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Lígua Portugesa

Profº Geralda Iris


1º Período
Rayse Brito de Queiroz Conceição

Conhecendo um pouco da história dos surdos.

Atualmente os surdos possuem uma língua reconhecida, a de sinais. Há muitos


projetos de inclusão, e até mesmo muitos ouvintes tem interesse pela linguagem. Porém
nem sempre foi assim. Na antiguidade surdos eram tratados como animais. Não tinham
oportunidade de serem ensinados, obter conhecimento. Eram privados até mesmo
direitos como casar, herdar bens, e segundo a igreja católica, não iriam para o reino de
Deus após a morte. O monge Ponce de Leon, também surdo, iniciou a mudança desse
cenário, quando começou a ensinar outros surdos.
Havia o pressuposto de que o surdo precisava falar para ser humanizado. Então
surgiram outros defensores desse pensamento. Dentre eles:
Juan Pablo Bonet, que usava o alfabeto manual para ensinar leitura. E a língua
se sinais para ensinar gramática.
Jacob Rodrigues Pereire, educador que fazia uso e era fluente já língua de
sinais. No entanto defensor da oralidade seu objetivo era fazer os surdos falarem.
Johann Conrad Amman, era opositor a lingua de sinais, porém a utilizava
como meio para que os surdos adquirissem a fala.
John Wallis, fundador do oralismo na Inglaterra, utilizava língua de sinais, no
entanto possuiu pouca experiência com surdo.
Thomas Braidwood, seu objetivo era fazer ao surdos falarem.
Moura, faz a seguinte observação, que aparentemente, o oralismo tinha como
argumento, a necessidade de humanizar o surdo. Porém na verdade escondia interesses
particulares, dos que a defendiam, como prestígio social e lucro.
Inicialmente o fracasso em “humanizar” os surdos se dava pela não utilização da
língua de sinais. Havia discussões de como “curar” os surdos, pois a surdez era vista
como doença. Apesar de muitos contra, ainda haviam quem intercedia junto a
necessidade dos surdos. Charles Michel de L'Epée, se aproximou dos surdos por
motivos religiosos, aprendeu a língua e sinais, a fim de que os surdos tivessem acesso
aos ensinamentos do catolicismo, posteriormente, além da religião, L'Epée, passou a
educar os surdos com conhecimentos a nível escolar. Algo que tornou esses
ensinamentos um sucesso, foi a presença de um intérprete de língua de sinais em sala de
aula. A partir de então os surdos viviam um marco em sua história. Estavam finalmente
se relacionando, aprendendo e sendo ouvidos. Com o auge da língua de sinais, foram
surgindo mais escolas para surdos. No entanto neste processo, os surdos não foram tão
aceitos como esperavam. L'epée morre em 1789, tendo como brilhante sucessor Abbé
Sicard, seu sucesso, despertou os defensores do oralismo. Com a morte de Sicard em
1822, Baron Joseph Marie de Gerando nomeou Jean Marc Itad como sucessor, e juntos
foram grandes opositores a língua de sinais. Dando início a uma época muito difícil para
os surdos. Itard não tinha preparo para educar surdos, na verdade era cirurgião. Passou a
se dedicar a encontrar a causa da surdez, realizava experiências desumanas e cruéis.
Moura (2000,p.).
“[...] Para realizar seus estudos, ele dissecou cadáveres de Surdos e tentou vários
procedimentos: aplicar cargas elétricas nos ouvidos de Surdos, usar sanguessugas para
provocar sangramentos, furar as membranas timpânicas de alunos (sendo que um deles
morreu por este motivo). Fez várias experiências e publicou vários artigos sobre uma
técnica especial para colocar cateteres no ouvido de pessoas com problemas auditivos,
tornando -se famoso e dando nome à Sonda de Itard”
Para Itard tudo era válido para “curar” os surdos não importavam os caminhos.
Acreditava que os surdos precisavam ser salvos, atrás da fala. Posteriormente Itard ate
conseguiu com que seus alunos falassem, porém não o faziam de forma natural, e
fluente. E passou a culpar a língua de sinais. Após de dezesseis anos de fracasso em
suas experiências de oralização, reconheceu que os surdos só podiam ser educados
através da língua de sinais. A língua de sinais permitiu aos surdos o uso de suas
capacidades intelectuais e emocionais. Em 1789, ano da morte do abade de L'Epée,
haviam criado cerca de vinte e uma escolas para surdos na França e Europa.
Com o fracasso das tentativas de restaurar a audição dos surdos, mais uma vez
Itard passou a treinar a fala, sem obter sucesso. Com a falta de fluência entre surdos e
ouvintes , a língua se sinais passou a ser associada a este fracasso, pois se não existisse,
os surdos não teriam outra forma de se comunicar e seriam forçados a falar.
Mesmo Itard tendo se rendido a idéia de que o surdo precisava da língua de
sinais, posteriormente outro influente defensor do oralismo, Alexander Graham
possuidor de autoridade e prestígio, votou a favor da oralidade, no congresso
Internacional de educadores surdos, em 1880, em Milão. Como sempre os surdos
tiveram seus direitos massacrados, a começar pelo fato de professores terem sido
excluídos da votação. Era negado ao surdo o direito de opinar sobre seu próprio futuro.
Assim começou um fase de grande agonia para os surdos, pois o uso da língua de sinais
passou a ser proibido, a fim de forçar a oralização. O que novamente não teve muito
êxito, os surdos mal conseguiam se comunicar e ser compreendidos. E contudo, a
defesa a oralização ainda persistia. Os surdos viveram então, momentos de humilhação
e repreensão, quando tentavam usar língua de sinais. Foram prejudicados no
aprendizado. Foram inferiorizados.
Nada comparado ao passado, mas atualmente os surdos, ainda enfrentam
dificuldades. Mas já conseguiram ser ouvidos e mostar sua capacidade. Capazes de
pensar, agir, interagir, exercer cidadania. Ainda falta um pouco de parceria da
comunidade ouvinte. Ainda é preciso mudar seu olhar em relação ao surdo abrindo mão
dos preconceitos. Em alguns aspectos apenas os surdos não são e nem serão igual aos
ouvintes, mais devem ser ouvidos e respeitados tanto quanto. A língua de sinais e tão
rica e expressiva quanto a falada.

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