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AULAS 3 E 4

O PROCESSO DE AIA
O PROCESSO DE AIA

• ETAPAS:

– APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA

– TRIAGEM

– ANÁLISE DETALHADA

– PÓS-APROVAÇÃO
Apresentação da proposta
• Nesta etapa que dá início ao processo, é apresentado o projeto
pretendido, que pode ser referente a um empreendimento
privado (indústria, hidrelétrica, mineração, etc.) ou público
(estradas, pontes, obras de saneamento, etc.).

• Devem ser apresentadas em linhas gerais as informações sobre o


tipo de atividade, o porte, a localização pretendida. Somente serão
submetidos aos estudos ambientais os empreendimentos ou
atividades que apresentem impactos significativos ao meio
ambiente, nos termos do artigo 2º da Conama nº 01 ou conforme
decisão do órgão licenciador.
Triagem
• Nesta etapa é realizado o enquadramento do
empreendimento proposto, a fim de decidir se serão ou não
necessários os estudos ambientais mais aprofundados.

• Geralmente são consideradas nessa avaliação a tipologia do


empreendimento e sua capacidade de gerar impactos e a
magnitude desses impactos evidenciando quais os recursos
naturais serão afetados.

• Também deve ser considerada a localização pretendida,


pois, as características da área pode ser determinante nesse
processo.
Determinação do escopo do
Estudo de Impacto Ambiental
• Quando se fizer necessário elaborar o Estudo de Impacto
Ambiental, deve-se definir a abrangência do mesmo. Além das
orientações constantes na Resolução Conama nº 01/86, existem
modelos e Termos de Referência definidos pelos órgãos
licenciadores para nortearem os trabalhos.

• Porém, estes modelos são genéricos, e, cada empreendimento

tem suas peculiaridades e seus potenciais de impacto. .


• Existem, tanto no Ibama (Federal) quanto na Feam (Minas
Gerais), Termos de Referência específicos por tipo de atividade,
com o objetivo de cercar algumas particularidades. Esses
modelos são previstos no parágrafo único do artigo 6º da
Resolução Conama nº 01/86:

– Ao determinar a execução do estudo de impacto ambiental, o órgão


estadual competente; ou a SEMA ou quando couber, o Município
fornecerá as instruções adicionais que se fizerem necessárias, pelas
peculiaridades do projeto e características ambientais da área.

• Contudo, mesmo assim, elaborar um plano de trabalho pode


ajudar em muito no bom andamento das atividades do estudo
Elaboração e Análise do
Estudo de Impacto Ambiental (EIA)

• Além de identificar e mensurar os possíveis impactos, o EIA deve


propor as alternativa locacionais e tecnológicas para evitar ou
mitigar os danos ambientais.

• Uma equipe técnica do órgão licenciador irá avaliar o EIA,


verificando a conformidade com as normas e Termos de
Referência, bem como sua adequação ao projeto.

• Serão verificados os aspectos técnicos e científicos do estudo, sua


consistência e a eficácia das medidas mitigadoras propostas.
Consulta pública
• Nesta etapa, o Relatório de Impacto Ambiental (derivado do
EIA) será submetido à consulta pública. Geralmente são
realizadas audiências para a manifestação da comunidade.
Esta etapa também é prevista na Resolução Conama nº
01/86.

– Art. 11. Respeitado o sigilo industrial, o RIMA será acessível ao


público. Suas cópias permanecerão à disposição dos interessados,
nos centros de documentação ou bibliotecas da SEMA e do órgão
estadual de controle ambiental correspondente, inclusive durante o
período de análise técnica.
• O relatório é apresentado por um representante do
empreendimento, e as pessoas da platéia têm a
oportunidade de fazer perguntas, críticas e apresentar
suas reivindicações e opiniões. As informações e críticas
levantadas nessas consultas poderão ser consideradas
e estudadas pelos técnicos do órgão ambiental na
avaliação do EIA.
Decisão

• A decisão sobre a viabilidade do empreendimento segue o


modelo de cada órgão licenciador. No nível federal, o próprio
Ibama realiza a análise e decide sobre a viabilidade. Em Minas
Gerais, os técnicos da Semad elaboram as análises, emitem
um parecer técnico e jurídico e encaminham para a
deliberação do Conselho Estadual de Política Ambiental.
Monitoramento e gestão ambiental

• Após a aprovação do EIA e o licenciamento do


empreendimento, é preciso manter o monitoramento para
assegurar que as medidas mitigadoras estão sendo
devidamente implementadas.

• Devem ser verificados também outros aspectos da gestão


ambiental do empreendimento não relacionados no EIA,
mas que vão surgindo ao longo do tempo do
desenvolvimento das atividades produtivas, e que passam a
incorporar o escopo dos impactos ambientais da atividade.
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA)
• Como vimos, a Resolução Conama nº 01/86 determinou a
elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para serem
submetidos aos órgãos competentes no processo de
licenciamento ambiental de algumas atividades modificadoras do
meio ambiente, entre elas: estradas, oleodutos, usinas de energia
elétrica, exploração econômica de madeira, aterros sanitários,
etc. A mesma Resolução define ainda as diretrizes gerais e
atividades técnicas a serem desenvolvidas no referido estudo.
• Segundo o Art. 5º da Resolução Conama nº 01/1986, o EIA,
além de atender à legislação, deverá obedecer algumas
diretrizes gerais.
– I - Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de
projeto, confrontando as com a hipótese de não execução do projeto;
– II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais
gerados nas fases de implantação e operação da atividade;
– III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente
afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto,
considerando em todos os casos, a bacia hidrográfica no qual se
localiza;
– IV - Considerar os planos e programas governamentais, propostos e
em implantação na área de influência do projeto, e sua
compatibilidade.
Alternativas tecnológicas e de localização
• O estudo deverá contemplar qual a melhor tecnologia a ser
empregada pelo empreendimento para evitar ou mitigar os
impactos ambientais. Não se trata apenas de tecnologias de
controle ambiental, mas a própria organização produtiva,
matéria prima a ser utilizada, fontes de energia, efluentes
gerados, resíduos, e demais aspectos ambientais relevantes.

• Com relação à localização, devem ser propostas as áreas (mais


de uma) para implantação, justificando a escolha de
determinado local em detrimento dos outros.
Impactos gerados nas fases de
instalação e operação da atividade

• Vamos imaginar a implantação de uma indústria siderúrgica.


Os impactos ambientais da fase de implantação serão
diferentes daqueles resultantes da operação do
empreendimento.

• Na implantação teremos em linhas gerais impactos


relacionados a:
– Supressão de vegetação (árvores, arbustos e toda a cobertura vegetal). Essas
ações trazem prejuízos para a biodiversidade.

– Com a supressão vegetal, a fauna deve ser remanejada devido à perda de


habitat.

– Movimentação de terra (terraplenagem, escavações, aterros, etc.). Nesta


fase surgem impactos relacionados aos aspectos geológicos e
geomorfológicos, com alteração de relevo provocando mudança no fluxo das
águas, geração de poeira, erosão e carreamento de sedimentos, ruídos
provenientes das máquinas e equipamentos.

– Trânsito de veículos pesados, intensificando a geração de poeiras e ruídos.

– Construção das instalações, com todos os impactos já relacionados acima,


mais a geração de resíduos de construção civil e efluentes sanitários.
• Na operação da siderúrgica teremos impactos relacionados a:
– Poluição atmosférica por emissões de gases e poeira gerados na
manipulação e processamento dos materiais.
– Poluição das águas superficiais e subterrâneas por meio da águas residuárias
(efluentes);
– Poluição do solo em função das águas residuárias, deposição de matéria
prima ou rejeitos.
– Poluição sonora devido aos níveis dos ruídos que ocorrem no processo
produtivo.

• Por isso devemos considerar todas as fases do empreendimento,


pois os impactos têm características diferentes e necessitam de
diferentes medidas mitigadoras.
DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO
• Apresentar a descrição do empreendimento nas fases de
planejamento, de implantação, de operação e de desativação.

• Quando a implantação for em etapas, ou previstas expansões, as


informações deverão ser detalhadas para cada uma delas.

• Apresentar a previsão das etapas em cronogramas detalhados da


implantação do empreendimento.
• Apresentar a localização geográfica proposta para o
empreendimento, demonstrada em mapa ou croquis, incluindo
as vias de acesso, existentes e projetadas, e a bacia hidrográfica,
seu posicionamento frente à divisão política administrativa a
marcos geográficos e a outros pontos de referência relevantes.

• Apresentar também esclarecimentos sobre as possíveis


alternativas tecnológicas e/ou locacionais, inclusive aquelas de
não se proceder à sua implantação.
Limites da área de influência
• Aqui é definido o escopo espacial do empreendimento. O
geoprocessamento é ferramenta indispensável para este
trabalho, pois o uso de mapas facilita o entendimento e
enriquece os estudos.

• Deverão ser definidas as áreas que serão ocupadas, mas


também os limites da região que poderá ser impactada pelo
empreendimento.
ÁREA DE INFLUÊNCIA
• Apresentar os limites da área geográfica a ser afetada direta
ou indiretamente pelos impactos, denominada área de
influência do projeto.

• A área de influência deverá conter as áreas de incidência dos


impactos, abrangendo os distintos contornos para as diversas
variáveis enfocadas.

• É necessário apresentar igualmente a justificativa da definição


das áreas de influência e incidência dos impactos,
acompanhada de mapeamento, em escala adequada.
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA ÁREA DE INFLUÊNCIA
• Deverão ser apresentadas descrições e análises dos fatores
ambientais e suas interações, caracterizando a situação ambiental
da área de influência, antes da implantação do empreendimento.

• Esses fatores englobam:


– as variáveis suscetíveis de sofrer, direta ou indiretamente, efeitos
significativos das ações nas fases de planejamento, de implantação, de
operação e, quando for o caso, de desativação do empreendimento.

– as informações cartográficas atualizadas, com a área de influência,


devidamente caracterizada, em escalas compatíveis com o nível de
detalhamento dos fatores ambientais estudados.
Importância da avaliação de Planos
governamentais para a área de influência
• O EIA deve verificar se existem planos e a compatibilidade do
empreendimento com estes projetos governamentais,
identificando os impactos para ambos.
• Desta maneira, o EIA é um instrumento constitucional da Política
Ambiental, um dos elementos do processo de avaliação de
impacto ambiental. Pela abrangência do estudo, deve ser
realizado, por equipe multidisciplinar, executando tarefas técnicas
e científicas destinadas a analisar, sistematicamente, as
conseqüências da implantação de um projeto no meio ambiente,
por métodos de avaliação do impacto ambiental e técnicas de
previsão dos impactos ambientais.
• O EIA desenvolverá no mínimo as 4 atividades já mencionadas.
Diagnóstico ambiental
• Com relação aos diagnósticos dos meios físico, biológico e
sócio-econômico, é importante planejar bem as ações para
coletar apenas as informações realmente necessárias.

• Não se deve reunir e relacionar todos os dados disponíveis,


mas somente aqueles que realmente serão utilizados na
análise dos impactos.

• O Termo de Referência para elaboração do EIA/RIMA indica


alguns pontos a serem tratados sobre os indicadores de
qualidade ambiental
QUALIDADE AMBIENTAL

• Em um quadro sintético, expor as interações dos fatores


ambientais físicos, biológicos e sócio-econômicos, indicando os
métodos adotados para análise dessas interações, com o objetivo
de descrever as inter-relações entre os componentes bióticos,
abióticos e antrópicos do sistema a ser afetado pelo
empreendimento.

• Além do quadro citado, deverão ser identificadas as tendências


evolutivas daqueles fatores que forem importantes para
caracterizar a interferência do empreendimento.
IMPACTOS AMBIENTAIS
• Os estudos devem relacionar os impactos ambientais
significativos.
• Este item destina-se à apresentação da análise (identificação,
valoração e interpretação) dos prováveis impactos ambientais
nas fases de planejamento, de implantação, de operação e, se
for o caso, de desativação do empreendimento, devendo ser
determinados e justificados os horizontes de tempo
considerados.
• Os impactos são avaliados nas áreas de estudo definidas para
cada um dos fatores estudados, caracterizados no item
“Diagnóstico ambiental da área de influência”, podendo, para
efeito de análise, ser considerados como:
• impactos diretos e indiretos

• impactos benéficos e adversos

• impactos temporários, permanentes e cíclicos

• impactos imediatos, a médio e longo prazos

• impactos reversíveis e irreversíveis

• impactos locais, regionais e estratégicos.


• Análise dos impactos ambientais inclui, necessariamente,
identificação, previsão de magnitude e interpretação da
importância de cada um deles, permitindo uma apreciação
abrangente das repercussões do empreendimento sobre o meio
ambiente, entendido na sua forma mais ampla.

• O resultado dessa análise constituirá um prognóstico da qualidade


ambiental da área de influência do empreendimento, nos casos de
adoção do projeto e suas alternativas, mesmo na hipótese de sua
não implementação.

• Este ítem deverá ser apresentado em duas formas:


• uma descrição detalhada dos impactos sobre cada fator
ambiental relevante, considerado no diagnóstico ambiental a
saber:

– o impacto sobre o meio físico;

– o impacto sobre o meio biótico;

– o impacto sobre o meio sócio-econômico.


• uma síntese conclusiva dos impactos relevantes de cada fase
prevista para o empreendimento (planejamento, implantação,
operação e desativação) e, para o caso de acidentes,
acompanhada da análise (identificação, previsão da
magnitude e interpretação) de suas interações.

• É preciso mencionar os métodos de identificação dos


impactos, as técnicas de previsão da magnitude e os critérios
adotados para a interpretação e análise de suas interações.
Medidas Mitigadoras
• Relacionados os impactos, a equipe de elaboração do EIA deverá
apresentar propostas de medidas mitigadoras, a fim de evitar ou
mesmo atenuar os danos potenciais. Essas propostas serão
avaliadas pelos analistas do órgão licenciador.

• O Termo de Referência exige técnico na descrição das ações


preventivas e corretivas, com um detalhamento minucioso. Para
os empreendimentos degradadores que exigem reabilitação da
área, como o caso das minerações e aterros sanitários, a Feam
exige o Plano de Recuperação de Áreas degradadas.
Programa de monitoramento

• Uma vez que foram definidos os indicadores de qualidade


ambiental, os impactos potenciais e as respectivas medidas
mitigadoras, a equipe do EIA deve propor um plano para o
monitoramento desses indicadores para acompanhar a
eficácia das medidas propostas.
RIMA
• Os resultados do EIA servirão de base para a elaboração do
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

• Instituído também pela Resolução Conama nº 01/86, o RIMA é o


documento que apresenta os resultados dos estudos técnicos e
científicos de avaliação de impacto ambiental, devendo esclarecer
todos os elementos da proposta em análise, de modo que possam
ser divulgados e apreciados pelos grupos sociais interessados e
por todas as instituições envolvidas na tomada de decisão.
• O relatório refletirá as conclusões do EIA e, conforme o Art. 9º
da Resolução Conama nº 01/86, deverá conter, no mínimo os
objetivos, justificativas e descrição do projeto; alternativas
tecnológicas e locacionais; diagnóstico ambiental; impactos
ambientais esperados, qualidade ambiental futura, medidas
de mitigação , programa de monitoramento e recomendação
final.
• O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um documento técnico-
científico, e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é o
documento público que reflete as informações e conclusões do
EIA.

• Por isso, o RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e


adequada a compreensão de toda a população, visto que estará
à disposição de todos que se interessarem, podendo ser
inclusive discutido em audiências públicas, quando necessário.
• As informações técnicas devem ser expressas em linguagem
acessível ao público geral, ilustradas por mapas em escalas
adequadas, quadros, gráficos ou outras técnicas de comunicação
visual, de modo que se possam entender claramente as possíveis
conseqüências ambientais do projeto e de suas alternativas,
comparando as vantagens e desvantagens de cada uma delas.

• O Relatório de Impacto Ambiental - RIMA deverá conter,

basicamente:
• os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e
compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas
governamentais, em desenvolvimento e/ou implementação;

• a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e


locacionais, especificando , para cada uma delas, na fase de
construção e operação a área de influência, as matérias-primas e
mão-de-obra, as fontes de energia, as emissões e resíduos, as
perdas de energia, os empregos diretos e indiretos a serem
gerados, a relação custo-benefício do ônus e benefícios
sociais/ambientais do projeto e da área de influência;
• a descrição dos impactos ambientais analisados, considerando o
projeto, as suas alternativas, os horizontes de tempo de
incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e
critérios adotados para sua identificação, quantificação e
interpretação;

• a caracterização da qualidade ambiental futura da área de


influência, comparando as diferentes situações de adoção do
projeto e de suas alternativas, bem como a hipótese de sua não
realização;
• a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras
previstas em relação aos impactos negativos, mencionando
aqueles que não puderam ser evitados e o grau de alteração
esperado;

• programa de acompanhamento e monitoramento dos


impactos;

• recomendação quanto à alternativa mais favorável


(conclusões e comentários de ordem geral).
• O RIMA deverá indicar a composição da equipe autora dos
trabalhos, devendo conter, além do nome de cada
profissional, seu título, número de registro na respectiva
entidade de classe e indicação dos ítens de sua
responsabilidade técnica.
Relatório de Controle Ambiental – RCA
• Originalmente, o Relatório de Controle Ambiental foi instituído
pela Resolução Conama nº 10/90, para as atividades de extração
mineral, caso essas fossem dispensadas do EIA/RIMA, conforme
artigo 3º da resolução:

– Art. 3º A critério do órgão ambiental competente, o empreendimento, em


função de sua natureza, localização, porte e demais peculiaridades, poderá
ser dispensado da apresentação dos Estudos de Impacto Ambiental - EIA e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA.
• Parágrafo único. Na hipótese da dispensa de apresentação do
EIA/RIMA, o empreendedor deverá apresentar um Relatório
de Controle Ambiental- RCA, elaborado de acordo com as
diretrizes a serem estabelecidas pelo órgão ambiental
competente.
• Apesar de ter sido idealizado inicialmente para
empreendimentos minerários, com a evolução dos processos
de licenciamento ambiental os órgãos ambientais passaram a
exigir o RCA para outras atividades potencialmente
degradadoras ou poluidoras, como indústrias, de infra-
estrutura e outras mais.
• O RCA deverá conter as informações que permitam caracterizar o
empreendimento a ser licenciado e, como objeto principal,
devem conter ainda os resultados dos levantamentos e estudos
realizados pelo empreendedor, os quais permitirão identificar as
não conformidades técnicas e legais. O conteúdo básico do
Relatório de Controle Ambiental deverá abordar os seguintes
aspectos:
• descrição do empreendimento a ser licenciado; do meio físico
e biótico, do processo de produção; caracterização das
emissões geradas nos diversos setores do empreendimento
no que concerne a ruídos, efluentes líquidos, efluentes
atmosféricos e resíduos sólidos.
• Deverão ser considerados, para fins de elaboração do RCA de
atividades industriais, além dos setores de produção, outros
setores eventualmente existentes dentro da área industrial,
tais como: setores de armazenamento de matérias-primas, de
produtos acabados ou de resíduos; setores de geração de
energia; setores administrativos; oficinas de manutenção;
cozinha industrial; lavanderia industrial; setores de
tratamento de água para uso industrial; laboratórios de
pesquisas e de controle de qualidade; etc.
• Assim, o RCA será o documento norteador das ações
mitigadoras a serem propostas no PCA, Plano de Controle
Ambiental, o qual visa solucionar os problemas detectados.
As partes que compõem o Relatório de Controle Ambiental,
conforme TR de atividades gerais são:

• Caracterização do empreendimento;

• Processo industrial;

• Minimização da geração e/ou reaproveitamento de efluentes


e resíduos sólidos;
• Caracterização das emissões
– Ruídos

– Efluentes líquidos de origem industrial;

– Esgoto sanitário;

– Efluente atmosférico

– Resíduos sólidos;

• Caracterização das áreas do entorno do empreendimento.


Caracterização do empreendimento
• Neste tópico deve-se apresentar as características do
empreendimento, principalmente aquelas relacionadas direta ou
indiretamente com a potencialidade dos impactos ambientais.

• Além de identificar o empreendedor (responsável) e o


empreendimento (obra), o relatório deve trazer informações sobre
a área construída; questões relacionadas à localização visando a
proteção dos ambientes florestais; a atividade produtiva,
relacionando os produtos a serem fabricados e suas características;
número total de empregados e o regime de trabalho; a demanda de
energia e a capacidade produtiva instalada.
Processo industrial
• Para descrever o processo industrial deve-se seguir os pontos
recomendados no Termo de Referência.
– A apresentação gráfica do processo utilizando fluxogramas.

– Especificar se existem sistemas de tratamento, quais são, e qual o destino


dado aos efluentes e resíduos.

– Especificar as fontes de água e qual a demanda deste recurso.

– Relacionar e especificar os equipamentos utilizados nos processos de


produção e utilidades (caldeiras, refrigeração, tratamento de água, etc.)

– Descrever a matéria prima a ser consumida, suas características,


quantidade, formas de acondicionamento, etc.
– Especificar os fornecedores de lenha e carvão.

– Apresentar o lay out do empreendimento, ou seja, a representação


gráfica da localização das instalações e equipamentos, reunindo com
as informações sobre o fluxo de produção, a fim de facilitar a
compreensão do processo produtivo.
FLUXOGRAMA
LAY OUT
• Apresentar o balanço de massa do processo, que é uma
relação entre as entradas (insumos, matéria-prima) e saídas
(produtos, resíduos e emissões). Essa informação ajuda a
identificar a mensurar a eficiência do processo. No exemplo
abaixo, o produto (gabinete de computador) é representado
abaixo do fluxo, e à direita estão as outras saídas (resíduos).

• Informar as áreas de armazenamento de insumos e produtos,


a capacidade e condições de armazenamento.
Minimização da geração e/ou reaproveitamento
de efluentes e resíduos sólidos

• Este item, além de fornecer informações para a análise


ambiental, irá iniciar o empreendimento nos rumos da gestão
ambiental, o que é um ponto muito positivo dos Termos de
Referência.
• Considerando que o Relatório de Controle Ambiental - RCA é
o documento que subsidiará a elaboração do Plano de
Controle Ambiental - PCA, sugere-se que o empreendedor ou
a consultoria técnica por ele contratada á avalie a
possibilidade de intervenções no processo industrial, visando
à minimização da geração de efluentes líquidos, de efluentes
atmosféricos e de resíduos sólidos.
• Simultaneamente a esta providência, sugere-se que o
empreendedor promova a conscientização, o comprometimento e
o treinamento do pessoal da área operacional da empresa,
relativamente às questões ambientais, visando atingir os
melhores resultados possíveis com a implementação do PCA. Tal
procedimento poderá dar ao empreendedor a oportunidade de
reduzir seus custos de produção e, como conseqüência,
minimizará os investimentos necessários à implantação e
operação dos sistemas de tratamento de efluentes e de resíduos
sólidos.
Caracterização das emissões
• Para este estudo, é fundamental a participação de profissionais
devidamente habilitados.

• A avaliação do nível de ruído deverá atender às normas


técnicas e legais pertinentes. Vale ressaltar que a avaliação para
fins de licenciamento ambiental segue procedimentos
diferentes da avaliação para fins de saúde ocupacional (Plano
de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA) exigida pelo
Ministério do Trabalho, apesar de que, os profissionais que
realizam as medições e os equipamentos utilizados podem ser
os mesmos.
• Efluentes líquidos de origem industrial;

• Esgoto sanitário;

• Efluente atmosférico

• Resíduos sólidos;
Caracterização do entorno do
empreendimento

• Assim como no EIA, é importante caracterizar a área de


influência do empreendimento no RCA para facilitar a
compreensão dos potenciais impactos a serem provocados.
Nesse ponto, devemos considerar também o que a legislação
municipal rege sobre o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).
a) Informar se o estabelecimento industrial está instalado em
distrito industrial, zona industrial, zona rural ou zona urbana.

b) Descrever, em linhas gerais, o relacionamento da empresa com a


comunidade vizinha, abordando: a receptividade da comunidade
em relação ao estabelecimento industrial; o nível de
conhecimento da comunidade quanto ao processo industrial,
quanto às suas potenciais conseqüências para o meio ambiente e
quanto às ações da empresa no sentido de neutralizar ou de
minimizar tais conseqüências; eventuais ações da empresa em
benefício ou em parceria com a comunidade; queixas da
comunidade em relação ao estabelecimento industrial.
c) Citar a bacia e sub-bacia hidrográfica, bem como os corpos d’água
mais próximos, em especial o corpo receptor dos efluentes
líquidos industriais e do esgoto sanitário, destacando os principais
usos da água a montante e a jusante do estabelecimento
industrial.

d) Especificar a infraestrutura existente no município sede do


empreendimento (sistema de captação, tratamento e distribuição
de água para uso domiciliar; rodovias; ferrovias; acessos
secundários por estradas vicinais; rede coletora de esgotos; rede
de distribuição de energia elétrica; rede telefônica; etc.). No caso
do sistema de captação e tratamento de água para uso domiciliar,
informar a distância entre o local de captação e o
estabelecimento industrial em processo de licenciamento,
ilustrando a situação em diagrama unifilar que contenha também
outros corpos d’água próximos.
e) Além da descrição dos detalhes mencionados nas alíneas
anteriores, deverá ser apresentada planta de localização do
empreendimento, em escala adequada1, destacando-se os
limites do terreno e informando o tipo de ocupação de cada
propriedade limítrofe, tais como residência, área agrícola, mata
nativa, estabelecimento industrial, estabelecimento comercial,
escola, hospital, área de recreação, rodovia, ferrovia, etc.
• A Lei Federal nº 10.257, de 10 de Julho de 2001, denominada
Estatuto da Cidade, regulamentou os artigos 182 e 183 da
Constituição Federal, os quais tratam de política urbana, e
estabeleceu diretrizes gerais para o tema.

• Segundo o artigo 36 do Estatuto da Cidade, a legislação municipal


definirá os empreendimentos e as atividades privados ou públicos
em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio
de impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou
autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo
do Poder Público municipal.
• O artigo 37 define que o EIV será executado de forma a
contemplar os efeitos positivos e negativos do
empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da
população residente na área e suas proximidades, incluindo a
análise, no mínimo, das seguintes questões:
• I – adensamento populacional;

• II – equipamentos urbanos e comunitários;

• III – uso e ocupação do solo;

• IV – valorização imobiliária;

• V – geração de tráfego e demanda por transporte público;

• VI – ventilação e iluminação;

• VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.


• O Estudo de Impacto de Vizinhança é um documento público,
devendo ficar disponível para consulta no órgão competente
do Poder Público municipal para qualquer interessado.

• Esse instrumento possibilita a gestão compartilhada, a


negociação entre o interesse particular (de quem deseja
instalar e operar um empreendimento) e o interesse da
coletividade (população atingida pelo empreendimento).
• A questão, por exemplo, do incômodo provocado pela poluição
sonora é um bom exemplo da importância do EIV. Vimos que
existem padrões normativos para a emissão de ruídos. Todavia,
pessoas que moram na vizinhança de empreendimentos que
geram esse tipo de poluição convivem com o “incômodo legal”, ou
seja, os níveis da pressão sonora atendem aos requisitos
normativos, mas causam assim mesmo incômodo àqueles que são
obrigados a conviver 24 horas por dia com o barulho. Outros
estabelecimentos propriamente não produzem ruídos excessivos
ou possuem isolamento acústico eficaz, mas resultam em tráfego e
outros transtornos como a aglomeração de pessoas, como
acontece com bares e casas noturnas.
• Assim, o Estudo de Impacto de Vizinhança é um instrumento
eficaz de “política pública para a boa convivência”, e,
conjugado com os procedimentos de licenciamento
ambiental, ajuda a ampliar os benefícios de uma análise
ambiental bem realizada.
Plano de Controle Ambiental - PCA
• O Plano de Controle Ambiental reúne, em programas
específicos, todas as ações e medidas mitigadoras,
compensatórias e potencializadoras aos impactos ambientais
prognosticados pelo EIA ou RCA.
• O PCA é o documento que contém as propostas que visam à
prevenção ou correção das não conformidades legais relativas à
poluição e degradação do meio ambiente. A sua efetivação se
dá por equipe multidisciplinar composta por profissionais das
diferentes áreas de abrangência, conforme as medidas a serem
implementadas.
• Integram o PCA os projetos básicos dos sistemas de tratamento
de efluentes já existentes e/ou a serem propostos, bem como
outros documentos e declarações específicas do empreendedor.
• O conteúdo básico do PCA deverá abordar as medidas
corretivas para situações em que haja poluição ou riscos de
poluição decorrentes de:

– Emissões, resíduos e efluentes: medidas de controle, tratamento,


armazenamento e disposição final;

– Procedimentos para situações de emergência, com descrição das


ações e medidas mitigadoras;

– Armazenamento de produto acabado;

– Sistema de prevenção e combate à incêndios;

– Alterações na rotina de produção;

– Desativação do empreendimento.
• Todas as medidas propostas devem observar o prescrito na
legislação ambiental, observadas também as Normas Técnicas
da ABNT pertinentes.

• O exemplo utilizou um caso de empreendimento industrial.


Mas o Plano de Controle Ambiental também é elaborado para
outras tipologias como: fabricação de aguardente, explosivos,
parcelamento do solo urbano para fins residenciais,
suinocultura, e outros mais.
ROTEIRO BÁSICO DE EIA/RIMA E OUTROS DOCUMENTOS
TÉCNICOS EXIGIDOS PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL
1º) Identificação do empreendedor
– Nome ou razão social, número de registros legais, endereço

completo, telefone, etc.

2º) Caracterização do Empreendimento

3º) Métodos e técnicas utilizadas para a realização dos

estudos ambientais
– Mostrar a metodologia empregada para a condução do estudo

ambiental, diagnóstico, prognóstico, medidas mitigadoras dos

impactos negativos.
4º) Delimitação da área de influência do empreendimento

– Delimitação da área de influência direta do

empreendimento, baseando-se na abrangência dos

recursos naturais diretamente afetados pelo

empreendimento e considerando a bacia hidrográfica onde

se localiza. Deverão ser apresentados os critérios

ecológicos, sociais e econômicos que determinaram a sua

delimitação.

– Delimitação da área de influência indireta do

empreendimento.
5º) Espacialização da análise e da apresentação dos resultados

– Elaboração de base cartográfica georreferenciada, para os registros

dos resultados dos estudos, em escala compatível com as

características e complexidades da área de influência dos efeitos

ambientais.

6º) Diagnóstico ambiental da área de influência

– Descrição e análise do meio natural e sócio-econômico da área de

influência direta e indireta e de suas interações, antes da

implementação do empreendimento.
7º) Prognóstico dos impactos ambientais do projeto, plano
ou programa proposto e de suas alternativas

• Identificação e análise dos efeitos ambientais potenciais


(positivos e negativos) do projeto, programa ou plano
proposto, e de suas possibilidades tecnológicas e
econômicas de preservação, controle, mitigação e reparação
dos seus efeitos negativos.
• Identificação e análise dos efeitos ambientais potenciais
(positivos e negativos) de cada alternativa ao projeto,
plano ou programa proposto, e de suas possibilidades
tecnológicas e econômicas de preservação, controle,
mitigação e reparação dos seus efeitos negativos
• Comparação entre o projeto plano ou programa
proposto e cada uma de suas alternativas; escolha da
alternativa favorável, com base nos seus efeitos
potenciais e nas suas possibilidades de prevenção,
controle, mitigação e reparação dos impactos negativos.
8º) Controle ambiental do empreendimento: alternativas
econômicas e tecnológicas para a mitigação dos danos
potenciais sobre o ambiente.

• Elaboração de Programa de Acompanhamento e


Monitoramento dos Impactos (positivos e negativos), com
indicação dos fatores e parâmetros a serem considerados.

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