Um coração para amar!
e o seu Sangue, oferecendo aos irmãos o dom precioso da
Dia de oração pela santificação do clero 2022
Amados irmãos Presbíteros, o dia de oração pela
santificação dos sacerdotes é uma oportunidade para
voltarmos a compreender a grandeza e a beleza do nosso
ministério sacerdotal. Nós não somos funcionários que
cumprem uma função. A nossa missão tem uma
peculiaridade que nenhum ser humano, por si mesmo,
pode realizar: pronunciamos em nome de Cristo a palavra
da absolvição dos pecados e, com a graça de Deus, a vida
de uma pessoa pode ser transformada com o perdão
divino. Pronunciamos, as palavras de agradecimento de
Cristo, que são palavras de transubstanciação, sobre as
ofertas do pão e do vinho, e tais palavras O tornam
presente e vivo no seu Corpo e no seu Sangue, e assim os
elementos do mundo são transformados em instrumentos
de comunhão com Deus.
Por isso, dizemos que o sacerdócio não é
simplesmente «uma função», mas sacramento: Deus Se
serve de nós, pobres homens, para se fazer presente entre
os irmãos e agir em seu favor. Esta audácia de Deus que
confia em nós, mesmo conhecendo nossas fraquezas, e
nos considera capazes de agir em seu nome, esta audácia
de Deus está escondida na palavra «sacerdócio». Que Deus
nos considere capazes de agir em seu nome, é o que, hoje,
queremos mais uma vez reconhecer neste dia de oração e
de fraternidade sacerdotal.
Como não nos sentir felizes em poder ser,
diariamente, hóspedes na própria mesa de Deus, morando
junto d’Ele? Como não nos sentir felizes por poder
pronunciar: «Fazei isto em memória de Mim»? Felizes
porque Ele nos concedeu preparar e partilhar o seu Corpo
sua própria presença.
Alegramo-nos por Deus estar tão perto de nós, e
somos chamados à gratidão, pois Ele Se entrega à nossa
fraqueza, nos conduz e nos sustenta, sempre confiante em
nosso «sim» livre e amoroso.
Hoje, antecipamos a celebração da festa do Sagrado
Coração de Jesus, para amanhã celebrarmos nosso
padroeiro São João Batista. E o quê a solenidade do
Sagrado Coração de Jesus tem a nos dizer?
Olhando para o AT, percebemos que os autores
sagrados não conheciam a função essencial do coração de
fazer circular o sangue. Eles davam pouca importância ao
aspecto físico do coração, e atribuíam-lhe funções
psíquicas e espirituais. Atribuíam ao coração tudo o que
nós atribuímos à cabeça e ao cérebro: capacidade de
perceber, raciocinar, pensar, compreender, a consciência,
a memória, o conhecimento, o sentimento, a vontade e o
juízo. E, na Bíblia, o coração tornou-se um dos modos
para falar do infinito amor de Deus, e do amor que chega a
seu ponto alto na entrega consciente e voluntária de
Jesus.
A festa do Coração de Jesus é a festa do coração
encarnado, coração de homem, igual ao nosso, enquanto
órgão de um sistema cardiorrespiratório. Por outro lado,
um coração imensamente, diferente do nosso, enquanto
motivação existencial que busca a nossa essência, até
confundi-la com a essência de Deus. Em Cristo, tudo era
humano, mas nada era desse homem que provoca
guerras, morte e destruição, que reduz o ecossistema a
desertos, e desrespeita a dignidade humana.
 O Coração de Cristo é o desejo de Deus em nós, é o
querer de Deus que nos faz, justamente, querer a Deus.
Ele sabia da nossa insuficiência. Por isso, Ele se plantou
em nós, com o desejo irresistível de querer só o que Ele
mesmo quisesse.

Pois, para ser capaz de amar o mundo como ele é,

para ser capaz de amar o mundo apesar daquilo que é, era
preciso um Coração que fosse do mundo, mas ao mesmo
tempo, totalmente, diferente do mundo e, sobretudo,
maior que o mundo. O Coração de Cristo é assim:
inteiramente do mundo, completamente diferente do
mundo e, infinitamente, maior do que o mundo. Assim
mesmo, exatamente assim: um coração maior que o
mundo.

Hoje, solenidade do Coração de Jesus e dia de

oração pela santificação dos sacerdotes, é o dia do amor.
Unidos ao Coração de Jesus e unidos como família
presbiteral, aprendamos d´Ele a única linguagem pela
qual Ele deseja ser entendido: a linguagem do amor. E,
com o coração agradecido pelo dom do sacerdócio,
peçamos a Deus por todos os nossos padres, pelos padres
do mundo inteiro, para sejamos verdadeiramente
sacerdotes que testemunham o amor do Coração de Jesus.

Refrão: Eis o que eu venho te dar, eis o que eu ponho no altar,

toma, Senhor, que ele é teu, meu coração não é meu.