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8 - CURVA DE BOMBA CENTRÍFUGA E CURVA DE UM SISTEMA DE

TUBULAÇÕES

8.1 Introdução:

8.1.1 Aplicação, Fundamento e Exemplos de Operação de Bombeamento:


Bombas são equipamentos empregados no transporte e pressurização de líquidos
em tubulações. Transformam o trabalho mecânico de um motor em energia potencial, de
pressão e cinemática pela rotação (rotor) ou golpe (pistão) de elementos em contato com
o líquido. Alguns exemplos de fluídos transportados: água, graxas, óleos, combustíveis,
tintas, cola, bronzeadores, maionese, chocolates, polpas de frutas, sucos de frutas e
glicose.

8.1.2 Importância do Estudo a Ser Realizado

Ponto de operação é o cruzamento entre a curva (altura manométrica “H” em


função da vazão “Q”) da bomba (energia fornecida) e a curva do sistema de tubulação
em que a bomba será conectada (energia perdida por atrito na forma de calor). É a
igualdade entre as equações da bomba e do sistema. O cruzamento entre as curvas ou a
igualdade entre as equações visa, normalmente, estimar a vazão resultante ao se acoplar
uma bomba a um sistema de tubulações.
Fonte: ROITMAN, 2002.

8.2 Objetivos:
 Obter experimentalmente a curva da bomba centrífuga da unidade operando
com água.
 Construa por meio de equações do balanço de energia a curva do sistema de
tubulações unidade para operação com água.
 Determinar a vazão pelo cruzamento da curva da bomba com a curva do
sistema e vazão experimental acoplando a bomba ao sistema.
 Calcular o desvio entre a vazão experimental e a vazão obtida pelo
cruzamento das curvas.

8.3 Materiais e Métodos:

8.3.1 Materiais:
A bomba e o sistema de tubulações estão esboçados na figura 8.1, 8.2 e 8.3. As
utilidades para a operação são energia elétrica e 70 litros de água limpa. Os materiais
para o ensaio são cronômetro, balde de 4 litros e termômetro.

Figura 8.1: Bomba centrífuga acoplada a um sistema de tubulações


Figura 8.2: Sistema de tubulação. 1) Conjunto motor-bomba; 2) União PVC ¾” (na tubulação de
recalque de PVC ¾”, saída da bomba); 3) Tomada de pressão do recalque; 4) Válvula do manômetro na
tubulação de polietileno flexível de ¼”; 5) Manômetro de Bourdon; 6) Tê 90º de saída de lado PVC ¾”;
7) Joelho 90º PVC ¾”; 8) Válvula gaveta ¾”; 9) Luva PVC ¾”; 10) Tê 90º PVC ¾” com passagem
direta; 11) Válvula de globo ¾”; 12) Curva 45º PVC ¾; 13) Curva 90º PVC ¾”; 14) Saída de canalização
PVC ¾”; 15) Tanque para água; 16) Saída de canalização e o nível do líquido no tanque; 17) Entrada
normal, entrada do líquido na tubulação de sucção PVC 1”; 18) Joelho 90º PVC 1”; 19) União PVC 1”;
20) Válvula de gaveta 1”; 21) Vacuômetro de Bourdon; 22) Válvula do vacuômetro na tubulação de
polietileno flexível de ¼”; 23) Tomada de pressão da sucção; 24) Luva PVC 1”.
Figura 8.3: Sistema de bomba. 1) Conjunto motor-bomba; 2) União PVC ¾” (na tubulação de recalque
de PVC ¾”, saída da bomba); 3) Tomada de pressão do recalque; 4) Válvula do manômetro na tubulação
de polietileno flexível de ¼”; 5) Manômetro de Bourdon; 6) Tê 90º de saída de lado PVC ¾”; 7) Joelho
90º PVC ¾”; 8’) Valvula de gaveta de ¾”;14) Saída de canalização PVC ¾”; 15) Tanque para água; 17)
Entrada normal, entrada do líquido na tubulação de sucção PVC 1”; 18) Joelho 90º PVC 1”; 19) União
PVC 1”; 20) Válvula de gaveta 1”; 21) Vacuômetro de Bourdon; 22) Válvula do vacuômetro na tubulação
de polietileno flexível de ¼”; 23) Tomada de pressão da sucção; 24) Luva PVC 1”; 25) Rotâmetro.

8.3.2 Metodologia:
 Verifique se o interruptor da bomba esta na posição “desligado”.
 Coloque o plugue elétrico na tomada (verifique a voltagem).
 Feche todas as válvulas da unidade.
 Coloque água limpa no tanque (15).
 (Se houver necessidade) Retire o ar da linha do vacuômetro. Como sugestão,
com a bomba desligada, coloque o vacuômetro (21) abaixo do nível do líquido do
tanque (15) e desconecte a tomada que liga o tubo de polietileno ao vacuômetro
(21).
 (Se houver necessidade) Retire o ar da linha do manômetro. Uma vez que a
tomada de pressão (3) está acima do nível líquido no tanque para evitar as
turbulências da saída da bomba, o procedimento descrito no item anteriormente
não pode ser realizado. Como sugestão, abra a válvula (20) de sucção (verifique se
todas as válvulas estão fechadas), ligue a bomba (1) e abra lentamente a válvula
de gaveta (9) para evitar golpes. Se o procedimento foi correto a água sairá da
caixa (15) passará pela bomba (1) pela tomada de pressão (3), válvula (20),
rotâmetro (25) e retornará à caixa (15). Desconecte a tomada que liga o tubo de
polietileno flexível ao manômetro (5). Após todo o ar ser expulso da tubulação,
conecte a tomada do tubo de polietileno flexível ao manômetro, feche a válvula
(9) para manter a água na tubulação e desligue a bomba (1).
 Construa a curva da bomba (Hman versus Q). Verifique se a válvula (9) está
fechada e a (20) aberta. Ligue a bomba (1), coloque o centro do vacuômetro (21) e
o centro do manômetro (5) no nível do líquido da caixa (15) para evitar que os
medidores acusem a coluna de água formada nas tubulações de polietileno
flexível. Verifique a influência dos valores de pressão e vácuo acusados pelos
medidores quando o nível destes aparelhos se distanciam do nível do líquido.
Feche a válvula (9) e anote os valores de pressão do manômetro (5) e do
vacuômetro (21). Abra totalmente a válvula (9) e anote os valores dos medidores
de pressão (5 e 21) e de vazão (25). Entre a pressão máxima do manômetro
(“shut-off”) e a mínima do manômetro, obtenha pelo menos 5 pontos distribuídos.
Anote para estes pontos os valores do manômetro, vacuômetro e rotâmetro. Meça
a temperatura da água.
 Construa a curva do sistema de tubulações (Hman versus Q). Anote para o
equacionamento desta curva: h1) o desnível entre a saída da água da tubulação
(14) e o nível do líquido no tanque (15); h2) o diâmetro interno dos dutos de
sucção e de recalque; h3) a soma do comprimento de todos os trechos retos da
linha de sucção (da entrada na tubulação (17) até a bomba, e da linha de recalque
(da saída da bomba até a saída da tubulação 14; h4) o tipo e o número de
singularidades (2 curvas, 5 joelhos etc.) tanto da linha de sucção como na linha de
recalque.
 Meça a vazão de água que sai da tubulação (14). Feche a válvula do reciclo
(8’) e abra lentamente a válvula (8) do sistema de tubulações e a válvula (11) entre
as uniões. Com um balde e um cronômetro anote a massa de água coletada por
unidade de tempo que sai da tubulação (14), anote os valores de pressão do
manômetro (5) e do vacuômetro (21) para cada vazão (mínimo de 5 vazões
dispersas). Esta vazão será usada para comparação com a vazão resultante do
cruzamento entre a curva da bomba com a curva do sistema.
 Desligue a bomba e retire o plugue elétrico da tomada.

8.3.3 Tratamento de Dados


 Construção da curva da bomba:
O balanço de energia mecânica na tomada de pressão de sucção (21) e na
tomada de pressão de recalque (5) que a bomba (1) fornece:

∆𝑃 ∆𝑣²
𝐻= + + ∆𝑧 + 𝑙𝑤 Eq. 1
𝛾 2𝑔

𝑃𝑚𝑎𝑛 𝑃𝑣𝑎𝑐 𝑣𝑟2 − 𝑣𝑠2


𝐻 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + − 𝑃𝑎𝑡𝑚 − + + ∆𝑧 + 𝑙𝑤𝑠−𝑏 + 𝑙𝑤𝑏−𝑟 Eq. 2
𝛾 𝛾 2𝑔

𝑃𝑚𝑎𝑛 𝑃𝑣𝑎𝑐 𝑣𝑟2 − 𝑣𝑠2


𝐻= + + + ∆𝑧 + 𝑙𝑤𝑠−𝑏 + 𝑙𝑤𝑏−𝑟 Eq. 3
𝛾 𝛾 2𝑔

onde

ℎ = altura manométrica, “Head” de bomba, energia fornecida pela bomba, m*


𝑃𝑎𝑡𝑚 = pressão atmosférica no local do ensaio, m
𝑃𝑚𝑎𝑛 = pressão no manômetro, kgf/m²
𝑃𝑣𝑎𝑐 = pressão no vacuômetro, kgf/m²
𝛾 = peso específico = 𝜌
𝑔 = densidade do líquido, kgf/m³
𝑉𝑟 = velocidade do líquido na tomada de recalque “r”, m/s
𝑉𝑠 = velocidade do líquido na tomada de sucção “s”, m/s
∆𝑧 = desnível entre o manômetro e o vacuômetro, m
𝑙𝑤𝑠−𝑏 = perda de carga entre a tomada “s” e a bomba “b”, m
𝑙𝑤𝑏−𝑟 = perda de carga entre a bomba “b” e a tomada “r”, m
Uma vez que os termos referentes a pressão do vacuômetro, as velocidades e as
perdas de carga são, no caso, desprezíveis e o manômetro e o vacuômetro estão no
mesmo nível (∆𝑧 =0) a Equação 3 se resume a:
𝑃𝑚𝑎𝑛
𝐻= Eq. 4
𝛾

* se o líquido for água, pode-se ler metros da coluna de água, m.c.a..

 Construção da curva do sistema:


A equação da curva do sistema, altura manométrica H em função da vazão Q1 e
obtida aplicando-se a equação do balanço de energia mecânica entre o nível (N) do
líquido do tanque (18) até a saída da água da tubulação (16).
𝑃𝑁 𝑣𝑁2 2
𝑃16 𝑣16
+ + 𝑧𝑛 + 𝐻 = + + 𝑧16 + 𝑙𝑤𝑁−𝑏 + 𝑙𝑤𝑏−16 Eq. 5
𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔

2
𝑃16 𝑃𝑁 𝑣16 𝑣𝑁2
H= − + − + 𝑧16 − 𝑧𝑁 + 𝑙𝑤𝑁−𝑏 + 𝑙𝑤𝑏−16 Eq. 6
𝛾 𝛾 2𝑔 2𝑔

2
𝑃𝑚𝑎𝑛 16 𝑃𝑚𝑎𝑛 𝑁 𝑣16 − 𝑣𝑁2
𝐻 = 𝑃𝑎𝑡𝑚 + − 𝑃𝑎𝑡𝑚 + + + ∆𝑧 + 𝑙𝑤𝑁−𝑏
𝛾 𝛾 2𝑔 Eq. 7
+ 𝑙𝑤𝑏−16

2
𝑃𝑚𝑎𝑛 16 𝑃𝑚𝑎𝑛 𝑁 𝑣16 − 𝑣𝑁2
𝐻= + + + ∆𝑧 + 𝑙𝑤𝑁−𝑏 + 𝑙𝑤𝑏−16 Eq. 8
𝛾 𝛾 2𝑔

onde:

𝐻 = altura manométrica do sistema, energia liberada pela bomba, m


𝑃16 = pressão absoluta (atmosférica mais a manométrica) na saída da tubulação
𝑃𝑁 = pressão absoluta no nível do líquido, kgf/m²
𝑉16 = velocidade do líquido na saída da tubulação, m/s
𝑉𝑁 = velocidade do nível do líquido, m/s
∆𝑧 = desnível entre a saída da água e o nível de líquido no tanque, m
𝑙𝑤𝑁−𝑏 = perda de carga desde a entrada do líquido na tubulação até a entrada da
bomba, linha de sucção, m
𝑙𝑤𝑏−16 = perda de carga desde a saída da bomba até a saída da tubulação, sistema, m.
A equação (8) pode se simplificada pois a pressão manométrica na saída da
tubulação (𝑃𝑚𝑎𝑛 16 ) é zero, a pressão manométrica no nível do líquido no tanque
(𝑃𝑚𝑎𝑛 𝑁 ) é zero e as velocidades 𝑉16 e 𝑉𝑁 são desprezíveis. Portanto a equação da
curva do sistema tem a forma:
𝐻 = ∆𝑧 + 𝑙𝑤𝑁−𝑏 + 𝑙𝑤𝑏−16 Eq. 9

Adotando a técnica de comprimento equivalente (Leq) com a equação para a


perda de carga (lw) proposta por Fair-Whipple-Hsiao, recomendada pela NBR -5626
para canos de cobre, latão e PVC de ½ a 2 polegadas e operação com água fria, a
equação 9 de curva de sistema pode ser escrita como:
1,75
𝑄𝑠𝑢𝑐 ,𝑚³/𝑠
𝐻 = ∆𝑧 + 𝐿𝑁−𝑏 + 𝐿𝑒𝑞𝑁 −𝑏 0,00086 4,75
𝐷𝑠𝑢𝑐
1,75 Eq.
𝑄𝑟𝑒𝑐 ,𝑚³/𝑠
+ 𝐿𝑏−16 + 𝐿𝑒𝑞𝑏 −16 0,00086 4,75 10
𝐷𝑟𝑒𝑐

1,75 1,75 Eq.


𝐻 = ∆𝑧 + 𝑘𝑠𝑢𝑐 𝑄𝑠𝑢𝑐 ,𝑚³/𝑠 + 𝑘𝑟𝑒𝑐 𝑄𝑟𝑒𝑐 ,𝑚³/𝑠
11

Tabela 8.1: Comprimento equivalente de algumas singularidade em metros de


tubulação de PVC (NBR 5626)
Diâmetro nominal em polegada (in)
Acessório
½ ¾ 1 11/4

Curva 90º 0,4 0,5 0,6 0,7

Joelho 90º 1,1 1,2 1,5 2,0

Joelho 45º 0,4 0,5 0,7 1,0

Tê 90º passagem direta 0,7 0,8 0,9 1,5


Tê 90º saída de lado 2,3 2,4 3,1 4,6

Entrada normal 0,3 0,4 0,5 0,6

Entrada de Borda 0,9 1,0 1,2 1,8

Saída de canalização 0,8 0,9 1,3 1,4

Válvula de globo aberta 11,1 11,4 15,0 22,0

Válvula de gaveta aberta 0,1 0,2 0,3 0,4

Observações:
 Entrada normal, entrada do líquido em uma tubulação com extremidade
(entrada do líquido) rente a superfície interna do tanque.
 Entrada de Borda, com parte do tubo por onde entra o líquido dentro do
tanque.
 Saída de canalização, com o líquido saindo dentro de um tanque ou livre
na atmosfera.

Antes de substituir os valores de ksuc, krec e ∆z pode-se simplificar os cálculos,


colocar na equação 10 as vazões de sucção (Qsuc) em evidência (são iguais, a água é um
líquido praticamente incompreensível).

1,75 Eq.
𝐻 = ∆𝑧 + 𝑘𝑠𝑢𝑐 + 𝑘𝑟𝑒𝑐 𝑄𝑚³/𝑠
12

Sabendo-se que o tempo de 1 hora possui 3600 segundos tem-se

1,75 Eq.
𝐻 = ∆𝑧 + 𝑘𝑠𝑢𝑐 + 𝑘𝑟𝑒𝑐 𝑄𝑚³/ℎ /3600
13

8.4 Bibliografia:

GOMIDE, R. Operações com fluídos. São Paulo: Edição do autor, 1997. 450p.
MACINTYRE, A. J. Bombas e instalações de bombeamento. Rio de Janeiro: Guanabara
S.A., 1987. 782p.

MORAES JR., D. Transporte de líquidos e gases. São Carlos: UFSCar, 1988. V.1,
148p.

SILVESTRE, P. Hidráulica geral. Rio de Janeiro: livros técnicos e científicos editora


S.A., 1983. 316p.

ROITMAN, V. Curso de formação de operadores de refinaria: operações unitárias.


Curitiba: PETROBRAS: UnicenP, 2002. 50 p.
ANEXO 7

Ficha de dados da prática de Curva de Bomba Centrífuga e Curva de Sistema de


Tubulação:

GRUPO: ______

Tabela A7-1: Dados experimentais gerais fixos.


DADOS FIXOS
Temperatura da Água = ºC
Densidade da água = Kg/m3
Desnível entre man. e vac. = m
Aceleração da gravidade = m/s2
Desnível (∆Z) = m
Diam. do tubo mais largo = m
Diam. do tubo mais fino = m

Tabela A7-2: Acessórios na tubulação.


SUCÇÃO RECALQUE
ACESSÓRIO QUANTIDADE ACESSÓRIO QUANTIDADE
Tabela A7-3: Comprimento da tubulação.
SUCÇÃO RECALQUE
DIAMETRO COMPRIMENTO DIAMETRO COMPRIMENTO

Tabela A7-4: Pontos da curva da bomba.


PONTO VAZÃO (lpm) Pman (Kgf/cm2)
1
2
3
4
5

Tabela A7-5: Pontos da curva do sistema.


PONTO VAZÃO (Kg/s) MÉDIA Pman (Kgf/cm2) MÉDIA

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