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REVÓLVER CALIBRE .38

1. APRESENTAÇÃO:

1.1. Revólver é a denominação para as armas de porte e de emprego individual, de funcionamento por
repetição, movido pela força muscular do atirador, com capacidade de 5 a 8 cartuchos, sendo o
mais utilizado pela Corporação o de calibre.38 ( 9,55mm) com capacidade de 6 e 7 cartuchos. É
uma arma destinada à defesa aproximada.

1.2. Vantagens:
1.2.1. Fácil manuseio; manutenção barata e excelente para tiro intuitivo.

1.3. Desvantagens:

1.3.1. Pouca capacidade de tiros; cadência de tiro lenta devido ao seu funcionamento ser de repetição
e seu calibre possibilita pouco poder de parada.

2. ESPECIFICAÇÕES:

2.1. Identificação: Revólver Calibre .38.

2.2. Classificação:
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2.2.1. Quanto ao tipo porte;

2.2.2. Quanto ao emprego individual;

2.2.3. Quanto ao funcionamento ação muscular;

2.2.4. Quanto à alimentação manual ou por alimentador rápido;

2.2.5. Quanto ao carregamento fechamento do tambor.

2.3. Informações técnicas:

2.3.1. Calibre .38;

2.3.2. Comprimento do cano de 2 à 6 ½ polegadas(uso na Corporação 4 pol.);

2.3.3. Capacidade do tambor 5 à 8 cartuchos (uso na Corporação 6 e 7 );

2.3.4. Alcance de utilização 50 metros (o de 4 pol);

2.3.5. Alcance máximo 800 metros (o de 4 pol);

2.3.6. Alcance de precisão 25 metros (o de 4 pol);

2.3.7. Funcionamento Repetição.

3. TIPO DE MUNIÇÕES UTILIZADAS NA PMESP:

3.1. Projétil SPL chog (ogival): pesa 158 grains, com velocidade de 229 m/s e possui energia de 268
joules; é um cartucho tradicional para uso policial, mas atualmente já está tecnicamente superado
devido ao seu baixo poder de parada, devendo ser empregado somente para treinamento;
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3.2. Projétil SPL Expo (Expansivo Ponta Oca Semi-Jaquetado): pesa 158 grains, com velocidade de
245 m/s e possui energia de 307 jaules; é um cartucho com poder de parada superior ao do projétil
de chumbo ogival tradicional;

4. CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS QUANDO DO RECEBIMENTO DA ARMA DA


RESERVA DE ARMAS:

4.1. Cano: verifique se o cano não está amassado, intumescido, rachado ou obstruído;
4.2. Alça de mira: verificar se não está amassada ou desalinhada;
4.3. Parafuso que fixa o tambor: Verificar se está devidamente parafusado.
4.4. Coronha: examine à procura de trincaduras;
4.5. Extrator e percussor: verifique se não estão quebrados;

4.6. Tambor: Verifique se as câmaras não estão obstruídas, estufadas ou dilatadas, se está abrindo
naturalmente com o acionamento do botão serrilhado (quando fechado, não deve girar exceto com
o acionamento do gatilho);
4.7. Vareta do extrator: Verifique se não está torta e se está devidamente parafusada;
4.8. Cão: Verifique se está em perfeitas condições; sem amassamentos; se para engatilhado e se está
executando a ação dupla e ação simples de funcionamento;
4.9. Gatilho: Verificar se está com a pressão normal e se está acionando o cão.
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5. PARTES PRINCIPAIS DA ARMA.

Massa de Mira Alça de Mira

Cão

Cabo Cano

Tambor

Armação

Gatilho Parafuso que fixa o Tambor

Guarda mato

A Zarelho

Retém do Tambor

Botão Serrilhado

Vareta do Extrator

B
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5.1. Cano: É um tubo, reforçado na parte posterior, em alguns modelos, destinado a guiar o projétil no
seu movimento;
5.2. Massa de mira: é a saliência na parte superior do cano que faz parte do aparelho de pontaria;

5.3. Alça de mira: é um entalhe na parte posterior do cano que faz parte do aparelho de pontaria;

5.4. Raias: são sulcos na parede interna do cano destinado a dar ao projétil um movimento de rotação,
necessário à sua estabilidade no ar;
5.5. Antecâmara: é a parte não raiada no interior do cano, cuja finalidade é facilitar a passagem do
projétil da câmara para o raiamento;
5.6. Tambor: cilindro de aço vasado, destinado a conter os cartuchos;

5.7. Extrator: peça em forma de estrela na extremidade da haste central e serve para extrair, de uma só
vez, os estojos das câmaras;
5.8. Armação: é a estrutura que reúne todas as partes móveis da arma;

5.9. Mecanismo: é o conjunto de peças móveis que possibilitam o funcionamento da arma;


5.10. Gatilho: peça que recebe a energia muscular do atirador, movimentando todas as partes móveis
do mecanismo, possibilitando o disparo;
5.11. Retém do tambor: peça que possibilita o alinhamento da câmara que contém o cartucho a ser
disparado com o cano;
5.12. Cão: peça do mecanismo que, após liberado pelo gatilho, é movido por sua mola, possibilitando o
disparo;
5.13. Percussor:

5.13.1. Percussão indireta: É aquela cujo percussor se encontra embutido na armação;

5.13.2. Percussão direta: É aquela cujo percussor se encontra afixado ao cão;

5.14. Botão serrilhado: É a peça destinada a possibilitar a abertura do tambor através do acionamento
do ferrolho;
5.15. Cabo ou punho: é a parte da armação onde são fixadas as duas placas e o zarelho (coronha).

6. TÉCNICAS DE UTILIZAÇÃO DE REVÓLVER:

6.1.Inspeção visual e física: considerando que a arma esteja descarregada (tambor aberto) e
desalimentada; aponte a arma para uma direção segura; empunhe com a mão direita pelo cabo olhe
e coloque o dedo indicador na antecâmara e nas câmaras do tambor, com o intuito de verificar se
está sem munição; verifique se o interior do cano não está intumescido, enferrujado ou com objetos
estranhos que possam causar acidentes; verifique as condições das câmaras; verifique se o
mecanismo está funcionando normalmente; observe se não há trincas ou rachaduras na coronha; se
o percursor e extrator do tambor não estão quebrados; verifique se no momento em que a arma está
fechada o tambor gira normalmente; observe se o botão serrilhado realmente está abrindo o tambor.
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6.2.Entrega e recebimento da arma: após ter efetuado a inspeção visual e física descrita no
subitem 6.1, o armeiro ou outro policial entregará a arma descarregada (tambor aberto) e
desalimentada, empunhando-a normalmente pela coronha com a mão forte, que a passará para a
mão fraca, sendo que esta a empunhará pela parte superior do cano e a entregará ao companheiro
que a empunhará normalmente pelo cabo com a mão forte e procederá a inspeção visual e física
descrita no subitem 6.1.;
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6.3. Municiar: pegue o alimentador rápido com a mão fraca e com a mão forte coloque todos os
cartuchos; pressione com a mão forte sobre os projéteis e ao mesmo tempo pressione em igual
sentido, girando para esquerda a base do alimentador, até encaixar as munições;

6.4.Alimentar: considerando que a arma esteja descarregada e desalimentada; empunhe com a mão
forte pelo cabo, apontando-a para uma direção segura; com a mão fraca, retire os cartuchos do porta
munição e os introduza nas câmaras do tambor, ou estando portando alimentador rápido pegue-o
com a mão fraca e o direcione às câmaras, o qual possibilitará uma alimentação completa com um
só movimento.

A
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6.5.Desalimentar: considerando que a arma esteja alimentada (munição na câmara e tambor


aberto) aponte para uma direção segura; empunhe a arma pela coronha com a mão forte, eleve a
ponta do cano para cima e, ao mesmo tempo, com a palma da mão esquerda espalmada, pressione o
extrator, deixando cair os cartuchos;
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6.6. Carregar: Segure a arma com a mão forte pelo cabo e com a mão fraca feche o tambor
alimentado.

6.7. Descarregar: considerando que a arma esteja carregada segure-a com a mão forte; com o polegar
pressione o botão serrilhado e, ao mesmo tempo, pressione o tambor com o dedo indicador abrindo a
arma;

A
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6.8.Situação de perigo (nos casos de excludentes de antijuricidade): efetue dois disparos


(disparo duplo), sendo os dois disparos de ação dupla (onde o acionamento do gatilho é direto, sem
armar o cão);
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6.9. Engatilhar: considerando que a arma esteja com o cão desarmado (desengatilhada); com o
dedo polegar da mão fraca acione o cão para trás;

6.10. Desengatilhar: considerando que a arma esteja engatilhada (cão armado); coloque o dedo
polegar da mão fraca entre o cão e a armação; com o dedo polegar da mão forte pressione sobre o
cão; aperte o gatilho e o solte quando o cão for liberado; conduza o cão à frente, pressionando o
dedo da mão fraca que deverá ser vagarosamente retirado até que o cão termine o seu percurso;
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6.11. Término da situação de perigo: coloque a arma no coldre, descarregue, desalimente, realimente
e recarregue;

6.12. Colocar a arma no coldre: usando somente a mão da empunhadura, com o dedo indicador
paralelo ao cano da arma, sem contudo visualizar o movimento, fixando o olhar para onde possa
surgir o perigo, introduza a arma no coldre;

A B

6.13. Sacar a arma do coldre: ato inverso de colocar a arma no coldre;

6.14. Posição sul: (é utilizada quando não houver perigo, mas que poderá surgir). É a posição na
qual a arma é mantida empunhada junto ao corpo do policial com o dedo fora do gatilho,
aproximadamente na altura do abdômen, possibilitando uma rápida empunhadura dupla; o cano
fica apontado para baixo (sul); a arma é posicionada contra as costas da mão fraca, na altura do
abdômen e com os cotovelos relaxados e junto ao corpo (para evitar que batam ao passarem por
portas ou passagens estreitas). Deve-se manter a articulação principal do dedo médio da mão
forte em contato com a articulação do dedo indicador da mão fraca;
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A A

6.15. Posição de alerta: (o perigo não é iminente, mas existe) considerando que a arma esteja na
posição sul, conforme descrito no subitem 6.14., eleve a arma deixando-a a 45º graus em relação
ao corpo, mantendo o dedo fora do gatilho;
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6.16. Posição de tiro em “Terceiro Olho”: (o perigo é iminente) considerando que a arma esteja na
posição de alerta, subitem 6.12., eleve a arma, deixando-a a 90º graus em relação ao corpo, de
modo que permaneça em empunhadura dupla, posicionada à frente dos olhos, determinando a
boca do cano da arma como sendo o 3º olho, favorecendo que o policial a conduza apontada para
onde estiver olhando, mantendo o dedo fora do gatilho até o momento de efetuar o disparo;

6.17. Recarga emergencial: considerando que a munição da arma acabou e se faz necessário fazer a
recarga com a maior rapidez possível; com o dedo fora do gatilho ajoelhe, a fim de diminuir a
silhueta, ao mesmo tempo em que pede “cobertura” ao companheiro, fazendo um sinal policial
com o braço esquerdo (se houver anteparo que sirva de abrigo proteja-se atrás dele), procedendo
a alimentação (subitem 6.4.) e ao recarregamento (subitem 6.5.);
6.18. Realimentação tática: considerando que o policial efetuou disparos e a munição não acabou; tal
realimentação se fará necessária nas seguintes condições: há ausência de perigo iminente e/ou o
policial está abrigado, ou há a necessidade de progredir para outro ambiente desconhecido. O
policial deverá, com o dedo fora do gatilho, proceder a realimentação com rapidez.

7. Considerações gerais:

7.1.O Revólver calibre .38 com capacidade para 6 cartuchos deverá permanecer com cinco
cartuchos, sendo que a câmara que fica no direcionamento do cano deverá permanecer vazia, haja
vista que nem todos os revólveres utilizados pela Corporação possuem trava de segurança que
impede o cão de acionar o percussor em caso de quedas acidentais.
7.2.O revólver calibre .38 com capacidade para 7 cartuchos deverá permanecer com carga total,
tendo em vista que possui trava de segurança que impede o cão de acionar o percussor em caso de
quedas acidentais.

8. INCIDENTES DE TIRO:

8.1. Após o acionamento do gatilho não ocorre o disparo:


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8.1.1. Ação corretiva: espere alguns segundos antes de abrir a arma, pois poderá ocorrer disparo
atrasado, devido a munição estar com a pólvora umidecida; substitua a munição caso a espoleta
tenha sido percutida; caso a espoleta não tiver sido percutida, encaminhe a arma para conserto,
pois o percussor deverá estar quebrado ou com a mola fraca
8.2. Tambor não gira quando do acionamento do gatilho:

8.2.1. Ação corretiva: abra a arma e verifique se alguma das espoletas está com saliência além da
base do culote, bem como se os cartuchos não apresentam deformações que os impossibilitem
uma alimentação correta.
8.3. Tambor não gira após o disparo:

8.3.1. Ação corretiva: abra a arma e verifique se a espoleta percutida ficou com saliência além da
base do culote, pois se isso ocorrer, poderá esbarrar na armação do revólver, impedindo seu
giro.
8.4.Após o carregamento não se consegue abrir a arma, haja vista que a vareta do extrator
está torta ou solta:

8.4.1. Ação corretiva: aperte o botão serrilhado e pressione o tambor para a esquerda, forçando a sua
abertura; aperte a vareta do extrator caso esteja solta ou encaminhe a arma para conserto, caso a
vareta esteja torta;

9. MANUTENÇÃO DE 1º ESCALÃO:

Considerando que a arma esteja desalimentada (subitem 6.4.), efetue a manutenção de 1º escalão.
Coloque-a em um estojo e despeje todo o conteúdo do frasco de Polarprot L75 (1 litro de óleo limpante
que contém baixa percentagem de hidrocarboneto – substância que deteriora o alumínio e a borracha) e
mantenha-a submersa por aproximadamente 10 minutos, caso a arma tenha sido utilizada em disparos;
se isto não ocorreu não, será necessário permanecer de “molho” na solução.
O procedimento seguinte será o de introduzir a escova de aço na alma do cano, fazendo com que
esta acompanhe o sentido do raiamento em movimentos de vai-vem pelo menos 5 vezes, em seguida
efetue a mesma operação com a escova de crina, escove também o tambor e a armação da arma.
Utilizando o pincel, escove todas as partes da arma colocando-a para escoar a solução, na tampa
do estojo.
Remova o excesso do produto limpante e lubrifique com um tecido de algodão que não solte
fiapos, fazendo ao mesmo tempo a verificação da integridade das peças da arma. Com a escova de
algodão remova o produto da alma do cano.
Após os procedimentos que finalizaram a manutenção de 1º escalão, terá decorrido tempo
suficiente para a decantação dos resíduos na bandeja; então utilizando um funil com tela, devolva a
solução para o frasco para ser utilizado na próxima limpeza.
Seguindo rigorosamente estes procedimentos, sua arma estará limpa e lubrificada.
(Deverá também ser observado o Processo 5.01.00 Manutenção de 1º Escalão em Revólver
Calibre 38 de 15MAR02, 6ª EM/PM).
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10. FASES A SEREM SEGUIDAS PARA A UTILIZAÇÃO DA ARMA, CONSIDERANDO OS


PROCEDIMENTOS DE RECEBIMENTO DA ARMA, INÍCIO DO PATRULHAMENTO,
DISPARO, VOLTA AO PATRULHAMENTO, TÉRMINO DO TURNO DE SERVIÇO E
ENTREGA DA ARMA NA RESERVA DE ARMAS:

10.1. Prepare a arma para iniciar o patrulhamento/serviço:

10.1.1. Receba a arma (subitem 6.2.);

10.1.2. Inspecione visual e fisicamente (subitem 6.1.);

10.1.3. Municie (subitem 6.3.);

10.1.4. Alimente (subitem 6.4.);

10.1.5. Carregue (subitem 6.6.);

10.1.6. Coloque a arma no coldre (subitem 6.12.).

10.2. Início do patrulhamento/serviço:

10.2.1. Arma no coldre (subitem 6.12.) e carregada (subitem 6.6.).

10.3. Possibilidade de emprego da arma:

10.3.1. Saque (subitem 6.13.);

10.3.2. Posição Sul (subitem 6.14.);

10.3.3. Posição de alerta (subitem 6.15.);


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10.3.4. Posição de tiro “terceiro olho” (subitem 6.16.).

10.4. Situação de perigo: (subitem 6.8.);

10.5. Término da situação de perigo:

10.5.1. Coloque a arma no coldre (subitem 6.12.);

10.5.2. Descarregue (subitem 6.7.);

10.5.3. Desalimente (subitem 6.5.);

10.5.4. Realimente (subitem 6.4.);

10.5.5. Recarregue (subitem 6.6.).

10.6. Volta ao patrulhamento ou prosseguimento ao serviço:

10.6.1. Arma no coldre (subitem 6.12.).

10.7. Término do patrulhamento/serviço:

10.7.1. Saque (subitem 6.14.);

10.7.2. Descarregue (subitem 6.7.);

10.7.3. Desalimente (subitem 6.5.);

10.7.4. Inspecione visual e fisicamente (subitem 6.1.);

10.7.5. Entrega da arma na reserva de armas (subitem 6.2.);

11. BIBLIOGRAFIA:
11.1. BULGARI, Hélio Filho. Elementos de Balística Forense e Correlatos Fundamentais para
o Policial, Monografia do Curso Superior de Polícia, 2003, CAES;
11.2. Manual “Revólver Calibre .38”; autores: Giraldi e equipe de tiro da PMESP, 2003;
11.3. Informativo Técnico Nº 32 da CBC, MUNIÇOES PARA USO POLICIAL, 2004;
11.4.Processo N° 5.01.00 Manutenção de 1° Escalão em Revólver Calibre .38, de 15MAR02;
11.5.M-19-PM Manual de Tiro Defensivo, atualizado em 01/12/03.

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