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A MARIOLOGIA E O MAGISTÉRIO 1

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Ensinar com autoridade e autenticidade o
Evangelho em nome de Cristo, foi e é uma
tarefa peculiar do Sumo Pontífice, do Colégio
dos Bispos e dos pastores individualmente em
comunhão com ele. Este serviço possui a
assistência do Espírito Santo e tem a tarefa de
ajudar a experiência de fé e de testemunho do
povo cristão, instruindo, assistindo, orientando
no caminho da fidelidade à Verdade revelada.
Os Bispos de Roma têm tido sempre muito
cuidado, à luz da revelação e da tradição da
Igreja, a motivar, regular, melhorar e
acompanhar a veneração dos fiéis a Maria,
cientes de que esta varia em suas expressões e
profundas nas suas motivações; é um evento eclesial importante e universal. O culto mariano
pertence à essência do cristianismo, cujo ponto focal é sempre e somente Cristo, o revelador do
Deus Uno e Trino, Senhor e Salvador da humanidade, o qual a Virgem reflete a glória e dos
discípulos se professa e reconhece como mãe espiritual. O louvor e oração à Mãe de Jesus, então, é
um costume antigo na Igreja e fundamenta as suas raízes nos textos neotestamentário e as práticas
da Igreja primitiva. A comunidade eclesial gradualmente deu lugar à Mãe de Deus na liturgia, na
qual Deus ora com ela, em homenagem a ela e ela intercede em benefício da necessidade da
comunidade humana inteira e desejo para a salvação.

FUNÇÕES DOS ENSINAMENTOS MARIANOS DOS PAPAS


Os Papas têm acompanhado o desenrolar da
devoção mariana nas várias mudanças
diversas e complexas que ocorreram ao
longo do tempo, sempre afirmando que a
doutrina, o culto, a piedade e a devoção à
Virgem, são elementos que expressam,
caracterizam e qualificam a genuína
veneração da comunidade dos discípulos do
Senhor. Seus ensinamentos, em harmonia
com aquele dos vários Concílios, teve uma
função marcante:

1
Tradução livre do italiano do site «www.lathetokos.it».

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1. De frear insidiosos desvios doutrinais sobre a virgindade e a maternidade divina;

2. Em discernir os fundamentos bíblicos da veneração da Mãe do Senhor e, gradualmente,


esclarecer a verdadeira natureza da devoção a Maria, como parte integrante do único culto cristão,
onde a Virgem não seja considerada um do culto paralelo de Deus em Cristo, mas a esse orienta e
conduz;

3. Na identificação de alguns textos sagrados o sentido pleno da pessoa e da missão da Virgem,


garantindo a sua interpretação segura, à luz da tradição autêntica da Igreja;

4. Utiliza a totalidade dos textos bíblicos as raízes de uma revelação divina sobre a Imaculada
Conceição e sua Assunção ao céu, a ponto de proclamar-lhes como dogma da fé, pois como
verdades, cujo último fundamento é o Sagrada Escritura;

5. Destacando a plena associação, embora subordinada e dependente de Maria com Cristo para a
salvação, desde a Anunciação até a mediação do céu;

6. No desenvolvimento de uma discussão ampla e justa sobre a relação entre Maria e a Igreja.

OS ENSINAMENTOS MODERNOS E CONTEMPORÂNEOS DOS PAPAS


Especialmente desde o século XIX, a Sé Apostólica assumiu no campo doutrinal e cultual mariano
um papel de orientação e decisão de considerável importância, então o número e a qualidade das
intervenções têm vindo a aumentar progressivamente e decisivamente, mesmo que raramente,
Pontífices exerceram a sua autoridade na definição da doutrina, ao invés de usar o seu poder
magisterial ordinário, contido nos escritos de vários tipos e importância; tais como bulas,
constituições apostólicas, cartas apostólicas, encíclicas, exortações apostólicas. Se fizermos uma
pesquisa nos vários volumes da Acta Sanctae Sedis (1856-1908), a Acta Apostolicae Sedis
(1909...), os discursos e mensagens de rádio de Sua
Santidade Pio XII, de discursos, mensagens, colóquios
do Papa João XXIII, os ensinamentos do Papa Paulo VI
e os Ensinamentos de João Paulo II, percebe-se que a
presença do tema mariano é visível e constante. Só para
dar uma ideia, 25 são, por exemplo, os documentos
marianos publicados por Pio IX; 56 de Leão XIII, 37 de
Pio X; 30 do papa Bento XV; 309 de Pio XI; 470 de
Pio XII; 315 do Papa Paulo VI e 450 de João Paulo II.
Muitos documentos importantes sobre a Mãe de Jesus
foram promulgados nos últimos anos também pós-
conciliares pelos Dicastérios do Vaticano, de várias
Conferências Episcopais e bispos individuais, com tal
amplitude e profundidade de discussão, que raramente
ou nunca na história da Igreja ocorreu.

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ALGUNS DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS: A "SIGNUM MAGNUM"


O documento "Signum Magnum" pertence ao
imediato pós-concilio, desde 1967. Nele
reafirma a doutrina da maternidade espiritual
de Maria e sua inseparável conexão com os
deveres dos homens remidos para com ela. O
papa Paulo VI quis publicá-lo por ocasião do
50 º aniversário das aparições de Fátima, mas é
claro que se esconde uma intenção muito mais
profunda. O documento é bastante ligado à
proclamação de Maria "Mãe da Igreja" feita
pelo próprio Pontífice, alguns anos antes. A
"Signum Magnum" foi a maneira de aproveitar
a oportunidade para reorganizar o novo título da devoção mariana e é considerado como o
comentário mais autorizado para o texto do anúncio em si; comentário que, no seu inegável valor
doutrinal, pode considerá-la uma verdade que está dentro da fé católica. A "Signum Magnum" se
polariza sobre explicação da relação entre a devoção a Maria, agora rica do novo título, e o culto
litúrgico, considerado a espinha dorsal do verdadeiro e autêntico culto. Segundo o Papa não era
fazer, assim, um sufocar a devoção popular para melhorar a piedade litúrgica, mas sim para trazer a
devoção popular à oração litúrgica e em qualquer caso, a reconhecer que só a piedade mariana é
compatível com a piedade litúrgica, é autenticamente cristã.

A VERDADEIRA DEVOÇÃO MARIANA


Para garantir a autenticidade e a legitimidade da devoção
mariana, o Papa diz:

1. Maria é Mãe da Igreja, não só porque é a mãe de Jesus, mas


também porque é o modelo supremo das virtudes cristãs. O Papa
descreve, usando o Evangelho, as virtudes da Virgem, situado
nele e não o sentimento subjetivo, o princípio da relação dos
cristãos com Maria.

2. A verdadeira devoção a Maria consiste na imitação das suas


virtudes e não se baseia, portanto, no afeto estéril ou transitório,
nem na credulidade vã, mas sobre a verdadeira fé, o que leva a
reconhecer a excelência da Mãe de Deus e conduz a um filial
amor por ela, que também é nossa Mãe e modelo do discipulado autêntico de Cristo.

3. O culto mariano autêntico, o mesmo Concílio Vaticano II afirmou claramente, não se alimenta
em exageros grosseiros, nem excessiva estreiteza de espírito, ao considerar a grande dignidade da
Mãe de Deus.

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4. A veneração da Mãe do Senhor tem um sólido fundamento bíblico: Maria é a Nova Eva, o cume
do Antigo e do início do Novo Testamento, Aquela que mais do que ninguém acolheu o Messias e a
sua Palavra, a primeira que acreditou Nele e imitou-o, tornando-se assim a Mãe espiritual dos
cristãos e o modelo.

Um dos valores positivos da "Signum Magnum" é, portanto, ter trazido ao culto mariano o princípio
evangélico e, portanto, tê-lo legitimado.

A SIGNUM MAGNUM E PROFISSÃO DE


FÉ DE PAULO VI
O papa pronunciou a "Profissão de Fé do Povo de
Deus" em 30 de Junho de 1968, no encerramento do
Ano da fé, em um momento de grande dificuldade
para a Igreja, em nome de todos os pastores e fiéis da
Igreja. A fórmula refere-se ao magistério ordinário da
Igreja e do Papa, mas feito de forma particularmente
solene e vinculativa. Pela primeira vez em uma
declaração muito solene, cujo valor dogmática, mesmo
que não idêntico à dos antigos "Símbolos" e as
definições "ex cathedra" ainda assim mesmo é sempre
altíssimo, é expressamente professavam a fé da Igreja
na maternidade espiritual de Maria e a sua cooperação celeste a nossa salvação. Nos artigos 14 e 15,
o Papa condensa e confirmou a doutrina mariana professada pela Igreja, a partir da maternidade
divina definida em Éfeso em 431, até a forte afirmação da maternidade espiritual de Maria,
declarada como verdade que seja acreditada por todos os católicos. Delineando a figura de Maria
associada aos mistérios da Encarnação e da Redenção, com um vínculo estreito e indissolúvel como
a santíssima Mãe de Deus, a Nova Eva, Mãe da Igreja e descrever nos céus o seu papel maternal
com o qual coopera com o nascimento e desenvolvimento da vida divina nas almas dos redimidos, o
papa é refere-se claramente seja aos números 61-63 do capítulo VIII de "Lumen Gentium", bem
como a "Exortação Apostólica "Signum Magnum ".

A SIGNUM MAGNUM E A MARIALIS CULTUS


A "Marialis Cultus" é o mais importante documento mariano de Paulo VI e um dos documentos
mais significativos do Magistério mariano dos Papas de todos os tempos. A intenção do papa se
desdobra em dois objetivos: aqueles estruturais que dizem respeito a reforma litúrgica, e aquele
particularmente sobre a "regulamentação" da devoção mariana. A reforma diz ele, será melhor
compreendida se conhecem os seus propósitos básicos e será aplicada corretamente; a devoção
mariana, corretamente entendida, é considerada um elemento significativo da genuína piedade da
Igreja. O Papa defende a reforma, exigida pela mudança dos tempos e fielmente atenção à tradição,
consideração dos progressos da teologia e das ciências. O mesmo vale para a piedade mariana
também tem de ser renovada e restaurada nos albores especialmente litúrgicos. O discurso do Papa

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define a relação entre a sagrada liturgia e o culto da Virgem com uma lista de diretivas destinadas a
promover o desenvolvimento deste culto, repropondo a recitação do Rosário e do Angelus, na linha
dos seus predecessores. Tanto a "Signum Magnum" como a "Marialis Cultus" demonstram
claramente a dependência do ensino mariológico do Concílio Vaticano II. A clara intenção do papa,
especialmente com o "Marialis Cultus", foi elevar a mariologia do Concílio notoriamente lenta e,
mais precisamente de um estado de sofrimento, depois do Concílio.

A "SIGNUM MAGNUM" E A "REDEMPTORIS MATER"


A Encíclica "Redemptoris Mater" de João Paulo II é uma
profunda reflexão, que traça e explora o ensinamento de Paulo
VI e do equilíbrio sobre o lugar que Maria ocupa no mistério de
Cristo e da Igreja que é o Corpo de Cristo entendido
misticamente ao longo dos séculos e que reconhece em Maria
de Nazaré, sua mãe. A Igreja "olha" Maria através de Jesus
como "olha" Jesus através de Maria. Esta reciprocidade nos
permite aprofundar incessantemente, juntamente com a herança
da verdade acreditada, a órbita de obediência da fé que marca
os passos da Serva, Mãe, Discípula do Senhor. Ela é o modelo
de orientação e apoio no caminho do povo de Deus nas etapas
mais incisivas. Na primeira parte do documento, a figura de
Maria é descrita através dos textos bíblicos, com características
excepcionais, que revelam a profundidade do seu mistério, inserido no mistério de Cristo, enquanto
a segunda parte resume a tradição cristã e a doutrina católica sobre a missão de Maria, que, ao
serviço de todos os seus irmãos necessitados de redenção, exercita sua mediação materna, à luz do
único mediador Cristo. O Papa refere-se aos documentos "Christi Matri", "Signum Magnum" e
"Marialis Cultus" com as quais Paulo VI decidiu aprofundar os fundamentos e critérios da especial
veneração da Igreja para com a Mãe do Senhor.

BIBLIOGRAFIA:

1) STEFANO DE FIORES; SALVATORE DE MEO, Dicionário de Mariologia, Paulus, São Paulo


1995, pp. 804-812.

2) PAULO VI, DOCUMENTOS MARIANOS:

* CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA DO CONCÍLIO VATICANO II: «LUMEN GENTIUM


VIII»: http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_
19641121_lumen-gentium_po.html

* CARTA ENCÍCLICA «CHRITI MATRI ROSARII», in

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http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/encyclicals/documents/hf_p-vi_enc_15091966_christi-
matri_po.html

* EXORTAÇÃO APOSTÓLICA «SIGNUM MAGNUM», in

http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/apost_exhortations/documents/hf_p-vi_exh_19670513_
signum-magnum_po.html

* PROFISSÃO DE FÉ DO POVO DE DEUS, in

http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/motu_proprio/documents/hf_pvi_motuproprio_1968063
0_credo_po.html

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