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·nal· Fot1r views 011 Creation, Evolution, and Inteligent Design


Titulo_or•~~ Ô por Ken Ham, Hugh Ross, Deborah B. Haarsma,
2 17
Copyngh M J B Stump. Todos os direitos reservados.
Stephen C. eyer e · ·
. d
Copynght e tra
dução © Vida Melhor Ed',tora S.A., 2019. SUMÁ RIO
. ·tos desta publicação são reservados por Vida Melhor Editora, S.A
Todos os d irei .
. . bíblicas são da Nova Versão Internacional (NVI), a menos que seja ·
As otaçoes 1 • .
especificada outra versão da Bibha Sagrada.

Os pontos de vista desta obra são de responsabilid~de do autor, não_ refletindo


necessariamente a posição da Thomas Nelson Brasil, da HarperCollrns Chnst,an
Pt1blishing ou de sua equipe editorial.

Gerente editorial Samuel Coto


Editor André Lodos Prefácio 7
Assistente editorial Bruna Gomes
Produção editorial e preparação Marcelo Cabral
Colaboradores 13
Revisão Vanessa Belmonte e Francine de Souza Introdução 15
Diagramação Sonia Peticov
Capa Bárbara Lima
1. CRIACIO NISMO DA TERRA JOVEM 25
KemHam
1.1 Resposta do Criacionism o (Progressivo ) da Terra Antiga 63
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃ O NA FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Hugh Ross
1.2 Resposta da Criação Evolucionár ia 70
0 78
A origem: quatro visões cristãs sobre criação, evolução e design inteligente
Deborah B. Haarsma
/ Ken Ham ... {et alJ ; tradução de Roberto Covolan. - Rio de Janeiro: Thomas 1.3 Resposta do Design Inteligente
Nelson, 2019. 78
304 p. Stephen C. Meyer
Titulo original: Four views on creation, evolution, and intelligent design RÉPLICA 85
ISBN 978-85-7 167-000-6

L Bíblia e evolução 2. Criacionismo 3. Evolução - Aspectos religiosos - C ris- 2. CRIACIO NISMO (PROGRE SSIVO)
tianismo 4. Design inteligente (Teleologia) I. Ham, Ken 11. Covolan , Roberto
DA TERRA ANTIGA 91
19-0607 Hugh Ross
C OO: 23 1.765
C DU: 23 1.5 1
2.1 Resposta do Criacionism o da Terra Jovem 129
Kem Ham
Thomas Nelson Brasil é . . 2.2 Resposta da Criação Evolucionár ia 137
. . uma marca hcenc,ada à Vida Melhor Editora S.A. Todos os
direitos reservados à Vida Melhor Editora S.A. Deborah B. Haãrsm a
Rua da Quitanda, 86, sala 2 18 - Centro
Rio de Janeiro - RJ - CEP 2009 1-005 2.3Resposta do Design Inteligente 145
Tel.: (2 1) 3 175- 1030 Stephen C. Meyer
www.thomasnelson.com.br
RÉPLICA 154

- O EVOLUCIONÁRIA 159
3. CRIAÇA PREF ÁCIO
Oeborah 8. Haarsroa
Criacionismo da Terra Jovem 195
3.1 Resposta do
Kem Ham.
Criacionismo (Progressivo) da Terra Antiga 203
3.2Resposta do
Hugh Ross
3.3Resposta do Design Inteligente 21
Stephen C. Meyer
RÉPLICA 220

4. DESIGN INTELIGENTE
Stephen C. Meyer
4.1 Resposta do Criacionismo da Terra Jovem
225

264
A iniciativa da editora Thomas Nelson Brasil de disponibi lizar
para o público brasileiro esta obra sobre criação, evolução e
design inteligent e é digna de aplauso e reconhec imento. Há muito
Kem Harn a sociedade brasileira carece de um trabalho de referênci a que
4.2Resposta do Criacionismo (Progressivo) da Terra Antiga 270 apresente , de forma equilibrada e informada , uma ampla exposição
Hugh Ross dos argument os favoráveis e contrário s às diferente s visões sobre
4.3Resposta da Criação Evolucionária esses temas, contextua lizada ao ambiente cristão.
278
Deborah B. Haa.rsm ar A questão das origens é certamen te de grande interesse, não só
pela imensa complexid ade envolvida ao entrelaça r questões cien-
RÉPLICA
286 tíficas, filosóficas e bíblico-te ológicas, mas também pela paixão e
controvér sia que costuma despertar. Trata-se, porém, de tema de
Conclusão
291 alta relevância , cujas dificuldades precisam ser enfrentad as pela
centralidade que ocupa na formação de uma cosmovis ão cristã e
nas discussõe s contempo râneas sobre a relação entre fé e ciência.
Algo que se constata nesta obra é que os quatro represent antes
das visões aqui expostas se declaram criacionis tas e todos advo-
gam a existência de propósito e design na natureza. Se estão de
acordo, por que então o debate? Embora todos creiam em um
Criador, a questão central é: como Deus criou? O universo já foi
criado pronto e acabado ou evoluiu ao longo de um grande período
de tempo? E, se evoluiu, será que Deus teria praticado intervenç ões
miraculos as pontuais ao longo da história do universo? Que stões
como essas não teriam grande relevância para a maior parte dos
cristãos há dois ou três séculos, mas desde então passamos por

7
RÉPLI CA DO CRIA CION ISMO (PROGRESSIVO) DA TERRA ANTIGA

Conselho Internacional de Inerrância Bíblica fornecem um esq


para se progredir no preenchimento das lacunas. Se nos uema
metemos com integração e coerência completas em co~pro-
nossa int
pretação da revelação de Deus e nos comprometemos a tratar er-
CRIAÇÃO
aos outros com respeito, como
. irmãos e irmãs em ensto,
. certuns_ EVOLUCIONÁRIA
mente
._ encontraremos
. caminhos. para a resolução Ess
· . ª
es caminh
1rao nos eqmpar para trazer mais pessoas de todas as Ongens
.
paos
a fé em Jesus Cristo. ra

Deborah B. Haarsma

A evolução é real. A Bíblia é verdadeira.


Você já viu essas afirmações lado a lado antes? Se essas fra-
ses parecem chocantes para você, você não está sozinho. Muitas
pessoas hoje veem conflito entre a evolução e a Bíblia. Entre os
evangélicos brancos, apenas 27% concordam que os seres humanos
e outros seres vivos evoluíram com o tempo, enquanto que, dentre
1
os que não possuem filiação religiosa, 78% concordam.
Um estudante do ensino médio chamado Connor escreveu recen-
temente para a BioLogos nos contando sobre sua educação em uma
família cristã. Em casa e em sua escola cristã, ele aprendeu que a
Terra tem 6 mil anos e que a evolução não poderia ser verdadeira.
Ao mesmo tempo, ele estava se tomando mais curioso sobre ciência
e acabou lendo sobre as fortes evidências favoráveis ao Big Bang e à
evolução. Diante dessas afirmações concorrentes, Connor escreveu:

F'
ique1· convencido de que a Bíblia era incompauve com a ciên-
• 1
· .
eia e, portanto, que a Bíblia não era completamente vei·dade1ra·

esquisa d
cristãos s- 0 Pe\~ Research Center de 21 de março a 8 de abn·1d,em·
2013 Outros grup0s
;
p ; - - _

-44%dos protes-
tantes negr
ao mais propensos a aceitar que os humanos evoluira · e 76% dos
prot os, 53% dos católicos hispânicos 68% dos cato Tcos
1 brancos
eStantes convencionais brancos. '
!59
158
4
CR IAÇÃO EVO LUC ION ÁRIA Debo rah B. llaar~ma

E, Se ela não era verdadeira em parte, como posso saber se alg0 neJa Muitos dos principais cie~tistas _hoje são cristãos que aceitam
é verdadeiro? Isso me levou a descrer em Deus. Ele simplesment
. • . z e evo1uÇa-0 , incluindo Francis Collms, o fundador da BioLogos·G
não parecia mais necessano. ªcoll1ns
. e· um dos maiores biólogos do mundo e líder do Proieto J
umano e dos Institutos Nacionais de Saúde [nos EUA]
Genoma H ·
Connor não está sozinho. Dos jovens que deixam a igreja ho· Collins compartilhou seu testemunho de se _tornar cristão já adulto
- f d . · je,
29 % dizem que "as igrejas estao ora e sintonia com O mundo 0
best-seller The Language of God.1 Ele cnou o termo "BioLogos"
científico em que vivemos", e 25% dizem que "o cristianismo ~as expressões gregas para "vida" (bios) e para "palavra" (logos, que
é anticiência".3 é Jesus Cristo, João 1:1-14).
Todos os autores deste livro odiariam ver Connor abandonar Muitos líderes cristãos, desde o tempo de Darwin, têm estado
sua fé pela ciência ou ver uma cientista hesitar em entregar sua abertos a ver a evolução como a mão de Deus trabalhando, ao mesmo
vida a Cristo.4 Muitas vezes, esse conflito tem consequências eter- tempo em que defendem a autoridade das Escrituras. O teólogo
nas, pois as pessoas se sentem presas a uma falsa escolha entre B. B. warfield (1851-1921), um dos primeiros defensores da inerrân-
evidência científica e fé cristã. Todos nós nos perguntamos: como ciaÍjfbiica, escreveu substancialmente sobre evolução como uma
a igreja pode mostrar aos jovens cristãos que a Bíblia é relevante? possível (e até provável) explicação do desenvolvimento natural sob
Como podemos mostrar aos cientistas que a fé cristã é real? 8
0 governo de Deus. Em 1944, C. ~ is escreveu: "Devemos dis-
Os autores deste livro propõem respostas muito diferentes a
tinguir claramente entre a evol~ção como um teorema biológico e
este desafio. Na BioLogos, apresentamos a criação evolucionária
o popular evolucionismo ou desenvolvimentismo que é certamente 1
como uma opção fiel para os cristãos e uma opção razoável para
um mito ... Para o biólogo, a evolução... dá mais conta dos fatos do /
os cientistas. A criação evolucionária é a visão de que Deus criou o
que qualquer outra hipótese presente no mercado e, portanto, deve
universo, a Terra e a vida ao longo de bilhões de anos, e que o pro-
ser aceita.''9 Em 1997, o evangelista Billy Graham disse que "a Bíblia
cesso gradual da evolução foi trabalhado e governado por Deus para
não é um livro de ciência ... Acredito que Deus criou o homem, e se
criar a diversidade de toda a vida na Terra. 5 Assim, a evolução não
este veio por um processo evolucionário e em um certo ponto Ele <
é uma cosmovisão em oposição a Deus, mas um mecanismo natu-
tomou essa pessoa ou ser e fe z dela uma alma viva · ou nao,
- ['1sso] não
ral pelo qual Deus providencialmente alcança seus propósitos.
muda o fato de que Deus criou o homem."10 E, em 2009, 0 Pª stºr e
Muitas pessoas que se deparam com a perspectiva da BioLogos
foram levadas a uma fé mais profunda em Cristo ao ' consi·derar a.
evolução e a Bíblia juntas, e fico feliz em dizer que Connor eSla 'AI. gumas frases e parágrafos - denva
neste capítulo sao · dos de publicações da
entre elas. B10Logos .
'COL · E ·dence for Behef.
N LINS, Francis S. The Language of God: A Scientist Presents ~ tista apresenta
ewd_York: Free Press, 2006. (Ed. bras.: A linguagem de Deus. um cien
eVI e . 7
'O h' nci~s de que ele existe. São Paulo: Gente, 200 · B W rfield no capítulo 3
. . . . . vibrante eill st
de J i onador cristão Mark Noll faz um estudo de ~aso de B. · ª .
'YeJa a histona completa de Connor, incluindo c omo ele voltou a uma fe . h>.
Deus, em <http://biologos.orgjblogs/archive/how-sc ience-shake-my-fai~ Rapids: 'LE~~ Chnst and the Life of the Mind (Grand Rap1ds: Ee ~an5z2011
rd
3
J
1 44 citado em
FERN S, C. S. Letter t o Captain Be rnard Acworth, Septem_er e a;id Christian Faith
' KINNAMAN David; HAWKlNS, Aly. You Lost Me [Você me perde u). Gran
Baker, 2011, 137.
•veJa· a h'istona
· · 0
rg/ t
[Pers GRE_N, Gary B.; NUMBERS, Ronald L. Perspecnves on Sc1 11; . <http:f/www.asa3.
or I pectivas em Ciê nc ia e Fé Cristã) 48 1996. 28-43, março 9 6'
de Natasha e como e la c hegou a Cristo e m <http:;í'tbiologos.
1
blogs/arc~ive/stories-natasha-strande >. . A criação ~Ja:~A/ PSCF/ 1996/PSCF3-96Femgre1~ht111!~. . Personal Thoughts of 3
50 1>..bl' Frost entrevistou Billy Graham em B1lly Gr aham. público]. Chanot
termo _evol~ção teísta" (ET) também é usado para esse ponto d ~ vis~-us peSSo31 r u 1c Ma [B' • de um homem
evolucionana e um subconjunto da ET que enfatiza que o Criador e O D Vict n tlly Graham: Pensamentos pessoais
revelado na Bíblia e encarnado em Jesus Cristo. or Pub, 1997, 72-74.
161
160
CRIAÇA
· o EVOLUCIONÁRIA
Deborah B. llaar~ma

·m Keller escreveu que "a suposta incompatibilidad inação coloca: "Tanto na criação como na Escritura, Deus
autor TI e da fé
om a evolução começa a desaparecer sob uma r fl denorn .d d "12
d
orto o Xª C
e exào . ·ge com plena auton a e .
mais sustentada."11 nos d10 . • . . .
Tanto a natureza quanto as Escnturas estao suJettas a inter-
Neste capítulo, apresento a de~esa da criação evolucionária. - humana na forma das disciplinas da ciência e da erudi-
pretaça0 '
Começo com as maneiras pelas quais Deus se revela nas Escntur ção bíblica. É crucial que não confundamos nossas interpretações
e na natureza, e os meios confiáveis para interpretar essas revel:
huma nas com a revelação real de Deus, uma vez que podemos
ções. A seção intermediária volta-se para as evidências científicas estar em erro em nosso entendimento. Conflitos aparecem apenas
e algumas implicações. A seção final aborda questões e desafios
uando a nossa interpretação de um ou de ambos os livros está
comuns para a posição da criação evolucionária. q ·
errada. Tais conflitos Justamente nos Ievam a recons1'derar nossas
visões: existem outras maneiras fiéis de interpretar o texto bíblico?
LENDO OS DOIS LIVROS Existem outras maneiras válidas de entender as evidências cientí-
A metáfora de considerar o mundo natural como um segundo ficas? Cada disciplina pode fornecer um corretivo importante para
"livro" de revelação é descrita maravilhosamente na Confissão a outra, protegendo-a de excessos e levando-a a reavaliar-se. Mas
Belga, Artigo 2: uma disciplina não deve dirigir as conclusões da outra. A ciência
não deve ditar a melhor interpretação bíblica e os estudos bíblicos
Nós conhecemos Deus de duas maneiras: não devem forçar as conclusões da ciência.
Primeiro, pela criação, preservação e governo do universo,
dado que o universo está diante de nossos olhos como um belo livro Lendo o Livro das Escrituras
em que todas as criaturas, grandes e pequenas, são como letras Como devemos interpretar o que a Escritura tem a dizer sobre a
para nos fazer refletir sobre as coisas invisíveis de Deus... Criação? Este foi um desafio pessoal para mim. Eu cresci em um lar
Segundo, Deus se faz conhecido para nós mais claramente
o por sua santa e divina Palavra,
cristão e aprendi a amar Deus desde cedo; li a Bíblia como a pala-
•<
ti)
vra de conforto, ensinamento e autoridade de Deus em minha vida.
> tanto quanto nos é necessário nesta vida,
para a glória de Deus e para nossa salvação. Minha igreja e minha família ensinaram a posição da Terra jovem
quanto à Criação e não conheciam nenhuma alternativa cristã.
Assim, tanto a natureza quanto as Escrituras são meios que Então, quando cheguei aos meus vinte anos e tomei conhecimento
Deus usa para se revelar a nós, mostrando-nos seu caráter e sua das evidências científicas de um universo antigo, hesitei em sequer
glória. Ambos revelam algo da interação de Deus com o muodo olhar para elas - temia que isso prejudicasse minha fé. Recusei-me
natural. As duas revelações de Deus não podem entrar em con· ª simplesmente jogar fora as passage ns de Gênesis ou diluí-las por
flito ' pois
· 1 f ' ria
e e ala verdadeiramente em ambas. Como minha prop causa da ciên cia. Como eu mante ria a autoridade da Bíblia? Como
evitaria 0 caminho
• .
pengoso de jogar fora toda passagem da Bíblia
"KE_ _ _
que fosse difíc il de entender?
?
LLER, Tim, Cr · . . rg. Z01-
http://biologo eation, Evolutton, and Christian Laypeople, B10Logos.o Iaypeo·
ple-part-1 [Ed sb.org/ blogs/archive/crea t ion-evolutio n-and -chri 5ttan· e, ·•u·
· · ras
cao ·e·cristaos-I . ·11'1/www.cnstaosnaciencia.or
. ..· http· . g.br/ recursos/ ena
· cao· "'
-~
"Repon o B'b • · · Reformed
Church in n I hcal Authority, Acts of Synod. Grand Rapids: Chnstian
eigos- um- keller-parte-1/). North Arnerica, 1972.
162
163
De bo ra h l:l . ll a ar s mJ

CRIAÇÃO EVOLUCI O NÁRI A

Os livros da Bíblia foram escritos por muitos autores hu . .d de do governo de Deus. Contudo, a mesma abordagem
- , . S , d . manos estab11i a
sob a inspiraçao do Espmto anto, num peno o de mais de mil s casos, como Lucas 1:1-4, nos lembra de que o autor ori-
. h. , . d b anos em outro . . _
ra contar a grande e verd a d eira 1stona a o ra de Deus no · udiência consideraram a morte e a ressurre1çao de Jesus
pa . . mundo ginal e a a . , .
tão de registro h1stonco, e que devemos fazer o mesmo.
e com O seu povo. Esses autores vieram, . de
, mmtas culturas, es creve- uma que S
ram em vários idiomas e usaram vanos generos literários· Isso s1gn1-
. .
fica que um entendimento completo e profundo de cada passa e FIGURA 1: COSMOLOGIA DO OR IENTE PRÓXIMO ANTIGO
d - . gm
é mais complexo do que 1er a tra uçao mais recente. Se abrirmos a águas acima
Bíblia e simplesmente a lermos para pessoas do século XXI, encon- • reservatório
• • de chuva
traremos uma linguagem desconcertante e algumas passagens que


firmamento
contradizem nossas crenças atuais, como a Terra estar fixa sobre
sol
uma fundação (Salmos 93:1) em vez de se mover pelo espaço.
Para entender o que está acontecendo, precisamos nos lembrar terra
mar --- ~- - - -.1mon nha

d~ zlG:~f;~
de que esse é um texto antigo. Como o estudioso bíblico John Walton
nos lembra, a Bíblia toda foi escrita para nós, mas não dirigida a nós
- foi escrita primeiro para as pessoas que viviam no antigo Oriente
Próximo. 13 Embora as mensagens principais da Palavra de Deus sejam
claras para qualquer leitor que tenha uma boa tradução, precisare-
mos realizar nossa tarefa de entender algo muito complexo que é a Ilustração de Origins: Christian Perspectives 0 11 Crea tion, Evolution, and lntelligent
· • C pynght
relação da Bíblia com a ciência moderna. Os eruditos bíblicos reco- Design, de Deborah B. Haarsma e Loren D. Haarsma. Usado sob permissao. 0
2011 Faith Alive Christian Resources."
mendam a abordagem de primeiro considerar o significado que o
texto teve para o próprio autor humano e seu público, e só depois
disso procurar elaborar a melhor interpretação para nós hoje. Lendo Gênesis 1 <
o Note que essa abordagem não conduz ao caminho perigoso de Vamos aplicar essa abordagem a Gênesis 1. Esse texto foi escrito pelo (/J
;J>I
•<C o
Ul negar as doutrinas centrais do cristianismo. Ao contrário, podemos povo israelita e dirigido para esse mesmo povo, que estava cerca~o
> aplicá-la consistentemente a toda a Escritura. Em alguns casos. por outras culturas antigas d o Oriente Próximo, incluindo O Egito
como em Salmos 93:1 ("O mundo está estabelecido, não pode ser e a Babilônia. Das obras de arte e escritos dessas culturas, sabemos
movido," versão King James), ao conside rar o salmo todo e O co~- algo de seu entendimento do mundo natural (veja figura l). Eles não
. h
tm d T sendo esfé-
texto cultural, vê-se que não se pretendeu um significado cient1· am ideia da Terra se movendo no espaço ou a erra ,
fico moderno; a passagem usa a Terra fixa como metáfora para ª rica. Ao contrário, eles acreditavam que a Terra era plana, com os c~us
Por cima
· . .
e aguas por baixo da terra. Muitas vezes, e
les se refenam
ao • d , gua acima dela;
ceu como uma cúpula sólida, com um oceano eª
11
WALTON Joh T
Press.
L· JnterYa~itY
e ~- he Lost World of Genesis On e. Downe r's Grove_. 1 · retação de
ª cúpula poderia abrir suas comportas, resultando em chuva.
2009
Gênesis · utros livros [Um bom res umo desta o bra e uma inte~~- Tire 1,0s1
2
World q \ 3 _na mesma linha pode m se r vistos no segu nd o livro da sedi~e e El)(I: 0
• ue 10 1 public d 0 · ·d de A ClO 1 0
debate sob . ª no Brasil com o título O mundo perdi O G· Ulti nat ,
2016. o mu~~ª origem da humanidade e a le itura d e Gênesis, Viçosa, M ·13 r hoi1135 ~ . .. . '1/f31·thaliveresources.org>.
°
Nelson Bra - perd1do do dilúvio. ta mbé m pa rte da sé rie , foi publicado pe
s11e1n 2019. (N. T.)].
icitar uma copia deste recu rso, v1s1te <htt p.,1
165
164

CRIAÇÃO EVOLUCIONÁRI A
Deborah B. Haarsmd

A Figura t nos ajuda a entender Gê nesis 1 mais cl


. , . . . aramente. pu' blico original. Alé m_ disso, nessa
, interpretação
. , a me nsagem
segundo dia (Genes1s 1.6-8), lemos que Deus cnou uma " , No 0
intencionada de Deus nao muda a medida que a ciência avança.
NIV) ou "firmamento" (KN) para separar as águas de cim abobada"
( , ª~ãg você notou a linha de raciocínio aqui? Começamos por conside-
de baixo. Essa e a mesma estrutura encontrada no uas
., . . pensament0 rar Génesis 1 em seu contexto antigo, sem considerar a ciência. No
egípcio e bab1lomco. No entanto, as diferenças entre Gê .
. . h - . . nes1s I e entanto, aprendemos algo relevante para nossos debates moder-
essas culturas v1zm as sao 1mpress1onantes. Nessas culturas cact
nos: Génesis 1 usa deliberadamente conceitos que os primeiros
pedaço do mundo natural e ra um deus - o deus do a r, o deus ' dª
0 leitores entenderiam em vez da moderna imagem científica. Isso
mar, o deus da cúpula do céu, o deus do sol etc. Eles a d'
cre itavam mostra que a intenção de Gênesis 1 não foi abordar as questões
que o mundo foi formado. a partir de guerras entre es ses deuses
do "como" e "quando" que usamos em ciência moderna; estas não
e que os deuses criaram os seres humanos para serem escravos.
. . . . eram objeto de grande preocupação em uma era pré-científica. Ao
Os israelitas deveriam ser mUito ·
familiarizados com a imagem
,. , , invés disso, o texto bíblico focaliza no "quem" e no "por que" da
um ceu solido ' mas as diferenç
f1s1ca , . plana.e
. de uma .Terra as entre 0 Criação. Os criacionistas evolucionários tiram conclusões seme-
Egito e a Bab1loma se fanam notar. Em Gênesis, há apenas um Deus
lhantes para outras passagens bíblicas sobre a Criação. A maioria
o soberano Criador de tudo. O céu ' o mar e a terra sa- 0 meramente'
dos criacionistas evolucionários não vê a Bíblia fazendo previsões
coisas
, f .
criadas por ele. Mesmo o poderoso deus egípcio do soI, R'a,
científicas ou referindo-se a uma ciê ncia desconhecida para os lei-
e re endo como ape nas um dos luminares do céu. Os humanos
tores daquela época.
são criados não como humildes escravos, mas à imagem de Deus e
Para mim, saber sobre esse contexto antigo de Gênesis fez toda
como parte muito boa da criação dele. is
a diferença. Ele não apenas resolveu as preocupações que eu tinha
Deus poderia ter escolhido explicar aos israe litas que a repre-
quanto à ciência, mas me proporcionou uma compreensão mais
sentação física deles estava errada, que o céu é na verdade uma
profunda do ensiname nto de Deus nesse texto e fortaleceu minha
atmosfera gasosa cobrindo uma Terra esférica. Em vez disso, Deus
fé. Na verdade, fiquei um pouco frustrada que nenhum dos meus
escolheu uma abordagem melhor: Ele acomodou a sua mensagem
o pastores me e nsinou isso antes! Senti-me livre, até mesmo cha- <
1< ao entendimento deles para tornar mais clara a mensagem que
U) mada, para olhar mais de perto as evidências na criação de Deus. U'J

> prete nd ia passar. Como João Calvino descreve Deus se acomoda >•
o
às nossas hum'ld ·
1 es capacidades falando até 'como conversa de
'
_ para que possamos entender. 16 Pode mos ser gratos por Deus
bebê Lendo o Livro da Natureza
, .ter tentado exp1·tear as complexidades da ciência moderna na
nao Co~o a maioria dos cristãos evangélicos de hoje, eu cresci com uma
Bib1ta1· A acomod açao - d e Deus é um presente de sua graça para v~sao geralmente positiva da ciê ncia,n mas ainda tinha preocupa-
çoes quanto à evolução. Posso confiar na visão científica geral das
- • esis
origens quando a maioria dos cientistas não é cristã? As conclusões
~Para mais sobre cos · .
veja artigos no websi mologi_a antiga do Orie nte Próximo e interpretaçoes de G~n ne:
de John H. Walton· ~ida BioLogos e livros, ta is como: The Lost World of Genesis ~de.
2014): Scripture and C e Blbhcal Cosmos, de Robin A. Parry (Euge ne, OR: cascrsitY "D05
Press. 2015); ou The o;mology, de Kyle Greenwood (Downer's Grove, IL: Inter6:rord em P,roteSCantes evangélicos 48% acreditam que ciência e religião podem trabalhar
- 21% as veem 'como se referindo a diferentes aspectos da real'd 1 d
University Press arly HtSlory of Heaven, J. Edward Wright (Oxfo ·
rd e apco abo raçao, ª e,
16MCNE!L . 200 O). - 'Reiienas 3196 as veem e m conflito (Elaine Howard Ecklund e Christopher Scheitle,
. As
ealv1no, L, Jonh T. (Org) J0 h
inst't . ··
. . · 0 [J030
n Calvin, Institutes of the Christia n Re1,gio · 1 hia: Surv~~~ushCommunities, Scie nce, Scientists, and Perceptions: A Comprehensive
Westminster, 19~0u~: da religião cristã). Trad. Ford Lewis Battles. Philade p -scien ' < ttp:,'l'perceptions.proiect.org/ multimedia-archive/ religious-commumnes-
. ,
ce-and - percepnons-a-comprehensive-survey
' 3 .1. /)>.

166 167

Dt
4
·o EVOLUCIONÁRIA
CRIA(A Debora h B. lfaa r~md

. 'fº s deles não são tendenciosas contra Deus? Não ,. uanto (2) a celebração do Deus da Bíblia como O Criador e
c1ent1 1ca .• . f . . Precisa
, de uma versão da c1enc1a que osse d1stmtamente . - f1s1CO, q . 0 · .
na mos . . cristã? . desses mecamsmos. pnme,ro ponto trata da tarefa prin -
Os não cristãos apresentam um conJunto diferente de e designer . .
. .- . 1 . da ciência - procurar as cadeias naturais de causa e efeito, da
? p rgun. c1pa1 _ , . d _ . , .
. •ência não tornou are11g1ao irre evante . Religião é ai . .d de às reaçoes qu1m1cas e aos pa roes c11mat1cos. Cientistas
tas. a CJ .• . _ . . go alern grav1 a . _
de superstição? A c,enc1a nao ehmma Deus? .
as cosmov1soes fazem isso. As descobertas feitas por não
de todas . .
Para abordar os ~ois conjuntos de ? eq ~unt,a~, primeiro lembre- . ·os não são automaticamente suspeitas; ao contrário toda
cnsta . , '
-se de que muitos hderes da revoluçao c1ent1f1ca - como Galil erdade é de Deus, como Agostmho observou ha muito tempo:
Kepler e Boyle - eram cristãos. Eles viram seu trabalho científi:: ~Que todo bom e verdadeiro cristão entenda que, onde quer que a
como O estudo da própria obra de De~s e um chamado próprio para verdade seja encontrada, ela pertence ao seu Mestre."19 O segundo
os cristãos. Os ateus militantes de hoJe parecem esquecer que mui- onto tem a ver com o arcabouço maior da nossa fé cristã, que
tos cientistas de primeira linha ao longo dos séculos eram cristã ~orna O trabalho do cientista cristão tão distinto do trabalho de
os,
incluindo Michael Faraday (eletricidade, 1791-1867), Gregor Mendel cientistas com outras visões de mundo. Nossa visão da natureza
(genética, 1822-1884), Georges Lemaitre (cosmologia, 1894-1966) e como criação de Deus é o que nos dá a motivação subjacente para
William Philips (Prêmio Nobel em Física, 1997). ir em busca da ciência e do louvor supremo pelas suas descober-
Considere Robert Boyle (química, 1627-1691), um cristão devoto tas. uma explicação científica não elimina Deus. Para o cristão, uma
que descreveu seu trabalho científico como o de estudar o "livro das explicação científica glorifica a Deus revelando sua obra.
criaturas" sendo ele um "sacerdote d a natureza". Ele acreditava que A ciência tradicio nal é tendenciosa contra a religião? Pode pare-
o mundo natural aponta claramente para a sabedoria de Deus como cer quando alguns ateus falastrões afirmam que o Big Bang elimina
seu criador e designer, de modo que "os home ns podem ser trazi- a necessidade de um deus para dar início às coisas20 ou que a evo-
dos, com base nisso, tanto para reconhecer Deus, como para admi- lução mostra que "o homem é o resultado de um processo sem pro-
rá-lo e agradecer-lhe". Ainda assim, Boyle argumentou fortemente pósito e materialista que não o tinha em mente."21 Tais alegações
que os cristãos não devem olhar para Deus como a causa "eficiente" vão muito além da própria ciência, reformulando o "Big Bang" e a
(direta) dos movimentos de partículas. Em vez disso, Deus cria os "evolução" como entidades opostas a Deus. No entanto, quando os
mecanismos que movem as partículas, "aqueles Poderes que [Deus] cientistas usam estes termos cientificamente, eles os usam como
deu às Partes da Matéria, para transmitir seu Movimento assim e modelos científicos da mesma forma que "gravidade" ou "placas
assim de umas às outras." Assim, Boyle argume ntou que o papel tectônicas". A ciência é limitada. Ela simplesmente não pode provar
correto do cristão ao estuda r o mundo natural não é o de colocar ou refutar Deus. A ciência é boa em descobrir mecanismos físicos,
Deus como um passo na cadeia de causa e efeito, mas investigar os mas não está preparada para abordar as questões fundament~is de
mecanismos naturais e repetíveis que Deus c riou.18 Deus e significado. O mesmo mecanismo físico , que pode ser inter-
Hoje, por razões semelhantes, os criacionistas evolucionários pretado por um ateu como sendo sem propósito e subSt ituto de
·
en fat1zam tanto (1) a busca de mecanismos naturais • n0 mundo

"Sto. Agost~ ho, On Christian Doctrine. 11.18.28. . Um universo a


"e·itaçoes
· da,serie_
• publicada no blog de Ted Davis. "The Faith of a Grea1 scienli
51
blogs/·
"'Vej_a, por exemplo, KRAUSS, Lawrence. A Uniuerse from Nolhlllg (
Robert Boyle s Rehg1ous Life Attitudes and Vocation " http:11''biologos.org( ·5v r.an ,r do nada]. Nova York: Atria Books, 2013. . . . . do da evolução).
t ed-d · • · ' -sc1en11 NSIMPSON, George Gaylord. The Meaning of Eoolutton [O s,gmf,ca
avis read1ng-th e-book-of- natu ·re/se ries/the-· fa 1th-of-a-great
.
ew Haven: Yale University Press. 1967. 34.
robert-boyles-religious-life-attitudes-and-vocatio n.
169
168
CRIAÇÃO EVOI.UCIONÁRIA
IJcborah li. lfaJi ,md

Deus, pode ser interpretad o por um c ristão como a i A ORDEM CRIADA


obra criativa de Deus. go que exibe a
. Ulll universo antigo e dinâmico
Equanto a milagres? A criação evoluc ionária é um caminho .
. Antes de olharmos para as evidências da idade da Terra e do universo
goso para o de1smo ao ver Deus como distante e não . Pen.
. . . . . . - . env0Jv1cto? N'
Os cnac1001stas evoluc1onan os sao apa ixonad os po r ver a m·· ªº· precisamos considera r se tais evidências científicas são confiáveis'.
Deus operando por meio de processos naturais As 1 . ao de Primeiro, como sabemos que Deus não criou simplesme nte tudo há
. . . eis naturai - que tem bilhões de anos? A resposta
um testemunho do cuidado providenc ial e fiel de Deus p ·s sao 6 mil anos, mas fez parecer
' ois ele curta é: nós não sabemos. Não existe uma maneira científica de dis-
sustenta a existência de toda a matéria e m ecanis mo
. . . s, momento
ª tinguir entre um universo antigo e aquele que foi feito para parecer
momento. Contudo, os cnac1o n1stas evolucion ários t am bem .
. afir- em todos os detalhes como se fosse antigo. No entanto, existe uma
mam que Deus escolheu ag,r sobre natu ralmente . De
- . . us age fora de profunda diferença espiritual. As Escrituras são claras no ensino de
seus padroes hab1tua1s para realizar os seus propós't d .
. • . . I os e remar na que Deus é um Deus de verdade e que os céus declaram sua glória.
-
h1stona humana, mais poderosam e nte na encarna çao e ressurrei-
_ Aatividade de Deus no mundo natural nos fala tão verdadeiramente
çao de Jesus Cristo. quanto suas palavras nas Escrituras , e devemos levar isso a sério.
Algumas pessoas perguntam aos criacionis tas evolucionanos. •. . Segundo, se ningué m estava lá para ver, como podemos estudar
"P • d'
or que voces .acre. 1tam em Deus se a sua visão cient'f·1 1ca parece ser cientificame nte o universo? A resposta curta é: usando as evidên-
a.mesma dos c1ent1stas ateus?" Bem ' não esperamo s q ue nossa c1en- •• cias deixadas para trás. Um cientista é como um detetive que reco-
c1a pareça_diferente, já que cristãos e ateus estão estudando o mesmo lhe provas para determina r como um crime foi cometido. Mesmo
mundo ~nado com as mesmas mentes concedida s divinamente. Mas, sem uma testemunh a ocular, um detetive usa evidências como
para muitos, a resposta mais profunda é que "a c iê ncia não é a razão pegadas, DNA e registros telefônico s para construir uma descrição
pela qual creio em Deus"• corno a ma1ona· • d os cnstaos,
. - os criacionis- sólida. Da mesma forma , os cientistas podem juntar o que aconte-
tas evolucionários escolhe ram seguir .
· Jesus Cn sto por outras razões, ceu a partir das evidências que medimos hoje. Embora essa ciência
histórica tenha diferenças em relação à ciência experimental (não
como um profundo sentiment o de necessida de de Deus uma pro-
· • · espiritual, ou pelo teste munho dos Evangelhos
funda expenencia ' . é possível trazer uma galáxia para o laboratório para um experi-
nd0 mento!), ela é semelhant e nos aspectos mais importantes. Assim
Te confiado no Deus da Bíblia, olhamos através das lentes da fé
• . , nos . mesmos, a como um cientista experimen tal, o cientista histórico constrói uma
para o mundo ao nosso re d or - o universo, a vida
b . hipótese, testa-a contra observaçõ es e modifica a hipótese con-
cultura humana _ d
. e esco nmos que tudo se manté m junto de uma forme necessário . E, como o detetive, quando várias linhas de evi-
maneira mais podera · · d
, sa e convince nte do que o ateísmo. A partir a dência confirmam a mesma hipótese, os cientistas ficam confiantes
fe, buscamos a com preensao. - d'
22
Como C. S. Lewis escreveu: "Acre ito de que sabemos o que aconteceu. A ciência histórica é confiável.
no cristianism . que o Sol nasceu. não apenas porque
o co mo acredito
.
eu o ve30 ' mas porque por meio .
dele vejo todo o re sto". 23 Evidência geológica
Muitas linhas de evidência sustentam uma longa idade para a Terra
· o do e O sistema solar.24 Aqui , vou esboçar apenas duas. Uma é contagem
Em Pro5logio (cu·o títul 0
século XI Ansel 1
· ·
ongmal era fé em busca do entendimen to). o teolog ~
mo escreveu·· ·N· e 10 pa, •
1 ao proc uro compreende r para c rer. mas cr
conipreendcr·
~{: '
" (Rio de
S. Le" 1s. na linha qu .• 'd d 1 e astronômica.
1O· g·ca
Janeiro: Thomas N e conclui Teologia é poesia?" em O peso da glono .
·'Visite o · da 810Logos para "er vídeos e artigos sobre I a es geo
site
' eIson Brasil, 2017).
171
170
CRIAÇA· o El 'OLUCJONÁRIA Dcbon1 h B. ll aa r\mJ

s anuais. Tais camadas aparecem nas geleiras a'


de carnada , , tnedida
decaem
em argônio-40. Os cientistas podem medir a razão de potás-
que da de neve a cada ano e compactada em gelo As c argônio-40 em uma rocha e calcular o tempo_ em que essa
que a · arnactas .
100 mil anos na Groenl ' . s10-40 e .
de gel o contadas recuam a mais de solidificou pela lava derretida. Uma formaçao rochosa na
. . anct1a e rocha se . -
is de 700 mil anos na Antart1da. Camadas anuais tambe'
rn a mapa- l
Groen a' ndia foi datada de 3,6 b1lhoes de anos, uma data confirmada
recem em rochas sedimentares. Essas rochas se formam no fun . rios elementos radioativos diferentes nas mesmas rochas.
do com va
de lagos e mares rasos a' med'd 1 a que os se d'1mentos se depositarn Rochas trazidas da Lua foram datadas de 4,5 bilhões de anos.
no fundo ano após ano; quando as camadas endurecem em rochas
sedimentares, milhões de anos de depósitos podem ser preserva-
Evidência astronômica
dos (veja a Figura 2).
Mais uma vez, esboçarei apenas duas das muitas linhas de evidên-
cia para a idade do universo. Embora a luz se mova incrivelmente
FIGURA 2
rápido, ela leva tempo para viajar - mais de oito minutos do Sol até
a Terra. E quanto tempo de viagem leva partindo de uma galáxia?
uma galáxia contém centenas de bilhões de estrelas; nossa própria
galáxia é chamada de Via Láctea. A Figura 3 mostra a galáxia espiral
Andrômeda, que é relativamente "próxima" no espaço. A luz leva
2,5 milhões de anos para viajar de Andrômeda até nós. Nós vemos
também galáxias com a mesma forma espiralada, que parecem cente-
nas de vezes me nor que Andrômeda, mostrando que estão centenas
de vezes mais distantes. A luz dessas galáxias distantes leva bilhões
de anos para chegar até nós. O universo deve ser pelo menos antigo
o suficiente para e nxe rgarmos essas galáxias distantes.

·-~
o
Vl

> FIGURA 3
<
Ul
;l>!
o

Camadas de rocha sedimentar

. Outra éª datação radiométrica. Alguns tipos de átomos são radioa·


t1vos e decaem . h ado de
" . com o tempo. Esse pe ríodo de te mpo e c am . .
meia-vida" 0 t • · ng1-
, empo que leva para a metade da substancia 0 _
nal decair Por . 1 • d 1 3 bilhaO
· exemp o, a meia-vida do potássio-40 e e ·
de anos· d . . io-40
, u1 ante este tempo, metade dos átomos de potass Galáxia Andrômeda

172 173
CRIAÇÃO EVOLUCI ONÁRIA
Debo ra h B. Haa r sma

de expansão do universo pode ser usada para det .


A taxa _ , . _ indo a partir de processo s naturais e dando forma a um
.d d do universo como um todo. As galax1as estão se aferrn1nar constru .
aI a e _ . . astando complexo, um lar para a vida. Como um compositor escre-
das outras. se imaginamos rebobma r a hnha do tempo d rnundo . .
umas , . do uma sinfonia, Deus começou com um ntmo e temas que
em épocas anteriore s as galax1as devem ter sido mu·t o Uni-_
verso, 1 o rnais ven am de maneira simples (as leis naturais), mas são projetados
pro, xi·mas• Quanto tempo passou desde _que todo esse matena . foi corneç .
1 de O início para repetir e crescer ao longo do tempo a fim de
embalado no começo? A taxa de expansao e sua mudança ao longo des. bela e complex a cone1usao
- (a v1'da hOJe
. ).
do tempo foram medidas cuidados ame nte. Sabemo s atualmen te cnar a
Finalmente, consider e a clara exuberância deste universo. Foi
0
universo está se expandindo há 13,80 ± 0 ,04 bilhões de anos_,que
2
omente no século passado que aprendem os que nossa galáxia é
5

REFLEXÕES uma das centenas de bilhões de galáxias. Esse vasto número de


galáxias existia muito_antes qu~ os humanos pudessem det~ctá-las.
vamos fazer uma pausa para consider ar esses incríveis períodos de Deus parece se deliciar em criar exuberan temente a partir de sua
tempo. É difícil imaginar milhares de anos de história, muito menos abundância. E Deus se deleita em trabalhar por meio de sistemas -
milhões ou bilhões! No entanto, sabemos que para Deus "um dia não apenas criando uma galáxia, mas criando os mecanismos desse
é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora universo para que bilhões de galáxias pudessem se formar.
em cumprir a sua promessa , corno julgam alguns" (2Pedro 3:8,9).
As vastas escalas de tempo do universo nos lembram que o tempo
odesenvolvimento da vida
de Deus não é como o nosso.
Imagino que alguns leitores têm relações muito n~gativas c_om _ª
No entanto, há muito mais nessa história do que medir ida-
alavra "evolução" - eu certame nte tinha na comumdade da 1gr:Jª
des. Por um lado, o universo é incrivelm e nte dinâ mico. Ele muda
~m que cresci. No e ntanto, isto é uma reação às falsas alegaço_es
drasticamente ao longo do tempo, com galáxias inteiras colidindo,
feitas pelos ateus em nome da evolução . Certamente, todos os cns-
estrelas morrendo em explosõe s de s upe m ovas e novas estrelas se
tãos rejeitariam as alegaçõe s de que a ciência subSt itui _Deus _ou
o
i<
->
ti)
formando das cinzas. Nada neste universo parece ser estático ou
eterno. Ao contrário, o universo demonst ra que o trabalho criativo
que a vida não tem sentido. Mas, uma vez rejeitadas as af1rm~ç~es
ateístas a ciência subjacen te pode ser avaliada em seus propnos
-o
<
C/l
>•
de Deus está em andamen to.
termos.' Em minha propna
, . .
1ornad a sob re e ssa questão, tive a sorte
Outra parte da história é a perfeição de Deus. Alguns dos parâ-
de encontrar os escritos de biólogos criSt ãos que apresentaram as
metros mais fundamentais do universo , como a força da gravi-
evidências para a evolução no contexto de sua fé• e não como uma
dade e as propriedades dos átomos e partíc ulas, são precisamente
definidos ("afinados") de tal forma que a vida pode se dese nvolver. distorção ateísta. . 'f"
. . - recesso c1ent1 1co da evo-
No restante desta seção, d1scut1re
Os cientistas calculam que , se esses parâmet ros fossem alterad~s 1o P , .
lução e as evidência s que a sustenta m. Na seç ão final ' volto a vanas
mesmo que leveme nte, as estrelas não nasceria m, o carbono nao
. - , -0 Deus questões teológica s.
se formana e os humanos não estariam aqui. Desde o inici '
. .
proJetou o universo para que partícula s e forças atuass em 1·untas,
Como funciona a evolução? - -
1 -
-- - - - d.15 panível
Ern cada geração os descende ntes de uma es Pécie diferem ige1ma
' , d'f
vezes, essas 1 e renças fornecem u
" Planck Collaboration, Astronomy & Astrophysics 594, A13 (2016): Table 4 •
em <https://arxiv.org/ abs/1502.01589>.
rarnente dos seus pais. As
175
174
EQ

CRIAÇÃO EVOLUC I ONARI A Debo rah B. llaarsm d

m reprodutiva em seu ambiente, o que significa que . . rgura 4 uma parte da árvore para vertebrados, em estilo "fuso").
vantage . _ lnd1ví- 1
duos C om características particulares sao capazes de produ . . tra que pássaros e lagartos compartilham um ancestral rep-
_ . z1r mais ~ 11~ , •
d~Ce ndentes. Ao longo de geraçoes sucessivas, esses traç~% . . comum enquanto repteis e camundongos compartilham um
uhano '
diferenças genéticas, se espalham a toda a população. Por exem- i comum de vertebrados no passado.
aocestra
plo, algumas das gazelas nascidas em uma geração correrão mais
rápido do que outras devido a diferenças e m sua composição gené-
FIGURA 4
tica; elas serão mais propensas a escapar de predadores e se repro- ~,---:,-,-,

duzir do que as gazelas lentas. Essas gazelas velozes transmitirão


genes a seus descendentes, dando origem a gazelas mais velozes
na geração seguinte. Várias gerações depois, os traços de toda a
1
o
Qe

Jur
população de gazelas terão mudado. Esse mecanismo é chamado ; Trl
de "seleção natural''. Per
Às vezes, uma parte de uma população fica isolada. Considere
um bando de pássaros que é levado por uma tempestade a uma ilha
remota vazia de pássaros. O ambiente ecológico único na ilha favo-
recerá algumas características em detrimento de outras e, com o
-
50 famílias

VERTEBRADOS
tempo, isso fará com que alguns genes sejam selecionados. Ao longo Cmb

de muitas gerações, a população de aves na ilha adquirirá caracte- Árvore de ancestrais comuns para vertebrados
rísticas distintas da população original do continente. Depois de
passarem gerações suficientes, as características das aves conti- Às vezes, as pessoas se perguntam: "Como dois indivíduos
nentais e insulares podem se tornar diferentes o suficiente para . . apenas com os genes ertos para que seus des-
podenam surgir c
o que sejam reconhecidas como espécies separadas. Algumas pes- • · ? " p · e,·ro lembre-se de que
cendentes sejam uma nova espec1e. nm ,
•<
-(1)

>
soas chamam esse processo de "microevolução". Ele é aceito pela
maioria das posições cristãs, incluindo a maioria dos criacioni stas
a evolução geralmente acontece em grupos, não em indivíduos ou
casais. Enquanto uma mudança genet1ca . . eça em um indivíduo,
com .
da Terra jovem. esse indivíduo ainda se cruza com o res t 0 do grupo e não e uma
Criacionistas evolucionários vão muito além. Aceitamos que . . • m pouco como um
espécie nova. Começar uma nova espec,e e u
a seleção natural e outros mecanismos evolutivos,26 atuando por moda - eles podem
par de adolescentes que tentam começar uma .
longos períodos de tempo, eventualme nte resultam e m gra ndes ter urna ideia legal, mas até que ela se espa e
Ih pelo grupo de am1-
.
mudanças nas estruturas do corpo. Algumas pessoas chamam_isso • · dos modismos, a
gos, não é um modismo. Segundo, ao contrario _
de "macroevolução". Ao longo de muito tempo, todas as especies - - . . itas geraçoes para
evoluçao leva muito tempo. Sao necessanas mu . _
1 o ulação. E dai sao
na Terra surgiram a partir de mudanças graduais e estão relacio- que urna mudança genética se espalhe pe ª P P . . d
. . _ genes suf1c1entes, e
nadas por meio de urna "árvore" de ancestralidade comum (vejaºª necessanas muitas geraçoes para alterar d
. cie separada e sua
forma que um grupo isolado se torne uma espe
·- População-mãe.
'•Veja a ser-ão
' Rei,exoes
,n • abaixo
• para mais sobre mecanismos evo1uuvo
· s·
177
176
CRIAÇÃO EVOLUCIONÁRIA
Deborah B. Ha arsma

Evidências para a evolução ses organismos eram muito pequenas para aguentar O animal
des . , . r , .
A ancestralidade comum de todas as espécies é apoiada por
•dA . 27
. .
multi- ern terra. Mais de m11 espec,mes
.
1osse1s que apoiam esta descri-
pias. linhas independent es. d e ev1 enc1a. Para um estudo d e~~ _ da evolução das baleias foram descobertos . Esses fósseis não
0
vamos considerar as baleias. ç~ t dos ancestrais diretos das baleias atuais e pequenas lacunas
sao o
Embora baleias e golfinhos vivam no oceano, elas claram m mas eles revelam um grupo de espécies relacionadas
, A ente permanece • . _ ·
não são peixes, mas mam,fe ros: elas tem sangue quente, respiram ue foram evoluindo ao longo de m1lhoes de anos para se adaptar
por meio de buracos de sopro em vez de por brânquias, e dão à luz ; vida oceânica. Juntos, eles compõem uma descrição impressio-
crias vivas e as amamentam. Então, como é que um mamífero acaba nante de mudanças significativas nessa linhagem de mamíferos.
indo viver no oceano? O modelo de evolução prevê que baleias e
golfinhos devem ter evoluído de mamíferos terrestres que se adap-
FIGURA 5: SEQUÊNCIA FÓSSIL DE BALEIA
taram ao ambiente oceânico. O próprio Darwin se perguntou se as

-~
baleias haviam evoluído a partir de mamíferos terrestres, mas ele
49 Milhões
não tinha muitas evidências para sustentar a hipótese. Hoje esta
hipótese já foi confirmada de várias maneiras. C P-1dcelus 1
O que antes era uma lacuna no registro fóssil foi preenchido por
~
muitas espécies nas últimas décadas. Em 1978, foi descoberto um
48Molhões
~~
,.
-~ - Evolução da
BALEIA
crânio de 49 milhões de anos perte ncente a uma criatura parecida I AmbulõceluS l
com um lobo, cuja estrutura de ouvido interno e ra curiosamente
~
semelhante ao das baleias modernas. Isso levou a uma busca por
criaturas relacionadas , e muito rapidame nte encontrou-s e uma 40-34
Milhões
série de fósseis, abrangendo cerca de 10 milhões de anos, mostrando
~

o
,<
ti)
sinais claros de crescente adaptação à vida na água (ver Figura 5).
Os filhotes surgiram com espinhas que permitiram modos mais 40-34
Milhões
• ~
~
.e
-<
Ch
>'
> eficientes de nadar e, com o passar do tempo, essas característi-
cas se espalharam pela população. Os organismos apareceram com
o
u
º'~ o

narinas mais próximas do topo do crânio, que ajudaram a respirar


durante a natação e, ao longo de muitas gerações, os filhos desen- - com
Vemos também essa conexao mami'feros terrestres no
volveram orifícios. Nas gerações posteriores, as patas traseiras desenvolvime nto de embriões das baleias . d h ·e Quando o óvulo
e OJ ·
. . , · 11
fert1hzado se divide e novas celulas se especia ·zam O embrião mos-

tra claramente os brotos de quatro memb ros, exatamente como
um animal terrestre. À medida que o embnao .- resce os membros
" Pa . -:-f - - c • ,
ra mais m ormaçocs sobre evidências c ie ntíficas da evoluçao o fe rec i'd ªs por
. .bió· .
trase1ros não se desenvolvem completame nte. Em algumas espe-
de
logos CriStàos. veja vídeos e a11igos em BioLogos org particula rme nte na se~e
blog de Ev v • . . . · :
. ans enema Evolut1o n Bas,cs". VeJa tambem FALK, Dar.rc 1 R· Com11 19 10 .
p
eace wi th Setence. Downers Grove. IL: lntc rVarsity Press, 2004; ALEXANDE .~ zot4
R Denis cies, apenas um osso pélvico permanece na baleia madura. , .
Essa
. . . d .dência fossil, mas
R. Creation or Euolution: Do We ! lave to Choose? Oxford: Monarch Bookzot7]· e evidencia de embriões é independent e a evi
[Ed. bras.: Cri ação ou Evolução: Precisamos escolher? Viçosa, MG: Ultimato, ·
LAMOUREUX. Denis Evolutionary Creation. Eugene, OR: Wipf & Stock. 2008 ·
aponta para a mesma história de ancestralidade comum.
179
178
CRIAÇÃO EVOLUC IONÁRIA Debora h 8 . llaars m a

camelos muitas espécies modernas e usaram-no para determinar as


FIGURA 6
porcos ~e ores genealógicas das espécies, inclusive como as espécies
arv. ·i ntimamente re1aciona
. d as e h a' quanto tempo seu ances-
baleia estao
trai comum existiu. Geneticistas descobriram que as baleias estão
hipopótamos
intimamente relacionadas com os animais terrestres, exatamente
cervo rato como previsto na teoria evolucionária e mostrado no registro fós-
cervo almiscarado sil. A genética também fornece novas ideias, inclusive que vacas
veado
e hipopótamos estão mais relacionados com baleias do que com

bovino i cavalos ou elefantes!

girafa
} REFLEXÕES
Árvore genética de baleia como mencionado acima, alguns cristãos temem que as ideias evo-
lucionárias sejam resultado de uma visão de mundo tendenciosa
Finalmente, a genética traz uma poderosa linha de evidências entre os cientistas, talvez consequência de um desejo ilusório ou
para a descrição evolutiva. Quando estava aprendendo sobre evo- guiado por suposições injustificadas. Ou acreditam que a ciência
lução, essa foi a que achei mais convincente. Darwin desenvolveu não está resolvida - uma pesquisa recente mostrou que 49% dos
seu modelo no século XIX considerando coisas como anatomia e evangélicos brancos acreditam que os c ientistas estão divididos
fósseis. Ele não sabia nada sobre DNA, que só foi descoberto um sobre se os humanos evoluíram ou não.28 No entanto, não é esse o
século mais tarde e só foi sequenciado recentemente. No entanto, caso - outra pesquisa mostrou que 99% dos biólogos concordam
a genética moderna confirmou dramaticamente as previsões do que os humanos evoluíram.29 Há um forte consenso científico sobre
modelo evolutivo. A confirmação de previsões é a marca da boa a evolução e pouca divergê ncia sobre a ancestralidade comum de
ciência! A genética também oferece novas ideias interessantes que toda a vida. A explicação evolutiva emergiu como resultado de boas
o
><
til
permitem aos cientistas refinar e desenvolver a teoria. habilidades de detetive - observação cuidadosa de evidências, for-
> Para ajudar você a visualizar essa evidê n c ia genética, imagine mação de hipóteses e confirmação de previsões. Cristãos que acei-
uma reunião de uma família humana. Vamos dizer que seus pri- tam a explicação evolucionária o fazem por causa da força dessa
mos, primos de segundo grau, tias, sobrinhos e outros parentes evidência e argumentos, não por pressão dos pares.
e st ejam reunidos para um piquenique. Alguns geneticis tas os visi- Isso não quer dizer que todos os aspectos da evolução sejam
tam e coletam amostras de DNA de cada pessoa presente. sem completame nte compreendidos. Como todos os campos da ciência,
perguntar como as pessoas estão relacionadas. Considera nd0
apenas O DNA, os cientistas seriam capazes d e reproduzir com "P . . • v· about Evolution and
ew Researeh Cente r Strong Role o1 Rchg10n III iews • • a
bastante prec·isao
- a arvore
· genealógica, usando apenas as se me-
p •
e_rcepttoris of Scientific Consens us (22 Out. 2015 • A mesma concepçao .errone
i )
26%
foi expressa por 32% dos católicos hispânicos, 31% dos proteSl3ntes negr_o,ste· m el
lhanças e diferenças genéticas. Na verdade, e les até poderiam do ·. . http·/,1/WY,W pew11
s catohcos brancos e 26% dos protestantes brancos, < · . _· ,d- e rccp-·
apre nd er sobre a composição gené tica de seus avós falecidos e Org/2015/10/22/strong- role - of- religion-in-views-about- evolulion 31 p
;:ons-of-scientific-conscns us/>. . . . lho 2015, <http://
bisavós com base nas amostras de seus descende ntes que vivem Pew Research Cenle r An Elaborntion of MAS Sc1ennsts Views. 2~ Ju . . s/>
hoje· De man eira
· semelha nte, os genetic www.pewintemet.org /2015/07/23/an- claboration-of-aaas-scicn tiSls-VlCW ·
istas estudara m 0 DNA
181
180

CRI AÇÃO El"Of LC IO'.\'ARIA
IJc bora h B l laar\m,1

re há mais para aprender. Neste momento, há um .


se mp ,. . ,. saudaveJ origens humanas
debate cientifico sobre os mecanismos espec1f1cos da evol _
. . uçao.:io e todos os aspectos da evolução, as origens humanas levantam a
Embora a seleção natural, o mecanismo descrito acima par
. . . aae~- D . ·a das questões para a interpretação bíblica e teologia cristã ·
ma1on .
lução da gazela, se1a u_m fato~ p~1mord1~l da evolução, os cientis- Em minha própria jornada diante dessas questões, demorei muito
tas estão discutindo a 1mportanc1a relativa de outros meca .
. . . . . n1smos, ara considerar esse assunto por essa mesma razão, mas quando
como O desenvolvimento embnonano, a denva genética O irn
_ • . ' pacto ~Jhei mais de perto, encontrei várias opções de caminhos para
ambiental na expressao genica e a forma como os organismos a1te-
seguir fiel sem negar a Bíblia ou a ciência. A próxima seção abor-
ram seus ambientes para maximizar a sobrevivência. No entanto
dará questões teológicas, mas vamos começar com as evidências
os cientistas não estão duvidando se a evolução ocorreu·, ha' um' 31
no Livro da natureza.
forte consenso de que toda a vida na Terra compartilha uma árvore
de ancestralidade comum.
Como seria louvar a Deus por seu trabalho na evolução? Para Evidências da evolução humana
mim, isso foi um ajuste significativo na minha vida devociona].J1 Mas Estudos arqueológicos de culturas humanas indígenas mostram
gradualmente percebi que, na evolução, vemos Deus trabalhand~ que O primeiro Homo sapiens deixou a África há 100 mil anos e se
por meio de sistemas que ele criou para produzir uma abundância espalhou por todo o mundo por volta de 10 mil anos atrás. A linha
exorbitante de variedades. Os biólogos identificaram mais de 350 mil do tempo exata da migração humana ainda está sendo investigada,
espécies só de besouros! Dizem que um biólogo brincou: "O Criador mas é claramente inconsistente com os primeiros seres humanos
deve ser excessivamente afeiçoado a besouros."32 Os criacionistas modernos vivendo apenas no Oriente Médio há 6 mil anos.
evolucionários veem a interconectividade da vida como um teste- A anatomia humana apresenta muitas semelhanças com a dos
munho da criatividade de Deus. Ele trabalhou por meio de proces- chimpanzés, gorilas e outros primatas, inclusive visão colorida, mãos
sos naturais simples para criar dinossauros e margaridas, gorgulhos com polegares opostos e faces planas. Os seres humanos não são
e javalis, e pinheiros e pessoas. Ele poderia ter estalado os dedos "apenas macacos" - certamente temos mais habilidades que outros <
para fazer isso instantaneamente, mas tanto as Escrituras como o primatas - mas, estamos também intimamente relacionados a esta
mundo natural revelam que Deus se deleita e m trabalhar por meio família de criaturas. O modelo evolucionário prevê que os humanos

LJ
de longos processos para realizar sua vontade. compartilham um ancestral comum com outros grandes símios.
Foram encontrados fósseis de mais de 6 mil criaturas indivi-
duais em várias espécies no período entre esse ancestral comu~ e
icj~. por ~iplo, "Does Evolutionary Theory Need a RethinkT onde Kevin Laland et 0 Homo sapiens moderno. Nos últimos milhões de anos, essas cr'.a-
· e GregWray et ai. apresentam suas posições, Nature 514 (Out. 2014): 161-64. <http://
;;w-nature:com/news/docs-evolutionary -theory-need-a-rethink-1.16080>. luras mostram uma transição gradual para a marcha bípede, ~ai~r
_ara mais info rmações, veja HAARSMA, Deborah B.. Learning to Praise God for altura e maior tamanho do cérebro. A linha exata de desce ndencia
~~::ork in Evolution. ln: APPLEGATE, Kathryn; GROVE, J. B. Stump. (Org.). How I . . _ e. con hec1·da , mas muitos fósseis
ged _My Mind about Evolution: Evangelicals Reflect on Faith and Sciencc (Como Para o Homo sapiens amda nao
mude1minha. opiniao
IL· 1
·• eia)·'
· ·- sobre a evolução: os evangélicos refletem sobre fe· e cien
,, · ntcrVarsity Press. 2016, 40-47.
1ªd0 com tendo dito isso muitas vezes (http://quotemv
l. B. S. Haldane é c·t · esrigator.
com/ 2010106 rvro
1 p . •. • adas às origens huma·
de 1949 Wh /Z3/beetles/ # more-734). e escreveu algo semelhante en:i se~ da ara mais informações sobre evidências cienuficas _re1acion_ . d blogs de Ocnnis
natur . ' J at IS Life? The l..aymmi's View oJ Nature [O que é a vida? A visao leiga ª
nas, veia mfográficos e artigos cm BioLogos.org (inclumdo sene e
eza . I..ondres: L. Drummond, 258 Vcnema sobre genética hu mana) e livros citados acima.

182 !83
11111
CRIAÇÃO EVOLUC IONÁRIA

Oehorah B. ll aa r~ma
novos e novas espécies inteiras desse período continuam a serdes-
cobertos, preenchen do o quadro evolutivo. FIGURA 7
r
LEGENDA:
Evidência genética para origens humanas
• Telômero
A genética confirma solidamen te a previsão de que os humanos • Centrômero
compartilham de ancestralid ade comum com os grandes símios e
com toda a vida na Terra. Aqui está um exemplo impression ante. ·~~
E
os chimpanzés têm 24 pares de cromosso mos, enquanto os huma- 18
nos têm 23. Se os humanos compartil ham um ancestral comum li
com outros grandes símios, a evolução prevê que dois cromosso- JI
mos se fundiram na linha descenden te para os humanos, mas não Fusão de dois genes em um
se fundiram na linha descenden te até os chimpanz és.
Além da ancestralid ade comum, a evidência genética humana
Antes de testar essa previsão, veja alguns detalhes sobre a
também revela dois outros resultados importante s que informam
estrutura dos cromossom os. Embora cada cromosso mo conte-
nossa teologia. Ambos surgem consideran do a variação genética
nha vários genes, todos os cromosso mos têm duas característ icas
em toda a população humana. Uma é que os humanos são notavel-
comuns. A primeira é o telômero. Os telômeros são sequências
mente semelhant es uns aos outros; nós claramente somos todos
repetitivas nas extremida des do cromosso mo, que agem como os
descendentes dos mesmos progenitor es, derrubando a ideia de
pedaços de plástico no final do cadarço, que o impedem de esfiapar.
que diferentes grupos ou raças humanas surgiram independen -
A segunda característ ica em comum é o centrôme ro, uma região
temente. A genética mostra que somos uma única família humana,
mais próxima do meio do cromosso mo que é important e durante a
como ensinado e m toda a Bíblia.
divisão celular. Se dois cromossom os, em humanos, se fundi ssem
O outro resultado é que os humanos, como outras espécies
o em algum ponto de nosso passado ancestral, então teríamos ape-
i< animais, emergiram como uma popu 1açao - e nao - como dois indi-
cn nas 23 cromossom os em vez de 24, e o cromosso mo fundido seria
víduos. Embora os humanos modernos tenham muitas semelhan-
> quase idêntico ao de dois cromosso mos de chimpanz é, de ponta
- , temos muito
· ma,·s variação . .do
a ponta. Além disso, o cromosso mo humano teria uma sequên- ças em toda a nossa populaçao . que
. .
poderia surgir de ape nas duas pessoas. A População pnm1t1va de
cia extra de telômeros no meio bem como uma sequência cen-
Homo sapiens era de vários milhares d e m • d.1v1'duos • vivendo cerca
tromérica extra. Seria como en~ontrar um cadarço esticado, de
de 200 mil anos atrás. Esse e. um dos resu ltados mais surpreende n-
ponta a ponta, mas com dois pedaços de p 1ast1co , . be m no meio; .
.. . doutrinas hgadas a
os pedaços do telômero não servem mais a sua finalidade ong•- tes para os cristãos por causa do impacto nas
Adão e Eva.
nal. Acontece que é exatament e isso o que encontram os e m umde
nossos cromossom os, confirma ndo a previsão de que chimp~f~:
. e humanos Adão e Eva
zes compartilh am um ancestral comum. E' muito d1 •
. . , . s exceto
c,I explicar essas e muitas outras caracterís ticas genetica '
e0 mo devemos e ntender , . de Adão e Eva? Pelo
os relatos bibhcos
pela ancestralidade comum. - d.15 oníveis para aque1es
rnenos três tipos de pontos de vista estao P . , .
.
que desejam pe rma necer fiéis às Escrituras levar a ciência a seno.
e
185
184

!
q
CRl~(Ãú tVOLUCIO;-.AR IA
Dl'hor,1h U. HaJrsm,1

Pnm. e,·ro a evidência científica não exclui a historic•d . ·cas e os primeiros capítulos do Gênesis são histórias si·m
, . . 1 ade de
histon • . -
- Eva· apenas os exclu i como progenitores únicos A _ bólicas do mesmo ge~ero ~e outras literatu ras antigas do Oriente
Adao e · . . , . · dao e
aderiam ter sido pessoas reais e h1ston cas vivendo próximo. Eles transmitem 1m_portantes verdades teológicas inspi-
Eva p . . . ern um
1ugar rea l• mas outros humanos. tenam .
v1v1do ao mesmo t
empo radas sobre Deus e a humanidade, mas os textos não são históri-
(Isso pode resolver alguns desaf10s a n_t1gos n o texto d e Gênesis , ~
4 cos no sentido em que as pessoas hoje usam a palavra ou no modo
qual se refere a outras pessoas que nao. parecem ser descendentes como O Evangelho de Lucas foi escrito, baseado em testemunhas
de Adão e Eva, i~cl~indo aquelas das c1~ad es. e a esposa de Caim.) oculares da vida, morte e ressurreição de Jesus.
Alguns líderes cnstaos (como o evangelista Btlly Graham34 e O pas- Se essas opções para Adão e Eva são novas para você, então
tor Tim Keller35) veem a evolução como compatível com um Adão rovavelmente você está c heio de dúvidas e preocupações neste
e Eva históricos. Em uma versão, o ministro Jo hn Stott36 sugere :omento. Cada um dos pontos de vista levanta vários desafios her-
que Deus entrou em um relacionamento especial com um par de menêuticos e teológicos, e comentarei sobre alguns deles abaixo.
antigos representantes da humanidade há cerca d e 200 mil anos na Você também pode estar pensando em maneiras de misturar e
África. Nesse ponto de vista, Gênesis reconta esse evento histórico combinar essas visões ou outras variações; se assim for, você está
usando termos culturais que os hebreus no a ntigo Oriente Próximo em boa companhia, pois o estudo de Adão e Eva se tornou uma área
podiam entender. ativa para muitos estudiosos evangélicos nos últimos anos. 39
Em outra versão (aceita pelo biólogo Denis Alexander37), Adão
e Eva são representantes recentes, vivendo talvez há 6 mil anos no PERGUNTAS E DESAFIOS
antigo Oriente Próximo, e m vez da África. A esta altura, os humanos
o que acontece com a teologia cristã se a evolução é verdadeira?
se dispersaram por toda a Terra. Deus então se revelou especial-
Os riscos aqui parece m be m altos. A evolução toca em doutrinas
mente a um casal de agricultores que conhecemos como Adão e
centrais, como a imagem de Deus, o pecado original e a obra de
Eva - pessoas reais que De us escolhe u como representantes espi-
Deus na criação.40
rituais para toda a humanidade. No entanto, os riscos podem não ser tão altos quanto parecem <
e o
.. >< Outros cristãos, incluindo Alister McGrath,38 sugeriram um Vl
e, à primeira vista. Cada uma dessas doutrinas tem sido debatida e >'
ti)
o
...... > modelo não histórico. Nessa visão, Adão e Eva não e ram figuras discutida há séculos, muito antes da ciência moderna. Embora
todos os cristãos defendam essas doutrinas-chave, os criSt ãos fre-
" WACKER. Grant. America·s Pastor: Billy Graham and the Shaping of a Nation (O pas- quentemente d iscordam sobre o significado preciso das mesmas
4
tor da América: Billy Graham e a formação de uma nação). Cambridge, .MA: Belkn~ (vamos chamar esses vários significados de teorias doutrinárias ').
2014. Resume. "Graham em nenhum lugar alegou que a Bíblia respondia ª qu~s(t .
' . . e c1enc1a,
de h1Stona .• . mas que ela
respondia. a tudo que rea1
men te 1·rnportaSSC VCJ
3 Por exemplo todos os cn.staos
_ acre d'1tam que os seres humanos
38-40). - . '
sao criados à imagem de Deus, mas d urante se· cu los os teólogos
,; .
KELLER, Trm. "Creation, Evolution, and Christian Laypeoplc: Pari ·" BioLogOS.OT9,
4
vcns-
2012. (Ed. bras.: Criação. Evolução e Cristãos Leigos - Tim Kelle r - Parte 4• wW\ ·
taosnacienc1a.org.br/ recursos/ 490/ ) .. rand Rapids. ,. . . . ai Adam (Grand Rapids:
'"S'!'OTT, John R. W. Understanding the Bible: Expanded Editmn. G ). Para uma boa visão geral, veja Four V1ews 0 11 the H tSCOnc rtigos recomcnda-
20nd ervan. 1999. [Ed. bras.: Para entender a Bíblia. Viçosa, MG: Ulurnato, 2014Oxford: Zondcrvan, 2014); veja também BioLogos.org para outros livros e ª
1
"ALEXANDER. Denis Creation or Evolut ion· Do Wc Havc to Choosve . "º MG: dos apresentando vários pontos de vista. . . . . Lo org
Mo•11areh• 2008• (Ed.
• bras.:
' • - : •
Cnaçao ou Evoluçao: Precisamos esco
lhe r? iço,.., "Para mais informações sobre rodos esses tópicos, visite BtOf 90.5· g Âdarn and Eve.
Ulumato, 2017). ffarttl. "TOREN, Benno van den Not Ali Doctrines Are Equat: Con igunn
"Ahstc M G . . 'ljwww.resto BioLogos.org, 17 Fev. 2014:
r · e rath. entrevista em vídeo para Test of Faith, hllP•11
com/ resourccs/resourcc aspx?id =276.
187
186
_ EVOLUC IONÁ RIA
CRIA(A 0
Di>borah 13 . lla a r,ma

teorias doutrinárias diferentes para O que is .


propuseram . so sig- reis construíam estátuas (imagens) de si mesmos em todo
.. . mais abaixo). Novas descobertas científicas est· onde os -
rnf1ca (veJa . . . ao nos . ara representar seu governo. Entao, alguma dessas teorias
olhar novo sobre essas teorias doutrinarias m . o pais p . - ·1 d h
Jevan do a um . _ , as isso . a'rias requer a criaçao- m1 agrosa e umanos? Criacionistas
. •f'ca que as próprias doutrmas estao em risco • Em m·h doutnn
não s1grn 1 in as
. . s lutas com questões levantadas pela evo1uc1•onários diriam que nao. Quer Deus tenha escolhido criar a
propna , . evolução• encont re1. humanidade por meio de um milagre ou da evolução, Deus gover-
espera nça no tesouro de. recursos teolog1cos . .desenvolvidos ao
nou o p rocesso e nos deu nossas habilidades. Deus estabeleceu
longo da história da igrep. Por exemplo, a igreJa nem sempre se
uma relação única com a humanidade, dando-nos capacidades
ateve a uma interpretação literal de Gênesis 1; o próprio Agostinho
42 • ·tuai·s e nos chamando para uma posição elevada dentro da
esp1n
argumentou contra isso. As descobertas científicas modernas
ordem criada.
estão fornecendo novas visões sobre os antigos debates, mas não
Pecado original. Para algumas tradições teológicas, o pecado
precisam levar à rejeição de doutrinas centrais.
original é a questão mais desafiadora levantada pela evolução.
Imagem de Deus. A doutrina deriva de Gênesis 1:26, em que Deus
Romanos 3:23 e muitas outras passagens ensinam a doutrina cen-
cria a humanidade à sua imagem. Na expressão comum em latim,
tral: todas as pessoas são pecadoras e ninguém é justo sem a obra
somos dotados da imago dei. A ideia não é discutida com frequên-
redentora de Cristo. Isso é fundamental para o evangelho. Mas,
cia nas Escrituras, deixando muito espaço para especulações teo-
precisamente o que aconteceu historicame nte quando o pecado
lógicas. Tradicionalmente, essa doutrina está intimamente ligada à
entrou no mundo, quando aconteceu e por que Deus o permitiu, são
criação milagrosa de humanos, de modo que muitos acham difícil
teorias doutrinárias que t ê m sido debatidas pelos teólogos durante
conciliar a imago dei com a ideia de os humanos compartilharem
séculos. O teólogo luterano George Murphy escreveu:
um ancestral comum com os c himpanzés. Mas, vamos considerar
por um momento algumas das teorias doutrinárias. AJguns teó-
A alegação cristã é que um salvador é necessário porque todas as
logos veem a imago dei como sendo primariamente sobre habi-
pessoas são pecadoras. Isso é simples. Por que todas as pessoas são
lidades humanas, como inteligê ncia, linguagem e racionalidade,
e !<(
..
o pecadoras é uma questão importante, mas não é necessária uma
t cn particularmente aquelas habilidades que nos diferenc iam dos ani-
resposta para isso para se reconhecer a necessidade de salvação.
mais. A ciência está dando novas informações sobre aspectos des-
Nenhum dos evangelhos usa a história em Gênesis 3 para falar do
sas habilidades em animais, mostrando que esses precursores são significado de Cristo. Em Romanos, Paulo desenvolve uma acusação
consistentes com os modelos evolutivos, ao mesmo tempo em que da raça humana como pecaminosa. e, em segui'da , apresenta Cristo
mostram como as habilidades em humanos estão em níveis clara- como a solução de Deus para esse problema nos capítulos 1-3, antes
mente mais altos. Outros teólogos vêem a imago dei como sendo de mencionar o pecado de Adão no cap1tu • 1o;).
r.'. '3

• .
pnmanamente . . • e nossa rela-
sobre nossas capac idades esp1ritua1s
- com Deus. E a inda outros teólogos veem a imago
çao . dei como Perguntas sobre o pecado orig inal se entrelaçam com que stões
pnmanamente sobre nossa comissão de representar 0 Reino~
· ·
so re a historic ida de de Adão e Eva. Romanos 5 ··12 ensina que "da
b
Deus na terra, referindo-se à antiga prática do Orien
. t e Próximo
mesma forma como o pecado e ntrou no mun do Por um homem, e

"A-- - - . . . .. . 1 do Gênesis]. " MURI>IIY, George. • . • • CI117· t Evolution, and Original


GOSTINHO, The Ltternl Meanmg of Genesis (O significado htera Roads to Parad1se and Perd111on. s·
Ancient Chnst1an Writers 41. Nova York: Newman Press. 1982. Sin. Perspeciwes i11 Science rmd Clu-istian Faith 58. Junho 200G. io9 - I8·

188 189
-O EVOLl lCiONA Rl 1\
CRIA(A
Debora h B ll da r sma
do a morte assim també m a morte veio a todos os h
pelo peca ' . e amoroso pode pe rmitir isso? Mais uma vez, os cristão s debate
dos pecaram". No entan to, dois seres human os es•:.omens' -
porque to _ , ram isso muito antes da desco berta da evoluç ão (as respos tas
Gênesis 3 entao alguns teolog os leem Roman'-<aO pre- que
sentes e m ' . foram propos tas são chama das de teodic eias). Assim, o desafio
os 5:12 para
como permitindo que outros human os estive .
ssem vivos no t
a visão da criaçã o evoluc ionári a não é "Como um Deus amoro
- Outros leram Paulo como se referi ndo a Adão comoempo
de Adao. so
uma oderia permit ir o sofrim ento?" , mas "A evoluç ão muda o debate
figura arquetípica; a históri a da Queda e m Gê~es is 3 envolv
e alguns ~obre a teodiceia?" Das teodic eias que foram propos tas no
elementos simbólicos - uma cobra falant e, arvore s milagr pas-
osas _ sado, algumas agora parece m menos plausíveis à luz da evoluç
que sugerem a alguns est~di osos da Bíbli~ que ela pode ão,
não ser como a ideia de que toda morte e sofrim ento são uma conseq
uma história literal no sentid o moder no. Difere ntes tradiçõ uên-
es teo- cia do pecado human o. Outra s teodic eias ainda são viáveis,
lógicas e herme nêutic as tende m a enfati zar difere ntes questõe como
s; a ideia de que algum sofrim ento pode ser parte da criação de
para alguns, o elemen to- chave é a histor icidad e dos dois Deus
indiví- pré-Queda (por exemp lo, Gênes is 1-2 fala de um mundo bom,
duos no contex to cultura l descri to em Gênes is 4-5, enqua não
nto, para de um mundo perfei to; em Jó 38-39, Deus se deleita com
outros , é a bonda de e a retidã o origin ais da human idade preda-
antes da dores). Muitos criacio nistas evoluc ionário s aceitam alguma
Queda. Essas são questõ es impor tantes e desafi adoras ! No forma
entanto, do argumento de que Deus criou um sistem a que funciona melhor
os propon entes dessas visões dive rgente s ainda podem concor
dar para seus propós itos e nosso bem geral, mesmo que esse sistem
com o essencial: o pecad o é uma re belião contra a vontad e a
revelada envolva sofrime nto. E devem os nos lembra r de que a respos ta
de Deus, todos os seres human os pe caram e nenhu m é justo final
à parte de Deus ao nosso sofrim ento é pessoa l - e m Cristo , o próprio
da obra expiatória de Cristo . Deus
assumiu sofrim ento e morte e m seu própri o corpo, por nossa
Morte antes da Queda . O regist ro de fóssei s na criaçã o de causa.
Deus É import ante notar que o quadr o científ ico do sofrim ento
mostra claram ente que muito s anima is morre ram antes não é
que os tão extremo quanto é freque nteme nte retrata do. Enqua nto
seres humanos aparec essem . (Note que este é um desafio alguns
para pintaram a evoluç ão como "natur eza, verme lho no dente
qualquer posição que aceite as datas antiga s de fósseis, e na
• o
1 MC

-
C/l
;>
se a evolução for rejeita da.) Como essa lo nga h 1.stona
se encaixa com passag ens como Gênes is 2-3 e Roman os
mesmo
' · de morte
garra,"44 o proces so evoluc ionário na verdade reduz o sofrim
de algumas manei ras, pois permi te que as espec1 , ·es se daptem e
a
ento
-o<
Cl2
~
5:lZ, que sobrevivam e m novos ambie ntes. No entant o, a evoluç ão é
• ·d de humana muito
descrevem a morte como a puniçã o pela pecam mos 1a ? mais do que sobrevivência e compe tição; a cooperação é um
. fator
.
Primeiro, note que nenhu ma passage m m e nciona a morte a01rnal. · , · s Michod e Roze
tão import ante quanto . Os biólog os evo 1uc10na
mas refere- se direta me nte à morte huma na . Segun do, essas no . . .
Pª\ - e, •
escreve m: "A coope raçao agora vista como u ma 1'orça
'
cnat1va pn-
sagens poderiam estar faland o prima riame nte d e morte espiritua mária por trás de maiore s níveis de complexidad e e orgamzaçao
• _

. . na
ao mves de morte física ; e m Gênes is 2:17, Deus d iz. .. " 0 dia em que
n b1.ologia,"•5 argum e ntando que a coope - , O tema comum de
. . raçao e _
dela comer, certamente você morre rá" (NVI), mas ª co nsequenc1a ,. . , . d
. d. - , .
d. ão varias transiç ões impor tantes na h1ston a a evolução· Acooper açao
ime 1ata para Adao e Eva não foi a morte f1s1ca, uma mal iç
mas
e expulsão da presen ça d e De us.
tin- " . ~ . blicada dez anos antes
Frase do poema de Alfred Tennyso n, ln Memona
Mal natural. A evoluç ão e nvolve o sofrim e n to, a mo rte e. a ex m, que 0 1 pu
Ç- d . ctos ~~ Darwin publicar A origem das espécies. . . Evolulio nofMulticellula1ity.
ao e cnatur as. Claram e nte, a existê nc ia d e so f nm
. e nto e um ilCHOD, R. E.; ROZE, D. Coope rationan d Confhct ,n the
· • • d roso lleredity 86/ 1, Jan 2001, 1-7, <http:/ /www.n cbi.nlm.nah.gov/ pu bmed/ 11298810 >.
maio, es desafio s da teologia cristã - como um Deus to do- p0 e
191
190
CRIA(A
·o EVOLUCIONÁRIA
lle bo1a h ll ll ,1ar,n1, 1

transição _de organismo s unicelular es para lllUltJ..


aumenta na sso se repetisse. Outros biólogos, como Simon Conway Morris,
reproduça o assexuada para a re produção sexual · ·r·
celulares, da Proce d d ." 4s
11erente. . Eles apontam que a
mento social e da' apresentam um qua ro c1ent1 1co .
do comportamento . . o comporta
individual. para . caracten st1cas .repetidame nte.
os mve1s 1mpress1 onantes da cooperaça. evoluça- 0 converge para as mesmas . .
cooperaça- 0 animal para .. .
Qolho evoluiu independe ntemente varias vezes, assim como as asas
. 1humana· De fato ' alguns b1ologos dizem que a cooperaÇao . 0e.
soc1a or exemplo, os morcegos descendem de mamíferos terrestres,
tão importante que não devemos chamar a evolução de "a luta Pela
• "46 (~o de aves). Nesse ponto de vista, se o processo fosse repetido,
existência", mas de "aconcheg o pe1a ex1stenc1a.
A •

nmui·t as das características do corpo surgiriam. Muitos criacionistas


Aleatoriedade. Embora alguns ateus atribuam uma visão de
evolucionários veem Deus como tendo projetado o processo evolu-
mundo niilista à evolução, chamando -a de aleatória e, portanto, sem
. com a inte nção de produzir vida com essas características.
tlVO
sentido, eles estão indo muito além do que é garantido pela própria
ciência. o processo evolutivo se baseia na variação genética aleató-
CONCLUSÃO
ria, mas também no processo não aleatório d e seleção. Mesmo para
0 lado aleatório do processo, a palavra "aleató rio" é usada com Os cristãos possue m múltiplas visões sobre questões de cria-
0
significado científico de "imprevisível", não com o significado habi- ão e evolução, assim como fazem com muitas questões teológi-
tual de "sem sentido". De fato, processos aleatórios (imprevisíveis) ~as. Embora nem todos concordem com a criação evolucioná ria,
podem realmente ter funções com propósito. Considere a designer defendi que essa visão é uma opção digna de crédito para os cris-
de videogame que escolhe incorpora r ele mentos aleatórios em um tãos sérios. Ela sustenta a autoridad e da Bíblia e as doutrinas teoló-
gicas fundamentais, mesmo ao revigorar discussões antigas sobre
jogo. Ela faz isso deliberada mente porque um jogo imprevisível é
como interpreta r a Bíblia e várias teorias doutrinárias. Para os cris-
mais interessante e agradável, e com o e le me nto aleatório irá atin·
tãos que estão encontran do as evidências científicas pela primeira
gir melhor seus objetivos. Da mesma forma, muitos cristãos veem
vez, a evolução não precisa afastá-los de sua fé.
Deus usando aleatorieda de intenciona l, optando deliberadamente
Mostrei também que a criação evolutiva é uma opção razoável
( o por incluir alguns elementos aleatórios na criação para trazer mais
para cientistas sérios. Essa visão aceita a defesa científica da evo-
variedade. O processo evolucioná rio produz não apenas um tipo de
,. I<(
t
lução e, ao mesmo tempo, mostra que ela não precisa levar à rejei-
til
; > flor, mas uma variedade exorbitant e de flores de todas as formas,
ção de Deus ou a uma visão de mundo niilista. Para os amantes da
cores e fragrâncias. .
ciência que est ão considera ndo Cristo pela primeira vez, a evol_u-
Propósito e direeionalida.de. O bió logo Stephen Jay Gould eSla
ção não precisa ser uma barreira para se chegar à fé. A mane1ra
entre alguns biólogos que pensam que "somos um acidente cósmico
como falamos sobre essa questão é importante tanto para a igreja
momentâneo que nunca mais surgiria se a árvore da vida pud~s~e
quanto para o mundo. Cristo chama a igreja à unidade (João 17)-
ser replantada..." A primeira metade dessa afirmação é pura visao
47

de Unidade não significa uniformid ade, mas significa um profundo


mundo enviesada,
• mas a segunda é uma a legaçao - b·ológica
1 de
0
amor pelos companhe iros de fé que têm visões diferentes d:s nos-
queª evolução poderia ter levado a resultados muito diferentes se
sas e certamente se abster de acusações de estupidez ou fe fraca.
Unidade significa dedicar te mpo para ouvir e entender aqueles
· n• aod
..-
NOWAK- M- · · Evolut10
evolução e
Wh , arttn. HIGHFIELD, Roger. Supercooper ators: Altruis~,
Y We Need Each Other to Succeed (Supercoope radores: altruismo, 011 xix.
por que · · Press. 2 ' · West Conshohocken.
•·co pi ecisamos uns dos outros para ter sucesso). Nova York: Fr~e ss 1996. 18. "Po -
PA-; exemplo, MORRIS, Simon Conway The Runes of Euolutton.
ULD, Slephen Jay. Fu!l House. Cambridge, MA: Harvard University Pre ' · cinpleton Press, 2015. <http://www.mapoflife.org>.
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li
CRIAÇÃO EVOLUCIONÁRIA

de quem discordamos, celebrando nossas áreas de


. concorct'
mesmo quando debatemos seriamente nossas áreas de . ancia
. t f d1scorct·
eia. Oro para que este 11vro se orne uma e rramenta , . an-
. · · utit Para
mover O diálogo grac10so na 1greJa. Que o mundo veJa . a fragr· Pro- Resposta do CRIACIONISMO
de Cristo entre nós por me io de sse diálogo; eles sabe rao
- que sancia
cristãos pelo nosso amor.
0
rnos
DA TERRA JOVEM
Embora as questões de criação e evolução sejam .
, . - . ·r· importante
elas não são a umca questao c1ent1 1ca que a igreJ·a e f
, . . n renta h0.s,
A igreja tambem precisa estar envolvid a em questõe s Je.
. . como ass·
tência médica para os necessitados, . uso responsável d is-
e novas te
nologias e cuidado com o me io ambie nte. Oro para que os JOven . e-
cristãos de hoje ouçam o chamado de De us para trazer seus s Ken Ham
tos c1.ent1
_
·r·1cos e testemun ho b 1'bt·1co nessas áreas assim talen-
. • como na
questao das ongens.
Finalmente, em meio a essas discu ssões • nunca devemos esque-
cer o chamado bíblico para louvar a De us por sua glo'n·a e poder
demonstrados na Criação. . Como astrô noma • t e nho um 1ugar na
I nfelizme nte, não há mu ito no capítulo da Ora. Haarsma com 0
qual eu possa concordar. Concordo com ela que Deus se revelou
nas Escrituras e na natureza. Obviamente, isso é verdade quanto às
. . . Escrituras, e a Bíblia t ambém diz claramente a respeito da natureza
pnmelía fila para as maravilhas d o unive rso e me maravilho conti-
(por exemplo, Romanos 1:18-20; Atos 14:15-17; Salmos 19:1; 97:6; e
nuamente com o fato de que aque le que c riou tudo isso é também
Jó 12:7-10). Mas, observe cuidadosamente o que Haarsma, a Bíblia
meu próprio Salvador e Senhor. Como João escreve na abertura do
e a Confissão Belga (que ela c ita) dizem que a natureza revela: ela
seu Evangelho: "No princípio e ra aque le que é a Palavra. (...) Todas
revela Deus (Sua existê ncia e, pelo menos, alguns de seus atributos).
e as coisas foram feitas por inte rmédio d ele." A Palavra viva, Jesus Esses versos també m ensinam que a natureza revela infalivelmente
I<
CI
o
~ Cristo, é totalmente Deus e o Criado r deste cosmos inteiro de
til a Deus, de modo que todo descrente é inescusavelmente culpado
> bilhões de galáxias a milhares de espécies de besouros. No enta~to, por não adorá-lo. Mas, nem a Bíblia nem as confissões históricas
a Palavra também se tornou carne e habitou e ntre nós, movendo- ensinam que a natureza revela como e quando ela veio à existência.
1

-se para nossa vizinhança (João 1:14), para anda r no pó desta terra e Relacionado a isso , concordo que tanto a Criação como a
levar nossos pecados na cruz. Jesus Cristo é nosso Criador cósmico Escritura estão sujeitas à interpretação humana. Contudo, deve-
e nosso Salvador encarnado. A ele seja a gló ria! mos lembrar que a Escritura é revelação verbal e a natureza fala não
verbalmente, o que é menos claro. Além disso, a Escritura é perfeita
e inerrante (Salmos 19:7- 8), e Jesus prometeu seu Espírito Santo

'Para uma discussão completa dessas duas fontes de revelação (também c hamada
de revelação geral e revelação especial), veja MAYl!UE. Richard L. Is Nature the 67th
~hk of lhe Bible? ln: MORTENSON, Terry: URY, Thane H. (Orgs.). Connng to Gnps
Genests. Green Forest. AR: Master Books. 2008. p. 105-30.

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