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MARIOLOGIA PATRÍSTICA 1
Introdução 2
A Mariologia Patrística é a sessão da teologia que estuda o importante papel que autores antigos
desenvolveram no pensamento teológico sobre a Virgem Maria na vida de Cristo e da Igreja.
São chamados Padres da Igreja aqueles autores, geralmente eclesiásticos, que a partir dos inícios do
cristianismo se dedicaram na defesa da fé, buscando argumentos convincentes ou não para a
ortodoxia.
O período Patrístico vai do princípio do cristianismo até o século VIII distinguindo duas áreas, se
assim podemos dizer: a Igreja do Oriente e do Ocidente. Portanto a Patrística Ocidental se conclui
com Isidoro de Sevilha († 636) e no Oriente com João Crisóstomo († 749).
Levando em consideração o que foi dito acima, e para situarmo-nos no significado e sentido do
tema que iremos estudar, faremos o percurso de alguns autores importantes e contextos doutrinais
significativos, para assim podermos entender o processo histórico da mariologia nos primeiros
séculos do cristianismo.
1
Tradução livre do site www.latheotokos.it
2
Cf. A diferença entre Patrologia e Patrística, cf. Teresa Pereira, «Patrologia» e «Patrística»: Âmbito e definições, in
http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/pais_da_igreja/patrologia_e_patristica_ambito_e_definicoes.html
1 Mariologia Patrística
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2. Maria com sua maternidade virginal é um elemento ativo querido por Deus: sendo a base e
garantia da humanização de Deus, a maternidade e virgindade de Maria estão subordinadas à
cristologia e a soteriologia: Maria está relacionada com Cristo. Estes eventos, como a morte e
ressurreição de Cristo não aconteceu por acaso, mas fazem parte do plano oculto de Deus.
Aproximando-se a maternidade virginal ao evento pascal, Inácio envolve Maria em todo o plano de
salvação. Parece que Inácio interpreta em sentido mariológico a passagem de Gn 3,15.
2. A nova Eva: Com o seu plano, Deus quer trazer de volta às origens da história intacta, pelo
mesmo caminho pelo qual ele foi mergulhado no abismo: a mulher Eva foi causa de perdição, e a
mulher Maria, é a causa da salvação. Pelos mesmos meios pelos quais o homem destrói, Deus a
reconstrói, porque Ele é maior que o pecado.
Assim Justino enfatiza a importância não só biológica da maternidade de Maria, mas responsabiliza
a Virgem na sua cooperação para a salvação do homem.
teologia é refletir sobre a fé e as Escrituras e não somente reflexões pessoais. Esta é preservada e
transmitida pela Tradição da Igreja, uma tradição ininterrupta que remonta a Cristo.
2. A teologia da salvação: Irineu focaliza sua teologia da história da salvação, onde explica que o
plano divino faz uma ponte de união que procede de Deus para o homem e do homem vai para
Deus. O pecado de Adão impede este projeto dando início à história da depravação humana e do
pecado do homem. Com a Encarnação chega a liberação e a aplicação integral do projeto: a
humanização de Deus e a divinização do homem.
3. Virgem Mãe no plano salvífico de Deus: Ao designar a participação de Maria na história da
salvação Irineu usa o termo de "recirculação" e o termo usado para descrever a obra de Cristo
chama de "recapitulação". Como na história da queda (no pecado), houve a participação da primeira
Eva, na restauração existe a participação da Nova Eva. Para este princípio de recirculação, tudo o
que temos perdido é recuperado. Cristo assume o papel de Adão, a Cruz a árvore da queda, Maria
assume o papel de Eva. O Verbo encarnando-se recapitula em si todos os homens e é o novo Adão.
Como o primeiro, o segundo deve nascer da "Terra virgem": Maria gerando-o sem a participação
humana, transmite toda a natureza humana a Cristo para que seja o novo Adão. Além da relação
Adão/Cristo, Ireneu desenvolve entre Eva/Maria. Acolhendo a salvação e a vida, Maria torna-se
necessária a salvação, causa de salvação pela sua obediência, e Eva, com a sua desobediência tinha
causado a morte. É Maria que desata os nós da desobediência de Eva trazendo a vida. A presença de
Maria é uma constante, pois a presença do Verbo transcende o momento histórico e enche de seu
poder salvífico todos os tempos. Assim como gerou Cristo, Maria também gera seus membros para
a vida. Para Irineu, Maria é imanente ao mistério que salva e o seu ventre materno é fonte de
regeneração da humanidade em Deus.
D) Orígenes († 253)
Orígenes, o maior estudioso da antiguidade cristã, nasceu por
volta do ano 185, provavelmente em Alexandria. Com ele, criou-
se o chamado "Sermão", entendido como uma explicação das
Escrituras no contexto das assembleias litúrgicas, onde adquire
uma grande importância. Ele escreveu cerca de 574 obras do
gênero, das quais 300 chegaram até nós. Fazendo de Maria o
arquétipo da gestação de Cristo em nós, nas suas homilias
Orígenes fala de uma "maneira de Maria" em nós, ou seja, a
necessidade de tê-la como um modelo espiritual.
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- Maria era assídua leitora das Sagradas Escrituras: A saudação perturba a Virgem, porque esta
saudação nunca foi manifestada nas Escrituras, e porque parece muito incomum.
- A primeira expressão de Maria teria sido uma dúvida? Orígenes considera motivado por alguma
descrença da Virgem? Não, na verdade, o anjo ainda não havia explicado o que vai acontecer.
Talvez seja uma dúvida, não no que o anjo diz, mas sobre como isso pode ser percebido na
natureza, pois não há exemplo de uma concepção virginal.
- Maria cheia do Espírito: A santificação de Maria. A descida do Espírito Santo em Maria, não só
produziu o corpo de Cristo, mas também anunciou uma grande perfeição? O Espírito que vai
protegê-la vai levá-la ao caminho da santidade, Espírito que ela poderá transmitir a João Batista e
através dele, a Isabel.
- A segunda expressão de Maria: completa disponibilidade para Deus: a resposta de Maria ao anjo
são demonstrativas de sua generosidade e a sua vontade absoluta da disponibilidade para Deus, a
quem ela se submete totalmente.
As palavras de abertura do VIII Homilia são as palavras do Magnificat: "Minha alma glorifica o
Senhor" até as palavras "por aqueles que o temem". Orígenes ensina:
- Profetizam as mulheres: delas começa a salvação humana: Orígenes começa detectando no cântico
de Maria uma profecia dos tempos novos. Para o fato de que ela é uma mulher, ele toma o
paralelismo Eva-Maria, pois como começou o pecado por uma mulher, então a salvação humana
começa com uma mulher.
- O Senhor é exaltado: ele cresce em nossas almas: a Virgem rendendo graças em si mesma, torna-
se um sinal e um modelo de configuração progressiva a Cristo. Como Maria, todos os cristãos são
chamados por suas ações, pensamentos e palavras a transformar-se na imagem de Deus em Cristo.
Somente esta transformação dá motivo para a alegria e exultação, como em Maria. Se não se
consegue a transformação em Cristo, não podemos regozijar.
- Dignidade e humildade de Maria: A humildade é uma grande virtude, tanto mais se ela está em
uma criatura excelsa como a Mãe do Senhor, tanto maior é a santidade.
- Todos me proclamarão bem-aventurada porque fez em mim grandes coisas o Todo-Poderoso:
Todas as gerações são, para Orígenes, os crentes. Ele salienta ainda uma vez que isto acontece
porque Maria era humilde.
- O Magnificat é um canto de Maria ou Isabel? A posição de Orígenes não é clara, mesmo se é
possível pensar que ele atribui a Maria pelo fato de que toda a Homilia VIII enfatiza o caminho
espiritual através do Magnificat da Mãe de Jesus.
1. Maria com sua maternidade virginal é a base histórica e garantia que a salvação é um fato
consumado e, portanto, é aceito pela Igreja em sua própria profissão de fé e continua a ser objeto de
defesa de lúcidos aprofundamentos. Alguns elementos evidenciamos:
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a) Na Tradição Apostólica: documento litúrgico romano do ano 215, tem por duas vezes a antiga
menção da Virgem Mãe de Cristo na ação de graças da celebração eucarística: "Obrigado, ó Deus,
pelo teu querido Filho Jesus Cristo [...] nasceu do Espírito Santo e da Virgem" e no rito do Batismo,
que contém o mais antigo símbolo apostólico diz: "Crê no Filho de Deus Jesus Cristo, que nasceu
por obra do Espírito Santo da Virgem Maria..."
b) Orígenes nos testemunha que o concebimento virginal é uma parte constitutiva do querigma
cristão, sua marca registrada;
c) Tertuliano (+ 220) afirma que a maternidade de Maria é verdadeira e no sentido preciso que
Cristo é verdadeiramente homem e também como o nascimento foi virginal porque ele é Deus.
2. A pessoa de Maria é objeto de forte e aguçada atenção sob o aspecto teológico. Além da
concepção virginal, os autores, especialmente na área da Escola de Alexandria, também enfatizam a
maternidade divina, o parto virginal, a virgindade perpétua.
Vejamos os elementos mais significativos:
a) A Maternidade Divina de Maria: Hipólito de Roma (+ 236 c.) apresenta Maria que carrega o
Filho primogênito de Deus e se fez homem primogênito; Tertuliano diz que em Cristo coexistem
em modo não confuso duas realidades, a divina e a humana; Orígenes chama Jesus de Deus/Homem
e Maria Mãe de Deus; Alexandre de Alexandria (+ 326) é o primeiro a chamar a Maria de
«Theotokos».
b) A dignidade única da Virgem Mãe de Cristo: a Didaskália dos Apóstolos, uma espécie de
Constituição eclesiástica do século III afirma que uma mulher não pode batizar, porque se pudesse
fazê-lo Jesus teria sido batizado por sua mãe. Metódio de Olimpo (+) coloca Maria como um elo
entre a procissão das virgens do AT de Abel até o Batista; testemunham com o seu sangue a sua
fidelidade a Deus e à Igreja-Virgem que vai festosa ao encontro do seu esposo Jesus.
c) A virgindade no parto: Clemente de Alexandria (+ 215) afirma que Maria deu a luz
virginalmente e após o parto permaneceu virgem. Orígenes tem uma posição insegura, como
Tertuliano, mas diz em seu comentário sobre o Salmo 22,10 que é o próprio Pai que tira de seu
ventre o filho feito homem.
d) A virgindade perpétua de Maria: Já no século III surgiu a convicção de que Maria, depois do
concebimento virginal do Filho de Deus, não perdeu a sua virgindade. Hipólito parece favorável a
virgindade perpétua. Clemente de Alexandria associa-se ao Proto-evangelho de Tiago, literatura do
século II, onde acredita que os chamados “irmãos de Jesus” sejam filhos de um primeiro casamento
de José. Orígenes afirma que na Bíblia não há nenhuma evidência de que existam motivos para
afirmar que Maria após o nascimento de Jesus levou uma vida matrimonial ativa. Ele apela para o
sentido do fiel, que é repugnante para sequer pensar que o corpo da Virgem escolhido para levar o
Verbo, depois de seu nascimento se uniu a algum homem.
Entre o conteúdo doutrinário da Mariologia patrística do século III, podemos ainda dizer:
1. Objeto de muita atenção é também do ponto de vista da antropologia, da fisionomia ética e do
caminho de fé de Maria:
a) Tertuliano diz que, embora com alguma incerteza, que Maria é a nova Eva, fiel e obediente.
b) Hipólito de Roma apresenta Maria como uma apaixonada pelo Verbo, como a esposa do Cântico
dos Cânticos e chama-lhe de "abençoada" e "santa".
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c) Orígenes entende que, os eventos divinos que só Maria teve o dom de experimentar não a
separaram de nós, mas colocou-a como a primeira entre todos os cristãos.
2. Começa a ser destaque cada vez mais explícito a relação Maria/Igreja: Tertuliano revela que a
Igreja é a Esposa de Cristo e compara o nosso nascimento espiritual da Igreja ao de Cristo desde o
ventre de Maria Virgem Mãe. Clemente de Alexandria compreende a relação próxima entre a
Virgem e a Igreja, fazendo uma comparação com base na função virginal e materna de ambas:
Cristo, o fruto da Virgem Maria é o nosso alimento espiritual. Na terra, só a Igreja, como Maria, a
virgem, se torna mãe amorosa que alimenta seus filhos com o Corpo de Cristo. Orígenes interpreta
na gestação de Maria um arquétipo da gestação de Cristo na alma do fiel, assim como Cristo
cresceu pouco a pouco no ventre de Maria, assim ele cresce na alma do fiel.
b) João 19,25-27: Orígenes é o primeiro autor que tenta interpretar as palavras de Jesus na Cruz
alegando que, se o discípulo deve de alguma forma perder a sua identidade para tornar-se outro
Cristo, assim, Maria, que gerou a Jesus, também pode ser chamada de sua mãe.
Podemos concluir que o legado mariológico de Inácio, Justino e Irineu, foi valorizado no século III
por Hipólito, Clemente e Orígenes, em particular. Com este autor inicia o aprofundamento
evangélico da Mãe de Jesus como exemplo do crente. Irineu percebe que a Mãe de Jesus não canta
o Magnificat só por causa de sua história pessoal. Nela se resume toda a alegria do povo de Deus e
se antecipa toda a alegria da Igreja de Cristo. Como vimos, com Orígenes o cântico de Maria entra
na homilética cristã e é considerado como uma profecia e um testemunho do Espírito que enche a
vida da Virgem no momento da concepção de Cristo. Os versículos interpretados são todos
considerados à luz espiritual da santidade de Maria: eles testemunham a profunda humildade e
grande progresso na perfeição da Virgem.
A necessidade de confessar a Cristo, Filho de Deus feito homem, na sua verdadeira identidade de
Homem-Deus, levou a afirmação da maternidade divina e virginal como um sinal da verdade e da
garantia deste evento.
O herege Ario diz que se fosse verdade que Jesus é o rosto humano de Deus, se colocaria em xeque
a transcendência de Deus mesmo e o monoteísmo bíblico. Não pode haver em Deus duas gerações
porque ou Deus não seria mais um Deus ou haveria dois deuses. O Verbo não assumiu, pontanto,
uma verdadeira natureza humana, mas a aparência dela. Maria não seria, a Theotókos mas no
máximo a Christotókos. O Concílio de Nicéia (325) afirma que sim, Jesus é o rosto humano de
Deus, filho de Deus mas homem verdadeiro, gerado, não criado, e consubstancial ao Pai.
Assumindo na plenitude a natureza humana ele se tornou o mediador entre Deus e os homens. Se o
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Verbo não tivesse assumido a natureza humana completa, não haveria nem sequer salvado
completamente o homem. A mensagem foi tirada do Concílio de Nicéia e reassumido pelo Concílio
de Constantinopla (381). Com Jesus, Deus nos deu seu Filho, e não um novo Filho. Jesus é Deus
feito homem e não um homem que se tornou Deus. Nestas declarações retorna sempre mais o título
Theotókos para Maria implementado em quase todos os setores da Igreja. Não aceitar Maria como
Mãe de Deus significa que Jesus não é Deus, é negar que o Verbo se fez verdadeiramente homem.
A heresia de Nestório, patriarca de Constantinopla, diz que Jesus não é a humanização de Deus. A
transcendência de Deus e a plenitude da divindade e da humanidade em Cristo requer dois seres
subsistentes, duas hipóstases. Devemos falar da inabitação do Verbo e não de humanização que
continua a ser evidente, e isto para salvaguardar a divindade do Verbo. O Concílio de Éfeso (431)
argumenta que há uma hipóstase na pessoa do Verbo, onde as duas naturezas, divina e humana
coexistem completamente distintas, mas perfeitamente unidas na pessoa. Jesus é verdadeiro Deus e
verdadeiro homem. O Verbo de Deus assumiu a natureza humana, e realmente nasceu segundo a
carne de Maria sendo ela a Theotókos. Este título é uma garantia da verdade e da realidade da
Encarnação.
O Concílio de Calcedônia (451) solenemente confessa "um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor,
Unigênito, reconhecido em duas naturezas, sem mistura ou mudança, sem divisão ou separação,
sem que pela união a diferença das naturezas (divina e humana) seja ausente, salvo de fato a
propriedade de cada natureza, e cada uma concorrendo em uma única pessoa e em uma só
hipóstase”. Maria é chamada de "A Virgem, Mãe de Deus segundo a humanidade", onde a
virgindade e o título confirmam a verdade da Encarnação. Maria é vista como totalmente em
relação a Cristo e à verdade sobre ele.
A Encarnação do Verbo no seio da Virgem acontece por obra exclusiva do Espírito Santo. Temos,
por um lado, a incapacidade radical da natureza para produzir o fruto que a transcende e, por outra
parte, o poder do Espírito que opera não é prejudicada pela fraqueza da natureza humana. Por esta
razão, quem é nascido de Maria é o Filho de Deus, flor incorrupta da divindade brotado por obra
divina na terra e em nosso meio. A mãe que dá à luz o Filho de Deus na natureza humana por obra do
Espírito é, portanto, santa e imaculada, virgem e mãe. Nela, o Espírito pode operar por causa da sua
total disponibilidade. Por isto, não tendo sido tocada por um homem, mas à sombra do Espírito,
Maria é a terra virgem, irrigada para produzir o fruto da vida.
Nesta missão, o Espírito preparou Maria antes da Anunciação. Irineu diz que o Puro, que abriu o
ventre puro fez Ele mesmo tornar este ventre ser puro. Cirilo de Jerusalém (+ 348) afirma que "pura
e imaculada é a gestação. Agora sob o sopro do Espírito Santo, nesta gestação vem eliminada toda
contaminação. Sem mancha foi porém o nascimento humano do Unigênito da Virgem”. Hilário de
Poitiers (+ 356) diz que o Espírito vindo do alto santificou o seio da Virgem, misturando-se a
substância de sua carne e com a sua força e o seu poder assumiu o que era estranho e por isto cobriu
a Virgem com sua sombra, que corroborou a fraqueza, porque o seu poder divino cobrisse de virtude
a sua natureza; Beda o Venerável (+ 735) fala claramente de purificação e santificação moral.
Gregório Nazianzeno expressamente diz que Cristo se fez homem em tudo, menos no pecado.
Concebido de uma Virgem pré-purificada na alma e na carne pelo Espírito. Antípatro de Bostra
(depois de 457) já fala de santificação moral, tendo em vista uma concepção digna do Filho de Deus.
Teodoro de Ancira (século V) em uma famosa passagem de sua Homilia defendendo a dignidade da
Encarnação e da concepção virginal fala da purificação prévia de Maria de toda mancha por obra do
Espírito Santo comparado ao fogo; do seu alcance a um estado de pureza e beleza mais que original;
da santificação de todo o seu ser pelo Espírito Santo, por isto pode acolher no seu seio agora puro e
perfumada pela santidade do Verbo de Deus.
Os Padres entenderam que a limitação da preparação para a Anunciação de Maria ao mistério da sua
maternidade divina era muito circunscritivo; é por isso que eles exaltam a sua virgindade e
começam a celebrar também a natividade no século VI. Desde o primeiro instante de sua existência,
o Espírito operou nela, preparando-a para sua grande missão. Este foi o motivo pelos quais os
Padres a viram também como a portadora da graça e instrumento de santificação na sua visita a
Isabel (cf. Lc 1,39s.).
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nesta obra isidoriana e, então, será muito explorado pela literatura teológica e espiritual sucessiva.
Embora haja uma passagem na obra Questiones in Genesim, parece ser onde Isidoro não tem
dúvidas sobre a morte de Maria, devemos afirmar que o bispo de Sevilha, na realidade, se abstém de
fazer suposições sobre como a Santíssima Virgem morreu. Alinhando-se com a mais antiga tradição
dos Padres da Igreja, Isidoro prefere não levantar o véu de mistério que ainda hoje abrange o final
da vida terrena da Mãe do Senhor, assim como na proclamação dogmática do Papa Pio XII evitou
também entrar no mérito da questão.
c) MARIA E A IGREJA
A Virgem é apresentada por Isidoro como a figura por excelência da Igreja, de fato, de certa forma
ela é a própria Igreja. Mas Maria tem características pessoais e únicas, graças às quais exerce
causalidade eficiente sobre a Igreja em si. Isidoro vê entre Maria e a Igreja um paralelismo de dois
tipos: o primeiro diz respeito ao nascimento da Igreja. Maria é como uma nova terra, uma terra
virgem, da qual Cristo nasceu o fundador da Igreja. Esta, no entanto, nasceu do lado aberto do
Redentor na Cruz. O segundo paralelismo diz respeito a fecundidade virginal, em virtude da qual
Cristo nasceu de Maria e os filhos de Deus nascem da Igreja. A ação materna de Maria antecede o
da Igreja, na verdade este último é proposto como o tipo e o padrão de sua função geradora
sacramental a respeito dos cristãos.
d) O CULTO A MARIA
A partir das obras de Isidoro é claro não só que ele possuía um conhecimento profundo do mistério
da Mãe do Senhor, mas também nutria sentimentos de profunda admiração pela sua grandeza
maravilhosa e santidade pessoal e da cooperação perfeita que ela prestou na obra divina para
salvação da humanidade. Além desta atitude individual, Isidoro apresenta uma posição clara sobre o
culto público da Igreja em relação a Maria. Basta mencionar a liturgia visigótica, cujo pai oficial foi
Isidoro e organizador no IV Concílio de Toledo, onde o elemento mariano é uma das notas mais
características e visivelmente segue os temas mariano isidoriano. São destacados, em particular, a
maternidade virginal, a cooperação na obra do Filho, os paralelos entre a Igreja e Maria.
Germano nasceu em Constantinopla, em 635 de uma família nobre. Seu pai foi decapitado sob o
imperador Constantino IV e ele foi castrado e forçado a abraçar a vida monástica. Talvez em 705
foi ordenado bispo de Cyzicus e nomeado Patriarca de Constantinopla em 715 por Atanásio II. Em
730 ele se recusou a assinar o decreto iconoclasta e renunciou ao cargo de patriarca, e se retirou a
vida privada em sua propriedade perto de Constantinopla. Ele morreu em 733. Excomungado pelo
Concílio iconoclasta de Hieria em 754, foi reabilitado em 787 pelo Concílio de Nicéia. É venerado
como um santo seja no Oriente como também no Ocidente.
1) MARIOLOGIA
Germano escreveu muito, mas muito se perdeu dos seus escritos, porque o imperador Leão III
condenou a fogueira suas obras. Lembremos algumas obras:
a) Tratados: Sobre o fim da vida; os Santos Sínodos; as heresias; a História da Igreja.
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b) Cartas: Há quatro cartas muito extensas sobre questões relativas ao culto das imagens.
c) Homilias Mariológicas das quais nove seguramente são autênticas, tais como: 2 sobre a
Apresentação de Maria no Templo; 1 sobre a Anunciação; 3 sobre a Dormição/Assunção; 1 sobre a
Dedicação do Santuário de Chalcoprateia; 1 sobre o Hino “Akathistos”; 1 fragmento sobre a
Apresentação no Templo; Exaltação da Santa Virgem.
As homilias marianas de Germano têm duas características básicas:
a) Elas são ricas em citações, referências, lembranças tiradas do Antigo Testamento e Novo
Testamento.
b) Têm uma característica eminentemente pastoral e nestas, Germano exorta os fiéis a confiar e
nutrir um amor por Maria.
1) A MATERNIDADE DIVINA
2) A ASSUNÇÃO AO CÉU
3) A MEDIAÇÃO CELESTE
Assunta ao céu, Maria cumpre o seu papel como medianeira em favor dos homens. Não é uma
mediação de necessidade absoluta, mas querida por Deus. Germano convida os fiéis a recorrer a
Maria e pedir sua ajuda, a sua proteção e as suas orações, porque a sua intercessão é eficaz também
para alcançar a salvação eterna.
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1) OBRAS
João escreveu muito em todos os ramos do saber
teológico e tratou em muitos escritos a doutrina mariana:
Maria é uma criatura cheia de sublimes riquezas espirituais. João faz alusões claras para o mistério
da Imaculada Conceição de Maria, que nunca, até então, tinha sido feito. Sua concepção e
nascimento ocorreram sob o impulso da graça e por isso são os acontecimentos que afetaram
também a função de seus pais. Enquanto utiliza os apócrifos sobre o nascimento de Maria, João diz
que a esterilidade de Ana deve ser entendida como uma condição imposta por Deus a fim de que a
graça pudesse se manifestar claramente. Isso significa que o processo biológico de concepção e
nascimento de Maria foi um desenvolvimento ausente da culpa e imperfeição. Maria foi desde o
início de sua vida terrena, cheia de grande pureza e santidade.
a) Ela, que trouxe em seu seio o Criador, deve habitar com seu corpo na casa de Deus.
b) A Esposa que o Pai havia escolhido, devia entrar nos quartos do céu.
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c) A Mãe de Deus devia participar dos bens do Filho e para ser comemorada por toda a Criação
como sua mãe.
3) MEDIAÇÃO DE MARIA
João compara Maria com a escada de Jacó e lhe atribui um grande poder de mediação em relação à
nossa salvação. Ela desempenha um papel muito ativo no sentido de obter-nos os frutos da
Encarnação. João convida os cristãos a se tornarem disponíveis à ação mediadora da Mãe do
Senhor.
4) O CULTO A MARIA
Maria é grande e merece ser amada, venerada e invocada porque intimamente ligada com o Deus
feito homem. Embora não seja falado sobre a preservação do pecado original, João admite a
intervenção milagrosa de Deus no momento já da concepção.
A Assunção de Maria faz parte do plano divino no qual ela por causa da íntima relação com o Filho
recebe a glória eterna antes do tempo estabelecido para os outros homens.
CONCLUSÃO
Este nosso percurso mariológico-patrístico nos oferece uma síntese do caminho que a História da
Igreja fez e que alicerçou a doutrina mariana sempre em relação a Cristo e a sua Igreja. Por nenhum
momento a pessoa da Virgem Maria foi refletida em modo isolado. Como primeira discípula à luz
do seu Mestre e Senhor, soube com esmero e eficácia colaborar como Serva do Senhor à causa do
Reino.
A reflexão patrística a respeito das doutrinas cristológicas, eclesiológicas e mariológicas ainda nos
causam admiração pelo fervor e perseverança que estes ilustres Padres corroboraram para manter
viva a doutrina por eles aprofundadas à luz da Palavra da liturgia e da própria vida.
BIBLIOGRAFIA
DE FIORES, Stefano; DE MEO, Salvatore. Dicionário de Mariologia. São Paulo: Paulus, 1995. p.
1002-1031.
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