou doce pastoso.
7. Conclusão

Os empréstimos linguísticos são palavras “emprestadas” de outras


línguas para dar significado à mesma coisa aqui no Brasil. Isso acontece
devido ao contato entre as diferentes culturas e seus falantes, quando palavras
de outras línguas são usadas para expressão de pensamentos ou ainda para
denominar coisas, processos e comportamentos que, em suas próprias
línguas, ainda não têm uma palavra ou expressão para simbolizar.

Na língua portuguesa costumamos encontrar palavras oriundas de


línguas diversas, inicialmente célticas, germânicas e árabes, e, a partir das
grandes navegações, começamos a receber mais empréstimos, dessa vez
oriundos de línguas americanas, asiáticas, africanas e europeias. Foi no meio
desse processo, inclusive, que se desenvolveu a língua portuguesa, fato
comprovado pela origem de cada uma das palavras, que pode ser observada
quando estudamos os primórdios da formação da língua. Nos dias atuais é
mais comum encontrarmos empréstimos vindos do inglês norte-americano,
seja de forma adaptada ou original (como as citadas acima). As que foram
adaptadas, podem ser tabaco, surfe, sanduíche, café, xampu e até mesmo
futebol. Como estão muito presentes no cotidiano, quase não percebemos que
se tratam de palavras de origem estrangeira. É essencial que saibamos usar
esses empréstimos de forma coerente, caso contrário acabam se tornando
estrangeirismo , condenáveis pelo padrão de empréstimos linguísticos .
Referências Bibliográficas:

www.wikipedia.com.br

Novíssima Gramática da Língua Portuguesa – Domingos Paschoal


Cegalla

www.g1.com.br/estrangeirismos

Você também pode gostar