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DIMENSIONAMENTO DE COLCHÃO DRENANTE COM

AGREGADO SIDERÚRGICO
Silvana Fava Marchezini
Professora, IFMT, Cuiabá, MT, Brasil, silvana.marchezini@cba.ifmt.edu.br

André Luís Brasil Cavalcante


Professor, UnB, Cuiabá, MT, Brasil, abrasil@unb.br

Luís Fernando Martins Ribeiro


Professor, UnB, Cuiabá, MT, Brasil, lmartins@unb.br

Manuelle Santos Góis


Professora, UnB, Brasília, DF, Brasil, manuellegeo@gmail.com

Luiz Carlos de Figueiredo


Professor, IFMT, Cuiabá, MT, Brasil, figueiredo@cba.ifmt.edu.br

RESUMO: Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) (2006b),


justifica-se a construção de um sistema de drenagem em rodovias federais quando ocorre na região
índice pluviométrico anual acima de 1500 mm e, se há volume médio diário de veículos comerciais
acima de 500 mm. Um exame das isoietas de médias anuais, fornecidas pelo Serviço Geológico do
Brasil (CPRM) combinadas com as informações do Plano Nacional de Contagem de Tráfego (PNCT)
do DNIT, mostra que as drenagens superficiais e subsuperficiais dos leitos rodoviários constituem
preocupação permanente dos engenheiros rodoviários e geotécnicos tanto na fase de projeto quanto
na execução de rodovias no Brasil. Este artigo aborda uma proposta de dimensionamento adotada
para colchão drenante na Tese de Marchezini (2018) para agregados siderúrgicos. São apresentadas
diversas formulações de espessura líquida e confrontadas com os valores obtidos na mensuração de
vazão desse material. O estudo conclui que as propostas de dimensionamento de McEnroe (1993) são
menos conservadoras que as formuladas por Giroud (1985).

PALAVRAS-CHAVE: Drenagem Subterrânea, Agregado Siderúrgico, Dimensionamento de


Colchão Drenante.

1 INTRODUÇÃO com a concepção adequada de projeto e


dimensionamento dos sistemas de drenagem.
O sistema de drenagem de águas subterrâneas é Das fontes de águas que podem penetrar na
baseado em regras empíricas, que se estrutura rodoviária, duas contribuições
desenvolveram por tentativas de acertos e erros merecem maior atenção: as águas que escoam
ao longo dos anos, ou na técnica gráfica, sobre a superfície do solo e a parcela que se
envolvendo o uso de redes de fluxo infiltra no solo.
(MOULTON, 1980). Pereira (2003) concluiu que os métodos e
Suzuki et al. (2013) citam que as rupturas procedimentos de dimensionamento estrutural
precoces dos pavimentos podem ser evitadas, de pavimentos, empregados no meio técnico

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nacional não utilizam, explicitamente, nenhum
coeficiente para levar em consideração os efeitos
deletérios da presença de água livre na estrutura.
O nível do lençol freático pode elevar-se em
função das precipitações e das variações
climáticas sazonais e, se não houver medidas
mitigadoras, conduz à perda de suporte da sub-
base ou à diminuição do módulo de resiliência
dos materiais constituintes das camadas
estruturais e, consequentemente um desempenho
insatisfatório do pavimento.
Desse modo conclui-se que a água livre no Figura 2. Esquema da espessura líquida, carga líquida,
interior da estrutura afeta a resistência dos profundidade da percolação de um fluxo não confinado.
materiais e, a sua remoção deve ser promovida
em breve intervalo de tempo, através de fluxos Quando o fluxo é paralelo ao talude obtém-se as
hidrodinâmicos metodologicamente adequados. relações:
𝑡 = 𝐷𝑐𝑜𝑠𝛽 (1)
(
𝑡 = )*+, (2)
2 COLCHÃO DRENANTE
ℎ = 𝐷𝑐𝑜𝑠 . 𝛽 (3)
onde: (b) é a declividade transversal em
O colchão drenante, do ponto de vista físico, é
percentual; e (h) é a carga hidráulica.
uma camada drenante, logo abaixo da sub-base,
A carga hidráulica é dada pela diferença entre
com capacidade de recepcionar e transportar
dois pontos localizados na mesma superfície
todo o fluxo, não confinado, derivado das
equipotencial.
infiltrações que possam atingir a camada de sub-
base e, da elevação do lençol freático que, Não se tem conhecimento da existência de um
alcança esse dispositivo de drenagem. método discreto que defina a quantidade de água
que se infiltra no meio poroso. Há, contudo, duas
Na Figura 1 detalha-se um perfil geométrico de
recomendações no Higway Subdrainage Design,
colchão drenante. Nota-se que a área que recebe
publicado pelo FHWA (FHWA-TS-80-224). A
o fluxo é determinada por (B) (frente do colchão
primeira de Cedergren (1973), que leva em conta
drenante, perpendicular ao fluxo) e espessura do
o índice pluviométrico, a taxa de infiltração, o
colchão drenante (tLCL). A declividade (b) - tipo e o estado do revestimento em relação ao
define o gradiente hidráulico. trincamento da superfície; a segunda, de
Ridgeway (1976), que quantifica o volume de
água que infiltra no pavimento em função de
fissuras e juntas e, da geometria da plataforma
com o emprego de valores empíricos obtidos
pelo pesquisador.
Giroud et al. (2000) anotam que teoricamente
todo volume de água dividido pela área
superficial, é a taxa de infiltração (qh),
evidentemente, essa é uma maneira simplificada
Figura 1. Esquema de um colchão drenante.
de estimar a taxa de infiltração (qh) que pode ser
representada pela formulação a seguir:
Analiticamente, o fluxo é considerado não
0
confinado e, pode ser tipificado como visto na 𝑞( = 21 (4)
Figura 2, caracterizado pela espessura de 1
onde, qh a taxa de infiltração que, corresponde à
percolação (t), medida na direção perpendicular
relação da vazão ou fluxo (Qh) pela área do fluxo
ao talude e, por sua vez, a profundidade (D)
(Ah).
medida verticalmente.

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Considerando que a vazão (Qh), oriunda da comprimento horizontal do colchão L, (Figura
precipitação pode ser medida por coletor de área 1). O valor usual adotado para a inclinação do
de fluxo unitária (Ah), com altura definida, no colchão drenante é 2% do (L) (DNIT, 2006a); o
tempo de um dia e desse modo, pode-se afirmar comprimento horizontal do colchão drenante (L)
que a precipitação é uma taxa de volume pelo depende da seção transversal da rodovia e é
tempo, onde DL é a altura do líquido coletado determinado pelo número de faixas de rolagens
durante o tempo Dt, tem-se: de cada rodovia, que em média possui 3,6 m
4 cada, de acordo com o manual vigente
𝑞( = 𝐴( 65 (5) atualmente, IPR 742 (DNIT, 2010).
7

Combinando as equações 4 e 5, tem-se: O parâmetro hidráulico impõe que a escolha do


45 material adotado siga os critérios
𝑞( = (6) granulométricos ratificados pelo Manual de
67
Drenagem do DNIT (2006a) e, estabelecidos
pelo processo de Terzaghi (1987), e, ainda, pelas
3 METODOLOGIA PROPOSTA determinações do Bureau of Reclamation e do
Soil Conservation Service.
Várias propostas de dimensionamento tomam Outros parâmetros hidráulicos, além dos citados
por base as metodologias apresentadas por devem ser obtidos e avaliados, com objetivo de
Giroud et al. (2000) no artigo intitulado determinar se o material tem potencial para uso
“Hydraulic Design of Geosynthetic and como material drenante, em especial em relação
Granular Liquid Collection Layers”, onde os a possibilidade de colmatação do colchão
autores apresentam uma série de equações, para drenante.
o cálculo da espessura líquida máxima (tmax), em
uma camada drenante, a partir da caracterização O parâmetro hidráulico de entrada depende do
dos tipos de escoamentos, utilizando diversas material a ser utilizado para a camada drenante,
teorias e modelos matemáticos, empíricos e e é caracterizado pela condutividade hidráulica
numéricos. ou coeficiente de permeabilidade (k). Utilizou-
se, neste trabalho, os valores alcançados na
O dimensionamento adotado por Giroud et al., caracterização física dos materiais pesquisados
2000 segue duas abordagens: cálculo da das faixas granulométricas, que serão objetos da
espessura admissível do colchão drenante (tLCL); seção 4, definidas para o colchão drenante.
características hidráulicas, que versa sobre o
cálculo da condutividade hidráulica, necessária O parâmetro hidrológico utilizado neste trabalho
para uma dada camada drenante com a fixação foi a taxa de infiltração (qh), que representa a
de uma espessura previamente escolhida. Neste velocidade de fluxo que infiltra na estrutura do
artigo adotou-se a primeira abordagem, por estar pavimento. Recomenda-se, também, a análise
mais alinhada ao propósito de dimensionamento. probabilística da infiltração (qh) com um tempo
de retorno fixado.
Uma vez determinada a espessura líquida
máxima (tmax) encontra-se a espessura Além disso, o material drenante foi submetido a
admissível para o colchão drenante (tLCL). Para análise química, mineralógica e ensaios para
tal dimensionamento considera-se um fator de análise da integridade do material drenante
segurança hidráulico (FSH), estimado através da quando imerso em água. Essas condições de
análise do decréscimo da capacidade de análise nem sempre são possibilitadas no projeto
percolação a longo prazo, do material drenante e e execução do colchão drenante, desse modo
das possíveis incertezas de cálculo. Neste artigo, considerou-se, nesse trabalho os parâmetros
o fator de segurança não é sugerido. geométricos, hidráulicos e hidrológicos.
Deve-se conhecer os parâmetros geométricos,
hidráulicos e hidrológicos que são os dados de 4 RESULTADOS
entrada. Os parâmetros geométricos de entrada
são a inclinação do colchão drenante (b) e o Os resultados dos ensaios de permeâmetro de
carga constante, realizados em conformidade

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com a lei de Darcy, mostraram que o Número de
Reynolds (Re) ultrapassou o limite de 12 (HARR, 4.1 Cálculo das espessuras do colchão
2012). Contudo, a redução do Re para um limite drenante
de 12 impõe uma classificação de regime
turbulento para os resultados dos ensaios.
O modelo matemático para o cálculo das
Assim, optou-se por corrigir a k pela formulação espessuras tem origem nas condições de
de Stephenson (1979) apud (Li et al., 1998), contorno idealizadas por Giroud & Houliban
aplicando os valores da declividade (i) (1995) para o caso de fluxo não confinado e sob
calculados pela Equação 7: condições de fluxo em regime permanente. Os
:;;< C autores apresentam um fator característico (l),
𝑖)*99 = =>?@ 𝑉 + =?@> 𝑉 . (7) função da taxa de infiltração (qh), condutividade
onde: hidráulica (k), adotado (kcorr), e o ângulo de
n = viscosidade cinemática da água=1x10-3 inclinação do colchão drenante (b), expresso na
N.s/m2 a 20oC; Equação 9:
K
d = diâmetro médio da partícula de rocha, 𝜆 = LMN@1>, (9)
adotado o D50 para esta tese;
g = aceleração gravitacional=9,806 m/s2; Os perfis da superfície do líquido em uma
n = porosidade do meio; camada de coleta líquida, com as condições de
V = velocidade no meio poroso; contorno em função do parâmetro característico
(l), são mostrados na Figura 3. Nota-se que para
De posse do gradiente hidráulico, tem-se: l > 0,25 - a espessura líquida máxima tmax atinge
E
𝑘)*99 = F (8) seu maior valor próxima ao centro da largura da
GHII
camada drenante; para l ≤ 0,25 - a espessura
A Tabela 1 apresenta os resultados paras Faixas líquida máxima tmax tem seu valor máximo entre
C1 e C4 e amostras ATLD ( amostra A tratada - o meio do comprimento da largura da camada, e
forno conversor a oxigênio), BNTLD (amostra B a sua base; e para l≈0 - a espessura líquida
não tratada - forno conversor a oxigênio), CNTAF máxima tmax, concentra-se junto à base da
(amostra C não tratada – alto forno): camada drenante.
condutividade hidráulica média - kmédia em m/s;
condutividade hidráulica à temperatura de 20oC
- k20o em m/s; gradiente hidráulico corrigido -
icorr; condutividade hidráulica corrigida - kcorr em
m/s; e k20ocorr em m/s.

Tabela 1. Condutividade hidráulica das amostras.


k corr
kmédia k20oC kcorr
Faixas e o
[m/s] [m/s] icorr [m/s] 20 C
amostras -3 -3 -3 [m/s]
x 10 x 10 x 10 -3
x 10
C1 5,3 4,8 5,04 4,6
ATLD (1) 1,089
C4 2,9 2,6 2,6
1,682 2,90
ATLD
C1 3,6 3,3 5,04 4,6
BNTLD (2) 0,888
C4 2,3 2,0 2,96 2,6
BNTLD 1,306
Figura 3. Parâmetro característico (l): (a) l>0,25; (b)
C1 2,8 2,5 5,04 4,5
0,689 l≤0,25; e (c) l»0.
CNTAF (3)
C4 1,8 1,6 2,90 2,6 Foram testadas as formulações dos cálculos das
CNTAF 1,036
espessuras liquidas máxima (tmáx), para o
dimensionamento da camada drenante, descritas

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em (Giroud et al., 2000). Estabeleceu-se a 4.1.2 Solução de Giroud (1985) para b tendendo
condição de contorno para a qual o colchão a zero.
drenante se insere, isto é largura da faixa (L) em
3,60 m, declividade do liner (b) em 2% ou 0,02 Utilizada em casos nos quais se negligencia a
e condutividade hidráulica (k) nas faixas de
inclinação do liner (Figura 1), nesse caso a
1x10-3 m/s a 5x10-3 m/s, assim o parâmetro formulação vista na Equação 12, com resultados
adimensional l ficou entre 0,29 a 5,79, isto é: na Figura 5 se reduz a:
l>0,25.
K
Um outro parâmetro adimensional, além do l, o 𝑡QNR = [ L1 𝐿 (14)
R é utilizado neste trabalho, definido como se
segue:
K
𝑅 = L+P@1>, (10)

Combinando as equações 9 e 10, tem-se:


𝜆 = 𝑅𝑐𝑜𝑠 . 𝛽 (11)
A seguir são apresentados os resultados paras as
soluções dimensionadas assumidas neste
trabalho.

41.1 Solução simplificada de Giroud (1985)


Figura 5. Giroud para quando b tende a zero

Como sugere a Figura 3, Giroud (1985) utilizou


4.1.3 Solução de Giroud (1985) para l muito
a média de valores do gradiente hidráulico e
pequeno.
desenvolveu a Equação 12, cujos resultados são
mostrados na Figura 4:
Esta formulação, cujos resultados são mostrados
SMN@> ,TCK1 /LVMN@,
𝑡QNR = 𝐿 (12) na Figura 6, é a que se segue:
.)*+,
Z ^ +P@, Z ^ MN@, K ^
1
𝑡QNR ≈ = = L +P@, (15)
)*+> , )*+,

Figura 4. Solução simplificada de Giroud (1985)


Uma outra forma reduzida da Equação 12 é a
Equação 13 que se utiliza do parâmetro Figura 6. Solução de Giroud para l muito pequeno
adimensional (l):
√YTCZVY Nota-se que essa formulação é utilizada para
𝑡QNR = .)*+,/MN@, 𝐿 (13) quando o colchão drenante tem o liner muito
inclinado ou a condutividade pequena ou ainda

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elevada infiltração. No presente caso o Observa-se que essa equação diferencial tem por
parâmetro focado é a condutividade, baixa se foco a profundidade D, vista na Figura 2.
comparada a outros materiais drenantes como, =4
e.g., o pedregulho. 𝑞( 𝑥 = 𝑘𝐷𝑐𝑜𝑠 . 𝛽 g𝑡𝑎𝑛𝛽 − =R h (20)
A solução analítica dessa equação diferencial,
4.1.4 Solução empírica baseada em resultados utilizou o parâmetro adimensional R, mostrado
numéricos de Giroud et al., 1992. na Equação 10.
Para os dados, utilizados neste trabalho, adotou-
Giroud et al. (1992) aplicaram um fator se R>0,25 e um fator B*. O fator B* e a
adimensional multiplicativo à formulação 12, formulação da espessura líquida para R>0,25 são
resultado de valores obtidos numericamente, que mostrados na Equações 21 e 22:
resultaram na Equações 17 e 19. Observa-se que
a equação que calcula (j) foi modificada em 𝐵∗ = √4𝑅 − 1 (21)
Giroud et al. (2000), contudo, essa alteração Y VY
apresentou resultados inconsistentes para os 𝑡QNR = 𝐿𝑠𝑒𝑛𝛽√𝑅𝑒𝑥𝑝 st∗ 𝑡𝑎𝑛VY g t∗ h −
parâmetros adotados neste trabalho. Dessa Y .uVY
𝑡𝑎𝑛VY g hv (22)
maneira optou-se por adotar a formulação t∗ t∗

original de (j), cujos valores são mostrados na McEnroe (1993) comparou a equação diferencial
Figura 7, como se segue: que tem como foco a variável t (espessura
SMN@> ,TCK1 /LVMN@,
líquida) com a que leva em conta D, veja a Figura
𝑡QNR = 𝑗 𝐿 (16) 2. A equação diferencial é mostrada na Equação
.)*+,
23:
A Equação 13 pode ser escrita multiplicando j
K1 R =M
pela Equação 11, assim: = 𝑡𝑠𝑒𝑛𝛽 − 𝑡 =R (23)
L
√YTCZVY A solução dessa equação diferencial é mostrada
𝑡QNR = 𝑗 .)*+,/MN@, 𝐿 (17)
na Equação 25, com o parâmetro característico
>
𝑗 = 1 − 0.12𝑒 VZ (18) l>0,25, apresentado na Equação 9. McEnroe
(1993) adotou um fator B’, como se observa nas
√YTCZVY >
equações 24 e 25:
𝑡QNR = fg.)*+,/MN@,h i1 − 0.12𝑒 VZ jk 𝐿 (19)
𝐵w = √4𝜆 − 1 (24)
MN@, Y VY
𝑡QNR = 𝐿 )*+, √𝜆 𝑒𝑥𝑝 stx 𝑡𝑎𝑛VY g tx h −
Y .ZVY
𝑡𝑎𝑛VY g hv (25)
tx tx

A apresentação gráfica dessas soluções, analítica


e transformada de McEnroe (1993), são
apresentadas nas figuras 8 e 9 com base nas
Equações 22 e 25.
Observa-se que a faixa C4 não apresentou
resultados para a infiltração de 50 mm/dia (qh),
pois tem R e l menores que 1 e, por óbvio, geram
Figura 7. Valores numéricos de J uma sequência vetorial de números complexos.
Assim se optou por apresentar a condutividade
4.1.5 Solução analítica e transformada de dessa faixa em separado das demais.
McEnroe (1993)
McEnroe (1993) utilizou uma equação
diferencial para o fluxo em um colchão drenante.

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Os valores da espessura máxima líquida (tmax)
calculados pela Equação 25, que expressa o
mesmo resultado se calculado pela Equação 22,
são os menos conservadores de todos os
resultados das formulações apresentados na
Tabela 2. Contudo, as soluções propostas por
McEnroe (1993) – analítica e transformada – são
extremamente trabalhosas e o domínio das
funções precisa ser investigado por conta da
possibilidade de resultados que resultem em
overflow, isto é, em faixas de números
complexos.
Figura 8. Solução analítica e transformada de McEnroe Dentre as soluções propostas por Giroud (1985),
(1993) simplificada, para b tendendo a zero e para l
muito pequeno, sem dúvida a solução
simplificada (Equação 12) é a que melhor
responde para quando se conhece a
condutividade hidráulica do material drenante.
Embora isso, a solução para b tendendo a zero
(Equação 14) soluciona as situações nas quais o
liner do colchão drenante é negligenciado. Por
último, a solução para l muito pequeno
(Equação 15) é muito conservadora para as taxas
de infiltrações de 150 e 200 mm por dia, para as
condições de contorno deste trabalho.
A solução empírica baseada em resultados
numéricos de Giroud et al. (1992), Equação 19,
Figura 9. Solução analítica e transformada de McEnroe é menos conservadora que a solução
(1993) para qh=50 mm simplificada para a menor taxa de infiltração
neste artigo examinada. Para as taxas maiores o
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS trabalho de cálculo não é compensatório nos
resultados.
A Tabela 2, mostra os resultados com o cálculo
para as condutividades hidráulicas das faixas C1 6 CONCLUSÕES
e C4, para as taxas de precipitação de 50, 100,
150 e 200 mm para as formulações apresentadas O estabelecimento de faixas granulométricas,
e discutidas neste artigo. neste estudo C1 e C4, diminuem as incertezas,
mas não dispensam estudos dos efeitos de
Tabela 2. Espessura líquida em mm para cada colmatação e, por consequência dessa, da
formulação.
qh Eq. Eq. Eq. Eq. Eq.
degradação do material drenante. Maiores
Faixas informações do comportamento químico do
mm/dia 12 14 15 19 25
C1 18,0 40,4 22,6 16,3 -- agregado siderúrgico, foco deste artigo, podem
50
C4 28,6 53,7 40,0 26,3 0,0 ser vistos em Marchezini (2018).
C1 31,5 57,1 45,3 29,1 0,6 Embora as soluções analítica e transformada de
100
C4 48,0 76,0 80,1 46,5 15
McEnroe (1993) se mostrem mais arrojadas que
C1 42,7 69,9 67,9 40,7 10,5
150 a solução simplificada de Giroud (1985), esta
C4 63,8 93,0 120,2 63,3 27,4
C1 52,4 80,8 90,6 51,2 19,0 última é mais prática para o engenheiro
200
C4 77,3 107,4 160,3 77,2 36,3 rodoviário. Contudo, a utilização de aplicativos
Nota: Eq.12, 14, 15, 19 e 25= Equações 12, 14, 15, 19 e computacionais numéricos favorece o uso das
25; C1= 4,6x10-3 m/s, C4= 2,6x10-3 m/s. soluções propostas por McEnroe (1993).
As soluções apresentadas neste artigo abrem

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GEOCENTRO 2019, Brasília/DF, Brasil.

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