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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino

Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Folhetos de Cordel
Científicos
Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Francisco Augusto Silva Nobre1

Universidade Regional do Cariri – URCA

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Professor da Universidade Refional do Cariri e Bolsista de Produtividade – BPI – FUNCAP-

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

- Universidade Regional do Cariri - URCA

- Centre de Recherches Latino-Américaines - CRLA da


Universidaté de Poitiers - UP

- Fundação Cearense de Apóio ao Desenvolvimento Científico e


Tecnológico - FUNCAP

Francisco Augusto Silva Nobre.


Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Francisco Augusto Silva Nobre. – 2017.

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Dedico...

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

AGRADECIMENTOS

Ao Acervo Raymond Cantel da Université de Poitiers,

ao Acervo de Obras Raras Átila Almeida da Universidade Estadual da Paraíba,

ao Departamento de Física da Universidade Regional do Cariri e

a Academia Brasileira de Literatura de Cordel

pelo apoio desde o ano de 2013, quando do inicio deste trabalho.

A Dra. Ria Lemaire,

a Dra. Francisca Pereira dos Santos,

ao Poeta Gonçalo Ferreira da Silva,

a Dra. Sylvie Colla,

a Dra. Paola da Cunha,

a Dra. Joseilda Diniz,

ao Dr. José Abdalla Helayël-Neto e

ao Dr. Hermínio Borges Neto,

pela abertura de espaços para pesquisa, discussões e incentivos para trabalhar


no tema.

Agredecemos também a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento


Científico e Tecnológico – FUNCAP, pelo apoio financeiro.

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Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

UM PREFÀCIO

A vida é a arte do encontro,

embora haja tantos desencontros pela vida.


Poeta Vinicius de Morais.

Independente de acreditar nos encontros e desencontros como algo


do “destino” ou numa simples possibilidade da vida, o fato é que acontecem e
podem trazer gratas surpresas e alegrias. É... A vida tráz encantamentos e
paixões, que podem fazer vidas se reencontrarem.

Tenho péssima memoria, mas lembro-me que entre os anos de 1999


e 2001, aconteceu um fato simples, mas marcante, tanto que, se não me lembro
de todos os detalhes, lembro-me dos “sentimentos sentidos”. Naquela época fazia

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meu doutorado em física no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, na bela Rio


de Janeiro, e naquele dia frio e ensolarado descia de ônibus do ainda mais belo,
bairro de Santa Tereza. Estava na casa de um amigo e descia para Gloria, onde
morava.

Lembro-me ter visto dentro do ônibus um senhor de seus 60 e


poucos anos (talvez), magro, bem vestido, estatura mediana (creio), que levava
na mão um “bolo” de folhetos de cordéis, literatura tão comum no Ceará. Nas
feiras da periferia de Fortaleza onde nasci e morei até meus 25 anos, era comum
a venda dos que nos acostumamos chamar de cordéis. Lia um de quando em
vez.

Voltando ao ônibus, lembro que “puxei conversa” com aquele


senhor. Fui eu mesmo? Bem, mas o fato é que começamos a conversar.
Identificamo-nos enquanto nordestinos e cearenses. Acho. Pois não tenho certeza
dele ter se identificado como cearense. Os cordéis não estavam à venda naquele
momento, pois ele os teria pegado na Academia para ir vender na Feira de São
Cristóvão. Que Academia? Aquele senhor mostrava um imenso orgulho por ser
poeta, ser cordelista e pertencer a Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Ele se colocava como membro fundador, e disse-me seu nome, mas minha
mente... Lembro ter sentido orgulho de existir uma academia brasileira de uma
atividade tão nordestina, e no Rio de Janeiro! Isso dava uma importância nacional
aos cordelistas. Senti isso. Também me senti bem por ter conhecido e
conversado com um membro de uma academia de poetas. Na verdade nem sabia
que existia uma organização maior dos “cordelistas”. Naquele momento senti que
nos tornamos amigos e trocamos afinidades, e disse-lhe que iria visitar a tão
importante Academia, coisa que demorei tanto a fazer. O tempo passou, e como
passou! Não nos encontramos mais. Mas ficou o folheto de Cordel que ele me
deu. Onde está? “Droga”! Mais um desencontro. Ele me deu mesmo um folheto?

Minha vida mudou tanto, e eis que em Juazeiro do Norte, Campina


Grande e em Poitiers, na França, entre 2012 e 2013, me reencontro com os
cordéis, com os folhetos, ou folhetos de cordel. E mais ainda, me encontrei com
os folhetos científicos do Poeta Gonçalo Ferreira da Silva, e pouco depois, em

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maio de 2013 no Rio de Janeiro, na Academia Brasileira de Literatura de Cordel,


me (re)encontro com o próprio “Seu Gonçalo”, Poeta Gonçalo Gonçalo Ferreira da
Silva, quando finalmente visitei a “Academia de Poetas”.

Esta visita foi incentivada por minha orientadora de pós-doutorado,


professora Ria Lemaire, quando esta viu minha paixão pelos folhetos que
acabava de descobrir. A visita de dois dias teve o propósito de conversar com o
Poeta Gonçalo sobre sua obra de folhetos científicos, pois isto me ajudaria muito
no trabalho que ora realizo. E como ajudou!

No mês de setembro de 2013, no Núcleo de Pesquisa em Ensino de


Física da Universidade Regional do Cariri, inauguramos com a presença do Poeta
e com tutela da Academia, a CORDELTECA Poeta Gonçalo Ferreira da Silva, que
se proporá a ser referência nos chamados, folhetos científicos. Acreditamos, que
a partir de agora, muitas serão as visita a Academia, ao Poeta e ao amigo
Gonçalo.

Bem, voltando ao encontro: Era no ônibus de Santa Tereza? Era um


dia frio e ensolarado? Era o Seu Gonçalo? O poeta Gonçalo? Pouco importa a
certeza. Era um poeta apaixonado pelo que fazia. É um poeta encantador e
apaixonado por sua arte.

São encontros após desencontros.

Francisco Augusto Silva Nobre

Poitiers, 20 de novembro de 2013

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APRESENTAÇÂO

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SUMÁRIO

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Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Defendemos a aplicação dos folhetos de cordel2 em sala de aula no


processo ensino-aprendizagem, para além da divulgação científica. Partiremos do
pressuposto que os folhetos se configuram como uma ferramenta potencialmente
significativa para o ensino das ciências ditas exatas. Abordaremos neste trabalho
o uso destes como ferramenta didática ressaltando sua relação com as teorias
didáticas. Apresentaremos um Catálogo de Folhetos de Cordel Científicos e uma
sequência de ensino para o uso destes em sala de aula. Analisaremos alguns
folhetos sob o ponto de vista didático e destacaremos os primeiros produzidos
com conteúdos específicos de física, e a aplicação destes em uma intervenção
pedagógica. Constataremos que os folhetos de cordel se constituem em uma
ferramenta pedagógica potencialmente significativa no processo de ensino-
aprendizagem.

Começaremos este material de interesse didático para o ensino das


ciências ditas exatas, descrevendo inicialmente a trajetória acadêmica do Autor, e
a seguir viajaremos pelas origens dos folhetos de cordel nordestinos, pincelando
algumas polêmicas, como a da sua origem e a que estes não podem ser
entendidos exatamente, ou somente, como literatura, mas também como

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Utilizaremos ao longo do texto os termos cordel, folhetos de cordel ou simplesmente folheto, para nos
referirmos a esta arte.

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divulgador de notícias e conhecimentos. Mas logo o texto é direcionando para a


discussão dos folhetos de Cordel científicos3, destacando a figura do Poeta
Gonçalo Ferreira da Silva como o poeta maior deste gênero.

Na terceira parte, abordaremos especificamente o uso dos folhetos


como ferramenta didática para o ensino das ciências, ressaltando sua relação
com as terias didáticas, como: a Pedagogia de Paulo Freire, com seu ensino
contextualizado e que tem o diálogo como base na relação professor-aluno, a
teoria de Aprendizagem Significativa de David Ausubel, que explora os
conhecimentos prévios (subsunçores) dos alunos, e ainda, faremos a relação dos
folhetos com o chamado enfoque CTS4 para o ensino das ciências, o qual
relaciona profundamente o mundo do estudante com o que é discutido em sala de
aula, mostrando que a ciência está realmente presente em sua vida.

Na sequencia, descreveremos sucintamente o caminho seguido até


aqui para a construção do Catálogo de Folhetos de Cordel Científicos e como
este pode ser utilizado para o ensino das ciências. Destacaremos a forma de
classificação dos folhetos, que esta respeita a lógica da tradição dos poetas e ao
mesmo tempo dispõe-se de forma didática para o uso do professor. Neste ponto,
os leitores terão acesso ao próprio Catálogo, e, prefiro deixar para estes, maiores
descobertas e possibilidades de uso.

Na quinta parte do texto aprensentaremos uma sequência de ensino


para o uso dos folhetos de cordéis em sala de aula, sendo esta, inspirada na
Sequência FEDATHI, a qual sera apresentada no Anexo I, sendo composta de
quatro etapas que orientam a postura do professor em sala de aula (BORGES
NETO, et al, 2013; SOARES, 2016). Mas também nos inspiramos na própria
didática do ensinar contida nos folhetos analisados. A sequência de ensino tem
por objetivo o efetivo uso destes como ferramenta didática para o ensino das
ciências, pois entendemos os folhetos devem ser utilizados para além de
divulgação científica.

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Essa categorização que criamos: folhetos de cordel científicos se coloca no sentido de folhetos que abordem
a temática das ciências ditas exatas.
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CTS – Ciência Tecnologia e Sociedade.

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Seguindo, analisaremos alguns folhetos de cordéis sob o ponto de


vista didático, explorando pontos para orientar o professor em seu uso em sala de
aula e destacaremos também os primeiros folhetos produzidos com conteúdos
específicos de física, e a aplicação destes em uma intervenção pedagógica. E
para finalizar, apresentaremos breves conclusões e perspectivas para além deste
trabalho.

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Uma breve trajetória acadêmica

Uma mídia dita mais moderna que os folhetos de cordel, contribuiu, diria
eu, para meu caminho ao conhecimento científico, e até mesmo as minhas
crenças. A série Cosmos, em sua primeira versão ainda protagonizada em 1980
por Carl Sagan, passava na TV aos domingos pela manhã. E lá, deitado no chão,
de frente para a TV, assistia esta série e tantos outros programas de cunho
científico. Esta, particularmente, foi essencial para o início de minha formação
científica, ainda na pré-adolescência. É claro que os folhetos de cordel fizeram
parte da minha vida desde a infância, mesmo morando em uma metrópole como
Fortaleza, pois “aqui é Nordeste”! No entanto não me passava pela cabeça sua
potencialidade para o ensinar ciências, e, menos ainda, que um dia eu iriai fazer
parte desta aproximação.

Fiz o ensino médio profissional na Escola Técnica Federal do Ceará, hoje


Instituto Federal do Ceará. Considero os quatro anos nesta escola, mais

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importantes que os anos de universidade. Talvez por ela ter aberto para mim um
mundo de possibilidades, pois antes eu não vislumbrava muita coisa para o
futuro. Dali saí com emprego e uma ótima formação escolar em nível médio.

Ao entrar na Universidade Federal do Ceará-UFC, em 1999, para estudar


física, trabalhei paralelamente durante os três primeiros semestres do curso,
como Técnico em Eletrotécnica na antiga Embratel5. Neste periodo, a área de
ensino de física ainda não me surgia como uma possibilidade acadêmica, mesmo
porque, o que era falado pelos professores do curso do Departamento de Física
da UFC, era que os “bons alunos” faziam bacharelado, e não licenciatura. Claro!
Praticamente ninguém fazia licenciatura.

Na mesma universidade, fiz Mestrado, também na chamada “física dura”,


física teórica de altas energia, continuando na mesma área em que tinha
trabalhando na iniciação científica, a saber, a teoria quântica de campos. Esta é a
área de pesquisa em física que vislumbra o conhecimento da origem do universo
e a unificação em uma mesma teoria das forças fundamentais da natureza
(gravitacional, eletromagnética, força nuclear forte e força nuclear fraca), nos
permitindo um aprofundamento teórico da física e uma inquietação
epistemológica, quer dizer: proporciona uma boa formação geral em física, o que
é muito importante para a formação de um futuro professor.

Ainda durante o segundo semestre do mestrado, fui aprovado no concurso


para professor da Universidade Regional do Cariri - URCA, onde comecei a
trabalhar em agosto de 1994, e já em 1998 saí para realizar o doutorado,
inicialmente na UFC, mas logo no primeiro ano, sai para o Centro Brasileiro de
Pesquisas Físicas, o CBPF6, o qual foi fundado pelas grandes figuras de Cesar
Lattes e Jose Leite Lopes, entre outros. Fui morar então na indiscutivelmente
linda Rio de Janeiro, cidade que sou apaixonado até hoje.

No CBPF fui trabalhar no Grupo de Teoria de Campos dirigido pelo


professor José Abdalla Helayël-Neto, o qual conviveu com Dirac na Itália, e

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Empresa Brasileira de Telecomunicações.
6
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

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trabalhou no grupo de Abdus Salam, estes, dois ganhadores do Prêmio Nobel de


Física, e segundo Helayël, duas figuras humanas impecáveis. Não é a toa que
Helayël se tornou uma referência para tantos estudantes de física no Brasil, por
sua formação teórica, excelentes aulas e um espirito humano incomum. Helayël,
desde que voltou para o Brasil em 1978, se envolveu também com o ensino de
física, mas somente recentemente, iniciamos a discutir projetos conjuntos. Mas, o
doutorado que conclui em 2004 ainda teve como objeto de pesquisa a física
teórica de altas energias.

O trabalho acadêmico com o ensino de física iniciou efetivamente após


voltar do doutorado para a universidade em que trabalhava, apesar de ter
realizado já em 1996 um trabalho de diagnóstico sobre a formação de professores
de física da região do Cariri, trabalho apresentado no Simpósio Nacional em
Ensino de Física de 1997. Este trabalhou mostrou que mais de 90% dos
professores de física da região não tinha formação em nenhuma modalidade de
graduação em física. Acredito que este trabalho despertou em mim a necessidade
de trabalhar com ensino de física no Cariri.

Esta carência de professores com formação em física na região do Cariri


levou, entre os anos de 2003 e 2007, os professores de física da Universidade
Regional do Cariri a se dedicaram para criação do Departamento de Física e do
Curso de Licenciatura em Física, o primeiro do Cariri. Enfrentamos bastantes
barreiras, especialmente políticas, pois passávamos por um período de
intervenção e perseguições em nossa universidade. Porém, depois de anos de
confronto, conseguimos iniciar a primeira turma em agosto de 2007, apesar do
Departamento ter sido criado em 2003.

O trabalho de pesquisa em ensino de física teve um reinicio em 2006,


quando um ex-aluno do curso de engenharia de produção da URCA e professor
de física, fazia uma Especialização em Ensino de Ciências, e convidou-me para
orienta-lo em sua monografia. A partir deste trabalho, Claudio Rejane, hoje
professor do Departamento de Física da URCA, fez um mestrado em ensino de
ciências e atualmente é doutorando em Ensino de Física na Universidade Federal

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do Rio Grande do Sul, um dos maiores centros em pesquisa na área de ensino de


física do Brasil.

Em 2007, paralelo à implantação do curso de Licenciatura em Física da


URCA, realizei com um estudante de Iniciação Científica, mais um diagnóstico
sobre a formação dos professores de física da região do Cariri, o que nos revelou
que a realidade praticamente não mudou se comparada com o trabalho realizado
em 1996, o que indicava um acerto na criação de uma graduação em física na
região do Cariri e a necessidade de avançarmos mais, no sentido de
qualificarmos os atuais professores, pois estes, como comprovado, tinham pouca
ou nenhuma formação em física. Necessidade que nos levou à criação em 2011
da Especialização em Ensino de Física, com caráter público e gratuito.

Em 2009 decidi direcionar integralmente meu trabalho acadêmico para a


pesquisa em ensino de ciências, indo realizar um pós-doutoramento na Faculdade
de Educação da Universidade Federal do Ceará com o professor Hermínio
Borges, momento em que tive acesso ao estudo das sequências de ensino, as
tecnologias da informação como recurso para o ensino (TIC), ao ensino pelo
enfoque de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), mas também a pedagogia de
Paulo Freire e a teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel.

Agora entraremos na etapa do meu reencontro com os folhetos de cordel, e


este como ferramenta para o ensino de ciências.

Pode-se dizer que isto se inicia em 2011, quando reencontro uma


companheira de militância política, a então professora e Poeta Fanka
(Dr.Francisca Pereira dos Santos). Uma mulher inquieta, que um dia, no início de
2012, me pergunta se os folhetos não podem servi para ensinar as chamadas
ciências exatas, e me provoca a fazer um trabalho na França, com a professora
Ria Lemaire, com quem ela iniciaria um pós-doutoramento a partir de agosto
daquele ano. Na verdade, esta conversa estava relacionada também a uma
necessidade de militância política na Europa.

A partir desta conversa, pesquisei e constatei que existiam poucos


trabalhos que abordavam o uso dos folhetos científicos nos colégios, e mesmo

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estes poucos, eram na divulgação científica. Assim, fixei-me na ideia de trabalhar


os folhetos para o ensino no chão da sala de aula, com conteúdos específicos.
Mas antes precisava pesquisar o que de fato existe de folhetos de cordel com
cunho cientifico, pensando nas ciências ditas exatas. Iniciaram-se os contatos
com a professora Ria, mas também com outros pesquisadores na França.

Nestes contatos, uma pesquisadora não me respondeu a mensagem de


apresentação da ideia de trabalho, outra foi bastante educada elogiando a ideia,
mas afirmando que não tinha afinidade com o tema. E outra me chamou atenção,
também na França, pois me escreve dizendo não entender qual relação entre
ensinar ciências exatas e os folhetos. Mesmo sem ainda ter experiência com o
estudo dos folhetos, respondi à professora, fazendo a relação entre os folhetos e
as teorias de aprendizagem, e dizendo que “era eu não entendia como ela não
entendia essa relação”! Bem, ficou por aí. Porem em 2014, reencontro a referida
professora em um evento científico na França. Apresentei meu trabalho, já com
resultados do que eu havia proposto para ela. Esta fez perguntas, eu respondi, e
fizemos de conta que nada tinha acontecido antes.

Voltando ainda para o primeiro semestre de 2012, tive o primeiro encontro


com a professora Ria em Campina Grande, creio que no mês de abril. Bem,
confesso aqui nestas linhas algo que nunca falei para ninguém (nem mesmo para
a Fanka, e nem para professora Ria, hoje uma amiga): apesar dela não ter dito
“um não” naquele momento, sobre me receber para um pós-doutoramento, senti
que ela achou alguma coisa estranha, não a proposta de trabalho, mas a minha
ainda frágil inserção no mundo dos folhetos de cordel e a relação de minha ida
para a Europa com a militância política.

Iniciando minha inserção no mundo dos folhetos, mas sem uma definição
sobre minha ida para trabalhar na Universidade de Poitiers, na França, com a
professora Ria Lemaire, em setembro de 2012, com a ajuda da professora
Joseilda Maria, fiz uma grande coleta de folhetos de cordel científicos no Acervo
de Obras Raras Átila Almeida da Universidade Estadual da Paraíba, em Campina
Grande. Minha ideia já era chegar à França levando uma grande quantidade
destes folhetos, digitalizados, e juntando com os que eu iria encontrar no Fonds

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Ramond Cantel (na Universidade de Poitiers), iniciaria meu trabalho que tinha
como um dos objetivos a construção de um catálogo de folhetos científicos.

Com ajuda de Fanka e da própria professora Ria, mesmo sem uma


resposta ainda sobre o aceite para o pós-doutorado, viajei para França no final de
setembro, para lá tentar convencer a professora Ria que eu poderia realizar o
trabalho proposto, pois dedicação e compromisso eu teria. Porém faltava algo,
algo que só mais tarde percebi que era essencial para trabalhar com a professora
Ria Lemaire.

Fiquei na bela Poitiers até final de dezembro, e já com o aceite, voltei para
o Brasil para encaminhar o mais rápido possível o “Visto” para voltar à França e
começar o trabalho no Centre de Recherche Latino-Americaine - CRLA, da
Universidade de Poitiers - FR.

Neste primeiro período que fiquei na França, olhando o material coletado


em Campina Grande e já de posse dos folhetos do Fonds Ramon Cantel, achei
curioso um determinado poeta. Este, o Poeta Gonçalo Ferreira da Silva, já havia
escrito muitos folhetos com a temática das ciências. Somente nestes dois acervos
encontrei mais de quarenta (40) folhetos deste poeta com a temática. Folhetos
que me encantaram pela poesia, e diferente dos demais, pelo rigor científico.

De volta à Poities no início de 2013, em uma reunião de trabalho com a


professora Ria, já minha supervisora de pós-doutoramento, comentei sobre esse
Poeta. Aí percebi que algo aconteceu enquanto eu falava. Ela encontrou em mim
o que faltava: a paixão pelo trabalho com os folhetos. De pronto, ela disse que era
amiga do Poeta, e daquela reunião já tivemos uma conversa por telefone com o
Poeta Gonçalo Ferreira da Silva, e uma visita marcada com ele na Academia
Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC, para o mês de maio daquele ano,
quando poderia conversar com o Poeta e verificar a dimensão de sua extensa
obra. Naquela mesma reunião com a professora Ria, comentei sobre um encontro
que tive com um poeta da ABLC no Rio de janeiro, por volta do ano 2000, quando
eu fazia meu doutorado no CBPF. Ali começamos a indagação que poderia ter

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sido o Poeta Gonçalo Ferreira da Silva a figura daquele encontro que relato no
Prefácio deste trabalho.

A partir deste momento o trabalho progrediu com paixão, além da


dedicação e compromisso. E muitos foram os avanços que obtive relacionados
com os folhetos de cordel: trabalhos apresentados em eventos, publicação de
capítulo de livro, orientações de estudantes de iniciação científica e de mestrado
com a temática dos folhetos para o “ensinar” ciências. Também foi criada em
setembro de 2013 a CORDELTECA Poeta Gonçalo Ferreira da Silva,
especializada em folhetos científicos (no Departamento de Física da URCA), e o
inicio da montagem do Fonds Augusto Nobre no CRLA da Universidade de
Poitiers, também com os folhetos científicos.

Retornado em definitivo para Universidade Regional do Cariri em fevereiro


de 2014, trabalhamos para a criação e implantação do Mestrado Profissional em
Ensino de Física, integrando a rede do Mestrado Nacional Profissional em Ensino
de Física da Sociedade Brasileira de Física – SBF, onde orientei um (1) com a
temática do ensinar física com os folhetos de cordel. Este estudante de mestrado,
que também é Poeta, finalizou o Produto Educacional de sua dissertação, o qual
é composto por quatro (4) folhetos, no formato tradicional, abordando o conteúdo
Calor. O que nos faz acreditar que podemos aprofundar as pesquisas para o uso
dos folhetos de cordel para além da divulgação científica, para o ensinar no “chão
da sala de aula” conteúdos específicos..

É sempre necessário agradecendo a Fanka, que persistiu muito para que


eu não desistisse, mesmo quando parecia que não tínhamos mais o que fazer. A
professora Ria pelo trabalhar com método e paixão, e pelo carinho com que trata
as pessoas do lado. E ao Poeta Gonçalo Ferreira da Silva, por tudo que me
proporciona, com sua obra, as boas conversas, amizade e o apoio a tudo que eu
preciso para o trabalho.

A seguir começaremos a abordagem do trabalho de construção de um


Catálogo de folhetos científicos e de sua utilização em sala de aula.

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Um breve histórico

Ao que chamamos hoje de literatura de cordel nordestina, acredita-


se ter sua origem nos cantadores que contavam e cantavam suas histórias em
forma de versos: histórias do cotidiano, da politica, da realidade nordestina, das
notícias do dia e do conhecimento humano. O termo literatura de cordel tem
origem ibérica, e era usado popularmente em Portugal para se referir à produção
de literatura de baixo custo, que pudesse ser comprado por pessoas de “poucas
posses” e vendida em feiras populares, onde se dependurava os livretos em papel
barato em cordões.

No Brasil, no entanto, no século XIX e ainda no século XX, usava-se


o termo literatura de folhetos, ou simplesmente folheto, que também tinha o
objetivo de ser barato e popular. O termo literatura de cordel nordestina só
começa a ser utilizado no Brasil de forma generalizada na década de 1970,
quando estudiosos defendiam que a própria origem de nossos folhetos era

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ibérica, sendo este um ponto polêmico sobre a origem dos folhetos (cordel)
nordestinos.

A literatura de cordel portuguesa, diferente de nossos folhetos, não


tinha um padrão de corrente literária e nem de formato. O nossos, por exemplo,
são sempre em versos e rimados, onde se aborda os mais variados temas, da
ficção às notícias e aos conhecimentos científicos. É fato, que a forma editorial de
nossos folhetos é muito semelhante à editoração da literatura de cordel
portuguesa, porém esta forma editorial dos cordéis se encontra por quase toda a
Europa, como ressaltado por Marcia Abreu (1999).

Pensando nos cantadores europeus, ainda antes da invenção da


tipografia (1450 – Gutemberg), é importante destacar que estes se colocavam
como a única mídia de transmissão de noticias e conhecimentos, sendo as
“novidades” transmitidas por cantadores ou cantadoras profissionais. As notícias
manuscritas sobre folhas de papel deve ter iniciado no século XI ainda levadas
pelos cantadores, no entanto o cantar ou declamar continuou como performance
para a venda dos poemas inicialmente manuscritos e mais tarde impressos, os
quais continuavam transmitindo notícias, novidades e conhecimentos, Lemaire
(2008, 2010)

Caminho semelhante foi seguido pelos poetas-cantadores


nordestinos, inicialmente com as cantorias e seguindo com todo o processo de
editoração e divulgação dos folhetos. Popularizaram-se as cantorias, a poesia, os
desafios entre os cantadores, tendo o poeta e cantador Agostinho Nunes (1797-
1858), da Serra do Teixeira no interior da Paraíba, como figura fundadora, e o
poeta Leandro Gomes de Barro, como responsável pelo início da publicação
sistemática dos cordéis brasileiros no início do século XX; Marcia Abreu (1999)

Nesse ponto é necessário ressaltar que os folhetos de cordel não


podem ser pensados somente como literatura, pois desde sua origem, na
oralidade com os cantadores, ou mesmo como cordel na Europa ou já como
folhetos no nordeste do Brasil, estes já funcionavam como mídias, como “jornais”
do povo, propaganda, divulgadores de noticias, como também para o ato de

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divulgar o conhecimento humano, o que nos leva a dizer que o ensinar já estava
aí colocado como missão primária desde o início.

Reforçando a ideia que os folhetos funcionavam como divulgadores


de notícias no interior do Brasil, fazendo ”às vezes” de jornais, transcrevemos
abaixo um trecho dos Estudos sobre a Poesia Popular no Brasil de Sylvio Roméro
(1888):

Nas cidades principaes do império ainda vêem-se nas portas de


alguns theatros, nas estações das estradas de ferro e noutros pontos,
as livrarias de cordel. O povo do interior ainda lê muito as obras de
que falamos ; mas a decadência por este lado é patente: os livros de
cordel vão tendo menos extracção depois da grande inundação dos
jornaes.

Neste trecho do estudo de Sylvio Roméro, apesar da predição até


hoje não confirmada do fim dos folhetos de cordel, é explicitado que os jornais
começam a entrar de forma intensa pelo interior do país, provocando, naquele
momento, a diminuição da tiragem dos folhetos. Ou seja, estes realmente
“funcionavam como jornais” do interior nordestino.

Mas, mesmo com a chegada dos jornais, por muitas décadas os


folhetos continuaram no interior do nordeste como fonte privilegiada de acesso às
notícias. E, a partir daquele momento também, os próprios poetas usavam os
jornais como fonte primária para colher as notícias que seriam por eles transcritas
e divulgadas em verso.

No século XX, entre as décadas de trinta e cinquenta, ocorreu no


Nordeste um apogeu da Literatura de Cordel, quando foram montadas as redes
de produção e distribuição dos folhetos, bem como, introduzidas inovações na
sua impressão, consolidando o formato utilizado até hoje, o que levou a
popularização desta arte contrariando as predições de Sylvio Roméro. Mas os
folhetos impressos vieram a ter uma maior visibilidade no Brasil inteiro a partir de
1964, quando a Fundação Casa de Rui Barbosa7, uma instituição de caráter

7
A Casa de Rui Barbosa é constituída por um Centro de Pesquisa, um Centro de Estudos Históricos,
um Centro de Documentação e pelo Arquivo Museu de Literatura.

22
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

estatal, ligada ao Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, deu início


a um projeto editorial voltado à publicação de catálogos, antologias e estudos
críticos sobre os folhetos de cordel brasileiros.

Direcionando nossa discussão para os folhetos que abordam temáticas das


ciências, temos nas últimas décadas os poetas, Gonçalo Ferreira da Silva,
Manoel Monteiro, Lorena Braga Sales, Elias A. de Carvalho, os jovens Josenildo
Maria Lima e Enio Gondim Guimarães, para citar alguns, que produziram em
todas as suas etapas cordéis que podem ser usados no ensinar e no divulgar das
ciências, seja pelos conceitos ditos “corretos”, seja no contraditório do “senso-
comum”, que estimula a se pensar novamente: “Do que as coisas são feitas”?
“Por que as estrelas não caem”? “O que nos mantem vivos”? “O que é essa tal de
internet”? E tantas outras perguntas que instigam e continuarão a viajar na mente
humana.

Como exemplos de títulos dos últimos 20 anos, temos os cordéis: “Galileu


Galilei – Vida e Obra”; “O Planeta Água Está Pedindo Socorro”; “Astronomia – A
Maravilhosa Ciência Celeste”; “O que é Ecologia; ABC do corpo Humano”; “Como
Funciona o Computador”, “O BIG BANG em Cordel” (Imagem 1), “A Física em
Cordéis – Ondas” e ainda “Física Conceitual em Folhetos de Cordel:
Termodinâmica”.

Imagem 1: Folheto Científico de Fernando Paixão.

Fonte: Acevo de Obras Raras Átila Almeida - UEPB8

8
Universidade Estadual da Paraíba

23
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Os folhetos, Donzela Teodora de Leandro Gomes de Barros e o


folheto Uma Viagem em Aeroplano até a Lua (Imagem 2), de João Martins de
Athayde, podem ter sido os primeiros impressos e divulgados amplamente no
Brasil, os quais abordam o tema das ciências, ainda nas primeiras décadas do
século passado, sendo o segundo, uma obra de “ficção científica”, o qual prevê
uma viagem à Lua, tantas décadas antes do homem realmente chegar até ela.
Aliás, o tema da viagem do homem à lua, foi bastante explorado nas décadas de
1960 e 1970, como é hoje o tema da Ecologia e do Meio Ambiente, demonstrando
o quanto os poetas estão conectados com o que acontece no mundo, ao mesmo
tempo em que mantém sua tradição secular de transmitir notícias e
conhecimentos.

Imagem 2: Folheto de João Martins de Athayde, correspondendo a origem dos Folhetos


Científicos impressos

Fonte: Acervo de Obras Raras Átila Almeida da UEPB

O poeta Gonçalo Ferreira da Silva, presidente e fundador da


Academia Brasileira de Literatura de Cordel, cearense radicado no Rio de Janeiro,
é o poeta que mais produziu folhetos com a temática das ciências exatas (mais de
50), destacando-se não somente pela quantidade, mas também pela variedade
dos temas, pela beleza dos versos, pela profundidade e rigor científico, e ainda,
pelo cuidado didático: “- Escreve como se estivesse ensinando para um grupo de
estudantes”.

24
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Temos também o Poeta Josenildo Maria Lima, de Campina Grande,


que produz folhetos especificamente para a divulgação da física. Motivado pelo
talento para criação de versos e por uma dissertação de mestrado em Ensino de
Ciências da Universidade Estadual da Paraíba, já produziu mais de dez (10)
folhetos científico de Física. E recentemente o Poeta Enio Gondim Guimarães,
professor da rede de Ensino Médio do Estado do Ceará, e que defendeu em
agosto de 2016 uma dissertação de Mestrado em Ensino de Física, da qual
resultou um Produto Educacional composto por cinco folhetos com conteúdo
específico de Calor e Termodinâmica, os quais podem ser utilizados para o
ensinar da física.

Viajando um pouco mais atrás, para as origens dos folhetos


científicos, temos que entre os cantadores, antes dos folhetos impressos, o tema
das ciências já era explorado. Era comum num desafio de cantadores, estes
tentarem derrotar o adversário testando seus conhecimentos gerais. Os
cantadores chamavam "cantar em ciência" a proposição de charadas e de
perguntas sobre matemática, física, geografia, história, etc. Era dessa forma que
muitas pelejas encontravam seu fim, quando um dos cantadores propunha uma
questão para a qual seu oponente não estava preparado. Como bem lembrado
por Marcia Abreu (1999), temos o célebre desafio entre Francisco
Romano e Inácio da Catingueira, ocorrido por volta de 1874, que, segundo
relatos, teria terminado assim:

Romano:
Então deves conhecer,
De Cabo, Estreitos e Mar,
Os golfos, as raças todas.
Deve estar de tudo ao par
Afina tua cachola.
Lá vou eu te perguntar.

Inácio:
Patrão, faça ponto aí.
Nesse embrulho é que eu não vou
Você quer que eu lhe diga
O que ninguém me ensinou, '
A geografia é difícil

25
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Dela eu muito longe estou.

Constatamos que o escrever e o declamar sobre questões científicas


não é algo novo. Inicia-se na oralidade, antes mesmo dos primeiros folhetos
impressos. Entendemos que os poetas cantadores eram verdadeiros
transmissores de conhecimento, e desde o inicio já se se identificava aí o ato de
ensinar. Se a arte da poesia, do declamar, do cantar, já foi usada há tantos
séculos na Europa e no nordeste do Brasil como transmissor do conhecimento,
por que não usa-la hoje no ensino regular? Por que não usar estas poesias
impressas e declamadas, como ferramenta didática para o ensino da matemática,
da física, da química e da biologia, áreas do conhecimento muitas vezes tão
áridas de ensinar e aprender? No sentido de popularização das ciências, já
existem trabalhos, como os do Poeta Gonçalo Ferreira da Silva e do Poeta
Josenildo Maria Lima, mas o que propomos aqui é a utilização dos folhetos para o
“ensinar”, com conteúdos específicos, usando-os como uma ferramenta didática,
e isso se inicia com os folhetos do Poeta e professor Enio Gondin Guimarães.

Pensando a utilização dos folhetos para o “ensinar”, a seguir


faremos a relação entre os folhetos de cordéis e as teorias de aprendizagem.

26
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Os folhetos como ferramenta didática para o


ensino das ciências

Entendemos que os folhetos de cordel não devam ser preservados


somente como relíquias da tradição nordestina, ou como literatura e ficção, ou
algo pitoresco e visto muitas vezes de forma preconceituosa. Queremos usa-los
como disseminador das ciências, mas também em sala de aula como ferramenta
didática num de processo ensino-aprendizagem que seja interativo, dialogado e
contextualizado, e ao mesmo tempo pretendemos incentivar uma maior produção
dos chamados folhetos científicos.

Os conteúdos das chamadas ciências exatas, como regra, são


transmitidos para que os alunos assimilem mecanicamente fórmulas, nomes e
leis, não levando o estudante a discussão dos conceitos e suas aplicações, para
que de fato aconteça o que entendemos como aprendizado. É o que é chamado
por Paulo Freire (1987) de ensino bancário: o professor diz as verdades que o
aluno deve guardar em sua mente. Não existe dialogo, não se descobre e nem

27
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

se explora o saber do aluno, seu conhecimento anterior e sua vivencia. Nesse


contexto, temos também a Aprendizagem Significativa de David Ausubel (1968), a
qual coloca que uma nova informação interage com uma estrutura de
conhecimentos prévios do aluno, ao qual se define como conceito subsunçor, e a
partir desta interação acontece o aprendizado de um novo conceito, ou uma
ressignificação.
Paulo Freire aborda também a questão do ensino
descontextualizado, que não leva em consideração a vida do estudante e a
realidade daquela comunidade, daquela região. Nem provoca uma maior
consciência crítica da sociedade em que vivemos. Nessa linha de raciocínio, hoje
é também bastante discutido o ensino de ciências no contexto CTS (Ciência,
Tecnologia e Sociedade). Um ensino que leva o estudante a associar diretamente
o que se discute na escola com a ciência e a tecnologia que ele usa, com seu
contexto social, sua vida, o que acontece na sua rua, no seu colégio, na sua
cidade e no mundo, mostrando que a ciência deve estar a serviço da sociedade
que a cerca; Décio Auler (2009).
Entendemos que os folhetos exploram o que os leitores já sabem ou
já ouviram falar, conectando a nova informação com o conhecimento prévio do
indivíduo. Outra característica que consideramos importante nos folhetos
nordestinos é que o conteúdo de sua poesia é contextualização com o mundo,
com a política, religião, tecnologia, ecologia, etc. O que nos leva a afirmar
também, que estes já aplicam o enfoque CTS, pois os poetas falam sobre o que
os cerca e sobre os eventos atuais da sociedade.
Assim, os folhetos podem se colocar como uma ferramenta
perfeitamente aceita dentro das teorias pedagógicas e de suas didáticas, além de
serem uma excelente ferramenta lúdica para o ensinar. Também se pode
exercitar a interdisciplinaridade tão apregoada nos PCN´s9 (MEC10, 1997) para a
educação brasileira; Podemos exercitar o ensino das ciências dialogando com a
arte da poesia, da performance, com o declamar e o cantar, com a gramática, a
linguística, a leitura, a pedagogia, a história, a antropologia, a filosofia.

9
PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais.
10
MEC – Ministério da Educação.

28
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Outro aspecto que consideramos muito importante para o


desenvolvimento deste trabalho, é que este pode estimular um processo mais
amplo, no sentido de contribuir para melhorar o ensino das ciências nos colégios
de nível fundamental e médio, visto o baixo aprendizado de nossos estudantes
nestas áreas.

Polêmicas a parte com relação às ditas avaliações, considerando os


últimos resultados do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA11),
constatamos que o Brasil ocupa as ultimas posições no raking de matemática e
de ciências, entre os 65 países que participam do exame. O que se constata de
fato é um aprendizado insatisfatório dos estudantes brasileiros quando se refere
às ciências exatas. Temos ainda, que continuamente os resultados de análises de
desempenho dos estudantes brasileiros feitos pelo MEC7, mostram que área de
maior dificuldade dos estudantes de nível médio é nas disciplinas de matemática,
física e química.

Acreditamos que o uso dos folhetos como recurso didático pode


contribuir para a superação de uma pedagogia tradicional, centrada na exposição
excessiva do professor e na assimilação passiva pelo aluno. O folheto deve se
constituir como elemento mediador de uma proposta pedagógica, pautada em
princípios como: relação professor-aluno dialógica; criação de espaço para a
pergunta e a problematização; aluno como sujeito ativo de sua aprendizagem;
relação teoria-prática; interdisciplinaridade; contextualização do conteúdo em
estudo.

A área de estudo delimitada neste trabalho surge em um momento


em que tanto se discute no campo da educação e do letramento a utilização de
novas ferramentas que ajudem no processo ensino-aprendizagem, principalmente
em áreas que historicamente são tidas pelos estudantes como “muito difíceis”,
como física e matemática, por exemplo.

11
PISA - Esta prova é aplicada pela Organização para Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE). http://www.oecd.org/pisa/pisa2009keyfindings.htm

29
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

São os folhetos de cordéis como ferramenta no processo de ensino-


aprendizagem, na formação de crianças, jovens e adultos.

Assim, tendo em vista a constatada lacuna de arquivos e


publicações que exploram a produção poética com abordagem das chamadas
ciências exatas, e a necessidade de tornar o ensino das ciências exatas algo mais
motivante, densenvolvemos este primeiro catálogo da produção de folhetos de
cordéis que abordam o tema das ciências exatas, como também uma sequência
de ensino, que ajude os professores do ensino fundamental e médio a utilizar os
folhetos em sala de aula como ferramenta no processo ensino-aprendizagem.

Vejamos a seguir.

30
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Um Catálogo de Folhetos Científicos e seu uso


para o Ensino das Ciências

Entendemos que os folhetos de cordel, além de um ótimo


instrumento de popularização das ciências, podem também se constituir numa
excelente ferramenta didática para o ensino das ciências exatas, sendo este o
grande motivador para o desenvolvimento de um material que possa ajudar o
professor na difícil tarefa do ensinar.

O Acervo de Literatura de Cordel: Fonds Raymond Cantel, Fonds


Fanka Santos e Fonds Augusto Nobre, sob a guarda do CRLA - Centre de
Recherches Latino-américaines da Universidade de Poitiers, um dos Acervos
documentais mais respeitados da Europa no que concerne a folhetos de cordel, o
Acervo de Obras Raras Atila de Almeida da Universidade Estadual da Paraíba -
UEPA, um dos maiores acervos do mundo, com mais 10.000 (dez mil) títulos,
como também os acervos da Cordelteca do Núcleo de Pesquisa em Ensino de
Física da Universidade Regional do Cariri - URCA e da Academia Brasileira de

31
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Literatura de Cordel, além do acervo particular da professora Ria Lemaire,


forneceram material em vasta quantidade para o desenvolvimento deste catálogo
de folhetos de cordel científicos, que em seu primeiro volume, é um catálogo para
as áreas específicas de física, astronomia, matemática e química, além de expor
grandes vultos da ciências, matémática e filosofia em geral. Optamos por deixar a
biologias e suas áreas correlatas (medicina, meio ambiente, etc), devido a enorme
quantidade de folhetos desta área do conhecimento.

O primeiro momento de coleta de folhetos científicos, nos acervos já


citados, foi realizado de setembro de 2012 a maio de 2013. Neste momento
separamos mais de duzentos e cinquenta (250) folhetos de todas as áreas das
ciências naturais: física, química, biologia, matemática e de suas áreas afins
(engenharias, astronomia, meio ambiente, saúde, etc), mas também das ciências
humanas e filosofia. Hoje já passamos dos quatrocentos (400), o que mostra
como é grande o número de produção de folhetos científicos e como é vasta a
abordagem do tema pelos poetas. Apenas como comentário, algo que também se
percebe, é que a grande maioria destes folhetos científicos aborda a biologia suas
áreas correlatas.

Para a produção do primeiro catálogo, que traz folhetos que


abordam a física, a astronomia, a química e a matemática, além dos grandes

vultos das ciências e filosofia, catalogamos 124 folhetos, além de livros e

livretos que carregam a estrutura de poesias rimandas em estrofes. Sobre o


formato deste primeiro catálogo, procuramos preservar a tradição dos poetas,
como também que este possa se constituir num material de fácil uso pelos
professores.

É recorrente entre os poetas o tema dos “grandes vultos”, não sendo


diferente quando vamos para os folhetos científicos. Muitos dos conteúdos de
ciências são expostos pelos poetas evocando uma grande personalidade, com
sua vida e obra, como: Einstein, Kepler, Ptolomeu e tantos outros expostos no
catálogo que se segue. No caso dos “grandes vultos das ciências”, resolvemos
introduzir nomes de todas as ciências e da filosofia. A categoria “eventos

32
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

marcantes”, outra marca dos poetas, também esta destacada neste primeiro
catálogo, onde temos um grande número de folhetos abordando a conquista da
Lua e a passagem do cometa Halley.

Resolvemos também criar a classificação de folhetos de ficção, o


que seria de fato “ficção científica”. Como por exemplo: “A Vida no Planeta Marte
e os Discos Voadores”, que mesmo sem rigor científico, mas com belos versos e
muita imaginação, pode ser explorado para discutir o que a ciência descobriu
sobre o planeta marte e qual a possibilidade, sob o ponto de vista do
conhecimento científico atual, de haver vida no mundo de Marte (recentemente foi
descoberto água em estado liquido em marte). Temos também no catálogo a
categoria “origens”, para incluirmos folhetos como, A Donzela Teodoro, pois neste
já se tem a possibilidade de exercitar o pensamento e a lógica.

Seguindo com o catálogo, temos a classificação direta das áreas:


física, astronomia, matemática e química, sendo a física e astronomia as áreas
mais abundantes. Muitos deste podem ser trabalhados diretamente em sala de
aula, pois nos passam a sensação que já foram de fato pensados para esse
propósito: o “ensinar”. Resolvemos criar também a seção “Livros e livretos”, onde
em geral trazem coletâneas de folhetos, por vezes comentados e analisados.

O catálogo, além da foto da capa do folheto, traz todas as


informações que possam ser encontradas no mesmo, tais como: nome do autor,
nome da obra, edição, editora, gráfica, cidade, estado, data, número de páginas,
número de estrofes, tipo de estrofes, tipo gravura da capa e autoria (se
xilogravura, foto, desenho, etc.), e notas (informações extras que venha no corpo
do folheto, como propaganda, biografia do autor, etc.). Teremos também a
informação sobre os assuntos abordados pelo folheto, pois isto facilitará o
professor procurar o material certo para trabalhar um determinado assunto, e
colocamos também a fonte onde encontramos o referido folheto, como por
exemplo: Fond Raymond Cantel (FRC).

33
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Entendemos que este é um Catálogo em construção, o que nos


deixa com abertura para receber sugestões que possam melhora-lo numa
próxima edição, pois se propõe a servir de facilitador no ensino das ciências.

A seguir temos o catálogo propriamente dito, e após o mesmo,


iremos descrever uma Sequencia de Ensino que entendemos ser possível de
aplicação em sala de aula, tendo os folhetos e sua declamação como facilitadores
do processo ensino-aprendizag

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

CATÁLOGO

Folhetos de cordel científicos

Física, Astronomia, Química, Matemática e Grandes vultos


das ciências

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Grandes Vultos das Ciências

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Sócrates - Canalizador maior do


pensamento cristão, 3a edição, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 8p.: 27
estrofes: sextilhas
Ilustração: gravura de Sócrates, sem identificação de autor ou
origem.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / pequeno texto sobre sua produção literária o
autor.
Assunto: ciências, filosofia.
FAN12 e Cordelteca do NPEF13

CAVALCANTE, Rodolfo Coelho, O Julgamento de Sócrates –


Filósofo Grego, 1a edição, Folheteria Cavalcante, Salvador, BA,
1984, 8p.: 32 estrofes: setilhas
Ilustração: xilogravura de Sócrates, sem identificação de autor.
Nota : propaganda da Folheteria Cavalcante
Assunto: ciências, filosofia.
ARL14

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Vida e Obra de Arístocles Chamado


Platão, 2a edição, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2010, 12p.: 31
estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de Erivaldo da imagem de Platão
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / biografia resumida do autor / propagando do
folheto Aristóteles - Vida e Obra, do mesmo autor.
Assunto: ciências, filosofia.
FAN e Cordelteca do NPEF

12
FAN - Fonds Augusto Nobre do CRLA-Centre des Recherches Latino-américaines da
Universidade de Poitiers-UP
13
NPEF - Núcleo de Pesquisa em Ensino de Física da Universidade Regional do Cariri - URCA ,
onde se encontra a CORDELTECA de folhetos científicos: Poeta Gonçalo Ferreira da Silva
14
ARL - Acervo particular da professora Ria Lemaire

37
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Tales de Mileto - Vida e Obra, ABLC,


Rio de Janeiro, RJ, 2004 8p.: 30 estrofes: sextilhas.
Ilustração: Imagem de Tales de Mileto, sem identificação de autoria
da imagem, ou origem.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e fundador
da ABLC.
Assunto: ciências, pensamento.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Pitágoras - A escola e os seus destinos,


2a edição, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2005, 8p.: 31 estrofes:
sextilhas.
Ilustração: xilogravura de J.Victtor(JV) da imagem de Pitágoras.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, filosofia, matemática.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Aristóteles - Vida e Obra, 2a edição,


ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2002, 12p.: 27 estrofes: sextilhas.
Ilustração: xilogravura de Erivaldo da imagem de Aristóteles.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / biografia resumida do autor / propagando do
folheto Vida e Obra de Arístocles Chamado Platão, do mesmo
autor.
Assunto: ciências, filosofia, fisica
FAN e Cordelteca do NPEF

38
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Demócrito – Vida e Obra, ABLC, Rio


de Janeiro, RJ, 2005, 8p.: 27 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravura de J.Victtor da imagem de Demócrito,
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e fundador
da ABLC.
Assunto: ciências, filosofia natural, física, química, átomos.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Anaximandro de Mileto – Vida e obra,


ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2004, 8p.: 30 estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de Erivaldo da imagem de Anaximandro de
Mileto
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e fundador
da ABLC.
Assunto: ciências, pensamento.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Arquimedes – O maior dos sábios da


antiguidade 2a edição, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2005, 8p.: 32
estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de J. Victtor(JV) da imagem de
Arquimedes
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, física, mecânica.
FAN e Cordelteca do NPEF

39
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Laplace – Momentos de um grande


gênio, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2006, 8p.: 28 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravura de J. Victtor da imagem de Laplace.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e fundador
da ABLC / foto do autor na ultima página.
Assunto: ciências, física, mecânica, matemática, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Galileu – Vida e obra, 3a edição,


ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2010 , 8p.: 32 estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de Lito da imagem de Galileu
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / biografia resumida do autor / propagando do
folheto Vida e Obra de Arístocles Chamado Platão, do mesmo
autor / 1a edição em 1988
Assunto: ciências, física, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Isaac Newton, 2a edição, ABLC, Rio


de Janeiro, RJ, 2007, 8p.: 30 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravura de J. Victtor da imagem de Isaac Newton
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / 1a edição em 1988.
Assunto: ciências, física, matemática, mecânica.
FAN e Cordelteca do NPEF

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

BRUNO, Henrique, MARTINS, Rafaella, LEITE, Daniela, Issac


Newton, 1a edição, NPEF, Juazeiro do Norte, CE, 2013, 4p.: 8
estrofes: sextilhas
Ilustração: sem identificação de autores nem origem
Nota : Coleção Grandes nomes da Ciência
Assunto: ciências, física.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Copérnico – Vida e Obra, ABLC,


Rio de Janeiro, RJ, 2005, 8p.: 30 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravura de J. Victtor da imagem de Copérnico
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, física, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Kepler – Vida e obra, ABLC, Rio de


Janeiro, RJ, 2005, 8p.: 30 estrofes: sextilhas.
Ilustração: gravura de J. Victtor da imagem de Kepler.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, física, matemática, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Einstein - Vida, Obra e


Pensamentos, ABLC, 3a edição, Rio de Janeiro, RJ, 2010, 12p.:
30 estrofes: sextilhas
Ilustração: foto de Einstein sem identificação de autoria
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / biografia resumida do autor / propagando do
folheto Galileu, Vida e Obra, do mesmo autor.
Assunto: ciências, física, matemática, relatividade.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Johann Gutenberg – Vida e Obra, 2a


edição, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2007, 8p.: 30 estrofes:
sextilhas
Ilustração: gravura de J. Victtor da imagem de Johann
Gutenberg.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / 1a edição em 1995.
Assunto: ciências, imprensa.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Santos Dumont - Asas para o


mundo, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2006, 8p.: 32 estrofes:
sextilhas
Ilustração: montagem de J. Victtor com foto de Santos Dumont.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / edição comemorativa do centenário do 14
Bis.
Assunto: ciências, criação, invenções, aeronáutica, tecnologia
FAN e Cordelteca do NPEF

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

BRAGA, Medeiros, Santos Dumont – Genio e Pai da Aviação,


2008, 18p.: 54 estrofes: sextilhas
Ilustração: montagem do autor com foto de Santos Dumont e com
a primeira estrofe do folheto
Nota : biografia resumida do autor
Assunto: ciências, criação, invenções, aeronáutica, tecnologia
AAA15

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Aristarco - Iluminando os caminhos


do Futuro, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2012, 8p.: 28 estrofes:
sextilhas.
Ilustração: imagem de Aristarco, sem identificação de autoria.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Hiparco - O maior Astrônomo do


Final do Mundo Grego, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2012, 8p.: 31
estrofes: sextilhas
Ilustração: : imagem de Hiparco, sem identificação de autoria.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

15
AAA - Acervo de Obras Raras, Atila de Almeida da Universidade Estadual da Paraíba - UEPA

43
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Hipátia - Guardiã da Ciência,


Heroína e Mártir, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2010 , 12p.: 30
estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de lito da imagem de Hipátia.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / biografia resumida do autor / propagando
dos folhetos Pitágoras - A escola e os seus destinos e Sócrates -
Canalizador maior do pensamento cristão, do mesmo autor.
Assunto: ciências, matemática, astronomia
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, A Genialidade de Leonardo da


Vinci, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2005, 8p.: 32 estrofes: sextilhas
Ilustração:
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, física, tecnologia, criação, invenções.
FAN e Cordelteca do NPEF

GONÇALVES, Leonardo Santos, GONÇALVES, Josefa Isabel,


MACHADO, Rodolfo B. A., A Vida e as Fantásticas Invenções de
Nikola Tesla, Juazeiro do Norte, CE, 12p.: 34 estrofes: setilhas
Ilustração: imagem de Tesla sem identificação de autoria
Nota : Realização Universidade Regional do Cariri.
Assunto: ciências, física, invenções, criação.
FAN e Cordelteca do NPEF

44
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Thomas Alva Edison - Luz para o


mundo, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2013, 8p.: 32 estrofes:
sextilhas
Ilustração: foto de Thomas Edison
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, física, eletricidade, lâmpada, criação,
invenções.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Euclides - e a Ciência da


Geometria, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2013, 8p.: 29 estrofes:
sextilhas
Ilustração: xilografura de T Caleffi da imagem de Euclides.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, matemática, geometria.
FAN e Cordelteca do NPEF

BRUNO, Henrique, MARTINS, Rafaella, LEITE, Daniela,


Claudius Ptolomeu, 1a edição, NPEF, Juazeiro do Norte, CE,
2013, 5p.: 10 estrofes: setilhas
Ilustração: sem identificação de autores nem origem
Nota : Coleção Grandes Nomes da Ciência
Assunto: ciências, física.
FAN e Cordelteca do NPEF

45
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

BRUNO, Henrique, MARTINS, Rafaella, LEITE, Daniela, René


Descartes, 1a edição, NPEF, Juazeiro do Norte, CE, 2013, 5p.: 15
estrofes: setilhas
Ilustração: sem identificação de autores nem origem
Nota : Coleção Grandes Nomes da Ciência
Assunto: ciências, física.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, HUBBLE e as Nebulosas


Extragaláticas, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2013, 8p.: 30 estrofes:
sextilhas
Ilustração: xilografura de T Caleffi da imagem de Hubble.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC.
Assunto: ciências, física, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

46
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

47
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

48
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

49
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

50
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

51
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

52
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

53
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Eventos marcantes

54
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SOUZA, Francisco Peres, A Verdadeira História do Cometa de


Halley – “O Vagabundo dos Astros, Piripiri, PI, 8p.: 32 estrofes:
sextilhas
Ilustração: xilogravura de JAS.
Nota : descrição de títulos do autor e propaganda dos
patrocinadores
Assunto: ciências, astronomia, cometa
AAA

BARROS, Homero do Rego, O Cometa do Halley vem aí, Recife,


PE, 1985, 8p.: 32 estrofes: setilhas
Ilustração: gravura de Jailson.
Nota : propagandas variadas.
Assunto: ciências, astronomia, cometa
ARL

CAVALCANTE, Rodolfo Coelho, O Cometa Halley Volta a Terra


Depois de 76 Anos, 1a edição, Salvador, BA, 1985, 8p.: 32 estrofes:
sextilhas
Ilustração: gravura sem identificação de autor.
Nota : propaganda para venda do folhetos, com endereço e valores
para pedido exemplares
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
AAA

55
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

LACERDA, Geraldo Moreira de, O Cometa de Halley – O Sinal


do Fim do Mundo, 13p.: 49 estrofes: setilhas
Ilustração: xilogravura de Regídio Gonçalves de Lacerda
Nota : O autor se identifica como o “Poeta do Maranhão”,
propaganda do próximo lançamento autor: O Brado do Sertão
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
AAA

SILVA, Expedito F., O Cometa de Halley e Suas Curiosidades,


8p.: 32 estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de Erivaldo
Nota : o folheto tem propaganda eleitoral e trás também o poema:
O Voto da Libertação, de Paulo Carvalho.
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
AAA

SANTOS, Juvenal Evangelista, O Cometa de Halley, Teresina, PI,


8p.: 33 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravura sem identificação de autor.
Nota : o folheto tráz propaganda de uma oficina de carros e
também as datas, desde 240 a.C., das passagens do cometa Halley.
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
AAA

56
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

PESSOA, Sá de João, Cadê o C? HALLEY?, Rio de Janeiro, RJ,


1986, 8p.: 32 estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura sem identificação de autoria.
Nota : contra capa com 4 sextilhas em homenagem ao Poeta
Rodolfo Coelho Cavalcante, morto em 1986.
Assunto: ciências, astronomia, cometa
ARL

SANTOS, Apolônio Alves dos, Nova Aparição do Cometa Halley,


Gráfica e Editora Ltda, Duque de Caxias, RJ, 1985, 8p.: 32 estrofes:
sextilhas
Ilustração: xilogravura de MS.
Nota : propaganda para venda do folheto
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
AAA

PESSOA, Sá de João, O Cometa de HALLEY, 1985, 8p.: 32 estrofes:


setilhas
Ilustração: xilogravura de Marcelo Soares.
Nota : sem informações adicionais
Assunto: ciências, astronomia, cometa
AAA

57
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

HELENA, Raimundo Santa, Cometa Halley, 1a edição, Rio de


Janeiro, RJ, 1985, 8p.: 21 estrofes: decimas
Ilustração: xilogravura de MS.
Nota : O folheto trás pequena biografia do autor e propaganda dos
patriocinadores
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
FRC16

CAVALCANTE, Rodolfo Coelho, E a Terra Brilhará Outra Vez


– A Vinda do “Cometa Kohoutec, Salvador, BA, 1973, 8p.: 32
estrofes: setilhas
Ilustração: gravura sem identificação de autor ou origem.
Nota : propaganda de venda de livros e folhetos do autor, e
pequeno comentário de Odorico Tavares sobre o autor.
Assunto: ciências, astronomia, cometa
AAA

SOARES, José, O Eclipse e o Cometa Kohoutek,, 8p.: 29 estrofes:


28 sextilhas e 1 setilha (olhar se é a ultima)
Ilustração: gravura sem definição de autoria e origem.
Nota : propaganda de outros folhetos
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
FRC

16
FRC - Fonds Raymond Cantel do CRLA-Centre des Recherches Latino-américaines da
Universidade de Poitiers-UP

58
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

CRUZ, Antônio Apolinário da, A História Completa dos 3


Astronautas que Foram a Lua, Gráfica São Paulo, Guarabira, PB,
1969, 8p.: 39 estrofes: sextilhas
Ilustração: somente texto
Nota : propaganda da Gráfica São Paulo
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
AAA

PEREIRA, Sebastião da, A Conquista da Lua e as Aventuras dos


Astronautas no Vôo da Apolo 11 ida e volta à Lua, Campina Grande,
PB, 1969, 8p.: 32 estrofes: setilhas
Ilustração: gravura sem identificação de autoria e origem
Nota : mais uma estrofe na contra capa exaltando os heróis da
viagem à lua, recebidos pelo presidente Nixon.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
AAA

SILVA, Expedito F., Os Heróis do Espaço e a Conquista da Lua,


1969, 8p.: 32 estrofes: 30 sextilhas e 2 setilhas.
Ilustração: foto do homem na lua sem descrição de autoria e
origem.
Nota : sem nota
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
FRC

59
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SANTOS (Azulão), José João, O Homem na Lua, 1969, 8p.: 40


estrofes: sextilhas
Ilustração: foto de astronautas sem informação de autor e origem
Nota : divulgação de outras obras do autor.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
FRC

CAVALCANTE, Rodolfo Coelho, 2a Edição, A Conquista do


Homem à Lua, Jequié. BA, 1969, 8p.: 32 estrofes: setilhas
Ilustração: foto de astronautas sem informação de autor e origem
Nota : propaganda sobre uma marca de vinagre e Trovas para
Meditação.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
FRC

FILHO, Manoel d’Almeida, Os Homens que Pisaram na Lua,


Aracaju, SE, 1969, 8p.: 39 estrofes: sextilhas
Ilustração: foto de astronautas sem informação de autor e origem
Nota : um pequeno resumo sobre a Missão Apolo.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
FRC

60
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

NETO, José Cunha, Viagem do Homem à Lua - Missão da


“Apolo 11”, Belém. PA, 1969, 8p.: 32 estrofes: 31 sextilhas e 1
setilha.
Ilustração: sem ilustração, apenas texto.
Nota : propaganda de lojas comerciais, com setilhas..
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
FRC

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Trigésimo Aniversário da Conquista da


Lua, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 1999. , 8p.: 31 estrofes: sextilhas
Ilustração: imagem da lua, terra e da Apolo 11, sem autoria definida.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e fundador
da ABLC.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viagem espacial.
FRC e Cordelteca do NPEF

DINAMITE, Vado, A Volta do Homem a Lua na Apolo 12, 8p.: 24


estrofes: sextilhas
Ilustração: foto de astronautas sem informação de autor e origem
Nota : foto do autor.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
FRC

61
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SANTOS, Antônio Teodoro dos, A Conquista da Lua, Editora


Prelúdio, São Paulo, SP, 15p.: 56 estrofes: sextilhas
Ilustração: desenho colorido de Sergio Lima
Nota : Texto de incentivo à leitura. Propaganda da revista de
aventura, Juvencio - O Justiceiro.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
FRC

SOARES, José, O Homem na Lua, 8p.: 30 estrofes: sextilhas


Ilustração: gravura sem identificação de autoria e origem
Nota : propaganda de onde comprar o folheto. Indicação, à lápis,
do ano de 1969 (provável data do folheto).
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
AAA

SILVA, Inácio Francisco da, Os Homens Voadores, da Terra até


a Lua, Gráfica, 8p.: 39 estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de F. de Paula
Nota : A autoria da xilogravura for escrito à caneta. A contra
capa indica a Folhetaria Carioca como local de venda do folheto.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viajem espacial.
AAA

62
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Antonio Panferro da, O Satélite Russo ou o Disco Voador


Visto em Maceió, Tipografia Santo Antonio, Maceió, AL, 8p.: 32
estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura, sem definição de autoria
Nota : paródia de A. Pauferro na música Capital do Agreste,
sobre discos voadores.
Assunto: ciências, satélites.
FRC

FERNANDES, Olegário, O Eclipse de Dezembro, 4p.: 12 estrofes:


sextilhas
Ilustração: xilogravura sem indicação de autoria.
Nota : sem nota
Assunto: ciências, astronomia, cometa.
FRC

63
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

64
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Física

65
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

PAIXÂO, Fernando, O “Big Bang em Cordel,Tipografia Lira


Nordestina Juazeiro do Norte, CE, 2004, 8p.: 28 estrofes:
sextilhas
Ilustração: xilogravura de Abraão Batista
Nota : Projeto SESCordel Novos Talentos
Assunto: ciências, física
AAA

DINIZ, José de Souza, As declarações das peças do Veiculo,


Editor: José Bernardo da Silva, Juazeiro do Norte, CE, 1955, 8p.:
38 estrofes: sextilhas
Ilustração: imagem da lua, terra e da Apolo 11, sem autoria
definida.
Nota : , O folheto traz um protesto do editor, reivindicado seus
direitos autorais e de proprietário.
Assunto: ciências, astronomia, lua, viagem espacial.
AAA

SOUSA, Jean Moisés de, LIMA, Josenildo Maria de,


FEITOSA, Samuel dos Santos, A Física em Cordel - Sistema
de Medidas, Campina Grande, PB, 2012, 8p.: 31 estrofes:
sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura
de cordel. Divulgação de Blog e e-mail’s dos autores
Assunto: ciências, física, sistema de medidas
FAN e Cordelteca do NPEF

66
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SOUSA, Jean Moisés de, LIMA, Josenildo Maria de,


FEITOSA, Samuel dos Santos, A Física em Cordel - Ondas,
Campina Grande, PB, 2012, 8p.: 32 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura
de cordel. Divulgação de Blog e e-mail’s dos autores
Assunto: ciências, física, ondas
FAN e Cordelteca do NPEF

LIMA, Josenildo Maria de, A Física em Cordel – Calor e


Temperatura, Campina Grande, PB, 2012, 8p.: 31 estrofes:
sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura
de cordel. Divulgação do Blog e e-mail do autor.
Assunto: ciências, física, calor, temperatura, termodinâmica
FAN e Cordelteca do NPEF

SOUSA, Jean Moisés de, LIMA, Josenildo Maria de, FEITOSA,


Samuel dos Santos, UEPB, A Física em Cordel – As Leis de
Newton, Campina Grande, PB, 2012, 8p.: 31 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura de
cordel. Divulgação de Blog e e-mail’s dos autores
Assunto: ciências, física, dinâmica
FAN e Cordelteca do NPEF

67
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SOUSA, Jean Moisés de, LIMA, Josenildo Maria de,


FEITOSA, Samuel dos Santos, A Física em Cordel – Os
Segredos da Física, UEPB, Campina Grande, PB, 2013, 8p.:
31 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura
de cordel. Divulgação dos e-mail’s dos autores
Assunto: ciências, física
FAN e Cordelteca do NPEF

LIMA, Josenildo Maria de, A Física em Cordel – Estudo dos


fluidos, Campina Grande, PB, 8p.: 27 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura de
cordel. Cita o orientador e os participantes do Grupo de Trabalho
em popularização das ciências da UEPB. Divulgação de Blog do
Grupo.
Assunto: ciências, física, fluido.
FAN e Cordelteca do NPEF

SOUSA, Jean Moisés de, LIMA, Josenildo Maria de,


FEITOSA, Samuel dos Santos, A Física em Cordel -
Cinemática, Campina Grande, PB, 8p.: 31 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura
de cordel. Divulgação de Blog e e-mail’s dos autores
Assunto: ciências, física, mecânica, cinemática.
FAN e Cordelteca do NPEF

68
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

LIMA, Josenildo Maria de, A Física em Cordel – A peleja de


um físico antigo com um físico moderno, Campina Grande,
PB, 2013, 8p.: 26 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura
de cordel. Divulgação de Blog e e-mail do autor
Assunto: ciências, física, física moderna
FAN e Cordelteca do NPEF

SOUSA, Jean Moisés de, LIMA, Josenildo Maria de,


FEITOSA, Samuel dos Santos, A Física em Cordel -
Eletricidade, Campina Grande, PB, 2013, 8p.: 31 estrofes:
sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura
de cordel. Divulgação de Blog e e-mail’s dos autores
Assunto: ciências, física, eletricidade.
FAN e Cordelteca do NPEF

BRUNO, Henrique, MARTINS, Rafaella, LEITE, Daniela, E


assim surgiu a Física, 1a edição, NPEF, Juazeiro do Norte, CE,
2013, 12p.: 26 estrofes: “variadas”
Ilustração: sem identificação de autores nem origem
Nota : Coleção Grandes nomes da Ciência
Assunto: ciências, física.
FAN e Cordelteca do NPEF

69
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

70
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

71
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

72
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Astronomia

73
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Senhor dos Anéis, ABLC, Rio de


Janeiro, RJ, 2004, 8p.: 31 estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de J. Victtor da imagem do planeta saturno.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e fundador
da ABLC.
Assunto: ciências, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, O Sistema Solar, ABLC, Rio de


Janeiro, RJ, 2011, 24p.: 66 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravura do sistema solar sem descrição de autoria.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / pequena biografia do autor / o folheto possui
uma tabela com características dos planetas / o folheto trás uma
linha do tempo da corrida espacial.
Assunto: ciências, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Constelações - Retrospectiva


Científica e Reflexões, ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 2008, 12p.: 42
estrofes: sextilhas
Ilustração: Criação da capa de autoria de J. Victtor, da terra
minguante visto da lua.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / o folheto trás uma pequena biografia do
autor
Assunto: ciências, astronomia.
FAN e Cordelteca do NPEF

74
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

CRISTOVÂO, A Velocidade e Distâncias das Estrelas e Planetas,


12p.: 28 estrofes: sextilhas
Ilustração: capa de J. Victtor da terra minguante visto da lua.
Nota : Texto introdutório do autor sobre Universo Visível e
Invisível; ao longo do folheto existem pequenos textos sobre
números da terra e do sistema solar. Uma pequena autobiografia do
autor. Endereço onde encontrar os folhetos o autor.
Assunto: ciências, astronomia.
AAA

SILVA, Manoel Caboclo e, Cometa passa no Céu, 1973, 4p.: 20


estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura sem identificação de autoria
Nota : A contra capa trás um texto explicativo sobre cometas.
Assunto: ciências, física, astronomia.
AAA

SOUSA, Jean Moisés de, LIMA, Josenildo Maria de, FEITOSA,


Samuel dos Santos, A Física em Cordel - Astronomia, UEPB,
Campina Grande, PB, 2013, 8p.: 31 estrofes: sextilhas
Ilustração: gravuras sem autoria definida e origem
Nota : Popularizando a ciência, A Física através da Literatura de
cordel.
Assunto: ciências, física, astronomia
FAN e Cordelteca do NPEF

75
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SALES, Lorena Braga, Astronomia, A Maravilhosa Ciência Celeste,


ABLC, Rio de Janeiro, RJ, 8p.: 20 estrofes: setilhas
Ilustração: imagem do planeta saturno sem informação de autoria e
origem.
Nota : sem nota
Assunto: ciências, astronomia
AAA

76
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Matemática

77
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

MIRANDA, Neuman, A Tabuada em Cordel, Editora Queima


Bucha, Mossoró, RN, 12p.: 42 estrofes: sextilhas
Ilustração: imagem sem informação de autoria e origem.
Nota: dedicatória da autora; pequena biografia da autora.
Assunto: ciências, matemática, tabuada, números.
AAA

SILVA, Gonçalo Ferreira da, História do Computador, ABLC, Rio


de Janeiro, RJ, 2007, 8p.: 22 estrofes: setilhas
Ilustração: ilustração de J. Victtor.
Nota : Coleção Ciência em Cordel / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / pequena biografia e comentários sobre sua
obra literária.
Assunto: ciências, computação, matemática
FAN e Cordelteca do NPEF

CAMPOS, Ana Raquel, Contando a História dos Números, 2o


Edição, Recife, PE, 8p.: 24 estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura de Ana Raquel Campos.
Nota: Cordel Infantil. Texto explicativo sobre o folheto e sobre o
trabalho da autora. Propaganda da Folhetaria Campos de Versos.
Assunto: ciências, matemática, números.
FFS17

17
FFS - Fonds Fanka Santos do CRLA-Centre des Recherches Latino-américaines da
Universidade de Poitiers-UP

78
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

79
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Química

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

RINARÉ, Rouxinol do e VIANA, Klévisson, Os Mistérios dos


Perfumes, 1o Edição, Tupynanquim Editora, Fortaleza, CE, 2008,
8p.: 31 estrofes: 30 sextilhas e 1 setilha.
Ilustração: Xilogravura de Klévisson Viana
Nota: dedicatória da autora; pequena biografia da autora.
Assunto: ciências, química, óleos essenciais, perfumes.
ARL

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Ficção

82
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

FERNANDES, Olegário. O Homem Que Foi à Lua, 4p.: 16


estrofes: sextilhas
Ilustração: xilogravura sem indicação de autoria.
Nota: sem nota.
Assunto: ciências, astronomia, lua
FRC

HELENA, Raimundo Santa, O Menino que Viajou em um


Cometa, 1o Edição, Rio de Janeiro, RJ, 1986, 18p.: 28 estrofes:
setilhas
Ilustração: Desenho de Raimundo Santa Helena.
Nota. Desenho das páginas, de Ênio Mota. Literatura de Cordel
para Criança. Pequena biografia do autor. O Folheto trás um
prefácio do próprio autor.
Assunto: Ficção científica, cometa.
ARL

CARVALHO, José Bezerra de, Viagem Interplanetária, 12p.: 48


estrofes: sextilhas
Ilustração: Gravura sem indicação de autoria e origem
Nota : propaganda em forma de verso
Assunto: ciências, física, astronomia
AAA

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Uma Viajem em um aeroplano até a Lua,


Typ. Guajarina, A EDITORA, Recife, PE, 16p.:60 estrofes:
setilhas
Ilustração: gravura sem indicação de autoria e origem.
Nota : indicação de locais de venda do folheto. Este folheto sem
indicação de autor, tem o mesmo conteúdo do folheto “A História
do Homem que subiu em um aeroplano até a Lua”.
Assunto: ciências, lua, aeroplano
FRC

MONTEIRO, M., A história de E.T. Um homem de outro mundo,


8p.: 24 estrofes: décimas
Ilustração: xilogravura de W. G B
Nota : “sem notas”
Assunto: ciências
ARL

CAVALCANTE, Rodolfo Coelho, A Vida do Planeta Marte e os


Discos Voadores, 2a edição, 1976, 8p.: 32 estrofes: setilhas
Ilustração: xilogravura de DILA
Nota : o autor se identifica como Trovador Popular Brasileiro,
propaganda da agência de folhetos “Casa do Trovador”
Assunto: ciências, marte
FRC

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

CAVALCANTE, Rodolfo Coelho, A Vida no Planeta Marte, 1a


edição, 1969, 8p.: 32 estrofes: setilhas
Ilustração: gravura de Sinézio Alves
Nota : o autor se identifica como Trovador Popular Brasileiro.
Assunto: ciências, marte
AAA

85
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Origens

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

ATHAYDE, João Martins de, História do homem que subiu em um


aeroplano até a lua, typ. Athayde, Recife, PE, 1923, 16p.: 60
estrofes: setilhas
Ilustração: capa sem gravura, apenas textos
Nota : propaganda dos locais de venda e da próxima obra à ser
lançada, com o seguinte anuncio: “brevemente Sahirá o indicador
do Recife Novo”.
Assunto: ciências, física, astronomia, aeroplano
AAA

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Livros e Livretos

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

OLIVEIRA, Julie Ane, Brincando com a Matemática,


Conhecimento Editora, Fortaleza, CE, 2011, 32 páginas
Ilustração: Rafael Limaverde.
Nota : Trata-se de um livro em quadras, todo ilustrado e
colorido para trabalhar as quantidades matemáticas com
crianças na pré-escola. A autora escreve nas ultimas
páginas, explicações sobre o uso deste material didático.
Assunto: ciências, matemática.
ISBN: 978-85-98603-85-8.
ARL

VIANA, Klévisson e VIANA, Arielvaldo, Arqueologia


no Ceará, Tupynanquim Editora., Fortaleza, CE, 2009,
16 páginas, 48 estrofes em sextilhas.
Ilustração: xilogravura em amarelo e preto dos autores
acima
Nota : Trata-se de um folheto de cordel que foge das
dimensões tradicionais do mesmo, tendo uma área
duplicada.
FAN

89
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

A seguir temos a série Ciências em Versos de Cordel de autoria do poeta Gonçalo


Ferreira da Silva. Este é um material didático, composto de onze livros preparados para
serem trabalhados em escolas do ensino fundamental e médio. Os livros trazem folhetos
de cordéis agrupados por temas das ciências. Aqui apresentamos os que trabalham com
as áreas de abordagem deste catálogo.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de Cordel


- Mecânica, 1a Edição, Editora Rovelle, Gráfica Edelbra,
Rio de Janeiro, RJ, 2012 , 32 páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: Arquimedes e Issac
Newton / O autor é Presidente e fundador da ABLC / O
livro traz uma pequena biografia do autor, como também do
ilustrador / Apresentação da obra e de outros livros da
coleção.
Assunto: ciências, física, mecânica.
ISBN: 978-85-61521-60-8.
Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de Cordel -


Corpos celestes, 1a Edição, 2a Impressão, Editora Rovelle,
Gráfica Edelbra, Rio de Janeiro, RJ, 2009 , 36 páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: Copérnico, Galileu e
Constelações / O autor é Presidente e fundador da ABLC / O
livro traz uma pequena biografia do autor / Apresentação da
obra e de outros livros da coleção.
Assunto: ciências, física, astronomia, corpos celeste.
ISBN: 978-85-61521-13-4.
Cordelteca do NPEF

90
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de


Cordel - Imprensa, 1a Edição, Editora Rovelle, Gráfica
Edelbra, Rio de Janeiro, RJ, 2012 , 32 páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: Johann Gutenberg,
História do Papel e História do computador / O autor é
Presidente e fundador da ABLC / O livro traz uma
pequena biografia do autor e do ilustrador / Apresentação
da obra e de outros livros da coleção.
Assunto: ciências, imprensa, computação.
ISBN: 978-85-61521.
Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de Cordel -


Filosofia, 1a Edição, Editora Rovelle, Gráfica Edelbra, Rio de
Janeiro, RJ, 2012 , 32 páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: Aristóteles, Vida e obra
de Arístocles (Platão) e Sócrates / O autor é Presidente e
fundador da ABLC / O livro traz uma pequena biografia do
autor e do ilustrador / Apresentação da obra e de outros livros
da coleção.
Assunto: ciências, filosofia.
ISBN: 978-85-61521-62-2.
Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de Cordel


– Pensamento, 1a Edição, Editora Rovelle, Gráfica Edelbra,
Rio de Janeiro, RJ, 2012 , 32 páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: Thales de Mileto e
Anaximandro de Mileto / O autor é Presidente e fundador da
ABLC / O livro traz uma pequena biografia do autor e do
ilustrador / Apresentação da obra e de outros livros da
coleção.
Assunto: ciências, pensamento, filosofia, física, astronomia.
ISBN: 978-85-61521-61-5
Cordelteca do NPEF

91
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de


Cordel – Criação, 1a Edição, 2a Impressão, Editora
Rovelle, Gráfica Edelbra, Rio de Janeiro, RJ, 2012 , 32
páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: A genialidade de
Leonardo da Vince e Santos Dumont / O autor é
Presidente e fundador da ABLC / O livro traz uma
pequena biografia do autor e do ilustrador / Apresentação
da obra e de outros livros da coleção.
Assunto: ciências, criação, invenções.
ISBN: 978-85-61521-59-2
Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de


Cordel – Matemática, 1a Edição, Editora Rovelle, Gráfica
Edelbra, Rio de Janeiro, RJ, 2012 , 32 páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: Einstein e
Pitágoras / O autor é Presidente e fundador da ABLC / O
livro traz uma pequena biografia do autor e do ilustrador /
Apresentação da obra e de outros livros da coleção.
Assunto: ciências, matemática, física, relatividade.
ISBN: 978-85-61521-58-5.
Cordelteca do NPEF

SILVA, Gonçalo Ferreira da, Ciências em versos de


Cordel - Astronomia, 1a Edição, Editora Rovelle, Gráfica
Edelbra, Rio de Janeiro, RJ, 2012, 32 páginas
Ilustração: J. Victtor
Nota : Contém os folhetos de cordéis: Kepler, Laplace e
Senhor dos aneis / O autor é Presidente e fundador da
ABLC / O livro traz uma pequena biografia do autor e do
ilustrador / Apresentação da obra e de outros livros da
coleção.
Assunto: ciências, astronomia, física, matemática.
ISBN: 978-85-61521-63-8
Cordelteca do NPEF

92
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

UMA SEQUENCIA DE
ENSINO

93
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

No sentido de construir uma sequencia de ensino para o uso dos


folhetos científicos como ferramenta didática para o processo ensino-
aprendizagem, tomamos como referência a Sequencia FEDATHI, desenvolvida
pelo Grupo de Pesquisa em Educação Matemática do Laboratório de Multimeios
da Universidade Federal do Ceará, sob a coordenação do professor Hermínio
Borges. Referenciamos-nos também, em nossa experiência de mais de dez (10)
anos de pesquisa em ensino de física, tendo nos últimos anos o acolhimento de
Núcleo de Pesquisa em Ensino de Física do Departamento de Física da URCA18,
onde temos também desenvolvido trabalhos aplicando a sequencia FEDATHI
para o ensino de física.

Porém, o grande diferencial no desenvolvimento da sequência de


ensino que iremos propor, é que ela está fortemente descrita nos próprios folhetos
científicos que constam no catálogo ora produzido, em especial nos folhetos
científicos do Poeta Gonçalo Ferreira da Silva. Constatamos que estes já nos
direcionam para pensar que caminho, que sequencia de procedimentos, de
ensino, devemos seguir para expor os conteúdos desejados. Surgindo aí o
declamar como uma etapa essencial para a sequência de ensino proposta.

18
URCA – Universidade Regional do Cariri

94
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Propomos então, a sequência de ensino descrito abaixo, para ser


aplicada em um tempo de duas horas de aula, se possível as chamadas aulas
geminadas19, com um prolongamento para mais aulas20:

1 - Iniciamos a aula apresentando o folheto. Com o folheto em


mãos, projetado na parede da sala e distribuído um exemplar para cada
estudante ou grupo de estudantes, falaremos sobre o poeta, o assunto abordado
e aspectos gráficos do deste.

Esta é uma formar de valorizar e respeitar a arte e os Poetas.

2 - Após, solicitamos um voluntário para declamar o folheto. E que


este estudante tenha uma voz forte e altiva como a dos cantadores e poetas
nordestinos.

Esse momento tem por objetivo estabelecer uma visão geral do


assunto abordado como também exercitar a interdisciplinaridade, com a leitura e
o declamar. É o momento de tentar seduzir os estudantes a se apaixonar pela
linguagem e sonoridade dos folhetos.

É importante entendermos a importância da leitura declamada em


voz alta, pois a rima e a declamação eram e ainda são táticas dos poetas
cantadores e cordelistas para que suas histórias, suas notícias, seus romances,
etc, sejam assimiladas pelos ouvintes. O declamar em sala, como os poetas
fazem, é essencial na utilização dos folhetos como ferramenta didática, e é parte
crucial da sequencia de ensino proposta, pois a “alma” do folheto é a sua
declamação21 em voz alta, e não somente a leitura pura e simples.

19
Aulas geminadas, ou casadas, são duas aulas em sequêcia, perfazendo um tempo de 110 a 120 minutos.
20
É importante bastante atenção para o planejamento das aulas onde se aplicará a sequência de ensino
proposta para o uso de folhetos, pois o tamanho e o contéudo folhetos definira o número de aulas
necessárias.
21
Na referência: LEMAIRE, Ria. Para o povo ver e ouvir / Pour que les gens voient et entendent: La
presence de la voix dans les folhetos de la litterature de cordel bresilienne. PRIS-MA XXIII / 1 ET 2,
2007, podemos encontra uma bela exposição que nos ajuda entender o que é um folheto de cordel, qual a
importância do ouvir, do declamar, do ver, e que o folheto não pode ser entendido apenas como versos
impressos num papel barato, ele tem que ser sentido com o ouvir, over, ....

95
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

3 - A seguir, podemos dividir a turma em grupos de 2 a 4 estudantes,


para que cada grupo leia, discuta e faça a interpretação de texto do folheto, em
especial sob o aspecto científico. Aqui também, nos grupos, é necessário
declamar cada estrofe, seguindo da discussão do conteúdo. É importante que se
faça anotações sobre qual conhecimento o folheto aborda, além de observações
dos próprios estudantes sobre o que entederam e discordaram do assunto
abordado. É sugerido que se faça a declamação, interpretação e as anotações,
estrofe por estrofe.

É a partir deste momento que se explora nos alunos os seus


conhecimentos prévios (teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel),
e como eles podem fazer a relação do conteúdo exposto no folheto com o seu
cotidiano social, político e ambiental (Enfoque CTS). Aqui o professor deve deixar
os alunos descobrirem por si só os ensinamentos postos no folheto, não interferir,
mas ficar atento e disponível para qualquer solicitação de ajuda dos grupos, como
também estimular as turmas que não estão conseguindo fazer um bom trabalho
de estudo.

4 – Nesta etapa, a sala fará uma discussão sobre o conteúdo


científico do folheto. Neste momento o professor será bem mais presente e
propositivo. Sugere-se novamente ir estrofe por estrofe, mas cada turma dividida
anteriormente poderá ter uma fala expondo o que entendeu de cada estrofe do
folheto, se estabelecendo então um debate entre todos.

O professor deve se colocar no sentido de estimular os estudantes a


falarem, e de forma natural aprofundar a teoria exposta no folheto. É mais uma
vez o momento para observar a teoria da Aprendizagem Significativa e o enfoque
CTS. Esta etapa exige mais participação do professor, sendo importante trabalhar
com os “erros e acertos” do que foi exposto pelos grupos, e o diálogo no processo
ensino-aprendizado tão defendido por Paulo Freire, deve permeiar toda a
sequência de ensino.

5 – Verificando a aprendizagem significativa, em casa, cada


estudante irá aprofundar a leitura se concentrando nos conteúdos expostos no

96
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

folheto, abrindo então, a possibilidade de aprofundarmos dos conteúdos


abordados. Temos e então um prolongamento da sequência de ensino para um
encontro seguinte, e nesta, realizando uma aula mais tradicional, onde espera-se
verificar a aprendizagem significativa através das falas dos alunos sobre o
conteúdo e soluções de problemas.

Para folhetos muito abrangentes, como os do Poeta Gonçalo


Ferreira da Silva, que abordam conteúdo equivalente à um semestre inteiro de
aula, por exemplo, mas que são lindamente ricos em poesia, e também rigorosos
sob o ponto de vista científico, sugere-se que estes sejam usados
preferencialmente para motivar o uso dos folhetos em sala de aula. Como numa
aula de abertura de um semestre letivo, como divulgação científica. O mesmo
pode ser dito dos folhetos do Poeta Josenildo Maria, apesar dos mesmos
trazerem contéudos que abragem somente conteúdos de dois meses de aula.

Apesar dos comentários acima a sequencia de ensino proposta,


pode ser adptada para trabalhar com qualquer folheto, menos ou mais
abrangente, rigoroso ou não sob o ponto de vista científico. Porem esta sequência
é mais apropriada para folhetos mais específicos de conteúdos, como os do
Poeta Enio Gondin, trazendo conteúdos para uma ou duas semanas de aula.

Voltando a questão do rigor científico. Entedemos que folhetos que


não são rigorosos cientificamente podem ser trabalhados em sala de aula,
destacando os pontos ditos “errados” e tranzendo o que é aceito pela comunidade
científica, pois estamos interessados em instigar e provocar os alunos a
despertarem para o mundo das ciências, e desmitificar principalmente o ensino da
matemática, da física e da química, que são tidas como muito difíceis.

Os conhecimentos prévios dos alunos, mesmo não ciêntificos, estão


geralmente pautados na sua experiência real, concreta e em suas percepções, e
algumas vezes pode se aproximar da ciência. Por exemplo, quando o estudante
analisa sua viagem no ônibus de casa até a escola, se esta acão for analisada
pelo ponto de vista teórico com a mediação do professor, ele consegue mais
facilmente descobrir e entender a Lei da Inercia. Senão, se desconectar a teoria

97
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

da prática, e não tiver uma boa mediação, ele pode chegar a conclusões
semelhantes a Aristóteles sobre o movimento dos corpos, conclusões estas,
fortemente pautadas no pensamento platônico. O “mundo das ideias” de Platão
ainda está muito arraigado em nossa formação, e leva muitas vezes os
estudantes a construírem conceitos completamente desconectados da
22
experiência real .

Mas, voltando aos nossos pensamentos, consideramos necessário


que o aluno tenha acesso aos folhetos impressos, como também, que os
estudantes sejam estimulados a escrever folhetos sobre o assunto abordado, ou
sobre outro ponto da disciplina em curso. Pode-se pensar nesta atividade de
construção de folhetos científicos por grupos ou individualmente, e estes podem
também ser utilizados como material didático pela própria turma.

Outra recomendação, ainda na aplicação da sequencia de ensino


proposta, é que o professor fique o mais “calado” possível, em especial na
terceira etapa da sequência de ensino. Mas não confundir isso com omissão. O
professor realmente deve ser um mediador e evitar completamente o “ensino
bancário” tão questionado por Paulo Freire. Seja o que o professor Hermínio
Borges da Sequência FEDATHI chama de “professor mão no bolso”: Seja aquele
que passeia pela sala atento e disponível, mas interferindo somente quando
solicitado ou quando observar algo muito discrepante com os objetivos do
aprender ciências. Tenha em mente a aprendizagem significativa e a relação que
deve ser dado ao conteúdo com a realidade vivida pelo estudante (enfoque CTS),
e não se esqueça de ouvir e dialogar com o estudante.

É claro que colegas de trabalho, ou mesmo alguns alunos, irão fazer


comentário do tipo: “Ele tá é enrolando a aula!”. Principalmente nesse mundo do

22
Os pré-socráticos eram exímios pesquisadores, e pautavam suas descobertas, sua ciência, na observação
e na experiência, no fazer concreto. O pensamento platônico, em certa medida, aniquilou estes
pesquisadores, anexando fortemente a ciência às elites dominantes e a religião oficial por mais de 15
séculos (segundo Carl Segan, - séculos de obscurantismo). Quando se refere ao desenvolvimento da Física,
por exemplo, somente com Nicolau Copérnico, Galileu e Kepler é que podemos dizer que foi retomado o
óbvio, que é a unificação da observação, experimentação e teoria. Se formos para a química, uma ciência
essencialmente experimental, pode-se perceber como foi ainda mais nefasto o papel do pensamento
platônico. O que eram as “Bruxas”, senão pesquisadoras no manipular das substâncias? Estas foram levadas
à fogueira por séculos e séculos na Europa.

98
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

ensino das ciências exatas! É necessário explicar aos alunos e à escola a


metodologia utilizada, e afirmar que o conteúdo exigido pelo ensino tradicional
será cumprido, sendo esta uma forma de mediar com a direção do colégio e evitar
problemas. E pode ter certeza! Esta metodologia de ensino exige ainda mais do
professor no que concerne a planejamento da aula e domínio de conteúdo.

A seguir vamos apresentar quatro (4) folhetos. As sugestões,


análises e comentários que surgem ao longo do estudo de cada folheto, devem
ser encaixados na sequência de ensino sugerida acima, em especial nas etapas 3
e 4, e tem por objetivo ajudar o professor na condução da aula. Mas é bom que
fique claro que esse estudo segue mais na linha de sugestões de como o
professor pode direcionar a discussão em sala, e de maneira alguma deve ser
uma “camisa de força”, nem para o professor, tão pouco para os alunos. Aliás, os
alunos não devem nem ter acesso a essa análise de folhetos que faremos a
seguir, pois estes devem estar livres para descobrir as possibilidades contidas
nos folhetos, pois questões que não foram pensadas aqui, provavelmente virão à
tona durante a aula, por descoberta dos próprios alunos.

99
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Apresentando Folhetos

Iniciaremos com o folheto de cordel, ISSAC NENTON (Imagem 3),


do poeta Gonçalo Ferreira da Silva.

Issac Newton é o maior nome da física de todos os tempos por ter


descrito a teoria básica e fundamental para todo o desenvolvimento desta ciência,
como também pelo desenvolvimento do Calculo Diferencial e Integral, uma
matemática aplicada e essencial para o desenvolvimento de sua teoria e para o
avanço das engenharias.

Esta, que será uma análise sob o ponto de vista didático e científico,
servirá de apoio para o professor quando da aplicação da sequencia de ensino
desenvolvida anteriormente.

De fato o folheto ISAAC NEWTON do Poeta Gonçalo Ferreira da


Silva é excelente para a abertura de uma disciplina de Mecânica por abordar

100
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

tantos pontos dessa ciência, abrindo a possibilidades de usar outros folhetos mais
específicos ao longo da disciplina.

Ilustração 3 - Folheto do Poeta Gonçalo Ferreira da Silva

Fonte: CORDELTECA de Folhetos Científicos da URCA.

Vejamos alguns trechos.

- A importância da física para todas as ciências:

“... mas hoje seria difícil

para as ciências humanas

sem a física e a mecânica

celeste newtonianas.”

Este é um bom momento para falar sobre a relação da física com as outras
ciências e como a mecânica newtoniana as influenciou.

- Abaixo, uma bela poesia, não só pela rima, mas pelas palavras colocadas para
explicitar a riqueza da biografia de Isaac Newton:

“... do tempo escravo e o espaço

101
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

linear jamais seria ...”

A poesia pode ser uma ferramenta didática para tratar de assuntos tidos como
difíceis, como a ideia da linearidade, ou não, do tempo.

- Sobre a biografia de Newton:

“ ... ou no estrindor da guerra.”

Descobrir de qual guerra o autor se refere, ou se foi apenas uma evocação


poética. Coloca-se presente aí a interdisciplinaridade e o enfoque CTS, para
descobrir e discutir o mundo real em torno de Isaac Newton.

- Nos versos seguintes temos uma grande quantidade de teorias. Vejamos:

“ Autor inconteste do

cálculo infinitesimal

ao formular a lei de

atração universal...”

Além de tocar na grande teoria da gravitação, o Poeta comenta o fantástico


calculo infinitesimal (Diferencial e Integral), essencial para construção da própria
Teoria Newtonia (Mecânica) e para todo avanço das ciências exatas. Sendo aí
uma grande contribuição de Newton para a matemática e para as engenharias.

- Newton contribuiu também para o estudo da natureza da luz, como aborda o


belo verso a seguir:

“... os corpúsculos que lhe dão

102
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

luminosidade e vida.”

Já pensando na natureza corpuscular da luz.

- A estrofe seguinte destaca o papel de Newton como catalisador dos trabalhos de


outros, em especial Galileu e Kepler.

“De Galileu, a mecânica,

de Kepler, a astronomia

o Newton pesquisador

fez a metodologia

da pesquisa científica

com luz e sabedoria.”

- Uma série de magníficas pinceladas na física newtoniana, vejamos:

“A força que deixa os corpos

Celestes subjugados

Mantendo assim os planetas

continuamente afastados...”

A leis de Newton podem ser exploradas ai em toda sua profundidade. Pode-se


trabalhar a força gravitacional, a rotação e a força centrípeta.

- Discutindo a variação da força gravitacional:

“Nos vales é bem mais forte


A força da gravidade

103
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

E no alto das montanhas

Tem mais fraca intensidade...”

O professor deve destacar, caso os alunos não abordem, que na verdade esta
diferença de intensidade da gravidade é muito pequena entre vales e montanhas,
apesar de ser importante, principalmente quando se diz que existe menos
oxigênio para respirar quando se está a três (3) mil metros de altura, por exemplo.
Este é um momento que fica mais evidente o resgate dos conhecimentos prévios
dos estudantes. Hora também de evocar o enfoque CTS, pois, quem nunca
assistiu a uma partida de futebol da seleção brasileira na altitude da cidade de La
Paz, quando sempre é destacada a dificuldade de respirar? Por quê?

- A seguir as grandes obras de Newton. Em especial a grande obra PRINCÍPIOS


MATEMÁTICOS.

Em PRINCÍPIOS MATEMÁTICOS

estão as tese centrais

da física newtoniana

que aborda as leis naturais

e se constitui em uma

de suas obras principais.

Consideramos importante irmos a procura dessa obra, pois além do aprendizado


da física podemos incentivar os estudantes ao hábito da leitura.

- Nesta ponto o poeta mais uma vez é primoroso, quando coloca a questão da
ciência e da religião:

Enquanto Galileu

fez com pura convicção

linha divisória

entre a ciência e a religião

104
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Isaac Newton foi dado

A Divina adoração.

É importante discutir com os estudantes o que é religião, o que é a ciência, quais


suas diferenças e como ao longo da história da humanidade foi a interação entre
as duas. Sugerimos em especial, que se deve pensar nos períodos dos pré-
socráticos, a seguir, de Platão até Copérnico, Kepler e Galileu, e chegar até os
dias de hoje.

Estes pontos destacados do folheto ISSAC NEWTON, já


demonstram a possibilidade de riqueza didática dos folhetos. Este é amplo,
aborda muitos conteúdos, e pode realmente ser usado como aula para introduzir
a disciplina de mecânica.

O folheto a seguir (Imagem 4), é excelente para trabalhar com um


conteúdo um pouco mais específico da mecânica, no caso, as leis de Newton,
apesar deste ainda não ser direcionado para o dia a dia da sala de aula, pois
aborda um conteúdo que no ensino regular se leva mais de dois meses de aula.

Imagem 4 - Folheto do Poeta Josenildo Maria Lima.

Fonte: CORDELTECA de Folhetos Científicos da URCA.

- Vejamos em destaque algumas estrofes. Primeiro a que aborda a primeira lei de


Newton (a Lei da Inercia):

105
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Ciba muito empolgado


Um outro exemplo contou
Um cabra vinha de ônibus
E um cochilo ele tirou
Aí aconteceu uma freada
No chão o cabra acordou

Podemos discutir outros exemplos simples utilizando objetos da própria sala de


aula e do dia a dia dos estudantes. Olha aí a viagem no ônibus até a escola!

- Já na estrofe seguinte temos a definição da segunda lei de Newton:

A força que o cabra aplica


Newton explica muito bem
Ela depende da massa
Que em cima da bicha tem
O esforço não fica em vão
Uma aceleração ela obtém

Pode-se mais uma vez realizar exemplos em sala, e ir para o quadro branco e
desenvolver de forma lógica e “intuitiva” a expressão matemática dessa lei.

- Agora é a terceira lei:

Quando a gente vai andar


Nós empurra o chão pá trás
O chão nos afasta
E prá frente a gente vai
Esse é o par ação e reação
E acontece em nós meu pai

106
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Discuta também com os alunos o que aconteceria de não existisse o atrito, por
exemplo.

Pode ser conferido, que este é um folheto que explora bastante a realidade
dos estudantes, e tem uma grande riqueza de conteúdo.

A seguir temos um folheto da área da astronomia (Imagem 5), do qual


apresentaremos duas páginas como exemplo. Poderemos ver a riqueza de
informações sobre os planetas do sistema solar, e mais uma vez o poeta mostra a
riqueza das rimas.

Imagem 5 - Folheto do Poeta Gonçalo Ferreira da Silva.

Fonte: CORDELTECA de Folhetos Científicos da URCA.

Leia e veja o conteúdo e rimas na Imagem 6:

107
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Imagem 6 - Páginas do Folheto do Poeta Gonçalo Ferreira da Silva.

Fonte: CORDELTECA de Folhetos Científicos da URCA.

Este folheto descreve, com dados rigorosos, cada planeta do sistema solar,
com seus anéis e luas. Ele trás uma linha do tempo com todos os episódios da
conquista e descobertas celestes, como também uma tabela das dimensões do
sistema solar.

É mais um excelente folheto do Poeta Gonçalo Ferreira da Silva, trazendo


uma série de informações sobre o nosso sistema solar. Podemos utiliza-lo ainda
para discutir as Leis básicas da mecânica newtoniana. Com este folheto, você
pode estudar com muitos detalhes o Sistema Solar.

Pense em propor montar um Sistema Solar com seu grupo de estudantes!

A seguir apresentamos um dos cinco folhetos de cordel (Imagem 7)


produzido pelo Poeta e professor de física, Enio José Gondim Guimarães, que
compõe o produto educacional apresentado em sua defesa de dissertação de
mestrado (GUIMARÃES, 2016).

108
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Imagem 7: Folheto com conteúdos específicos de física

Fonte: CORDELTECA de Folhetos Científicos da URCA.

Com este e os demais folhetos produzidos durante o mestrado, mostramos


na intervenção pedagógica descrita na dissertação de mestrado do professor e
Poeta Enio José Gondin Guimarães (2016), que podemos ir além da divulgação
científica com os folhetos, ensinando em detalhes conteúdos específicos de física,
como pode ser visto no verso abaixo tirado de uma dos folhetos produzidos:

Todas moléculas lentas


Eis a água congelada
Incrível – primeiro gelo
Pura, também destilada
Devido à força atrativa
Por certo não violada

Estes folhetos com conteúdos específicos, junto com a sequencia de


ensino proposta neste trabalho, pode se torna uma ótima ferramenta para a
melhoria do ensino de física nas escolas de ensino médio.

109
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Estes são somentes exemplos de folhetos que podem ser utilizados como
ferramenta didática para o ensino de ciências, mostrando a enorme versatilidade
dos folhetos de cordel. E com este último inicia-se uma sequência de folhetos de
cordel para o uso no dia a dia da sala de aula, com uma abordagem de
conteúdos específicos de física.

110
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Conclusões e perspectivas

A exposição que está contida neste material, em especial a apresentação


de alguns folhetos, não tem a intenção de esgotar todas as possiblidades de seu
uso como ferramenta didática, mas sim, levantar algumas questões que nos
parecem essenciais para levar o estudante a se deslumbrar com a ciência. Mas
fica para o leitor deste material o incentivo para usar sua imaginação, e explora-
los de outras maneiras, outros folhetos, outras estrofes, e outras percepções que
não foram apresentadas aqui.

Uma postura que sugerimos ao leitor, ao professor, é explorar em sala de


aula a dita interdisciplinaridade. Podemos enquanto se discute a teoria cientifica
que é objeto de um determinado folheto, exercitar a leitura, a interpretação de
texto e mesmo a dramatização. Por exemplo, se um folheto, como são muitos dos
que constam no catálogo, apresenta a vida de um grande cientista, pode-se
incentivar que um grupo de estudantes transforme e materializem aquelas
estrofes em uma apresentação teatral.

A partir deste trabalho esperamos incentivar os professores a fazerem o


mesmo com tantos outros folhetos de cordél, e que sirva também de impulso para
novas produções de folhetos com o tema das ciências, seguindo os exemplos dos

111
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

poetas e professores de física, Josenildo Lima e Ênio Guimarães, entre outros


que começam a surgir.

É importante frisar mais uma vez que os folhetos que abordam o tema das
ciências, mas que não são rigorosos quanto aos conceitos científicos, podem e
devem também ser utilizados em sala, pois estes trazem o contraditório, o debate,
algo que falta tanto quando se trata de ensino, e acreditamos que ainda mais no
ensino das ciências exatas. E não esquecer, que o declamar é o pilar para o uso
dos folhetos de Cordel como ferramenta didática, resgatando então, essa tática,
uma didática dos poetas.

Entendendo que esta é uma linha de pesquisa apenas em seu início e que
este material é apenas o primeiro de muitos. Assim, pretendemos para a
continuidade deste trabalho:

- Planejar junto ao Núcleo de Pesquisa em Ensino de Física do


Departamento de Física da Universidade Regional do Cariri, a formação
de uma equipe composta por cordelistas, professores e estudantes, para
programar um longo trabalho de produção de cordéis que aborde os
conteúdos específicos da física, como já iniciado com a dissertação de
Mestrado de Enio Guimarães;

- Continuar com orientações acadêmicas na temática do uso dos folhetos


de cordel para o ensino de ciências, e aplicar a sequência de ensino
proposta nesta material, com o intuito de aperfeiçoa-la;

- Desenvolver o Catálogo Científico: biologia, saúde, ecologia e meio


ambiente;

- Continuar a pesquisa de folhetos científicos em outros acervos ainda não


visitados, para atualização dos catálogos;

- Continuar intercâmbio de pesquisa e de trabalho com o Poeta Gonçalo


Ferreiro da Silva na Academia Brasileira de Literatura de cordel, com as
pesquisadoras Ria Lemaire e Sylvie Colla da Universidade de Poitiers,
com a professora Fanka Santos da Universidade Federal do Cariri e com

112
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

os professores José Abdalla Helayël-Neto do Centro Brasileiro de


Pesquisas Físicas e Hermínio Borges da Universidade Federal do Ceará;

- Fortalecer a Cordelteca de Folhetos Científicos: Gonçalo Ferreira da Silva


do Núcleo de Pesquisa em Ensino de Física da URCA, que se propõe ser
referência nos folhetos científicos;

- Criação de um Site e Face especializados em folhetos de cordel


científicos, com folhetos digitalizados, vídeos, animações, jogos, etc.

Estes são apenas alguns projetos pensados para os próximos anos, mas o
que pretendemos mesmo é contribuir para o fortalecimento desta arte dos
folhetos de cordel, como também, atuar para um melhor aprendizado dos
estudantes nesta área do conhecimento humano, as ciências exatas. Ao mesmo
tempo devemos pensar e atuar para a mudança da atual estrutura de ensino de
nossa sociedade, um mundo capitalista que tem o acúmulo de dinheiro algo mais
importante que a sabedoria e o conhecimento.

113
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

ANEXO I

A Sequência FEDATHI23,24

A sequência FEDATHI, destinada inicialmente a solução de problemas de


matemática, se caracteriza por uma interação multilateral, entre professor e
alunos, e entre os próprios alunos. Esta tem como premissa básica levar
orientações de como o professor deve deixar uma concepção “Bancária” de
ensino e passe a ser um mediador, com muito diálogo na relação professor-aluno
e que conduza o estudante a uma aprendizagem significativa.
Esta sequência é composta por quatro etapas sequenciais e
interdependentes (Tomada de Posição, Maturação, Solução e Prova), e leva em
consideração as preocupações, dúvidas e sugestões dos discentes, que podem

23
Baseado no texto de SOARES, T. A. A Contribuição da Sequência de Ensino FEDATHI no Processo de
Ensino e Aprendizagem em Física. 2016. 84f. Dissertação (Mestrado Nacional Profissional em Ensino de
Física) - Universidade Regional do Cariri – URCA, Juazeiro do Norte, 2016.
24
A Sequência Fedathi constitui uma proposta metodológica desenvolvida por professores, pesquisadores e
alunos de pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará. Estes constituem o
Grupo FEDATHI, formado no início dos anos 1990 para tratar de questões relativas à didática da
matemática.

114
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

ser a centelha para o início da situação a ser trabalhada, entretanto que esteja
relacionada com que se pretende ensinar. Mas o docente sempre deve converter
o proposto pelos estudantes na linguagem adequada.
Para uma melhor compreensão das relações existentes entre professores,
alunos e o saber em jogo durante uma intervenção pedagógica com Sequência
Fedathi, a Imagem 8 mostra o esquema proposto pelo Professor Hermínio Borges
Neto, onde comtempla o ensino iniciado pelo professor e o saber alcançado pelas
ações dos próprios alunos.

Imagem 8: Esquema de Intervenção pedagógoca com a Sequência FEDATHI

Fonte. Borges Neto et al, 2001

Do esquema acima: (1), o professor diante do que deseja que os alunos


aprendam, apresenta o problema; (2), com o problema em mãos, os alunos vão
analisá-lo e averiguar uma solução que eles acham pertinente para a situação (3)
e (4); mediante a solução desenvolvida um debate será criado pelos discentes e o
professor; (5), momento no qual o saber é alcançado que corresponde à
mediação entre o professor-saber-aluno.
A seguir vamos detalhar cada etapa da Sequência FEDATHI, destacando
como se processa a relação entre o professor e alunos e entre os próprios alunos.

115
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

i) Tomada de Posição: Apresentação do Problema


Em algumas situações os professores não sabem como seus alunos se
encontram em relação aos conhecimentos prévios que devem ter para o bom
desenvolvimento da situação que será proposta em sala de aula. Logo um
momento de diagnóstico se torna necessário para saber quais conceitos os
alunos já trazem em seu cognitivo. Portanto se houver de fato necessidade,
informações preliminares de conceitos devem ser apresentadas antes de iniciar a
explanação da situação-problema.
A situação-problema que será exposto para os alunos pelo professor,
poderá ser apresentado de várias formas, por escrito, verbalmente, usando
softwares, através de um jogo, etc.
Nessa etapa o docente propõe o problema para a turma de forma individual
ou dividindo a sala em grupos, facilitando a reflexão da situação aos alunos. Mas
a preocupação do professor com a forma de colocar a situação-problema tem que
ser acentuada, pois mesmo com um simples gesto que o aluno venha a
interpretar de forma errada, a intenção do educador de transmitir confiança e
segurança aos discentes pode sofrer uma transformação não desejada, como
afirma Freire (1996).

ii) Maturação: Compreensão e identificação das variáveis envolvidas


nos problema
Nessa etapa os alunos buscam desenvolver suas ideias buscando a
compreensão da situação-problema, tentando apontar possibilidades de caminhos
para solução, identificando os dados do problema, as grandezas envolvidas a
relação entre elas e precisam em especial destacar o que está sendo solicitado
pela atividade.
Certamente essa etapa os alunos irão questionar o professor com
perguntas sobre o problema ou vão apresentar hipóteses buscando o caminho
para a solução que ainda se configura como indagações, sendo papel do docente
esclarecer, estimular e orientar diante de tais questionamentos.

116
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

iii) Solução: Representação e organização de esquemas/modelos que


visem à solução do problema

Nesse momento, os estudantes apresentarão os modelos que para eles


são sugestivos para a solução do problema. Deverá acontecer troca de opiniões e
ideias entre os discentes, onde cada um ou equipe explanará sobre seus
modelos. Nesse instante é importante que o professor juntamente com seus
alunos cheguem a conclusão de qual representação de solução é a mais
adequada.
Apesar da denominação dessa etapa ser tendenciosa a tal pensamento,
não é o momento que os alunos chegam ao conhecimento desejável, mas sim é o
instante no qual eles pavimentam juntamente com professor a formalização do
modelo adequado.

iv) Prova: Apresentação e formalização do modelo matemático a ser


ensinado
A Prova é a última etapa do processo da Sequência Fedathi, é nela que o
novo saber desejado deve ser incorporado pelo aluno. Esse instante é a
finalização do processo da aplicação da Sequência Fedathi que tem o professor
com a função de relacionar os modelos apresentados pelos discentes e o modelo
científico a fim de que o aluno possa elaborar o modelo geral do objeto em jogo e
ser aprendido.
Nessa última etapa temos também o momento da avaliação da
aprendizagem, que pode se processar de diversas formas, mas com o intuito de
verificar a assimilação pelo aluno do modelo geral em questão.
A Sequência de Ensino Fedathi se caracteriza como uma metodologia de
ensino que favorece o processo de ensino-aprendizagem, norteando o professor
na sua prática em sala de aula e incentivando os estudantes a serem sujeitos
ativos na construção de seu conhecimento, mas sempre sob supervisão do
docente.
Foi essa dialoguicidade e interação entre alunos e professores, e as bases
da sequência FEDATHI composta por suas etapas, que levamos para a

117
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

sequência de ensino que propomos para trabalhar com os folhetos de cordel em


sala de aula como ferramenta didática.

118
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

ANEXO II

O Diálogo na Perspectiva de Paulo Freire para Educação25

Em duas de suas primeiras obras, Educação como Prática da Liberdade


de 1997 e a Pedagogia do Oprimido de 1970, Paulo Freire procura estabelecer
alguns critérios para aquilo que ele chama de uma educação libertadora, isto é,
uma educação comprometida e que toma partido em favor dos oprimidos. É no
contexto de um projeto de alfabetização de adultos e no contato com situações de
extrema pobreza no interior do estado de Pernambuco que Paulo Freire
estabelece as bases para a sua filosofia da educação.

Para a elaboração de sua concepção de educação, Paulo Freire faz uma


dura crítica à educação tradicional que ele chama de educação bancária e, a
partir de sugestões para transformar o referido cenário, vai apresentando sua tese

25
Baseado no texto de ANDRADE
JUNIOR, J. A. Episódios Históricos no Contexto do
Ensino de Ciências: a Energia Nuclear e Sua Utilização. 2015. 118 f. Dissertação
(Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Educação Matemática) - Universidade
Estadual da Paraíba – UEPB, Campina Grande – PB, 2011.

119
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

de uma educação socialmente comprometida que ele denomina de


problematizadora e libertadora. Para o autor, o cenário educacional estava
arraigado a um formato tradicional baseado em aulas expositivas em que o
professor dito “educador” era possuidor da verdade e, aos alunos “educandos”, só
restava o direito ou dever de assistir as narrações dos fatos. O ensino se baseava
apenas na fala do educador.

Assim, podemos também caracterizar tal ensino como o dito ensino


tradicional, que se baseia na ação de repetição dos alunos quando o professor
ensina algum conteúdo novo. Ensina que se baseia no ato de que o professor é o
ser supremo e que ninguém sabe mais do que ele. Freire chama tal ato de
concepção “bancária”.onde:

Na visão “bancária” da educação, o “saber” é uma doação dos


que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se
funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da
opressão – a absolutização da ignorância, que constitui o que
chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual esta se
encontra sempre no outro (FREIRE, 1994, p. 33).

Em tal concepção o aluno é julgado como um ser que não sabe de nada,
e que esta ali para aprender, de forma que ele próprio não pode contribuir para tal
processo. Apenas o professor tem o papel de fazê-lo “aprender”. Ao negar ao
aluno o poder de pensar e de se expressar, a educação bancária não permite a
transformação do mundo.

Paulo Freire introduz o conceito de libertação, que é o ato de se libertar


dos opressores, e do sistema criado por eles. Assim, começa a disseminar uma
concepção de educação que vai contra a concepção bancária.

Aqui se inicia a construção de suas teses, com uma abordagem


humanista, em que a experiência de vida do educando é levada em consideração.
Se a concepção “bancária” nega a dialogicidade como essência da educação e se
faz antidialógica; para realizar a superação, a educação problematizadora afirma
a dialogicidade e se faz dialógica (FREIRE, 1994, p. 39).

É exatamente na dialogcidade de Paulo Freire, de sua pedagogia


libertadora, que se inseri o uso dos folhetos de cordéis como ferramenta didática

120
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

para o ensino de ciências. Como bem destacada na sequência de ensino


proposta, o diálogo, a interação entre professor e estudantes, estudantes e
estudantes, coloca-se como algo essencial no uso dos folhetos em sala de aula.

121
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

ANEXO III

A Teoria da Aprendizagem Significativa26

O que diz a Teoria da Aprendizagem Significativa? Por que a mesma foi


escolhida para dar sustentação teórica a nossa proposta?
Discutiremos alguns aspectos da Teoria da Aprendizagem Significativa,
ressaltando, inicialmente, as suas implicações para a aprendizagem, sobretudo,
no que diz respeito à relevância dada as estruturas conceituais dos alunos, os
seus conceitos prévios, ou a existência de subsunçores.

É neste sentido que concordamos também com Moreira (2005) quando


sugere que o conhecimento prévio, é, isoladamente, a variável que mais
influencia a aprendizagem, salientando que só podemos aprender a partir daquilo
que já conhecemos. Em seu argumento sustenta que nossa mente é

26
Baseado no texto de DANTAS,
C. R. S. As TIC e a Teoria da Aprendizagem Significativa:
uma proposta de intervenção em ensino de Física. 2011. 141f. Dissertação (Mestrado
Profissional em Ensino de Ciências e Educação Matemática) - Universidade Estadual da
Paraíba – UEPB, Campina Grande – PB, 2011.

122
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

conservadora, aprendemos a partir do que já temos em nossa estrutura cognitiva


e que para promoção da aprendizagem significativa é necessário explorar esse
conhecimento e ensinar de acordo e a partir dele.

Para construção da referida teoria, Ausubel (1968) baseia-se em uma


reflexão sobre a aprendizagem escolar e o ensino, tendo como característica a
aprendizagem verbal significativa que enfatiza a perspectiva cognitiva. Ausubel
parte do princípio de que os indivíduos apresentam uma organização cognitiva
interna que, segundo ele, é baseada em conhecimentos de caráter conceitual.
Tais conceitos estão relacionados hierarquicamente. O autor elucida que as
concepções alternativas dos alunos, servem de base para compreensão de
conhecimentos novos.

É na perspectiva de interação entre essas concepções alternativas e uma


nova informação que subjazem as bases epistemológicas da teoria da
Aprendizagem Significativa, quando defende que há um processo de modificação
e reestruturação desses conhecimentos prévios, e que o conhecimento de acordo
com esta teoria está sendo constantemente construído pelos alunos.

Infelizmente o ensino de Física a nível médio, conforme o que é


apresentado nos manuais escolares, dificilmente incentiva outras abordagens,
preocupando-se demasiadamente com fatos isolados e com a intensa preparação
para os vestibulares, reproduzindo um tipo de ensino por memorização. Ausubel
também aponta uma preocupação com relação ao modelo exagerado de levar em
consideração os testes por memorização no ensino, sugerindo estratégias para
superação desta realidade.

Aprendizagem Significativa resulta da interação de novos conhecimentos


com conhecimentos prévios especificamente relevantes preexistentes na
estrutura cognitiva e essa interação pode ocorrer de três formas, vejamos:

123
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

 Aprendizagem subordinada: é dita quando a nova informação adquire


significado “ancora-se” no subsunçor, após a interação o subsunçor terá
novos significados, ficando mais rico, mais elaborado.
 Aprendizagem superordenada: Nesta forma ocorre a construção de uma
nova hierarquia conceitual que modifica as hierarquias já existentes, de tal
maneira que um novo conhecimento é construído de modo a subordinar
outros já construídos.
 Aprendizagem combinatória: A nova informação interage não com algum
subsunçor específico, mas com o conhecimento prévio mais amplo do
sujeito em um certo campo de conhecimentos.

Esse processo se diferencia da aprendizagem mecânica em que o
conhecimento novo é dado ao aluno de forma a não considerar os conceitos
presentes em sua estrutura cognitiva.

Um ensino que seja iniciado levando em conta o que os alunos possuem


em sua estrutura conceitual ou que possam adquirir antes da introdução do novo
conhecimento é baseada no termo organizador prévio ou avançado defendido por
Ausubel. Os organizadores prévios são,

materiais introdutórios que se apresentam antes do novo material


de aprendizagem, para criar e/ ou mobilizar os inclusores
pertinentes e que cumprem duas características básicas: por um
lado, apresentam um nível de generalização e abstração maior
que o novo material e, de outro, são formulados em termos
familiares para o aluno. (SALVADOR, 2000, p. 236)

Os organizadores prévios surgem então como uma estratégia potencial de


fazer com que possa amenizar a disparidade existente entre o conhecimento que
o aluno possui e o que se deseja que ele venha a aprender, assim acreditamos
facilitar a assimilação ou acomodação na estrutura cognitiva deste novo
conhecimento.

124
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Os organizadores avançados, como denominados por Ausubel, poderão


estabelecer a ligação entre o que o aprendiz já sabe e o que precisa saber, se
possuir interesse de aprender e reter novos materiais de instrução. Então
conjecturamos que a apresentação do “vídeo” quando colocado para tratar do
conteúdo de uma forma mais geral e com um grau de complexidade maior do que
o conteúdo a ser tratado, poderá contribuir para a introdução de subsunçores
relevantes. Neste caso, seria útil a ênfase aos organizadores avançados em
situações em que há ausência de subsunçores adequados e relevantes na
estrutura cognitiva do aprendiz.

Aprofundando este pensamento estamos de acordo com Ausubel (1968)


quando afirma que nem sempre podemos depender da disponibilidade
espontânea de conceitos de subsunção relevantes e próximos de maneira
adequada. Nesses casos sugere que uma das formas de se facilitar a
aprendizagem e a retenção é pela introdução de subsunçores adequados,
chamados de organizadores avançados que tem a finalidade de tornar-se parte
da estrutura cognitiva existente no aprendiz e que poderia ser importante antes da
apresentação real da tarefa de aprendizagem.

Vimos que para a ocorrência da Aprendizagem Significativa é preciso que


o educando possua subsunçores relevantes, conhecimentos prévios que poderá
sofre uma modificação, diferenciação, ou uma maior elaboração quando da
interação com um conhecimento novo em que ambos se transformam. Mas é
preciso compreender que o conhecimento prévio poderá também impossibilitar
que o educando perceba o novo conhecimento como novo.

Dessa forma, tem-se que a teoria da Aprendizagem Significativa de


Ausubel torna mais ativo o ato de ensinar, o que nos leva a pensar que
poderíamos reorganizar o sistema educativo, reformular os currículos e inserir
uma nova oferta de conteúdos e pricinpalmente metodologias de aprendizagem,
inserindo-se aí os folhetos de cordel como mais uma ferramenta pedagógica.

125
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

ANEXO IV

O Enfoque CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade)27

O enfoque Ciência, Tecnologia e Sociedade para o ensino das ciências


nasce como resultado da insatisfação e da necessidade da reformulação dos
currículos escolares para que atendesse as condições e tendências da época.

O enfoque CTS teve início nos países do chamado primeiro mundo a


partir dos anos 60, sendo os EUA e a Inglaterra os mais influentes. Tal enfoque
ganhou maior impacto internacional em 1988, quando a International Journal of
Science Education publicou um número especial sobre CTS. Para ajudar na
divulgação de tal enfoque, foi criada a International Organization for Science and
Tecnology Education – IOSTER, e desde sua criação já foram organizados mais
de oito Simpósios Internacionais.

27
ANDRADE JUNIOR, J. A. Episódios Históricos no Contexto do
Baseado no texto de
Ensino de Ciências: a Energia Nuclear e Sua Utilização. 2015. 118 f. Dissertação
(Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Educação Matemática) - Universidade
Estadual da Paraíba – UEPB, Campina Grande – PB, 2011.

126
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

Com o término da 2ª Guerra Mundial e como consequência da Guerra


Fria, foi notório o investimento de capital na área educacional nos EUA. Tais
investimentos ganharam mais força com o lançamento do Sputnik pelos
soviéticos, quando, de fato, os Norte-Americanos se deram conta de que estavam
ficando atrasados em relação à corrida espacial. A partir de então, aumentaram
ainda mais os investimentos em projetos direcionados as áreas das ciências e
matemática, principalmente projetos voltados para a formação básica.

Após alguns anos de execução desses projetos, foi feito um relatório,


intitulado de Project Synthesis. Nesse relatório constavam resultados de uma
pesquisa feita com professores e administradores de escolas, em que estes
relataram suas opiniões referentes a quatro grupos de questionamentos: Ciência
para a necessidade pessoal, Ciência para resolver questões sociais, Ciência para
ajudar na escolha de carreira e Ciência para formar cientistas.

Conforme os resultados apresentados no relatório final, tais projetos não


foram satisfatórios em relação aos três primeiros questionamentos, atendendo
apenas ao quarto ponto, que se refere à carreira acadêmica. Como resposta aos
resultados apresentados por este estudo, e por outros que também foram feitos
na época, nasceu à necessidade de se implantar um enfoque para o ensino das
ciências que abordasse satisfatoriamente os quatro pontos, e no ano de 1980 a
NSTA (National Science Teachers Association) anunciou oficialmente CTS como
meta central para a educação em ciência.

Diferentemente dos EUA, na Inglaterra a necessidade da criação do


enfoque CTS teve início a partir de movimentos sociais voltados para a questão
ambiental, a economia, aspectos industriais da tecnologia e falibilidade da ciência.
Destaca-se o movimento antinuclear europeu, principalmente o da Alemanha.

No Brasil o histórico do desenvolvimento CTS é bem diferente dos países


do primeiro mundo. Mesmo porque, o nascimento do movimento CTS está
diretamente vinculado ao desenvolvimento científico e tecnológico, e no Brasil só
se identificam maiores investimentos para o desenvolvimento da C&T a partir dos
anos 60. Atualmente já tem referências quando se fala do enfoque CTS. Podemos

127
Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
Grandes vultos das ciências, Física, Astronomia, Química e Matemática.

citar: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade Estadual de


Campinas (UNICAMP); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);
Universidade de Brasília (UnB); Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e a
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

A partir desses e outros grupos de estudos, foi publicado em 2008 o


documento fundador da Rede Latino-Americana Interuniversitária de Ensino CTS,
e com a criação desse documento, é caracterizado o enfoque CTS crítico, cuja
especificidade está na valorização do político como uma dimensão indispensável
da relação entre ciência, tecnologia e sociedade e na incorporação de aspectos
explicativos, sócio-históricos, que assegurem uma melhor compreensão na
maneira como se construíram historicamente essas relações.

No decorrer da história da humanidade nos deparamos com grandes


avanços científicos. Em torno destes avanços, nascem preocupações e grandes
inquietações da sociedade com relação a temas polêmicos, tais como: o grande
crescimento populacional e a questão da produção de alimentos em larga escala
e em curto intervalo de tempo. Surgiram então, soluções de curto prazo: a
utilização de agrotóxicos e sementes transgênicas resolve o problema, mas
inaugura novas questões relacionadas aos riscos que este caminho oferece a
curto e longo prazo.

Na contra mão desse processo surgem questionamentos e protestos em


defesa da natureza e em favor dos animais e sobre os riscos das usinas
nucleares. De acordo com alguns cientistas e ativistas, existem outras formas e
outros caminhos muito mais seguros e saudáveis que, por simples questões
econômicas e interesses de mercado foram e são, simplesmente, descartados.

É neste contexto dos questionamentos do enfoque CTC, que entendemos


os inúmeros folhetos de cordel que exploram a questão da ecologia e do meio
ambiente, mas sem esquecermos também dos folhetos que exploram a questão
tecnológica e política. Assim, não é difícil constatar o quanto os poetas estão
“antenados” com as questões ambientais, sociais, políticas e tecnológicas.

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Folhetos de Cordel Científicos: Catálogo e Sequência de Ensino
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