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Resumo
Apresentamos neste artigo um breve panorama da cosmologia de 21 cm, baseada no estudo da transição hiperfina
do spin do elétron no átomo de hidrogênio neutro (HI). A distribuição de HI é um dos traçadores da aglutinação
de matéria e da formação de estruturas e é, possivelmente, a única forma de observar o Universo antes da
reionização, ocorrida em 20 ≳ z ≳ 6. Apresentamos a técnica de radioastronomia utilizada para medir a
distribuição de HI, conhecida como mapeamento de intensidade, e os requisitos instrumentais necessários para
realiza-lo e produzir um levantamento de HI em rádio, ao longo de um intervalo de redshifts 2, 5 ≳ z ≳ 0, 1.
Nesse contexto, apresentamos o radiotelescópio BINGO, que está sendo construído no Brasil e foi projetado
para medir oscilações acústicas de bárions no Universo próximo (0, 127 ≤ z ≤ 0, 449) usando o mapeamento de
intensidade da transição de 21 cm.
Abstract
In this article we present a brief overview of the 21 cm cosmology, based on the study of the hyperfine spin
transition of the electron in the neutral hydrogen atom (HI). The hydrogen distribution is one of the tracers of
the matter clustering and formation of structures and is possibly the only way to observe the Universe before
reionization, which occurred in 20 ≳ z ≳ 6. We present the radio astronomy technique used to measure the
distribution of HI, known as intensity mapping, and the instrumental requirements needed to perform it and
produce a HI survey in radio, over an interval of redshifts 2.5 ≳ z ≳ 0.1. In this context, we present the BINGO
radio telescope, which is being built in Brazil and was designed to measure acoustic oscillations of baryons in
the nearby Universe (0.127 ≤ z ≤ 0.449) using intensity mapping of the 21 cm transition.
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A cosmologia de 21 cm e o radiotelescópio BINGO C.A. Wuensche
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A cosmologia de 21 cm e o radiotelescópio BINGO C.A. Wuensche
do Universo: uma apresentação menos técnica e tron é extremamente fraca (cerca de 5×10−6 eV),
mais descritiva pode ser encontrada em [8] e uma comparada, por exemplo, com a energia de ioni-
descrição técnica detalhada é apresentada, e.g., zação do H (-13,6 eV). A frequência de emissão é
em [9, 10]. muito bem determinada: 1420,406 MHz, que cor-
A época entre o desacoplamento e a reioniza- responde a um comprimento de onda λ = 21, 106
ção é conhecida como “Idade das Trevas” (IdT), cm. Porém, essa transição é extremamente im-
uma vez que ainda não tinham sido formadas as provável, uma vez que um átomo emite um fóton
primeiras estrelas e somente fótons com energia em 21 cm a cada 1015 s (∼ 30 × 106 anos), o
correspondente ao infravermelho e pequenos aglo- que sugere o sinal extremamente fraco. Entre-
merados de hidrogênio (H) e hélio (He), em pro- tanto, o fato de existir uma enorme quantidade
cesso de crescimento, povoavam o Universo. A de átomos de H faz com que a a intensidade do
IdT corresponde, aproximadamente, ao intervalo sinal seja detectável, e mais provável de ser ob-
de tempo entre o desacoplamento (t = 380.000 servado em redshifts maiores, quando havia uma
anos) até o final da reionização (t ≈ 109 anos e maior quantidade de HI, apesar da intensidade
equivale a um intervalo de redshift 1100 ≲ z ≲ 6. decair proporcionalmente ao quadrado da distân-
Da recombinação à reionização, o Universo era cia à fonte.
constituído, essencialmente, H, He e traços de lí- A transição de 21cm pode ser observada tanto
tio (Li), na proporção aproximada de 75% para por emissão quanto por absorção, e estes dois
25%, e era neutro. A história da evolução da ma- processos são governados pela interação entre o
téria e da transição da evolução das flutuações campo de radiação local e a distribuição da po-
de densidade do reginme linear para o não-linear pulação de HI nos estados paralelo e anti-paralelo
pode ser traçada através da distribuição de HI no (conforme figura 2), dada por
intervalo de redshift 20 ≤ z ≤ 6. n1 g1
O estudo da IdT possui várias motivações, en- = eT∗ /Ts (1)
n0 g0
tre elas o estudo do Universo quando as perturba-
em que n são as densidades numéricas nos esta-
ções passaram do regime de colapso linear para
dos paralelo e anti-paralelo, g são as funções de
não-linear; a possibilidade de encontrar estrelas
partição, T∗ é a temperatura do meio e Ts é a
muito antigas (as chamadas "Pop III") e estudar
"temperatura de spin", que define o número de
a influência dos primeiros quasares e estrelas ex-
ocupação relativo entre os 2 níveis hiperfinos. Ts
tremamente massivas em sua vizinhança.
é a variável relevante para que o sinal de 21 cm
A cosmologia de 21 cm é, provavelmente, nossa
seja diferente de zero.
melhor aposta para estudar os fenômenos acima
O deslocamento Doppler devido às distâncias
numa época do Universo em que os objetos for-
cosmológicas faz com que a frequência de emissão
mados encontravam-se tão distantes de nós que
da transiçao de 21 cm seja deslocada para valo-
o sinal emitido é praticamento inacessível para
res mais baixos. Assim, a frequência de detecção
os instrumentos existentes hoje. Mesmo na pró-
definida pelos radiotelescópios que estiverem ob-
xima década, talvez somente instrumentos com o
servando a distribuição de HI seja imediatamente
nível de tecnologia do James Webb Space Teles-
transformada em informação sobre a velocidade e
cope atinjam a sensibilidade para detectar sinais
a distância (ou redshift) da fonte emissora. Por
na faixa óptica ou infravermelha, cuja intensidade
simplicidade, sempre vamos nos referir à "linha
permita o estudo detalhado dos fenômenos de for-
de 21 cm", mesmo quando estivermos falando de
mação de estruturas que ocorreram no final da
medidas cosmológicas, cuja frequência observada
IdT.
será sempre inferior à 1420 MHz.
Um radiotelescópio mede a temperatura de bi-
2.1 A Física da transição hiperfina de 21 lho, Tb , cuja intensidade na origem é reduzida em
cm função do redshift:
Apesar de ser o elemento mais abundante do ′
Tb (z) = Tb (z)(1 + z)
Universo, a detecção de HI em distâncias extra- (2)
galácticas e cosmológicas é uma tarefa bastante = Ts e−τν + Tγ (z)(1 − e−τν )
desafiadora, uma vez que a intensidade da transi- Nesse contexto, Tγ é a temperatura da CMB e τν
ção hiperfina causada pela inversão do spin do elé- é a profundidade óptica para uma nuvem de H, e
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A cosmologia de 21 cm e o radiotelescópio BINGO C.A. Wuensche
Figura 2: Linha do tempo do universo, com os principais eventos da história da formação de estruturas as-
sociado ao comportamento do hidrogênio. Em destaque, a linha do tempo da transição de 21 cm. Fonte:
https://www.discovermagazine.com/the-sciences/chasing-the-universes-first-generation-of-stars
Tγ(z)
δTb (ν) ≈ 9XHI (1 + δb )[1 − ]
TS
(4)
H(z)/(1 + z)
(1 + z)1/2 [ ] mK
dv∥ /dr∥
Os termos na primeira linha da eq. 4 correspon-
dem às contribuições astrofísicas: XHI é a fração
de HI, (1+δb ) descreve o excesso de densidade
de bárions, Tγ(z) corresponde à temperatura da
CMB no redshift z e TS é a temperatura de spin.
Figura 3: Esquema da transição hiperfina do átomo de Os termos na segunda linha descrevem as con-
hidrogênio. tribuições cosmológicas: H(z) é o parâmetro de
Hubble, e dv∥ /dr∥ corresponde ao gradiente de
velocidade da distribuição de HI ao longo da li-
pode ser expressa em termos dos coeficientes de nha de visada. TS é determinada pelo campo de
Einstein. Um observador está interessado nas flu- radiação em que a distribuição de H está imersa,
tuações da temperatura de brilho δTb = Tb − Tγ . e flutua em torno de Tγ(z) .
Considerando uma pequena profundidade óptica, A diferença entre ambas determina qual será o
a eq. 2 pode ser reescrita na forma: processo dominante: absorção, emissão ou ausên-
cia de flutuações em Tb . Para redshifts maiores,
Ts − Tγ (z)
δTb (z) = τν (3) Tγ(z) = TCM B e emissão é o processo dominante.
(1 + z)
Para redshifts menores, Tγ(z) = TLy−α é a absor-
Fazendo algumas considerações sobre a expressão ção que domina.
para a profundidade óptica em termos de variá- É possível definir TS como uma combinação li-
veis astrofísicas e cosmológicas, conforme discu- near de várias temperaturas, em que cada uma
tido em [5,6], podemos escrever a temperatura de domina numa certa época. Os processos físi-
brilho na forma: cos relevantes ocorrem sempre em contraponto
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A cosmologia de 21 cm e o radiotelescópio BINGO C.A. Wuensche
à temperatura do campo de radiação da CMB, MIG (por efeitos de emissão Ly-α e raios X) im-
e são, essencialmente: a interação direta com a plica numa distorção da curva mostrada na fig. 4,
CMB (que produz, principalmente absorção, mas que pode indicar fenômenos exóticos como o de-
também emissão estimulada), o acoplamento co- caimento de matéria escura, espalhamento entre
lisional, principalmente entre átomos de H, mas bárions e matéria escura ou emissão de raios X
também entre H e HE, e o efeito do espalha- por buracos negros primordiais [14]. Resultados
mento por fótons Lyman-α, conhecido como aco- que contemplam a interação entre matéria escura
plamento Wouthuysen-Field (W-S), quando a ab- e bárions, por exemplo, foram reportados em [15]
sorção e reemissão de fótons Ly-α misturam os e discutidos em [16, 17].
estados hiperfinos. O efeito W-S é discutido em A temperatura do HI é extremamente baixa
detalhes em [11]. Na condição de equilíbrio, (E21cm] = 5, 9 × 10−6 eV, o que implica em
T21cm = 0, 068K), o que implica qualquer pertur-
−1
Tγ−1 + xα Tα−1 + xc TK bação no campo de radiação causado por fontes
TS = , (5)
1 + xα + xc de UV ou raios X atrás da região de HI altera Tb .
em que xc é o coeficiente de acoplamento colisi- Podemos tratar a transição em 21 cm como um
onal para a interação H-H e H-e− e xα caracte- calorímetro extremamente sensível a processos fí-
riza o acoplamento W-S. Tγ é a temperatura da sicos que modificam TS .
CMB, Tα é a temperatua do campo de radiaçào
Ly-α e TK é a temperatura cinética associada
campo de radiação ultravioleta. Uma descrição 4 Mapeamento de intensidade: uma
bastante detalhada deste processo pode ser en- forma eficiente de medir a distribuição
contrada em [12]. A evolução das flutuações de de HI
Tb (eq. 4) em função dos termos da eq. 5 e sua as-
sociação com os processos físicos correspondentes Levantamentos de galáxias nas faixas óptica e
pode ser vista na figura 4. infravermelho do espectro eletromagnético são ex-
Tb é a grandeza mensurável relevante na cos- tremamente eficientes no estudo da estrutura em
mologia de 21 cm. Ela é diretamente derivada grande escala no Universo próximo (z ≲ 2) e, en-
da equação de transferência radiativa (tratada tre os resultados de grande impacto das últimas 3
em diversos livros-texto de física e astronomia, décadas com estes levantamentos, podemos citar
e.g., [13]). A seguir veremos como essas medidas a detecção de BAO [18–20].
são feitas e como interpreta-las à luz do modelo Levantamentos espectroscópicos no óptico são
cosmológico padrão. feitos a partir da separação da radiação coletada
pelo telescópio por um espectrômetro em dife-
rentes comprimentos de onda. Eles são extrema-
mente eficientes na identificação dos redshifts de
3 Os observáveis cosmológicos
objetos individuais, mas requerem anos para a
As flutuações na distribuição de HI permitem produção de um catálogo de boa qualidade, de-
traçar a evolução da dinâmica da matéria e da vido ao tempo exigido para observação e determi-
formação de estruturas, quando as perturbações nação do redshift de cada objeto. Levantamentos
da matéria encontram-se no regime não linear, fotométricos estimam o redshift a partir da me-
permitindo que o estudo da emissão difusa em 21 dida da intensidade com diferentes filtros (cor-
cm coloque o modelo ΛCDM à prova. Da mesma respondendo a bandas de comprimento de onda
forma que as flutuações da CMB, em z=1100, diferentes) no óptico e no infravermelho. A deter-
e levantamentos das estrutura em grande escala, minação da intensidade × comprimento de onda
em z < 1, a distribuição de HI em z > 10 pode ser para cada filtro fotométrico é calculada e com-
usada como sonda cosmológica. Entre a superfí- parada com a intensidade modelada a partir de
cie de último espalhamento e a época da formação uma biblioteca de modelos de síntese de popula-
dos primeiros objetos, a linha de 21 cm é o único çao estelar em galáxias, escalonados para diferen-
observável cosmológico a que podemos ter acesso. tes redshifts.
Já vimos que Tb depende sensivelmente das Levantamentos de galáxias são ferramentas ex-
condições do MIG (sec. 2). Qualquer alteração tremamente poderosas, mas possuem algumas de-
no cenário padrão de absorção ou aquecimento do ficiências intrínsecas. Por exemplo, a resolução
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Figura 4: Cima: Representação do processo de ionização do meio intergaláctico (MIG) em função do tempo cósmico.
Na escala de cores, preto corresponde à ausência de flutuações, azul indica um MIG frio e vermelho, um MIG aquecido.
Baixo: Flutuação da temperatura de brilho Tb nas diferentes épocas, com os efeitos relevantes à variação de TS e as
componentes da eq. 5 identificados. Para referência, o eixo x representa as frequências redshiftadas de observação do HI,
permitindo uma associação direta com z e com o tempo cósmico. Adaptada de [6].
angular da ordem de segundos de arco permite da ordem de dezenas de Gpc3 , na escala de tempo
gerar imagens com uma qualidade de detalhes as- de um ano.
sombrosa, mas a mesma resolução faz com que a Essa opção é bastante vantajosa para estudar
cobertura profunda de uma grande região do céu objetos muito fracos ou muito extensos (muito
(> 10%) leve vários anos de observação. Um ou- maiores que o campo de visada do telescópio) e
tro ponto é que os levantamentos produzem catá- possibilita o estudo da formação e evolução uni-
logos de objetos individuais, não utilizando boa versal de galáxias. Levantamentos de IM feitos
parte do sinal coletado pelo telescópio durante as com radiotelescópios com resolução angular da
observações. ordem de ∼ 30′ − 1◦ , correspondentes às esca-
Uma alternativa recente aos grandes levanta- las cosmológicas de interesse (como a escala de
mentos ópticos é a técnica conhecida como mape- BAO), permitem que uma grande área do céu seja
amento de intensidade (em inglês, intensity map- observada e que toda a radiação emitida numa
ping - IM), bem estabelecida ao longo da década determinada transição atômica seja utilizada no
passada (ver, e.g, [21–24]) e apontada como uma IM, independente da emissão ser difusa ou con-
área promissora na seção "Discovery Areas"do centrada em um único objeto.
"Decadal Survey 2020", publicado no final de O espectro de potência do IM pode ser escrita
2021 [25]. IM permite o mapeamento de volumes como:
muito maiores do Universo de forma mais econô-
mica e rápida, medindo todas as fontes que emi-
tem em uma determinada frequência, em vez de Pk (z) =< I(z) >2 b2 (z)Pm (k, z) + Pshot (z) (6)
detectar objetos específicos, visíveis apenas acima
em que b refere-se ao bias na aglutinação da ma-
de um determinado limite de fluxo.
téria emissora, Pm (k, z) é o espectro de potência
Adicionalmente, a observação de uma grande da matéria e Pshot é o espectro de potência do
fração do céu (10 − 40%) e a escolha de um inter- ruído, caracterizados por:
valo de frequências que permita uma boa profun-
Z ∞
didade radial em termos do redshift de interesse
I( z) ∝ LΦ(L, z)dL
(tipicamente da ordem de centenas de MHz, em
Z0 ∞ (7)
frequências abaixo de 1 GHz), possibilita o ma- 2
peamento de um volume signficativo do Universo, Pshot ∝ L Φ(L, z)dL
0
6
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dos cosmológicos. A banda de radio frequências são aceitável e a presença de emissores nocivos
(RF) abaixo de 1 GHz é dominada por emissão à atividade do radiotelescópio. No caso especí-
sincrotron e emissão livre-livre (bremsstrahlung), fico do radiotelescópio BINGO, os critérios defi-
cuja intensidade, em 1 GHz, é ∼ 103 − 104 mais nidos para essa zona de exclusão são apresentados
intensa que o sinal de HI. em [31].
A emissão de radiofontes extragalácticas e da Ainda assim, mesmo que fosse possível remover
CMB também são potenciais contaminantes do todos os foregrounds astronômicos e a contami-
sinal de 21 cm e devem ser removidos antes da nação humana em RF, o principal requisito para
produção de um mapa para fins cosmológicos. uma boa determinação do sinal de 21 cm atra-
Este processo é conhecido na literatura como se- vés do IM é uma medida que amostre um volume
paração de componentes; discussões detalhadas grande do Universo. Particularmente, medidas
sobre limpeza de foregrounds, separação de com- que explorem escalas da ordem de 1 Giga parsec
ponentes e aplicações/análises simuladas em ex- (Gpc) ou mais, na direçao radial, são fundamen-
perimentos podem ser encontradas, por exemplo, tais para estudos cosmológicos, por permitirem o
em [27–30]. estudo da evolução da aglutinação das grandes es-
Um exemplo da superposição de foregrounds truturas do Universo. A próxima seção discutirá
em uma simulação de experimento medindo a os instrumentos utilizados para essas medidas.
emissão de 21 cm em 150 MHz, com as intensida-
des de cada componente pode ser vista na figura
7. Note que a intensidade correspondente a Tb é 5 A instrumentação para a cosmologia de
10mK, cerca de 50 vezes mais intensa do que o 21 cm
valor estimado para δTb (∼ 200µK).
Os objetivos científicos de um levantamento via
IM definirão o tipo de instrumentação adequada.
Se considerarmos formação de galáxias e a época
da recombinação, certamente instrumentos ope-
rando em frequências mais baixas e com boa re-
solução angular são a escolha adequada. Se consi-
derarmos o estudo da EE, instrumentos operando
em frequências acima de 700 MHz (z ≤ 1) darão
melhores resultados.
BAO e RSD podem ser bem determinados no
intervalo de número de onda 0, 07 ≲ k ≲ 0, 5
(sendo k = 2π/λ). Para redshifts mais baixos
(frequências mais altas) a interferência de RF será
um problema maior do que para redshifts maiores
Figura 7: Ilustração de diferentes componentes de fore-
grounds para um experimento de 21 cm em redshift cor- (frequências mais baixas) que sofrerão com uma
respondente à frequência de 150 MHz. Adaptada de [28]. resolução angular pior e uma emissão galáctica
muito mais intensa, como discutido na sec. 4.1.
Um segundo problema, que vai se tornando Os interferômetros são os instrumentos mais
mais complexo de lidar com o passar dos anos, adequados para realizar IM na resolução angu-
é a interferência gerada pelo grande número de lar de ∼ 0.5◦ , cobrindo áreas muito grandes do
serviços de RF disponibilizado pelo homem em céu. No entanto, eles também exigem hardware
bandas antes reservadas para a radioastronomia. caro, uma eletrônica sofisticada e sistemas de cro-
Além da escolha de um sítio distante de gran- nometragem para fazer as correlações necessárias.
des centros urbanos e de estratégias para evitar Várias abordagens foram propostas para realizar
os sinais emitidos por "transponders"da aviação pesquisas de IM usando arranjos de interferôme-
civil e por satélites geoestacionários (um grande tros em vez de um único refletor (veja, por exem-
problema em sítios localizados próximos à linha plo, [32, 33]).
do Equador), é sempre adequado a solicitação de Telescópios com um único refletor (doravante,
uma zona de silêncio em torno do sítio escolhido, do inglês, single dish - SD) e receptores estáveis
com raios de exclusão delimitando o nível de emis- podem ser uma abordagem de custo significativa-
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ASKAP
103
102 Tianlai
CHIME
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