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Interação Nutrição

Reprodução

Médica Veterinária Andressa Stein Maffi


Objetivos da aula

• Entender os mecanismos pelos quais a nutrição tem ação sobre a


reprodução

• Entender os principais desafios em vacas leiteiras, vacas de corte e


ovinos

• Conhecer algumas estratégias nutricionais benéficas ao sistema


reprodutivo
Alguns efeitos da nutrição sobre a reprodução

Infertilidade Alteração na secreção de


Ingestão de nutrientes em gonadotrofinas pela hipófise e
quantidade ou qualidade Atraso a puberdade na produção de progesterona
inadequada pelo corpo lúteo
Anestro prolongado após o parto

Maior metabolização hormonal


Maior metabolização hepática
Excesso de energia Redução da apresentação de cio
de hormônios
Ocorrência de cistos

Perdas embrionárias

Excesso de proteína Maior circulação de amônia


Ocorrência de cistos
Relembrando: Ciclo estral de bovinos

• Poliéstricas
• Duração de ± 21 dias
• Divide-se em estro, metaestro, diestro e proestro
• Hormônios hipotalâmicos- hipofisários: GnRH, FSH e LH
• Hormônios Gonodais: Estradiol e Progesterona
• Hormônios placentários: Prostaglandina
P4 P4
P4

E2
E2 D
D D D
D A
E2 D A
A

A
A
S A S
S S S
S A
A S
A
S S S
A
S S S A
S
R

R
R
R
A
R
R
R
R R S
FSH R
FSH R
FSH
R

Metaestro Diestro Proestro Estro


5 16-17 20-23
Foliculogênese

• Processo de desenvolvimento folicular


• Tem um período de 80- 100 dias
• Ocorre de forma sincronizada
• É controlada por fatores de crescimento (Glicose, IGF-1, insulina,
GH) e por hormônios reprodutivos
Foliculogênese

Britt 2008
O papel dos hormônios metabólicos na reprodução
Hormônios Hipotálamo-hipófise (liberação de Folículos
GnRH, FSH, LH)
Positivos
Insulina Estimula Estimula crescimento, produção de esteroides e ovulação
Glicose Estimula Estimula crescimento, produção de esteroides e ovulação

IGF-1 Estimula Estimula crescimento, produção de esteroides e ovulação

Leptina Estimula Estimula crescimento, produção de esteroides e ovulação

Negativos
NEFA Inibe Inibe crescimento, produção de esteroides e ovulação

B-hidroxibutirato Inibe Inibe crescimento, produção de esteroides e ovulação


O papel do IGF-I, glicose e insulina na foliculogênese
IGF Manutenção da
Insulina
integridade
Glicose celular

Regula síntese de
neurotransmissores Esteroidogênese
de GnRH

Sensibilidade a
gonadotrofinas Crescimento Céls
granulosa e da teca
Williams et al, 2001; Mazzerbourg et al, 2003, Nishimato et al, 2006Kawauchi &
Projetos Nupeec

• Insulina exógena e melhor desenvolvimento folicular

• Uso de levedura no pré-parto e pós-parto recente e melhora da taxa de

prenhez

• Uso de catosal e melhora da qualidade de folículos provenientes de FIV

• Uso de bST e melhora da taxa de prenhez


Relembrando: Produção de energia a partir da ingestão de
alimento

1 Funcionamento do
organismo
Glicose
AGV: 2
Acetato Produção de leite
Butirato
Propionato 3
Crescimento

4
Tecido muscular

5
Tecido adiposo

6
Volumoso Reprodução
+
Concentrado
Mecanismos de controle do anabolismo e catabolismo
Estimula
Alimento Célula β

Alta taxa de
Glicose Célula α Glicogênese
Fígado quebra Fígado absorve
glicogênio e glicose na forma
libera glicose Inibe de glicogênio
IGF-I
Inibe GH
Glicólise
Célula β Baixa taxa de Armazenamento
Quebra tecido
Glicose tecido muscular
muscular

Armazenamento
Quebra tecido Célula α tecido adiposo
adiposo
Estimula
Desafios relacionados ao animal

• Vacas leiteiras

• Balanço energético negativo

• ECC

• Vacas de corte

• Amamentação

• Oferta de alimento/ECC

• Ovinos

• Oferta de alimento/ECC
Curva de lactação, IMS e lactação vacas leiteiras
Balanço Energético Negativo
PRODUÇÃO

INGESTÃO NEFA NEFA


COA NEFA
BHBA
Acetona
Acetato
Β-hidroxibutirato
NEFA
BHBA
Balanço Energético Negativo (BEN)
Lactação e Taxa de concepção

Produção de Leite e Fertilidade em vacas leiteiras

Produção de Leite (Kg/ano)


100
Taxa de Concepção (%)

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1951 1975 1985 1996 2001
TC Prodção de Leite

adaptado de Butler 2003


Níveis de IGF-I e ovulação
IGF-I esta
Ovulatória relacionado ao
Não ovulatória pico de LH
IGF-I (ng/ml)

Dias pós- parto


BEN e ovulação pós-parto

Balanço de energia Mcal/dia


Diâmetro folículo/ mm

Folículo 1
Folículo 2 Dias pós-parto
Folículo 3
Folículo 4 ----Balanço de energia
BEN e ovulação pós-parto

Balanço de energia Mcal/dia


Diâmetro folículo/ mm

Folículo 1
Folículo 2 Dias pós-parto
Folículo 3
Folículo 4 ----Balanço de energia
BEN e ovulação pós-parto

Balanço de energia Mcal/dia


Diâmetro folículo/ mm

Folículo 1
Folículo 2 Dias pós-parto
Folículo 3
Folículo 4 ----Balanço de energia
Superalimentação pré-parto e primeira ovulação pós-parto

Menor IMS após o


Ingestão de energia Pré-parto balanceada
parto
Balanço de energia (Ml/d)

Alta ingestão de energia Pré-parto


Alterações
Primeira Ovulação
hormonais
insulina/ glucagon

Maior lipólise
Produção de NEFA

Dias pós parto


(Adaptado de Rukkwamsuk et al., 1999)
ECC vs IMS, Perda de peso, Perda de ECC, Reprodução
Pré parto Magra Gorda
Peso corporal (Kg) 590 635
Ingestão de matéria seca (Kg/dia )

Magra ECC (1-5) 2,82 3,93


Após o parto
Perda de peso (Kg) 27 48
Gorda
Perda de ECC 0,52 1,20

Parâmetros Magra Gorda


Intervalo parto- 1° cio 35 39
Dias pós parto
Intervalo parto- 89 98
concepção
Serviço/concepção) 1,9 2,4
Treacher et al., 1986
Tempo para ovulação (d)

Perda de unidade de condição corporal


Perda de ECC e taxa de prenhez
Condição Corporal
Adaptações para e Metrite
lactação

Probabilidade de concepção até os 150 dias pós-parto de acordo com a


percentagem de perda de ECC

Probabilidade de concepção até os 150 dias

Perda de unidade de condição corporal Wiltbank, 2010.


Desafios relacionados ao animal

• Vacas de corte

• Amamentação

• Oferta de alimento/ECC
Amamentação vacas de corte
Opioides:
Β-endorfinas

GnRH

Pulso de LH

Ovulação

Anestro
Parto e disponibilidade de alimento
Terneiros mais homogêneos
Redução do período de
Recuperação do ECC
acasalamento
Mais ciclos estrais
Oferta de alimento Sincronização da ovulação
IATF
Campo nativo

Energia

Proteína

Condição Corporal

Primíparas
Crescimento + amamentação
+ reservas de energia
Altera liberação de
hormônios
Glicose
Insulina
Hipotálamo
POMC NPY Pâncreas

GnRH
α-MSH

Comportamento Leptina
alimentar
Gonadotrofinas da
hipófise Tecido
adiposo
LH/ FSH
Altera a produção de
Subnutrição hormônios

Hipoglicemia

Secreção de
Pulsos de LH
FSH
Folículos ovarianos Corpo Lúteo
Colesterol
Útero:
Andrógenos PGF2α

Estrógenos
Subnutrição e a produção de hormônios esteroides

Colesterol= Gordura Corporal

Produção de hormônios esteroides


Mecanismos da subnutrição sobre a secreção de hormônios

1) Redução da secreção de FSH e estrógeno

✓Estros discretos ou ausentes

✓Preparo inadequado do útero nas primeiras fases de


desenvolvimento embrionário

✓Menor resistência do útero as infecções uterinas, como metrite, e as


vezes persistência do corpo lúteo
Mecanismos da subnutrição sobre a secreção de hormônios

2) Redução da secreção de LH

✓Atraso ou ausência da ovulação

✓Menor produção de progesterona pelo corpo lúteo e


comprometimento da gestação
ECC e anestro pós- parto
ECC e anestro pós- parto
Desafios relacionados ao animal: Ovinos
• Ovinos
• Poliéstricas estacionais
• Atividade sexual nos dias mais curtos (outono e inverno)

Condição corporal

Baixa oferta de alimento


Desafios relacionados ao animal: Ovinos

• 987 ovelhas da raça raça Corriedale


• Criadas em campo nativo
• Herval- RS

Para cada grau de CC no


encarneiramento, a chance de
prenhez é 1,89 vezes maior

Ribeiro et al., 2003


Problemas relacionados a dieta

• Excesso de energia

• Excesso / falta de proteína


Dietas altamente energéticas

Alta IMS/energia está relacionada Alta


Baixa
à queda na qualidade embrionária Ingestão Ingestão
e consequentemente, na fertilidade
de fêmeas ruminantes.

Fig. A: Menor ingestão leva a uma menor passagem de E2 para o fígado;


Fig. B: Maior ingestão de alimento leva a uma maior passagem de E2 para o fígado.
(Wiltbank et al., 2006; Sartori et al., 2007;
Santos et al., 2008)
Proteína
Proteína
Negativa a Reprodução
Proteína
Nitrogênio Amônia

Microorganismos Degradada Ureia


Ruminas

Proteina
microbiana

Proteína Quebrada em
Aminoácidos

Absorvido
Proteína

Uréia

Fertilização

Altera o pH uterino
Baixa secreção de progesterona
Desenvolvimento e qualidade do embrião
Viabilidade
( Sinclair et al., 2000; Westwood et al.,2002) embrionária
Proteína
Negativas a Reprodução
✓ Fonte de proteína ruminal= proteína microbiana
✓ Relação proteína/energia
Vacas lactantes
16-18% PB
Cuidados!!!
Baixa Proteína Alta Proteína

✓ Crescimento Bacteriano ✓ Ureia


✓ Fermentação do Rúmen ✓ Amônia
✓ Consumo de ração ✓ Fertilidade
✓ Produção de leite
Alternativas
• Adequação da oferta de alimento conforme a fase

• Adequação do ECC

• Levedura

• Gordura protegida

• Colina e Metionina
Dieta equilibrada conforme a fase de lactação
Fase
Fase inicial Fase final Período seco
intermediária

73% Nutrientes
digestíveis 71% Nutrientes 67% Nutrientes Adaptação
totais digestíveis digestíveis a dieta da
19% de totais totais fase inicial
Proteína Bruta 16% de 15% de
Proteína Bruta Proteína Bruta

Divisão em Fase da Curva de


Categorias
lotes lactação lactação
NRC,2001
Adequação ECC conforme a fase de lactação

Lactação
Pós- parto recente: Pré-parto:
Parto: 2,75- 3,0 intermediária:
2,5-2,75 2,75- 3,0
2,75-3,0
Adequação ECC conforme a fase: Gado de corte

NDT- Nutrientes digestíveis totais


ME- Energia metabolizável
DM- Matéria seca
CP- Proteína Bruta

NRC, 2001
Adequação ECC conforme a fase: Gado de corte

ECC Parto: 5-7

Importante que os animais


mantenham ou ganhem CC
a partir do acasalamento

Santos et al., 2009


Levedura
✓ Microrganismos unicelulares, oriundas do processo de fermentação
alcoólica
✓ Aumentarem a taxa de degradação da fibra
✓ Aumento expressivo no número de bactérias anaeróbias
✓ Estabilidade do ambiente ruminal
✓ Reduzindo-se as variações diurnas de pH, amônia e ácidos graxos voláteis
✓ A parede de levedura pode inibir a ligação de bactérias à mucosa intestinal
✓ β-glucanos estimulam a imunidade animal, como imunomoduladores
Levedura e dias em aberto
Pré- parto
21 dias pré-parto até 150 dias pós-parto

FREITAS, 2015 (Dados não publicados)


Levedura e Taxa de concepção
Pré- parto

Intervalo Parto/concepção
FREITAS, 2015 (Dados não publicados)
Gordura protegida

Não são
Ômega 3 e
Ômega 6
produzidos pelos
mamíferos
Biohidrogenação VERÃO

✓ Aumenta síntese de hormônios esteroides

✓ Aumenta a produção de progesterona

✓ Aumenta o número e tamanho de folículos ovarianos


Gordura protegida
IATF geral Cio IATF IATF sem cio

60% Outono- Inverno Primavera-Verão


50%
44%
42%
38% 39%
40% 36%
34%
30% 31%
29% 029%
30%
25%
23%
22% 21% 22%
019% 18%
20%

10%

00%
jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14

NUPEEC – Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pecuária


Metionina e colina
Metionina- aminoácido limitante
Genes metilados não são
expressos
Colina- vitamina
PRODUÇÃO Colina

INGESTÃO NEFA NEFA


COA NEFA
BHBA
VLDL
Acetona
Acetato
Β-hidroxibutirato
NEFA
BHBA
Metionina e Colina
40 vacas leiteiras Holstein RPM:18 g / dia de metionina protegida
RPC: 60 g / dia de colina protegida
4 semanas pré-parto até 20 semanas pós-parto RPM+RPC: 18 g / dia de RPM + 60 g / dia de RPC
Controle: nenhum suplemento
Flushing em ovinos
A utilização de suplementação alimentar em torno de quatro semanas antes e quatro
semanas após a concepção (flushing)
• Melhora a condição corporal das ovelhas
• Aumenta a taxa de concepção, de ovulação e a sobrevivência embrionária

Fêmeas Fêmeas
ECC 2,0-2,5 ECC 3,0-3,5

Melhora de 10-15 % taxa de


prenhez

(Boucinhas et al., 2006)


Flushing em ovinos
• 75 dias
• Manejadas em pastagem durante o dia
• Noite suplementadas com 1% peso vivo (farelo de milho, farelo de soja e suplemento
vitamínico e mineral
Obrigada pela Atenção

Contato: andressamaffi@gmail.com

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