Este documento discute a grafia uniformizada para as línguas faladas pelos povos Timbira no Brasil. Apresenta informações sobre os diferentes grupos Timbira, suas localizações e populações atuais. Também descreve as línguas faladas por esses grupos, notando que embora culturalmente os Apinajé sejam considerados Timbira, sua língua é distinta da língua Timbira. Finalmente, discute a elaboração de uma grafia uniformizada para a língua Timbira visando a sua política linguística.
Este documento discute a grafia uniformizada para as línguas faladas pelos povos Timbira no Brasil. Apresenta informações sobre os diferentes grupos Timbira, suas localizações e populações atuais. Também descreve as línguas faladas por esses grupos, notando que embora culturalmente os Apinajé sejam considerados Timbira, sua língua é distinta da língua Timbira. Finalmente, discute a elaboração de uma grafia uniformizada para a língua Timbira visando a sua política linguística.
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Este documento discute a grafia uniformizada para as línguas faladas pelos povos Timbira no Brasil. Apresenta informações sobre os diferentes grupos Timbira, suas localizações e populações atuais. Também descreve as línguas faladas por esses grupos, notando que embora culturalmente os Apinajé sejam considerados Timbira, sua língua é distinta da língua Timbira. Finalmente, discute a elaboração de uma grafia uniformizada para a língua Timbira visando a sua política linguística.
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Resumo: O objetivo deste trabalho apresentar informaes gerais sobre os povos Timbira (quem e quantos so, sua localizao) e sobre a(s) lngua(s) falada(s) por esses povos. O objetivo principal, no entanto, contextualizar a discusso e definio de sua poltica lingstica, cujo resultado mais evidente , sem dvida, a construo de uma grafia uniformizada. [Palavras-chave: elaborao de grafia, povos Timbira, tronco Macro-J] 1. Os povos Timbira O etnlogo pioneiro no estudo dos povos Timbira o alemo Curt Unkel Nimuendaj. Em seu trabalho The Eastern Timbira (1946), o autor classifica sob o rtulo Timbira 15 grupos (cf. Tabela 1 (a grafia dos nomes utilizada por Nimuendaj foi mantida)). Para essa classificao, Nimuendaj (1946: 6) considerou in each case the allocation rests either on available samples of the language or on some competent investigators statement that the speech in question is to be equated with that of a linguistically documented member of the branch. Por outro lado, nessa classificao proposta pelo autor, como ele mesmo descreve, h uma forte correlao entre a distribuio geogrfica e o parentesco lingstico. Apesar das diferenas lingsticas (e algumas scio-culturais) entre os diferentes povos Timbira, de maneira geral, estes grupos so suficientemente similares para serem considerados conjuntamente: apresentam como caractersticas comuns a lngua, a msica, o corte de cabelo, a morfologia da aldeia e a corrida com toras. Nimuendaj (1946) considera que a unidade do grupo Timbira e sua classificao na famlia lingstica J so to evidentes que at hoje no foram postas em dvida por ningum que se ocupou seriamente do assunto. Timbira do Leste ( direita do Rio Tocantins) Timbira do Oeste ( esquerda do Rio Tocantis) Grupos do Norte Grupos do Sul -Timbira de Araparytua (Gurup) - Krey de Bacabal - Kukokamekr de Bacabal - Krey de Cajuapra - Krikat - Pukobye - Gavies do Oeste ou da Floresta - Krepumkateye - Krah - Prekamekra - Knkateye - Apanyekra - Ramkokamekra - Cakamekra - Apinay Tabela 1: Os Povos Timbira, segundo classificao de Nimuendaj (1946) Atualmente, os Timbira somam uma populao aproximada de seis mil indivduos e so compostos pelos povos Apniekr, Ramkokamekr (ambos conhecidos como Canela), Apinaj, Krikat, Krah, Parkatj (Gavio do Par) e Pykobj (Gavio do Maranho). Esses sete grupos vivem de maneira autnoma, distribudos nos estados do Maranho, Tocantins e Par (dados populacionais extrados do website do Instituto Socioambiental (ISA), www.socioambiental.org): - Apinaj: Terra Indgena Apinay (ref. mapa 17), municpios de Tocantinpolis, Itaguatins e Maurilndia (TO); estimativa da populao 990 indivduos (Funasa 1999); - Apniekr: Terra Indgena Porquinhos (ref. mapa 251), munic- pio de Barra do Corda (MA); estimativa da populao 458 indi- vduos (Funai Barra do Corda 2000); - Ramkokamekr: Terra Indgena Kanela (ref. mapa 161), muni- cpio de Barra do Corda (MA); estimativa da populao 1387 indivduos (Funai Barra do Corda 2000); - Krah: rea Indgena Kraolndia (ref. mapa 177), municpios de Goiatins e Itacaj (TO); estimativa da populao 1790 indiv- duos (Funasa 1999); - Krikat: rea Indgena Krikat (ref. mapa 179), municpios de Amarante, Montes Altos e Stio Novo (MA); estimativa da po- pulao 620 indivduos (Funai Imperatriz 2000); - Parkatj: Terra Indgena Me Maria (ref. mapa Me Maria), municpio de Bom Jesus do Tocantins (PA); estimativa da po- pulao 414 indivduos (Funai Marab 2000); - Pykobj: rea Indgena Governador (ref. mapa 109), municpio de Amarante (MA); estimativa da populao 250 indivduos (Funai Imperatriz 1998). Os Krepumkatej, os Krej de Cajuapara e os Timbira de Araparitua j no vivem como grupos autnomos. Em nmero reduzido de indivduos, esses grupos vivem atualmente com os Guajajara e os Temb (falantes de lnguas da famlia Tupi-Guarani): - Krepumkatej: Terra Indgena Geralda/Toco Preto (ref. mapa 108), municpio de Graja (MA); estimativa da populao 60 indivduos Krepumkatej e 80 indivduos Guajajara (Funai Bar- ra do Corda 2000); - Krepumkatej e Krej de Cajuapara: Terra Indgena Rio Pindar (ref. mapa 273), municpio de Bom Jardim (MA) (Schrder 2002), estimativa da populao Krepumkatej e Krej ?, estima- tiva populao total 555 (grande maioria Guajajara) (Funai So Lus 2000); Figura 1: Mapa das Terras Indgenas Timbira (Povos Indgenas do Brasil, 1996-2000, ed. C.A.Ricardo, pp. 662. So Paulo: Instituto Socioambiental). - Timbira do Araparitua e dos Krej de Cajuapara: Terra Indge- na do Alto Guam (ref. mapa Alto Rio Guam), municpios de Paragominas, Nova Esperana do Piri e Santa Luiza do Par (MA) (Melatti 1999), estimativa da populao Krej ?, estimati- va populao total 922 (maioria da populao composta por in- divduos dos povos Guaj, Urubu Kaapor, Temb e Munduru- k) (Funai 1999); Terra Indgena do Alto Turiau (ref. mapa 8, municpios de Carutapera, Cndido Mendes, Turiau e Mono (MA) (Crocker 2002), estimativa da populao Krej ?, estima- tiva populao total 596 (maioria da populao composta por in- divduos dos povos Guaj, Urubu Kaapor e Temb), (Funai So Lus 2000). Os indivduos pertencentes aos povos Kenkatej, Prekamekr e Txokamekr vivem hoje espalhados entre os sete povos que vivem de maneira autnoma, citados anteriormente. Com relao aos Krej de Bacabal, atualmente no h pessoas que se identifiquem como pertencentes a esse grupo (Melatti 1999). 2. A lngua Timbira Sobre a lngua falada por esses povos, Rodrigues 1999 afirma que o complexo lingstico Timbira compreende as variantes faladas pelos Canela (Ramkokamekr e Apniekr), Krikat, Pykobj (Gavio do Maranho) Krej, Gavio Parkatj e Krah. Os Apinaj, embora do ponto de vista cultural possam ser considerados um povo Timbira, sua lngua est mais prxima da lngua Kayap, e no do Timbira. Um conceito de lngua abrange o sistema, que do domnio de todos os falantes de uma mesma lngua, e as normas, que, como variantes desse sistema, so do domnio de grupos sociais, regionais etc. (Coseriu 1987). Em outras palavras, as variantes dialetais de uma mesma lngua precisam compartilhar (em sua forma e funo) categorias gramaticais, tais como pessoa, nmero, gnero, caso, tempo, aspecto, modo, modalidade etc. Nesses termos, o Apinaj no pode ser considerado, ao lado do Krah, Krikat, Gavio (Pykobj), Gavio (Parkatj), Apniekr e Ramkokamekr, um dialeto da lngua Timbira. A evidncia para essa considerao que, embora a princpio possa parecer que o Apinaj se diferencie do Timbira apenas por aspectos que caracterizariam modos de realizao das variantes de uma mesma lngua, uma anlise comparativa mostra que o Apinaj no compartilha o mesmo sistema que o Timbira. O Apinaj apresenta, alm das diferenas no lxico e na fonologia, diferenas em vrios aspectos da sintaxe (Castro Alves 2004). Por isso, do ponto de vista da Lingstica, preciso considerar Apinaj e Timbira como lnguas diferentes. Para contrastar a fonologia do Apinaj com os casos de variao dialetal dentro da lngua falada pelos outros povos Timbira, apresento uma pequena lista de palavras (Tabela 2). Esse contraste importante para compreender a escolha dos grafemas (que sero apresentados posteriormente, seo 4.1). Os dados lingsticos utilizados so de Burgess & Ham 1968 e Oliveira 2003 para o Apinaj, de Castro Alves 1999, 2004 para o Apniekr, de S Amado 1999, 2004 para o Gavio Pykobj e de Arajo 1993 e Arajo & Ferreira 2002 para o Gavio Parkatj. Os dados do Ramkokamekr, Krah e Krikat foram coletados por mim (entre os anos de 1995 a 2006) Com relao distribuio das consoantes, nota-se a ausncia de n no Krikat e Parkatj, que no seu lugar exibem a glotal aspirada h. Nota-se tambm a presena da oclusiva velar aspirada k em Apniekr, Ramkokamekr, Krah e Pykobj, enquanto a velar no aspirada k ocorre em Apinaj, Parkatj e Krikat. Outra variao diz respeito realizao fontica das nasais m, n, n, n antes de vogais orais: mb, nd, nd, ng em Apinaj, e mp, nt, ntj, nk em Timbira (a exceo parece ser o Parkatj). Apinaj Apn Ram Kra Parkat Pykob Krikat Cabea krs kro kr kro kro Casa, toca krc krc krc kre kre Bom mbctj (m)pcj ( m )pcj (m)pej (m)pej Comer kre(r) krc(r) kre(r) ko(r) ko(r) Marido mbjen (m)pjen pjen (m)pjin Grande ti te Carne (n)i hi waji hi a?je Tamandu pst pst p\t pot Frio (a?)krI krI krm krI, kro krI, kro Mandioca kwor kwor kwmr kwIr kwIr Papagaio kwroj kroj krmj krIj krIj Quente kangr kakr kakro Sangue kambro kapro kapru Fgado mba (m)pa ( m )pa (m)pa Olho nd (n)t t (n)to Morder na(r) (n)tja(r) tja(r) (n)tja(r) Cantar ngrc(r) (n)krc(r) krc(r) (n)kre(r) Cobra kans kano kah ka n go kaho Arco ku?e kuhe kuwe kohi Tabela 2: Lista comparativa de palavras (lnguas / variantes dialetais faladas pelos povos Timbira) Embora o inventrio de fonemas seja praticamente o mesmo, h uma grande variao na distribuio das vogais entre o Apinaj e as seis variantes Timbira (cf. tabela 2). Essa variao voclica previsvel e est sistematizada na tabela 3. A anlise lingstica um dos critrios utilizados na identificao das fronteiras lngua / dialeto, no o nico. Como essa fronteira entendida pelos indivduos pertencentes aos diferentes povos Timbira? De acordo com o critrio da auto- demarcao lingstica (o mais importante smbolo de identidade coletiva entre os povos Timbira que fazem parte da Associao Wy'ty- Cat 1 ), as diferentes maneiras de falar dos povos Apniekr, Ramkokamekr, Krah, Gavio (Pykobj) e Krikat so expresses de algo mais geral, a lngua Timbira. Nesse sentido, minha proposta considerar apenas Apniekr, Gavio (Pykobj), Krah, Krikat e Ramkokamekr como dialetos da lngua Timbira. Essa anlise subsidiada pelo trabalho de Campbell 1999, que considera que a definio de lngua no uma tarefa essencialmente lingstica, mas muitas vezes determinada por fatores polticos e sociais. Alm disso, o critrio da auto-demarcao lingstica corroborado pela anlise lingstica encontrada em Rodrigues 1999 e Castro Alves 2004. Apinaj Parkatj Apniekr / Krah / Ramkokamekr Krikat / Pykobj e o o e r o e o o i I u i I u i m u i I u e I/o o c s c \ c s a a a a i Iu i m u i I u e c s e c
Tabela 3: Variao voclica nas lnguas / variantes dialetais faladas pelos povos Timbira Levando em conta os dois critrios mencionados acima (o lingstico e da auto-demarcao), considero que as lnguas faladas pelos povos Timbira so ento trs: Apinaj (falado pelo povo homnimo), Timbira (falado pelos Apniekr, Ramkokamekr, Krah, Gavio Pykobj e Krikat) e Parkatj (falado pelos Gavio Parkatj, divididos internamente entre Parkatj, Kyjkatj e Akrtikatj (Ferraz s.d.)). 3. As discusses sobre a uniformizao das grafias preciso dizer que h tantas propostas de grafia quantos foram os missionrios que passaram pelas aldeias Timbira, o que faz com que povos que falam a mesma lngua no consigam se entender pela escrita, tamanha a divergncia das propostas. No entanto, o problema principal dessas propostas no so elas em si, mas a maneira como foram construdas, sem a participao de representantes Timbira, e como elas vm sendo ensinadas, como se fossem as ortografias, a maneira correta e nica de se escrever a lngua Timbira. Motivados, portanto, pelo descontentamento por parte dos povos Timbira em relao s propostas de grafias elaboradas para suas lnguas / dialetos, pela proximidade entre essas lnguas / dialetos e por reforar fundamentalmente a identidade Timbira entre esses povos, partiu do Centro de Trabalho Indigenista (CTI, uma organizao no- governamental) a idia de se discutir uma proposta de grafia nica para todas essas lnguas / dialetos. O encontro entre professores Timbira que deu incio a essa discusso foi em 1995, quando tambm iniciei minhas atividades como a lingista responsvel pelo levantamento comparativo das lnguas / dialetos, por provocar a discusso e pela conduo do debate. A proposta inicial do CTI era discutir a unificao das grafias. No entanto, essa idia precisou ser relativizada. Por sugesto minha, a Comisso de Professores 2 e outros representantes Timbira passaram a discutir a importncia e a viabilidade (ou no) da uniformizao das grafias, ou em outras palavras, da construo de uma grafia uniformizada pelos povos Timbira. Os objetivos em substituir o termo unificao por uniformizao foram principalmente dois: 1) relativizar a postura aparentemente autoritria e dominadora da idia de unificao, possibilitando assim a presena de diferenas dialetais, embora minimizadas; e 2) ser mais representativa, permitindo que em alguns momentos a grafia mostrasse a qual povo pertencia o escritor (por exemplo, alguns usariam uma letra para representar o som de j no final de palavra, enquanto outros usariam outra letra porque falam com o som de j). O importante era que, qualquer que fosse a proposta de grafia (se uniformizada para todos as lnguas / dialetos ou no), ela precisava ser lingisticamente consistente e ao mesmo tempo democrtica e representativa. Estas discusses, levadas ao longo de dez anos, resultaram na definio de uma poltica lingstica que compreende uma proposta de grafia uniformizada para ser utilizada no contexto das escolas Timbira, na comunicao interna entre as diferentes aldeias e na manifestao de logomarcas e nomes para a comunicao externa. O objetivo principal da grafia uniformizada , no entanto, mostrar aos no-Timbira (principalmente aos brancos) o quanto os povos Timbira esto unidos. Adicionalmente, as discusses sobre a grafia fizeram com que os professores Timbira envolvidos nesse processo se instrumentalizassem (lingisticamente) e se fortalecessem (politicamente), e assim, unidos, vm discutindo seus projetos de futuro. 4. A elaborao da grafia uniformizada Durante todo o processo de discusses, a minha funo como lingista foi principalmente a de desconstruir as histrias que contaram para os Timbira. Inverdades muitas vezes usadas como argumentos de poder para justificar a grafia proposta por indivduos que no pertenciam aos povos Timbira. Nas inmeras oficinas de grafia realizadas entre os anos de 1995 e 2003, falei sobre os sistemas de escrita serem convenes, mostrei o mecanismo de elaborao de uma grafia e apresentei um levantamento sobre onde que os Timbira estavam escrevendo diferente e / ou igual (porque com ou sem sistematizao de grafia, eles j vinham escrevendo!). Deixei bem claro que eles que so os mais bem autorizados a propor e discutir uma grafia para a sua lngua. Eu era apenas a pessoa que apresentava a metodologia para elaborao de grafia, ao mesmo tempo que realizava e apresentava a sistematizao das semelhanas / diferenas entre as variantes faladas pelos povos Timbira. Acredito que a elaborao de uma proposta de grafia um processo longo, e que minha assessoria lingstica, que no pode se resumir produo de cartilhas em lngua indgena, tem sido orientada pelas seguintes questes: para que vocs querem uma grafia?; e que tipo de grafia eu, lingista no-indgena, estou ajudando a construir?. Para responder a essas questes (que para alguns podem parecer bvias, mas que na verdade precisam ser amplamente discutidas com os povos indgenas), eles tm que ter em mente uma outra bem mais complexa: qual o futuro que os Timbira esto construindo? Enquanto o lingista precisa se perguntar: como a grafia e outras aes relativas lngua pode ajudar a construir o futuro desses povos? Nesse sentido, minha assessoria lingstica resultado de uma longa discusso e tem procurado atender quilo que o grupo est querendo. Por outro lado, minha presena, nas oficinas de grafia, como pesquisadora da lngua Timbira, vem permitindo Comisso de Professores Timbira, e aos outros representantes indgenas que tambm participam, o acesso ao conhecimento lingstico especializado. Vejo entre os professores um grande interesse no acesso e apropriao desse conhecimento, das tcnicas e dos procedimentos da Lingstica. Essa tem sido minha contribuio mais relevante: capacitar os professores Timbira para que elaborem e promovam seus prprios projetos de futuro, numa perspectiva de respeito diversidade lingstica e cultural. 4.1 Resultados da Oficinas de Grafia Um acordo ortogrfico no se resume a uma questo tcnica. A construo de uma escrita padro est orientada muito mais por questes de natureza scio-cultural e poltica do que propriamente lingstica. A definio das fronteiras lngua / dialeto um reflexo da necessidade de seus falantes de marcar a distncia ou proximidade de uma lngua / dialeto em relao / ao outra / o. Um bom exemplo a histria da codificao lingstica do portugus do sculo XVI: os intelectuais portugueses codificaram o dialeto de maior prestgio (em detrimento dos outros), sendo que o acordo ortogrfico resultante vem contribuindo para construir essa diferena. Mesmo que a Lingstica mostre que o Apinaj e o Timbira so lnguas diferentes, do ponto de vista dos Timbira h que se chamar a ateno para o fato de que a identidade lingstica o mais importante smbolo da identidade coletiva entre todos os povos Timbira (incluindo a o Apinaj). Essa diviso no evidente para os povos Timbira porque os Krah, Krikat, Gavio (Pykobj), Canela Apniekr e Canela Ramkokamekr no parecem ter muita dificuldade em entender a lngua Apinaj (e vice-versa). Por isso mesmo, os professores Apinaj seguem participando das discusses. Essa participao imprescindvel, uma vez que a grafia uniformizada precisa ser discutida e proposta por representantes de TODOS os povos Timbira. Alis, as oficinas de grafia nunca comeam sem que os representantes de todos os povos Timbira estejam presentes. Isto se justifica, uma vez que muitas das atividades desenvolvidas pelos professores Timbira no se definem independentemente, mas segundo a realidade e as expectativas desses povos. Nesse sentido, os resultados do acordo a que chegaram os Timbira na oficina de dezembro de 2003 (cf. Letras Aprovadas, a seguir) se diferenciam enormemente da codificao lingstica do portugus do sculo XVI: intelectuais, professores, lideranas e comunidade vm construindo uma escrita que seja visvel, no plano grfico, a semelhana entre os seus dialetos (para ns que falamos a mesma lngua), uma vez que consideram que todos os dialetos so de prestgio. Dessa forma, a grafia uniformizada vem representar, simbolicamente, mais um instrumento de fortalecimento da unio dos povos Timbira. Confesso que no me preocupava se algum dia os professores iriam chegar a um acordo sobre a uniformizao das grafias, porque acreditava que o mais importante era que eles estivessem fazendo essa discusso. Mesmo assim, minha previso era a de que, se um dia isso acontecesse, os povos Krah (das aldeias Rio Vermelho, Bacuri, Nova e Cachoeira) adotariam s essa grafia (a uniformizada). Sem dvida nenhuma, os Krah sempre foram os mais entusiasmados na construo da grafia uniformizada. J os Canela (Apniekr e Ramkokamekr), os Gavio Pykobj e os Krikat continuariam usando suas prprias grafias, sendo nelas alfabetizados e, em algum momento de sua vida escolar, conheceriam a grafia uniformizada Timbira e sua histria. Isso apenas uma previso, para saber se eles vo mesmo abandonar a grafia que j vinham usando e ficar s com a uniformizada, ou se vo ficar com as duas, preciso esperar. Eles ainda precisam discutir exaustivamente tudo isso, entre eles (professores) e com as lideranas e a comunidade. Entre os Krikat, h um professor da Aldeia Raiz que sempre participa das oficinas, segundo ele acompanhando o movimento. Mesmo querendo ensinar seus alunos a escrever na lngua mas sem ter material feito pelos prprios Krikat (que outro professor diz estar elaborando), segue a deciso dos professores Krikat e no ensina a grafia uniformizada. Em novembro de 2005, depois de dois dias de reunio na Aldeia So Jos, os professores Krikat me disseram que adotar a grafia no iam mesmo, pelo menos por enquanto, mas que gostariam a partir daquele momento de acompanhar as atividades da Comisso de Professores Timbira. No caso dos Apinaj, seguramente eles no vo substituir a grafia que vm usando pela uniformizada. No porque se trata de uma outra lngua, mas porque a grafia Apinaj j est estabelecida entre esse povo. Na verdade, professores e alunos Apinaj participam das oficinas e gostam de 'atimbirar' o seu jeito de escrever (isto , escrever a lngua Apinaj utilizando as letras da grafia uniformizada Timbira). No entanto, os objetivos principais dos participantes Apinaj tm sido 1) conhecer a grafia uniformizada (tendo uma grafia comum para possibilitar a comunicao interna entre os Timbira) e 2) participar deste processo da construo de um smbolo, para a comunidade externa (ou seja, no-Timbira), da unio dos povos Timbira. Abaixo, segue uma amostra do material elaborado nas oficinas de grafia, de dezembro 2003 a julho de 2006: a carta de apresentao da proposta de grafia (para ser lida nas aldeias), os resultados do acordo a que chegaram (letras aprovadas) e alguns pequenos textos escritos na grafia uniformizada por representantes de vrios povos Timbira. As diferenas encontradas entre os textos (uma palavra escrita de mais de uma maneira, letras (no-) utilizadas pelos Timbira etc.) se devem, sobretudo, variao dialetal (que a grafia permite representar) e s mudanas e ajustes que vm sendo feitos no acordo pelos professores. Carta de Apresentao da Grafia Uniformizada Timbira Pnxwj Hmpejx, 14 de dezembro de 2003. Hp, mjkw, amcro tan wa mjp khc to m hmpej cattj te cprn n m ajpn m m cakc, m pate ajpn par catj te hc ta kt ajpn par n, ajpn kt to hc xn. Mm taj p pr he, Pnh, Tep-hot, Hjawn, Cjam, Pkn, Krhy, Phc, Jaht, Cxet, Kn m, m cte So Paulo km cprn 1995 n. M pate ajpn kt tohc xn. P wa m te ta km hc ta to m han, n m to pyxt n kt m ajpn kmpa pej to han. N wa ha m am khc ta p ca m hmp n m caht k mpej c m tan ajpn kmpa pej. K hc ajpn pyrc. N wr c m pacakc to antw. N ha m apn n m pacakc to m pacakc. N mm m te m pacakc n hc to ( 350) m pacakc kt m ate hmpn xn. Wa cam m te to hc cape xn m te to hc to hajr. taj te m to hc ta jpej: Cornlio Papte, Jonas Pnh, Mrio Prjap, Neide Apinaj, Joel, Iramar, Diana, Ari Karmpej, Edmar, Clio, Creuza Prmkwj, Sabino Cjam, Iltom Ipr, Gregrio Ht, Benedito Hc, Anelivaldo Phc, Boaventura Xwaxwa, Drcio Hh, Z Antnio Xkapr, Rosane Ctetet e Flvia Pan. TRADUO (por Cornlio Piapite Canela) Bom minha comunidade, a partir de hoje ns que somos professores nos unimos e combinamos entre ns para fazer essa grafia (uniformizada), para ns podermos nos entender melhor atravs da escrita, principalmente o povo que fala a mesma lngua. Antes teve l em So Paulo com essas pessoas Pnh, Tep-hot, Hjawn, Cjam, Pkn, Krhy, Phc, Jaht, Cxet, Kn, no ano de 1995, para podermos escrever igualmente. Por isso uniformizamos essas grafias e fizemos uma s escrita para ns podermos nos entender melhor. E ns vamos mostrar essa escrita para vocs verem e entenderem. A escrita no pode mudar a fala da comunidade, continua falando do mesmo jeito. Primeiro ns fizemos como experincia (mais ou menos 350 palavras) para vocs lerem, terem uma idia e corrigirem. Foram essas pessoas que fizeram: Cornlio Papte, Jonas Pnh, Mrio Prjap, Neide Apinaj, Joel, Iramar, Diana, Ari Karmpej, Edmar, Clio, Creuza Prmkwj, Sabino Cjam, Iltom Ipr, Gregrio Ht, Benedito Hc, Anelivaldo Phc, Boaventura Xwaxwa, Drcio Hh, Z Antnio Xkapr, Rosane Ctetet e Flvia Pan. Grafia Uniformizada Timbira Letras Aprovadas em 12 de dezembro de 2003 CONSOANTES: p t x c k m n g w j r h VOGAIS: a e y o Explicao das consoantes: 1) c qu k No vo usar mais qu. Vo usar: c [k] para final da slaba hapac [hapak] h-apac 3-orelha 'orelha dele' c [k] - k [k] para incio de slaba ca [ka] kry [krI],[kro],[krI], [kro] ca kry 2p frio 'voc' 'frio' 2) h Vo usar: h [h] para incio de slaba hapac [hapak] h-apac 3-orelha 'orelha dele' [?] para final de slaba pan [pa?n] pa`-n 1incl-algum 'algum de ns' A exceo o Apinaj que, por apresentar a oclusiva glotal em incio de slaba (ao invs da fricativa glotal, como em todos os dialetos Timbira), usa o apstrofo tambm em incio de slaba. 3) g h Os Krikat vo escrever h onde os outros povos timbira vo escrever g: cah [kaho], cag [kano ] cah ~ cag 'cobra' hr [hr], gr [nr], [nr] hr ~ gr 'dormir' 4) j x Os Gavio vo escrever x no final de algumas palavras, enquanto os outros povos timbira vo escrever j: jpj [i:poj], jpx [ejpus] jpj ~ jpx j-pj/px 1-chegar 'eu cheguei' 5) p t x m n w r Como em todos os povos Timbira essas letras j estavam sendo escritas da mesma forma, elas foram mantidas. Explicao das vogais: 1) a Vo usar: ca [ka], pa [pa] ca pa 2p 1p 'voc' 'eu' cahj [kahoj], caprn [kapron], m [mo] cahj caprn m 'mulher' 'jabuti' 'ema' 2) y Alguns povos vo dizer [s] ou [o], onde outros vo dizer [o] ou [I], mas todos vo escrever : 'krx [i?kurtjs], [e?kortjo] '-kr-x 3-comer(NF)-NMZ 'alimento' kwr [kwor], [kwIr] [kwIr] kwr mandioca 'mandioca' Alguns povos vo dizer [I] onde outros vo dizer [o], mas todos vo escrever y : ckryt [ku:krIt], [ko:krot], [ko:krot], ckryt [ko:krIt],[ko:krIt] 'anta' kry [krI], [kro], [krI], [kro] kry 'frio' 3) e Alguns vo dizer [c] e outros vo dizer [e], mas todos vo escrever e : tep [tcp], [tep] tep peixe 'peixe' ate [a:tc], [a:te] a-te 2-perna 'tua perna' Alguns vo dizer [e] e outros vo dizer [i], mas todos vo escrever : capr [ka:pe], [ka:pi] capr 'bacaba' cat [kati], [kate] cat 'grande' 4) o Alguns vo dizer [] e outros [o], mas todos vo escrever o : ampo [amp], [ampo] ampo algo 'algo' rop [rp], [rop] rop 'ona' (em Krah, Apniekr e Ramkokamekr tambm 'cachorro') Alguns vo dizer [o] e outros vo dizer [u], mas todos vo escrever : capr [ka:pro], [ka:pru] capr 'sangue' cmx [kumtje], [komtji] cmx 'bacuri' 5) Alguns vo dizer [c ] e outros vo dizer [e], mas todos vo escrever e : ckre[kukrc ], [kokre], [kokre] c-kre 3-comer 'comer (alguma coisa)' te[tc ], [te] te ir (rpido) 'ir' Alguns vo dizer [i] e outros vo dizer [e], mas todos vo escrever i : pi[pi], [pe] pi 'madeira' hjahi [h jahi], [hjahe] hjahi 'vomitar' 6) Alguns vo dizer [ ] e outros vo dizer [], mas todos vo escrever : ct [kut], ctre [kot] ct ct=re minhoca minhoca=DIM 'minhoca' p [p], [p] p chapada 'chapada' Alguns vo dizer [u] e outros vo dizer [], mas todos vo escrever u : nxu [intju], [entj] nxu 'pai' humre [humrc], [hmre] humre 'homem' Textos vrios (produzidos e revisados nas oficinas de 2004, 2005 e 2006) Autor Krikat Wa jte pr cm arj cre par. Me jxmre te awca'te n'cm pryre cwy'cran. Eu terminei de plantar arroz na roa. Ns homens, um dia desses, matamos muito bicho. Autores Apinaj Gwra Jarnh gwra ja na kot anhr. Akn kam na 'te 'apj. Kot kaj at ne mr nhm xaa ne rerec. Hmpr ka anh kra 'o kag r kaxyw kx py Ne 'o gwagwac. Hmpr ne 'o gwagwac pa ne pnh kam g. Hmpr ne panh me nh 'kra 'o kag ne kagnh pa ne kam nh x kw me ne 'o nh pa. Hmpr ne gu'krax km 'kw r ne kam xwy me ne onh ne a. Gwra ja na m px mpex kmrx m nen kag rrre. 'te kot tgre r rrr pyrc. T gwara ja 'arnh kot anhr. Histria do buriti O buriti assim: l no mato que ele nasce. Quando voc pega o buriti, bota de molho e deixa ele amolecer. Quando amolecer, voc coloca numa vasilha e amassa com a mo ou com uma garrafa. Quando terminar de amassar, coloca gua e coa. Depois coloca acar e adoa. Quando terminar de adoar, coloca na vasilha, coloca farinha, senta e come. O buriti um fruto bom demais. O suco dele amarelinho, parece com a flor de craba. Pois assim que a histria do buriti. Autores Gavio (Pykobj) Kn Pm Pom ne corm me ate kn pm jmpn nore taj, ca ha me ano amcro non atyx tar acato ne ca hmp, ne ca me ano ajakr. Xm ate hc km harn par. Pedra Cada Vocs que ainda no conhecem a Pedra Cada, qualquer um de vocs, quando chegarem aqui em qualquer ano voc vai conhecer e vai ficar muito feliz. Porque atravs desse texto voc ouviu. Autores Canela Caprprc neCamoc ap awjah, m Caprprc Camocm: Camoc, jtar ca ha prin r n ajt, wa ha 'no n ajt, cxw m ampo cra c pa'pr ap hm c me `kw kre. M cte cm mhajr, m Caprprc te tn me cken cran nehanea ne Camoc te car cran. M rr n me p'caxr ne m pr m me cator m me'pr te hmr, m cte me 'kr. Capreprec e Camoc estavam caando e Capreprec disse para Camoc: Camoc, voc fica pendurado aqui no p de pequi e eu vou ficar pendurado em outro. Talvez a gente pegue alguma coisa e nossas esposas vo moquear e ns e nossa famlia vamos comer. E ele falou assim para ele, e Capreprec matou tatu e cotia e tambm Camoc matou veado. De manh cedo, eles se encontraram e saram para a roa e suas esposas moquearam os animais caados e eles comeram. Autores Krah Wej te amj to ptt h p xwan jm kr ta m me tm xw to mo akrt wr ne me amj to krnre ne m me tor m p me haknp ptxt ne ancr ne ma hap m mo ne amj to ptt. A velha que virou tamandu Era uma vez uma velha que saiu com seus netos para procurar caju. Eles encontraram um p de caju e a velha mandou todos os netos subirem. A eles subiram no p e de repente as crianas se transformaram em periquitos, voaram e foram embora. A velha chorou muito pedindo para eles voltarem. Assim ela voltou e se transformou num tamandu. 5. Consideraes finais Este texto apresentou informaes gerais sobre os povos denominados por Nimuendaj como Timbira: quem, onde e quantos so. Tambm propus uma classificao lingstica baseada em critrios lingsticos e de auto-demarcao. Segundo essa classificao, as lnguas faladas pelos povos Timbira so trs: Apinaj (falado pelo povo homnimo), Timbira (falado pelos Apniekr, Ramkokamekr, Krah, Gavio Pykobj e Krikat) e Parkatj (falado pelos Parkatj, Kyjkatj e Akrtikatj). Simultaneamente, quis aproveitar a oportunidade para esclarecer para a minha comunidade (lingstica e macro-jeolgica) que as discusses relativas construo da grafia uniformizada Timbira, feitas ao longo de mais de dez anos pelos professores Timbira, precisam ser entendidas dentro de um contexto bem maior: a situao poltica atual e o projeto de futuro desses povos. Notas 1 A Associao Wyty-Cat das Comunidades Timbira do Maranho e Tocantins uma associao indgena que representa seis povos Timbira (Krah, Apinaj, Krikat, Gavio (Pykobj), Canela Apniekr e Canela Ramkokamekr) e que surgiu junto com a implantao do Projeto Frutos do Cerrado, em 1993. Esse Projeto, executado pela Associao Wyty-Cat e assessorado pelo CTI, baseado numa parceria entre ndios e pequenos produtores do Maranho e Tocantins. As atividades esto basicamente direcionadas para os aspectos de fortalecimento da Wyty-Cat, gerao de renda, preservao e conservao da biodiversidade do cerrado e sustentabilidade econmica a partir do aproveitamento de seus recursos naturais. Os frutos nativos coletados por ndios e pequenos produtores so beneficiados na forma de polpa congelada para comercializao junto ao mercado consumidor. Alm das atividades de coleta de frutas, que ocorrem no perodo que vai de setembro a fevereiro, em cada uma das 10 aldeias integrantes da Wyty-Cat esto instalados viveiros de mudas para trabalhar o plantio de espcies nativas, adensando reas j produtivas e recuperando reas desmatadas. Em trs aldeias funcionam tambm unidades de pr-processamento de frutas. Fonte: Siqueira Jnior 2000. 2 A Comisso de Professores Timbira um 'departamento' da Associao Wyty-Cat das Comunidades Timbira do Maranho e Tocantins. Referncias bibliogrficas AMADO, R.S. 2004. Aspectos morfofonolgicos do Gavio-Pykobj. So Paulo: Universidade de So Paulo. (Tese de Doutorado). ARAJO, L.M.S. 1993. Fonologia e grafia da lngua da Comunidade Parkatj (Timbira). Lingstica Indgena e Educao na Amrica Latina, ed. L.Seki, pp. 265-271. Campinas: Editora da Unicamp. ARAJO, L.M.S. & FERREIRA, M.N.O. 2002. Revisitando os prefi- xos relacionais do Parkatj. Trabalho apresentado no 2
Macro-J (2
Encontro de Pesquisadores das Lnguas J e Macro-J), Campi-
nas: IEL/Unicamp. BURGESS, E. & HAM, P. 1968. Multilevel conditioning of phoneme variants in Apinay. Linguistics: An International Review 41: 5-18. CASTRO ALVES, F. 1999. Aspectos fonolgicos do Apniekr (J). So Paulo: Universidade de So Paulo. (Dissertao de Mestrado). _____ 2004. O Timbira falado pelos Canela Apniekr: uma contribuio aos estudos da morfossintaxe de uma lngua J. Campinas: Unicamp. (Tese de doutorado). CAMPBELL, L. 1999. Historical linguistics (an introduction). Cambridge / Massachusetts: MIT Press. COSERIU, E. 1987. Teoria da linguagem e lingstica geral. 2 edio. Rio de Janeiro: Presena. CROCKER, W. 2002. www.socioambiental.org/pib/epi/canela/ canela.shtm. FERRAZ, I. s.d. www.socioambiental.org/pib/epi/gaviao_parkateje /gaviao.shtm MELATTI, J.C. 1999. www.socioambiental.org/pib/epi/timbira/ timbira.shtm NIMUENDAJ, C. 1946. The Eastern Timbira. University of California Publications in American Archaelogy and Ethnology, vol.XLI. Berkely / Los Angeles: University of California Press. OLIVEIRA, C.C. 2003. Lexical categories and descriptives in Apinaj. IJAL 69: 243-274. RODRIGUES, A.D. 1999. Macro-J. The Amazonian Languages, ed. R.W. Dixon & A. Aikhenvald, pp. 164-206. Cambridge: Cambridge University Press. S, R.M. 1999. Anlise fonolgica preliminar do Pykobj. So Paulo: Universidade de So Paulo. (Dissertao de Mestrado). SCHRDER, P. 2002. www.socioambiental.org/pib/epi/guajajar/ guajajar.shtm SIQUEIRA JNIOR, J.G. 2000. A Organizao Timbira e a Rede Frutos do Cerrado. Povos Indgenas do Brasil, 1996-2000, ed. C.A. Ricardo, pp. 667-669. So Paulo: Instituto Socioambiental.