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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Programa de Pós-Graduação
São Paulo
1998
2
AGRADECIMENTOS
Pós-Graduação.
meus filhos Juan e Ramon que torceram para que tudo desse
intelectualmente.
trabalho.
Paulo Freire
6
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................
viii
INTRODUÇÃO ..................................................
01
CAPÍTULO I
sociedade ...................................................
09
CAPÍTULO II
31
42
............................ 49
CAPÍTULO III –
54
69
CAPÍTULO IV
7
78
100
conflito étnico
..................................................... 107
115
126
130
135
bom” .......................................................
141
144
148
8
152
CAPÍTULO V
197
ANEXOS
207
212
crianças ...................................................
217
220
223
RESUMO
INTRODUÇÃO
10
Santos afirma:
2
NEINB/USP - Núcleo de Pesquisas e Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro.
12
cotidianos.
silenciosamente, “con-viver”.
vez que este aproxima culturas e povos distantes, ao mesmo tempo que
aparentemente já enfraquecidos.
3
Grupo racista dos EUA que, formado por indivíduos brancos, atua, desde o período escravista, matando,
mutilando e agredindo das mais variadas formas indivíduos negros: adultos, jovens e, principalmente,
crianças.
4
Matéria divulgada pelo jornal Folha de São Paulo – Racismo na Internet – aponta que a internet abriga a
defesa e ataque a negros, judeus, indígenas, imigrantes e outros discriminados. Por intermédio de charges e
piadas racistas, estes sites defendem o separatismo racial, considerando o igualitarismo uma política errada,
mostrando-se contrários ao multiculturalismo. Folha de São Paulo, caderno 6, p. 5, 13 de maio de 1998.
15
deste trabalho.
CAPÍTULO 1
escola e sociedade
5
Nesse trabalho, Caparrós analisa dados de uma pesquisa realizada com crianças de quatro a sete anos de
idade na qual duas perguntas básicas foram feitas: Você gosta de ser menino(a)? Por quê? Para a análise, ele
divide os grupos em alta burguesia e camada média e média inferior. CAPARRÓS, Nicolás. Crises de la
Familia: Revolucion del vivir. Editorial Fundamentos. Madrid, 1981, p. 45-81.
6
Sobre socialização, consultar Berger & Luckman, 1976; Gomes, 1987, 1994; Silva, 1987; Barbosa, 1987.
20
seus filhos.
assegura:
1993, p.90).
diferentes formas.
existência.
24
7
Em outras palavras: “A identidade é formada por processos sociais. Uma vez cristalizada é mantida,
modificada ou mesmo remodelada pelas relações sociais. Os processos sociais implicados na formação e
conservação da identidade são determinados pela estrutura social” (Berger & Luckmann, 1976. p. 228).
8
In Souza, 1983.
9
Souza (1983) ao falar sobre identidade diz: “O negro brasileiro que ascende socialmente não nega uma
presumível identidade negra. Enquanto negro, ele não possui uma identidade positiva, a qual possa afirmar
ou negar. É que, no Brasil, nascer com a pele preta e/ou outros caracteres do tipo negróide é compartilhar
uma mesma história de desenraizamento, escravidão e discriminação racial; não organiza, por si só, uma
identidade negra.” (Souza, 1983, p. 77).
26
correto.
(Street-Porter, 1978).
sua volta?
inferior.
10
Citado por Street-Porter, 1978. p.50.
28
Gadotti, Brandão).
científico.11
11
No livro A origem das espécies, de Darwin, há a formulação clássica da evolução orgânica e biológica das
espécies. Porém, no campo da antropologia serão os antropólogos ingleses Sir James George Frazer e Sir
Edward Burnett Tylor e o americano Lewis Morgan que formularão conceitos sobre a unidade cultural e os
estágios diferentes de evolução e desenvolvimento civilizatório. A diferença passa a ser conceituada como
desigualdade. Para se atingir a civilização, os povos passariam, necessariamente, pelos seguintes estágios:
selvageria, barbárie e civilização. Sistematiza-se, a partir desses conceitos, a noção da hierarquia racial que se
constituiu num axioma científico do século passado, que teve como expoentes Friedrich Ratzel e o conde de
Gobineau. Consultar: Rocha, 1994.
30
1996).12
12
Aula expositiva dada pelo professor Kabengele Munanga, no curso de Pós-Graduação na faculdade de
Antropologia/USP, 2o semestre de 1996.
31
13
No Dicionário Aurélio (1988), a palavra preconceito traz essa definição: 1. Conceito ou opinião formados
antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; idéia pré-concebida. 2. Julgamento ou
opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste; prejuízo. 3. Superstição, crendice; prejuízo. 4.
suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc.
14
Citado por Jones, 1973, p. 54.
33
15
Os meios de comunicação representam um forte instrumento de propagação de racismo. Não podemos
esquecer que esses meios de comunicação existem nessa sociedade e os valores que divulgam foram também
ideologicamente camuflados, podendo assim estar trabalhando pela desqualificação do “diferente”, sem se
dar conta, sem refletir sobre o papel que estão desempenhando ao mostrar e reforçar implícita ou
explicitamente os aspectos negativos de um determinado grupo ou indivíduo estigmatizado. Os programas
televisivos, propagandas e jornais apresentam, constantemente, os indivíduos negros como inferiores. Ver: A
publicidade e os símbolos raciais, Jornal da USP, na semana de 09 a 12 de dezembro de 1991, p.2. Na
Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo há um grupo de pesquisadores coordenados
pela Profa. Dra. Solange Couceiro que estuda o racismo nos meios de comunicação.
34
(Crochik, 1995).
que:
de vidas.
étnico.
conhecimentos.
indiretamente.
16
Embora no ano de 1989 tenha entrado em vigor a lei 7.716/89 do deputado Carlos Alberto de Oliveira, em
atendimento às reivindicações do movimento negro, que regulamenta o dispositivo constitucional que pune
práticas racistas. Para Silva, essa lei representa um “expressivo avanço do ponto de vista político, no seu
suporte técnico-jurídico e deixa muito a desejar, o que tem socorrido não só os que têm cometido esse tipo de
delito criminal, mas o próprio Poder Judiciário, que não tem interesse no seu aperfeiçoamento, para não se
ver obrigado a decidir sobre fatos que o incomodam, pois atinge, na maioria das vezes, diretamente aqueles
que fazem parte das classes dirigentes” (1996, p. 128).
38
CAPÍTULO II
Brasil
40
17
Optamos pela grafia “negro” em razão de sua utilização histórica. As denominações utilizadas pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) - preto, pardo, branco e amarelo - não contemplam a
perspectiva de análise desta pesquisa. Consideramos “negros” os “pretos e pardos”, segundo as definições do
IBGE.
18
In Ribeiro, 1996.
41
os ex-escravos e seus
19
Para Moura (1994), tiraram do escravo africano e de seus descendentes, de forma definitiva,“ (...) a
territorialidade, frustaram completamente a sua personalidade, fizeram-no falar outra língua, esquecer as
suas linhagens, sua família foi desmantelada e/ou dissolvida, os seus rituais iniciáticos tribais se
desarticularam, o seu sistema de parentesco completamente impedido de ser exercido, e, com isto, fizeram-
no perder, total ou parcialmente, mas de qualquer forma significativamente, a sua ancestralidade. [...] Além
do mais, após o 13 de Maio e o sistema de marginalização social que se seguiu, colocaram-no (o
escravizado) como igual perante a lei, como se no seu cotidiano da sociedade competitiva (capitalismo
dependente) que se criou esse princípio ou norma não passasse de um mito protetor para esconder as
desigualdades sociais, econômicas e étnicas” (Moura, 1994, p.160).
42
social e economicamente.
sobrevivência e a de seus
A atual posição de
inferioridade sócio-econômica do
momento da abolição da
as desigualdades raciais
contemporâneas estão só
interiorização da discriminação
20
Para Azevedo (1996), a fama da “democracia racial” brasileira - o país da igualdade - vem desde 1816,
através de uma idéia divulgada por Henry Koster (filho de britânicos nascido em Lisboa que viveu de 1809 a
1811 em solo brasileiro) em seu livro publicado em Londres (1816). Para Koster, os brasileiros eram mais
“indulgentes” com os escravos que os europeus. No nosso século essa função foi desempenhada por Gilberto
Freire em Casa Grande e Senzala, como afirma Cunha Jr.: “A construção feita sobre o artefato de Casa
Grande & Senzala, em que as relações não seriam tensas, pois o “senhor” dormia com a escravizada.
Advogada do escravizador, por isso enaltecida e de contestações abafadas. “Eito”, “senzala” e “casa
grande”, não são uma poética construção harmônica, são relações de extrema violência. A visão entre a
casa grande e a senzala é da cozinha do escravizador, eurocêntrica iluminada pelo racismo.” (Cunha Jr.,
1995 – Jornal Folha de São Paulo, 28/07/1995, p.1 Caderno 3). Ainda sobre uma crítica do mito da
“democracia racial”, consultar: Medeiros, Maria Alice de Aguiar. O elogio da dominação - relendo Casa
Grande & Senzala. Rio de Janeiro, Achiamé, 1984. - Cardoso, Fernando Henrique. “Os livros que
inventaram o Brasil”. In Novos Estudos - CEBRAP, nº 37, Nov, 1993, p. 21-35.
44
explica:
ideologia, afirma:
21
Azevedo (1990) sobre esse fato diz: “Das conseqüências da escravatura, não temos dúvidas de que, pior
que a pobreza, a miséria, o analfabetismo, a marginalização e a doença, é... a perda da autovisão de valor.
Se qualquer forma de racismo por si só é condenável, devido aos efeitos bloqueadores que impõe ao outro, o
auto-racismo é o mais destruidor dos sentimentos, pois impede até o prazer natural de ser um ser.”
(Azevedo, 1990, p.48-9).
22
Conforme pesquisa realizada pelo Datafolha: “Racismo cordial”. Folha de São Paulo, Caderno Especial,
junho, 1995.
47
encontrando-se desprotegido
diante de situações de
violência.23
1890, no qual:
23
Pesquisa divulgada pelo jornal Folha de São Paulo aponta para a desigualdade nas condições de vida entre
negros e brancos na cidade de São Paulo. Essa pesquisa realizada com base nas declarações de óbito
registradas no ano de 1995, mostrava que os homicídios por arma de fogo são a principal causa de morte
entre negros. Morreram dessa forma 7,5% dos negros estudados, contra 2,8% dos brancos. Ver: “Negro
morre a bala e branco, do coração” Jornal Folha de São Paulo, 17 de maio de 1998. 3o Caderno, p.1-4.
48
existência de discriminação
vislumbrarem possibilidades de
alli., 1997)
24
Em anos anteriores, houve trabalhos pioneiros sobre as condições de vida dos negros brasileiros. Como por
exemplo, os trabalhos realizados nas áreas da etnografia comparativa por Nina Rodrigues (1935) e Edison
Carneiro (1937). Porém, a partir de 50, os trabalhos dirigidos pelo professor Roger Bastide provocaram uma
mudança substantiva nas linhas de pesquisas sobre o negro brasileiro. Consultar: Bastides e Fernandes, 1955.
50
dos brancos.
25
No mesmo ano o presidente instituiu o Grupo de Trabalho para a Eliminação da Discriminação no
Emprego e na Ocupação (GTEDEO) e o Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorização da População
Negra (GTI), ambos ligados ao Ministério da Justiça, com o objetivo de desenvolver estratégias e políticas
51
para o combate à discriminação racial. Ampliaram-se, assim, as discussões sobre a implantação de Políticas
de Ação Afirmativa no território nacional. Cabe-nos cobrar os resultados desses trabalhos.
26
Ver a matéria “O fim do mito” que apresenta uma pesquisa realizada pela Isto É/Brasmarket que fragiliza
a tese de uma convivência pacífica entre negros e brancos na sociedade brasileira (Revista Isto É, 04/09/96).
27
Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio (1982) – IBGE
52
negras.
p.28).
No estudo de Oliveira, as
Penso que a não percepção do racismo por parte das crianças também
de formar uma visão crítica sobre o problema. Tem-se a idéia de que não
existe racismo, principalmente por parte dos professores, por isso não se
sofrida:
humanos:
28
Depoimento de uma professora extraído do trabalho de Oliveira, 1992, p.98.
29
Depoimento de uma criança negra extraído do trabalho de Oliveira, op. cit., p.108.
30
A autora analisou 48 livros de leitura para a 4a série do primeiro grau, sorteados de listas publicadas
anualmente pela Secretaria de3 Educação do Estado de São Paulo. Ver sobre o assunto: Pinto & Myasaki,
1985; Negrão, 1987.
56
1987, p.89).
31
Também para Silva, (1995) os livros de Comunicação e Expressão do primeiro grau apresentam o negro
carregado de estereótipos, como feio e mau. Nos livros didáticos analisados pela autora os negros são
descritos e ilustrados como seres irracionais, com atitudes e comportamentos que traduzem incapacidade
intelectual. E, com desumanização sugerida, os negros têm ainda uma atuação limitada no espaço social:
quando não são apresentados como domésticos, eles são apresentados como escravos.
57
Os estudos apresentados
de elementos propícios à
curricular e veiculando
didáticos e paradidáticos.
comportamentos preconceituosos e
discriminadores. O mesmo se afirma, por
exemplo, a respeito dos meios de
comunicação, em especial a televisão,
que através da sua programação e de
propagandas insistem em colocar o negro
em posições socialmente inferiores ou o
representa através de estereótipos como
o do sambista, bom de bola etc. Contudo,
a escola tem um papel extremamente
importante na formação do jovem: sendo
um veículo de socialização primária,
goza de função ideológica privilegiada
pela sua atuação sistemática, constante
e obrigatória junto ao alunado
(Figueira, 1991, p.34).
32
Depoimento dado por uma técnica da Secretaria da Família e do Bem-Estar Social do Município de São
Paulo à Oliveira, 1994.
61
pele.
transmitir preconceitos.
62
CAPÍTULO III
3.1. A PESQUISA
65
espaço escolar.
pesquisa, a saber:
implicam desigualdades?
posteriormente, na sociedade?
33
No decorrer da análise será utilizada a palavra no feminino, devido ao fato de haver somente mulheres
trabalhando na referida escola.
67
população negra. Mesmo assim, optei por trabalhar com essa realidade, uma
socializados.
69
meio da observação, não tenho dúvida de que ele perderia muito de sua
34
O trabalho de campo foi realizado sob o ponto de vista do “participante como observador”. Nesse papel o
observador revela parcialmente o que pretende, sem ocultar no entanto seu papel de observador. Junker,
1971. Citado por Lüdke, M. e André, M. E. D.A., 1986)
71
problema, quer sob o ponto de vista das professoras, quer sob o ponto de
desenvolvimento da pesquisa.
35
Dessa soma já foram excluídos os 20 dias de recesso escolar ocorridos no mês de julho.
72
quatro áreas distintas (anexo 2): três internas e uma externa, nas quais
armários com duas portas e mais um com oito portas, nos quais as
outros.
36
Citado por Lüdke, M. e André, M. E. D. A. 1988.
73
comemorativas (por exemplo: Dia das Mães e dos Pais, juninas) e peças
teatrais.
33m2, possui quatro mesas, dez cadeiras, oito computadores, uma estante
gangorra.
uma nipo-brasileira.
cotidiano escolar.
É necessário dizer que nas três salas observadas apenas uma criança
sobre esse tema, por certo, seria um “olhar” diferente do meu. Sem
dúvida, o fato de ter sido criança negra e ter vivenciado situações muito
78
envolvido em um processo de
p.17).
seus familiares.
Assim, aos poucos, fui me tornando uma pessoa “mais familiar” àquele
37
O anexo 6 traz um quadro informativo sobre as profissionais da escola.
80
repetidos.
Tenho tanta coisa para fazer, que acho que não vai dar nem
anteriormente?
discrimina.”
desejo de interferir.
82
profissionais da educação.
concreto!”.
aprendizagem infantil.
perguntas.
38
Fala da professora Amália.
84
entrevistadas.
comentários.
aqui apresento.
86
CAPÍTULO IV
étnicas
87
(SÔNIA)
(TEODORA)
não a freqüentaram:
escola.” (ANA)
espontâneo:
correto:
bem.” (MARLI)
criança, ao reclamar para a sua professora que uma outra a havia pisado
as mãos no chão para que a outra a pisasse, em revide. O revide foi leve,
“cansativo”:
(as histórias) não mexem com ela, como algo que está
um grupo inferior e,
reconhecer participante de um
equivocada.
relações umas com as outras. Elas lembram que há crianças com problemas
trabalho.” (DALVA)
integral.” (AMÁLIA)
da sociedade e, principalmente,
importância para o
desenvolvimento do trabalho
professoras. No planejamento
dia-a-dia.” (IDALINA)
prejudiciais às vítimas do
preconceito, predomina a
dentro da escola.
99
problema:
(AMÁLIA)
pelo preconceito:
nós que somos. Você pode notar que somos nós. Pode
existência do racismo na
sociedade brasileira:
características, também é
A entrevistada destaca a
discurso, a totalidade do
indivíduo. Essa é a
constrangimento.
A própria entrevistada, no
hálito, piolho.
marcadas de preconceitos, as
a interiorização do preconceito e
da discriminação étnicas.
anteriormente:
A dificuldade apresentada
reconhecem a existência do
apresentam, contraditoriamente,
existência do preconceito e da
107
crianças:
reconhecidas:
xingam:
fez nada.”
nada faz.
elucidativo:
dizer.
qualquer traço de dúvida, o que faz com que a menina negra fique
uma criança negra, diante da amiga também negra, expressar seu acentuado
esquecida
preconceito.” (ANA)
Para uma outra professora esse tipo de assunto não deve ser tratado
que seja uma coisa séria. Mas foi uma coisa que ela
aptas a lidar com essa questão, embora reconheçam que o conhecimento foi
específicas:
39
Estou fazendo referência ao caso de uma menina negra cujos pais pediram auxílio da professora porque a
menina não queria ser negra. Este caso será relatado neste trabalho na página 123.
114
Mas uma professora negra reconhece que a escola sabe lidar com o
problema étnico :
negros.” (BRUNA)
(ANA)
problema:
enfocadas.” (DALVA)
E, em outras,
neutralizar o problema,
negro:
ruim para ela ser preta. Daí eu vou e falo: ‘Você não
distintos.
(IDALINA)
segundo plano.
conflito étnico
Os problemas se acumulam:
étnicas.
convivência multi-étnica, as
Teodora:
levou ao conhecimento da
professora.
ela não domina o seu direito de defesa. E expressa, também, a sua falta
que não foram procurados para defendê-lo. A criança age como que
a uma interrogação:
preconceituosamente também
analisa o ocorrido:
40
Citado por Nascimento, 1978, p.94.
122
triste.” (IDALINA)
A professora narra a
gravidade.
derrame facial:
tão claro que ela vai levar isso vida a fora. Ela vai
124
culpa da família, e o
educacional.
A valorização ao silêncio do
silêncio.
125
No depoimento da professora,
necessidade constante de
círculo familiar:
4.4. Naturalizando as
desigualdades de tratamento
na escola
exemplares:
toda a cena.
seus alunos negros. Essa forma de agir, até mesmo na presença das
professoras e de diversas
inteiro.” (IDALINA)
A ideologia, ao promover o
objetivo de inferiorizá-lo e
que:
Quando, durante a
prejudiciais à formação da
favorecem a cristalização de
que os professores:
As crianças se encontravam
o noticiário, a professora
comentário.
“Você precisa falar para a sua mãe prender o seu cabelo. Olha
só que coisa armada.” E falou isso em tom alto, que pôde ser
134
deixar solto desse jeito. Por que soltou? Ele é muito grande
prendendo-lhe os cabelos.
“A inculcação do estereótipo
inferiorizante visa reproduzir a rejeição
135
41
A menina se refere à apresentadora da Rede Globo.
136
negra) disse primeiro: “É. O pai dela comprou para ela porque
Desse modo:
e ela falou que queria ser mais clara que eu. A mãe
branca. ” (ANA)
Para Chagas:
138
família negra, “quer ser branca como a avó” que é mais clara.
professor:
na criança.
situação.
aceitava.” (SÔNIA)
indefesa em sua pouca idade, é apontada como aquela que deve, além de
(AMÁLIA)
parte da solução:
externo à escola:
de fora.” (DALVA)
143
casa.” (BRUNA)
garanti-la.
144
ser negro.
(SÔNIA)
ser você no lugar dele. Então, você não fala assim, porque ele
é tão criança quanto você. Porque para mim vocês todos são
“(...) para Deus, todo mundo tem uma alma que movimenta
essa nossa matéria. E, para Deus, a sua alma não é preta, não é
mais razoável:
(IDALINA)
menina Vera.
juntas brincam com suas bonecas: seis brancas, sendo três com
A familiaridade com a
perceber a existência de um
professor/aluno branco,
Observando o término de um
das professoras:
42
Observação realizada na sala de aula da professora Amália, junho de 1997. Havia na sala 22 crianças,
sendo 10 negras e 12 brancas.
150
racista”.
bastante exemplares:
as demais.
Verônica (branca): “Ai, que menina mais linda, quer ser minha
que sim.
critério de distribuição.
As crianças negras, ao
contrário, aproximam-se da
ilustrativos:
responde: “Não chore não, está calor e vai secar logo. Depois
153
para o sol.
Esse comportamento da
raciocínio é pertinente:
Ela respondeu-me que as colegas não brincam com ela por ser
professoras.
vice-versa.
convivência pacífica.
“estar bom”
mesa sorrindo.
156
e volta para o seu lugar. Mais uma vez a menina caminha até a
mesa da professora, que lhe diz: “Já disse que está bonita!”.
lição.
elogiada de forma mais profunda, ou seja, deseja receber elogios para si,
quanto foi dito às outras crianças. Assim, o objeto do elogio não seria a
“maravilhosa”.
crianças.
inteligente!”.
entre brincadeira e
violência, autoridade e
violência
sobre o ocorrido.
“Da próxima vez que eu falar com você, não se faça de tonta,
todos a ouvissem:
161
A menina retirou o seu lanche e voltou para o seu lugar. Não sei
Segundo Herne:
entendem e interiorizam
43
Citadpo por Street-Porter, 1978, p. 50.
163
acaba bem.
(IDALINA)
164
não cria problema. Acho que não é por aí. Se não você
(SÔNIA)
lhe por que eram inimigas, ela respondeu: “Não sei, elas não
se afinam”.
briguento.” (ANA)
(MARLI)
engraçadinhas:
Nas entrevistas, a
Assim, os depoimentos
possibilitaram compreender um
os conceitos e a forma
Em contrapartida, os depoimentos
incidência do preconceito e da
Senão vejamos:
negra)
reconhecimento do preconceito se
dá de modo concreto, e os
contabilizados.
não é dele, se for branco pode até ser. Ele fala que
branco pode ser dele. Ele falou para mim que se sair
amigos e vizinhos:
171
- irmã negra)
candidata a um emprego:
experiência do preconceito e da
irmã negra)
tempo que lhes confere o lugar daquele que não é bem vindo e
aceito no grupo.
“Eu achava que o branco era filho de Deus, porque todo mundo
- mãe negra)
viver.
para mim e foi conversar com uma outra mãe. E por fim
chamou e falou que eu havia dito que não era para ela
176
diferenças:
ela era quem tinha cabelo melhor; ela sempre foi bonita; ela
castigo.”
física mas não da verbal. Neste caso, não resta nada a ser feito por ela,
família. Posteriormente, a
ver, esta situação contrasta com o posto que lhe foi, e ainda
e macaco. Porém, para ele: “Não era bem xingar. Eram aqueles
tronco!’”
sujo. Macaco. Ah, macaco, você está bem? Você está indo
dela decorrentes.
182
uma única indicação. Assim, ora a família aparece como aquela que deve
– mãe branca)
Se, por um lado, ela pode ser vista com bons olhos e transmitir um
profissionais da escola.
negra)
existência do preconceito na
ao indivíduo o desejo de
formação profissional é
também a possibilidade de
inserção profissional e de
intento.
também sobressai o
entendimento da existência de
uma professora:44
– mãe negra)
Já outra entrevistada
44
Refiro-me à fala da professora Bruna, página 136 desta dissertação.
188
criança:
negra)
depois de ter passado por tal situação, ao chegar em casa, não conta para
a sua mãe o ocorrido. A criança teve que ser prensada para falar sobre a
mãe branca)
para ele. Não. Tem que ser tudo igual, porque se não
seria até pior no caso falar para ele tem que ser
da criança negra
posteriormente à situação de
preconceito. Constata-se,
os seus familiares.
mãe negra)
no meio familiar. O que pode dar às crianças a idéia de que esse assunto
negra)
CAPITULO V
na socialização
45
Fala de James Baldwin para o epitáfio de Martin Luther King Jr.
196
as seguintes indagações :
a produção escolar de cidadãos? (4) Qual o tipo de cidadão que está sendo
menos racistas? (7) Em que medida a escola está preparada para lidar com
contexto escolar?
indagações supracitadas:
sociedade brasileira.
diferenciado na escola.
preconceito e a discriminação
vida afora.
grupo negro.
espaço escolar.
Tudo leva a crer que essas crianças têm recebido o mesmo tipo de
na sua socialização.
conter os seus gestos e falas para, quem sabe, passar desapercebida num
espaço que não é o seu. A escola, penso, representa um espaço que não
empurram e as mantêm em
precocemente expropriada do
(re)significar os acontecimentos.
205
revistas e livros).
transformação da realidade.
Para Ribeiro:
Gutierrez complementa:
206
à criança o conhecimento do
207
problema e o direito de se
segmento social.
208
em que vivem.
a combater o preconceito e a
corrigir as desigualdades
discriminatórias seculares.
209
outras possibilidades.
sociais.
negros.
emprego.
marginalizadas.
46
Citado por Rosenberg, 1984, p.21.
213
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
214
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1990.
AZEVEDO, C. M. “O abolicionismo transatlântico” In Estudos Afro-
1937.
Loyola, 1993.
Vozes, 1996.
1995.
psicologia escolar. Org. Maria Helena Souza Pato. São Paulo, T. A..
Queiroz, 1986. (2ª edição) (234-57).
Oduduwa, 1996.
Brasiliense, 1994.
1935.
Loyola, 1984.
Junho, 1995.
13 de maio de 1998.
ANEXOS
223
ANEXO 1
ANEXO 2
Planta da escola
PLANTA DA ESCOLA
RUA DE ACESSO
ccxxx
ANEXO 3
18. Como você pensa que a escola deva lidar com essa
questão?
ANEXO 4
ANEXO 5
7. Como você é? Qual a cor da sua pele? Você gosta de ser assim?
Você gostaria de ser diferente? Como seria? Por quê?
14. Você contou sobre isso aos seus pais, ou à professora? Por
que? O que eles falaram?
ANEXO 6