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;l( John M. Rybash Brynn E. M IHlHhllJl, "EpJsodJ und S 'Inollll(- :01111 11111 1111 I·
Id r Adults' Autobiographical R (;1:111", Journal of Gen 1'C111sy /IO/o,vy . , 11, 1111 .1
(January 2999): 85.
30 itado em Marie A. Mills and Peter G. Coleman, "Nostalgic M m 1'1.. 11 111 1111/1
lia: A Case Study", International Journal of Aging and Humati Dev'/oJ)III('''1 1/1 I
3 (1994): 208 .
. , Becca Levy e Ellen Langer, 'Aging Free from Negative Stereotypes: Sue sl'lIl MI 111111
A morte e o processo
In China Among the American Deaf," Journal of Personality and Social Psyrho/II,' \ I,
no. 6 (June 1994) 98997. Observe, contudo, que a modernização em todo 11 111111111
de morrer
pode estar contribuindo para uma avaliação inferior dos idosos em muho 111 11
que tradicionalmente os valorizam. Ver,por exemplo, Erik Eckhol, "Hom s fOi I' 11" 11
Replacing Family Care as China Grays", New York Times, May 20, 1998; Nkhlllll 11
atravessando a ponte
Kristof "Once-Prized, Japan's Elderly Feel Dishonored and Fearful", New Yol'I( '11/11
August 4, 1997, p. AI; e Stephen Buckley, "Inheriting the Burdens of a Ch til '111
ontinent" [Africa], Washington Post National Weekly Edition, May 27-Jun 2, 11)%
:12 Citado em Paul C. Stern e Laura L. Carstensen, eds., The Aging Mind (Washlll 11'/'
DC: National Academy Press, 2000), p. 38.
3 Simon de Beauvoir, The Coming of Age (New York: W. W. Norton, 1996). Lembra-te de mim ao chegar perto
34 Citado em Lars Tornstam, "Gerotranscendence: The Contemplative Dim 11111111 1 I Onde estás agora, um dia estive.
Aging", Journal of Aging Studies 11, no. 2 (1997): 151. •• Onde eu estou, tu estarás por certo,
35 Florida Scott-Maxwell, The Measure of My Days (New York: Peng~in, 200()), 1'1 Prepara-te para a morte e me segue.
32-33.
36 Joan M. Erikson "Gerotranscendence", em Erik H. Erikson, The Life Cy ·It' (,1111 Epitáfio encontrado na lápide de um túmulo em Connecticut (1830)1
pleted, Extended Version (New York: W. W. Norton & CO., 1997), p. 127.
37 Michelle Gilbert, "Fon and Ewe Religion," in Mircea Eliade, ed., Encyclo/wtl/II 1
Religion, vol. 5, p. 386. I1 lima vez um rei poderoso chamado Gilgamesh, que governava Uruk,
38 Citado em Christie W. Kiefer, 'Aging in Eastern Cultures: A Historical Ov 'I vh 111 I cidade entre os rios Tigre e Eufrates na antiga Babilônia. Ele era
em Thomas R. Cole, David D. Van Tassel, e Robert Kastenbaum, eds., HandlHlII/, I' 11110 solitário em sua grandeza, até conhecer Enkidu, um homem inculto,
the Humanities and Aging (New York: Spring, 1992) p. 103.
I1ls ou menos de sua mesma idade. Com Enkidu em sua vida, Gilgamesh
39 Allan B. Chinen, "Fairy Tales and Transpersonal Development in Lat I 1.11
11 muito feliz e, juntos, eles saíram em uma busca heroica para matar
Journal ofTranspersonalPsychology 17, no. 2 (1985): 101-102.
40 John Bayley, Elegy for lris (New York: Picador, 2000). lumbaba, o Maligno, e aniquilar o Touro Celestial. Durante suas aventu-
41 Citado em Lars Tornstam, "Gerotranscendence: The Contemplative Dimens 1111 111 , Enkidu foi ferido e acabou morrendo. Gilgamesh ficou arrasado com a
Aging", Journal of Aging Studies 11, no. 2 (1996): 148. 01 te do amigo. Correndo grande risco, ele atravessou até o outro lado
42 Frances G. Wickes, The lnner World of Childhood, rev. ed. (New York: SlfllI I águas da morte em busca da vida eterna, para que seu amigo Enkidu
1966), pp. 257-5~. ud sse ressuscitar. Ao chegar a seu destino, ele foi cumprimentado por
43 Robert N. Butler, "The Life Review: An Interpretation of Reminiscence 111 111
11 ancestral Utnapishtim, que lhe falou de uma planta que ficava no fun-
Aged", Psychiatry 26, no. 1 (February 1963): 65-76.
o de um rio cujo nome significa "quando velho, o homem fica jovem no-
44 Erik Erikson, Childhood and Society, pp. 268-269.
'\, Robert Kastenbaum, "The Creative Process: A Life Span Approach", em Thllllll m nte". Utnapishtim disse-lhe que essa planta traria de volta o seu ami-
R. Cole, David D. Van Tassel, Robert Kastenbaum, eds., Handbook oithe HU111(/1I11/J 0, Muito ansioso pela perspectiva, Gilgamesh correu para colocar pesos
anâ Aging (New York: Springer, 1992), p. 303. os pés e desceu ao fundo do rio, onde alegremente colheu a erva má i [)
ior rósea. Em sua jornada de volta a Uruk, Gilgamesh acabou parand
ra descansar e deu um mergulho em um rio próximo. Enquant J no-
248 1110ma I\rm trono (l(11 ull tio Ou ollvolvhll 11101IIIIII\111U
240

dava, veio uma cobra e comeu a planta qu 1 linha d 'ixnc!o 1i I fll 11'1 I ,"tl 11() cxlstlss pudéss mos viver para sempre!". No último capítulo,
sem ser vigiada. Gilgamesh foi para casa sem solução paru o plollH 111I1 " 1''' 11 1I110Sas razões biológicas, ou que ascendem do corpo, pelas quais
morte e somente com a dor da perda de seu amigo Enkídu.ê I I mpr vável, se não impossível. Exploraremos algumas razões exis-
Assim termina a história de Gilgamesh, a mais antiga 1 III 1I' I II I 1 I 11 011que descendem do espírito, pelas quais isso pode ser possível, no
de importância da civilização ocidental. Essa história, escrita 111plll I 11110capítulo. Mas, por agora, considere esta pergunta: Seria real-
de argila, foi decifrada por arqueólogos britânicos no final do s culu I IItl 111 ilhor não morrer jamais? Os gregos antigos responderam a essa
e tem milhares de anos. A história de Gilgamesh cala fundo naquolr ti 1111111 m sua mitologia contando a história de Títono, irmão de Pría-
nós que a leem tantos anos depois, porque sua dor reflete nossa 1""I" I lururo rei de Troia. Eos, a deusa da Aurora, apaixonou-se pelo huma-
angústia, confusão e medo da morte. A morte é definida n IIS(' '"111 1'11011e pediu a Zeus que concedesse a ele a imortalidade, o que Zeus
como um fim que devemos aceitar por sermos humanos. É ess HI 1111 Ma' Ia se esqueceu de pedir para ele a eterna juventude, de modo
fato que acaba por unir todos os seres humanos.(A morte, como di 'l'lIono foi ficando mais velho, com os cabelos brancos a pele enruga-
historiador cultural Studs Terkel, é a única experiência que nen h11111I I I cada ano que passava, até que, por dó ou desespero, Eos o transfor-
nós teve e todos nós teremos) Sendo assim, todos compartilhamos 11111 111'111 um gafanhoto, para sempre implorando para morrer,"
incerteza coletiva sobre como será essa experiência e uma garant I 11111 1\ mensagem parece ser: Simplesmente não é natural viver para
versal- coberta, talvez, por camadas de negação - de que ela r <111111111 IlIpl' . Afinal de contas, o que se vai fazer com todo esse tempo nas
vai acontecer em algum momento de nossas vidas. c I, '? Faz parte do mistério da existência que os seres nasçam, cresçam,
Um fato óbvio que se toma bastante impressionante se voe P"II I vr-lh çam e depois morram, para ser substituídos por nova vida. Dê
sobre ele o suficiente é: a não ser que haja um grandejavanço tecnolo . h 1 I .aminhada pela natureza durante a primavera. Observe as plantas
ou um milagre divino, todos os seis bilhões e meio de pessoas que viVI'11III VI ns e verdes surgirem em tomo dos velhos e apodrecidos tocos do
planeta estarão mortos dentro de 120 anos, se não antes. Cada morte I I (I passado. A morte do velho abre caminho para o nascimento do
um drama pessoal com suas próprias emoções, sua rede de conexões soc III VII, em um ciclo interminável no mundo natural. Os seres humanos,
(ou falta delas) e sua própria história singular. Ainda assim, todas I I mo parte do mundo natural (por exemplo, parte da linha de desenvol-
mortes acabarão no mesmo, pelo menos em termos biológicos. O corp: I II 1l nto que ascende do corpo), também devem envelhecer e morrer para
co deixará de funcionar. Morrerá, decompor-se-á, e será descartad . 1'11 1 lugar a nova vida. Nas palavras de Tennyson: "Os velhos devem mor-
cada um de nós, isso acontecerá em um tempo muito específico, em ti 1111 I; ou o mundo ficaria embolorado e só geraria o passado novamente"."
momento nas próximas décadas. Se quiser, você pode consultar sites 1\1111 I é a forma máxima de geratividade, segundo Michel de Montaigne:
ternet que fazem uma tabulação de suas estatísticas vitais - idade, g 111'111 Ir lugar a outros, como outros lhe deram lugar."
situação de saúde e estilo de vida - e lhe dizem quantos anos lhe r Si 1111 É claro que as populações do mundo nunca aceitaram a morte
Um deles fornece até um "relógio da morte" que mostrará seu tempo ('//1 111 mo um evento natural, principalmente quando ela ocorre na juven-
rendo." Nem mesmo os impostos são assim tão certos, embora o humor 11 I I . Em muitos mitos no mundo, a morte é tratada como uma ocorrên-
Max Beerbohm tenha sugerido que muitas pessoas não admitem isso, I 1 1\ não natural na ordem cósmica das coisas, de modo que também ex-
brincou: "Mesmo você, leitor despretensioso, segue com uma noção v I I
minaremos esse lado da história no próximo capítulo. Entretanto, na
de que, em seu caso, de alguma maneira, a demanda final da natuu iior parte da história da humanidade, e ainda em muitos lugares do
será suspensa". 5
lindo, a morte tem sido vivenciada como parte do fluxo natural dn
da. Em Bali, cidades inteiras participam de cerimônias de cremaçt ()
Por que morremos li duram o dia todo. No México, as pessoas lembram a morte c m (','
li letos, velas e flores durante a festa anual do Dia dos Mortos. 1':111d~:tI
Provavelmente, todos nós, durante nossas vidas, experimenta 1111
I 1 s culturas do Ártico, idosos debilitados costumavam se of r ,('(r p I1 I
alguma variação do pensamento de Gilgamesh: "Que ótimo seria . ' I ceber eutanásia em reuniões públicas.
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A história da morte nos Estados Unidos lill1!>orU O%.das p ss as atualmente informem que desejam mor-
111I' I '11,isso parece improvável para a maioria delas, já que 80% das
Mesmo na Europa Ocidental e na América anglo-suxônl ' I, 111 110,'Estados Unidos agora acontecem em hospitais." Desses 80%,
foi considerada um evento natural e público por século . D 'pois r I I I1 IIldo o .irurgiâo Sherwin Nuland, autor de How We Die, quase todas
bubônica, ou Morte Negra, no século XN na Europa, a m ri' ,'r' 1111111 1'lIlIdidas das pessoas que eram mais próximas delas durante a vi-
uma obsessão cultural. As pessoas escreviam livros sobre a art · dI' 11111 II I li qLI r dizer que, quando se morre, há uma chance muito alta de
rer e se estabeleceu uma tradição cristã que aspirava a uma "'nlolll 11 I li 1\' nteça em um quarto de hospital cercado de equipamentos vi-
bre". Nesse ideal, a pessoa que estava morrendo fazia sua últim 11111111 111111 Iubos e agulhas enfiados e todo o conhecimento da ciência
são gloriosa em seu leito de morte na presença do padre, par nll' , 111 II '1111disponível, mas sem o contato dos parentes ou outros entes
os, vizinhos e mesmo estranhos que estivessem junto. Segundo o lil I Ir 111,'no momento da morte. "Os pacientes e as famílias muitas vezes
riador social Philippe Aries, "O leito de morte do moribundo s 1I III 1 I 1111 m abandonados no final da vida", diz o médico David Weissman,
mau em um lugar público, onde se podia entrar livremente. No 1'1" 11" 101 d programa de medicina paliativa do Medical College of Wis-
século XVIII, os médicos que estavam descobrindo os primeir li !lI 1111 , 111."Os médicos dizem aos pacientes que não há nada mais que pos-
pios da higiene reclamaram dos quartos dos mortos estarem clu-lo I II 11/,'r por eles, mas há''."
gente. No início do século XIX, passantes que encontravam o pad li' ti" As chances também são boas de você passar seus últimos dias com
do o último sacramento ainda formavam uma pequena procissão I I IItI -rn coma, com poucas oportunidades de refletir sobre o sentido
travam com ele no quarto do doente"." Esses estranhos esperavuru II 11I vida e de seu término. No maior estudo feito sobre pacientes mo-
temunhar uma vitória da Alma sobre o Diabo, que pudesse aUIlII'1I1I urulo em hospitais dos Estados Unidos, relatou-se que metade mor-
suas próprias chances de salvação. I 111111 dor leve a grave, que não foi aliviada por medicamentos, e 40%
Até o final do século XIX nos Estados Unidos, praticamente 11,,1 IIlIm pelo menos 10 dias em coma, conectados a um respirador
mundo morria em casa, e era comum que grupos de mulheres vi s. ( 111 lIi 'o ou em uma unidade de tratamento intensivo, separados da
casa depois de uma morte e colocassem o corpo em exposição 11I " ulln na maior parte do tempo." A disponibilidade (para quem pode
de visitas da família. As pessoas usavam tarjas pretas no braço, 'o"" I 11) de cirurgia, quimioterapia, tratamentos com radiação, respira-
vam coroas de flores nas portas, faziam visitas regulares aos cem 111I 111 I .', RCp' alimentação por aparelhos, analgésicos, antibióticos e outros
e expunham retratos e pinturas feitas no leito de morte. Quando al}\1I1111 I 'XI' s da ciência moderna que prolonguem a vida faz com que muitas
morria em uma comunidade, tudo parava por um tempo para que I lias cronicamente doentes na idade adulta avançada possam ser
periência pudesse ser assimilada e integrada. Com o início do século 111 idas vivas indefinidamente, não importando as consequências para
contudo, a morte passou a desaparecer da vista pública. Com os 1111 II1 [ualidade de seus últimos dias, semanas, ou meses de vida. Os médi-
dos de combate a doenças se tornando tecnologicamente mais efl . I': , o formados para continuar tratando a doença e nunca desistir,
as pessoas iam aos hospitais para morrer sozinhas. Em 1949, m '111" 1110quando isso significa que uma pessoa de idade terá que aguentar
das mortes nos Estados Unidos acontecia em hospitais. Philipp 1\, I 101de cirurgias, sofrer os efeitos colaterais debilitantes de remédios e
observou: I unentos e passar por outras agressões a seu corpo e sua dignidade
C) fim dos seus dias.
No decorrer do século XX, um tipo absolutamente novo de morte NUI ·111
em algumas das áreas mais industrializadas, urbanizadas e tecnologh I
mente avançadas do mundo ocidental (00') Exceto pela morte de estad 11I
a sociedade baniu a morte. Nas cidades, não há como saber qu "" parando-se para a derradeira saída
aconteceu (00') A sociedade não mais observa uma pausa; a desapariç (I ti,
uma pessoa não mais afeta sua comunidade. Tudo na cidade contlnu« Sendo assim, temos um grande dilema. Por um lado, a m li '111:1
como se ninguém tivesse morrido.? ma desenvolveu um imenso arsenal de dispositivos t nológi 'os,
'I 'I 1110111\ 1\1111 IIOIIU IlIlI 11, do (11 (/IV Ivlil! 111011111111110 Z :I

u-médlos .cdirn ru s par' prol n ar' vida humana,


pr .. uma gl IIldl 'Ilell fil 111íll I puru .ionar apoio a seu parente moribundo, as-
1>111»1
pru t \ 10 to d um m dico é curar a do nça alvar vidas. P I O\HIII I I uc 1\ 11 plan [am nt do funeral e terapia de luto para membros da
11110, !TI já observamos, envelhecer e morrer fazem part d un 1'/11 IIlflll d Ial cído. A pesquisa sugere que os pacientes de hospices têm
(' sso n rural. Quando se deve dizer que um paciente idoso nã 1','1 I I ti probabilidades do que os outros de receber alívio adequado à dor e
me is lutando contra a doença, e sim envolvido em um processo d 11101 111 unb s, pacientes e cuidadores, têm mais chances de ficar satisfeitos
r r? Infelizmente, parece que a maioria dos profissionais de saúd 'li 1'1 I 11111 os s rviços, principalmente com relação a atendimento em casa."
d uma estrutura adequada para responder a essa pergunta. Uma PI' Em um programa de hospice, orientadores trabalham com você
quisa feita em 1999 pelo Liaison Committee on Medical Education /I' I" njudá-Io a formular suas preocupações, necessidades e desejos para
v lou que somente quatro entre 125 faculdades de medicina tinha um, últlrna parte de sua vida e para o que vem depois. Eles o ajudarão a
disciplina obrigatória sobre morte e processo de morrer." uulnr de questões legais e financeiras, a fazer testamentos definindo por
Outro estudo indicou que importantes livros didáticos de medi 'I" , 11 IIU tempo você gostaria de ficar respirando por aparelhos, o que
deixavam de tratar o tema da morte e do morrer de forma franca 1111 1"1 I ia que fizessem com seu corpo e outras questões post-mortem. Darão
nesta." Outros estudos mostraram que médicos e enfermeiros reluuun uporte emocional e espiritual, ajudando você a lidar com os sentimen-
m discutir a morte com pacientes de doenças graves." I [ue surgem em cada etapa do processo de morrer, incluindo entender

Em muitos casos, os profissionais de saúde recorrem a eufemismo 11 I vida e sua morte. Ajudarão a se comunicar e mesmo se reconciliar
quando discutem e morte. Um oncologista expressou sua própria estup III1l ntes queridos e a se despedir deles quando chegar a hora. Também
fação diante desse nível de negação entre seus colegas médicos: ''A m 'I rk-ntarão você e sua família nos preparativos do funeral e em outras
fora mais comum que eu escuto os médicos usarem quapdo falam '()III 111 'tões depois que você estiver morto. À pergunta sobre como ela
profissionais de outras áreas e familiares é 'perdido'. 'Perdemos o pacicn I ópria gostaria de morrer, Dama Saunders respondeu: "Todo mundo diz
te,' ou 'tentamos ressuscitação, mas o perdemos mesmo assim'. Quando 111' quer morrer de repente, mas eu diria que quero morrer de câncer,
eu cheguei a este país, isso me pareceu bastante estranho. Eu queria dl~ orque me dá tempo para pedir desculpas, agradecer e me despedir"."
er, 'bom, não perdemos realmente seu marido, sabemos onde ele este , I li desejo se realizou e ela morreu de câncer, aos 87 anos, na instituição
só que (...) ele está lá, mas não respira mais"." Pacientes com doenç I tu havia fundado, do tipo hospice.
terminais e suas famílias parecem igualmente relutantes a levantar I1
tema da morte e do morrer. Em uma pesquisa, apenas 14% dos paciente
tinham preparado orientações antecipadas dizendo quando preferiu 11I prendendo sobre os fatos da morte
deixar de receber medidas para salvar suas vidas e indicando a pesso 1
que tomaria a decisão de terminar com a vida por aparelhos." Dizer adeus à vida pode ser mais fácil para quem tem um sólido
Por outro lado, se você planejou com antecedência, pode t r 1 onhecimento sobre as realidades da morte física. Em épocas pa Se Ias,
sorte de entrar em um programa do tipo hospice e morrer em casa ou 111 pessoas mantinham lembretes da morte, ou memento mori, pa ra
algum ambiente natural, cercado pelos seus. O movimento moderno do [udá-las a não se esquecer de que a morte chega para todos. Na R ma
hospices teve início em 1967, no St. Christopher's Hospice, em Londr , ntiga, caixões em miniatura eram passados entre convidados I U111t1
por Dama Cicely Saunders, e atualmente há cerca de 8.000 dessas inst sta como estímulo para desfrutar do fugaz momento present , ant s
tuições em todo o mundo. Sua filosofia se baseia na ideia de que as p , 11 ele escapasse para sempre. Durante a Idade Média, obcecad s p 1[1
soas que estão morrendo deveriam ficar em um ambiente que lhes d orte, tanto prostitutas quanto padres usavam anéis da morte, enquanto
apoio, geralmente em casa, e sentir o mínimo possível de dor. A inovaçí 11 l( nges dormiam em seus caixões todas as noites, como lembr t n-
d Dama Saunders foi dar analgésicos antes de os pacientes sentirem doi, t mte de seu destino. Os relógios públicos costumavam ser adornad
m vez de depois de começar ou uma hora antes do horário de visit 1 orn lemas como ultima forsan ("talvez a última [hora]") ou vulneroni
• Es cuidado paliativo, como passou a ser conhecido, foi combinado c 11' mnes, ultima necat ("todas ferem, mas a última mata"). Nos tempo
()dl nlll 1111
dll IIllVlllVllllllllllllillllllllll1
• 4 II11li 11I Arlll uon I
I I' se iuld I ti qu \ os 'i ntistas chamam d~\"I'Íl rt
IH 111' I
1110 I 'mos, nã pr i m S s r lu m rbldos '111 110,'HO oro 11I 111""
1111_ o I - ri do P SL ri r a momento em que o coraçao p~rou
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o . nh cim nto de alguns d talh s s br o pr . 'sso d(' "101111 I
I I, 1111;111 I não há respiração nem função cerebral mensura:rel,
P d ajudar a torná-Ia menos mist riosa a U .tador I. :0111" ti
1111 I " I os Iv 1 resgatar a pessoa. Por fim, se não ocorre ressuscita-
Jung em seu livro Modern Man in Search of a oul (Ilc 11\('1\1 1111111 I
111111 ti alguns minutos, os olhos ficam sem brilh~, ,a~ pupilas
busca de uma alma), "recuar da [morte] é algo p UCO SHU l'lwl,
lU tira da segunda metade da vida seu propósito"." li. li, gl bos oculares se achatam e você morre. ?
cnteno para a
11.1 limava ser uma ausência de batimentos cardíacos ou a cessa-
Segundo Sherwin Nuland, há 85% de chances d que VOI
11 I tração, mas em 1968 isso foi altera do para "morte cere bra 1",
lima ou mais das seguintes causas se chegar à idad ri 11111 I I ,11""1.,.,.,,,,,
c, ncer, obesidade, aterosc1erose, hipertensão, diabete adult , 1"11 1111 I I rumo: "Sinais da perda de todos os reflexos, falta de resposta a
m ntal, como Alzheimer ou outras demências, ou reduçã n I li' I 1I I 11" -xternos vigorosos e ausência de atividade elétrica demonstra-
infecções. A maior causa de todas é a doença coronariana, qu 1111 tllI
I
r 111\1 letroencefalograma durante um número suficiente de ho-
mata pelo menos metade de todas as pessoas nos Estados Unido ~ 111 '" então que o milagre da vida fisiológica, que começou com uma
I lula e floresceu a 100.000 bilhões de células até a idade adulta
mostra que todos os acidentes ou doenças fatais, seja ataqu ·illdf".
cídio, tumor cerebral, derrame ou assassinato, dependem d 11111 1111 I Ida, deixa de existir.
entre cinco processos fisiológicos básicos: interrupção da circuluç 11 11
porte inadequado do oxigênio aos tecidos, falha da função c r bl ti. I I
cia de órgãos ou destruição de centros vitais. "Essas são arma d(' 111 I" bom de morrer
cavaleiros da morte", diz Nuland." A questão fundamental é ar. " ) !tlllll
é necessariamente um aeróbio", segundo o médico da Grécia antlH I. 1111 Enquanto a descrição acima é sóbria, há indicações de que o ato
crates. Sem oxigênio levado diretamente ao cérebro, todos m 111'1 I1 11101 r r não se restringe a dor, desconforto e coma, e que tem um lado
dentro de dois a quatro minutos. UIVO e mesmo uma dimensão transcendente. Stephen J. Levine, fun-
Saber exatamente quando se está morrendo pode ser maf "111 \111 do Hanuman Foundation Dying Center, um grupo que presta as-
Como observou um dramaturgo, "Dez mil portas tem a morte par 1'1" 11 'ia a pessoas durante o processo da morte, testemunhou ce~tenas
homens se retirem't." Joanne Lynn, diretora do Center to Improv (, ti mortes e relata: ''A partir de nossa experiência com muitos pacientes
the Dying da George Washington School of Medicine and Health t' t 111 momento em que estão morrendo, passamos a ver que a hora da
em Washington, indica que apenas 20% de nós morrerão em uma f I .1 1111 é muitas vezes um momento de muita tranquilidade e paz. Qu~,
que isso esteja claro." Mais provavelmente, haverá uma série de dOI li' 11I frequência, mesmo aqueles que se aproximaram da morte com agi-
crônicas, hospitalizações, recuperações e recidivas antes que o fim s' 'I ti ( em momentos que a antecedem, se abrem (00') Parece que o pro-
xime. Outros 20 a 25% dos norte-americanos morrerão subitam 1111', 11 , o ,de morrer é como um derretimento, uma d'iSSOuçao.
1 ~" 27 'riern havi.do
seja, dentro de poucas horas a partir do início dos sintomas, geral 11" 111 I w série de estudos que sustentam essa visão mais positiva da morte e
de ataque cardíaco. Próximo ao fim, pode-se passar pelo que os 1111"" ) processo de morrer. Os psicólogos Karlis Osis e Erlendur Haraldsson,
chamam de "fase agônica", também conhecida como "agonias da 1111111. I xemplo, realizaram estudos sobre "visões no leito d~ morte", onde,
ou o "anúncio da morte" causado pelo relaxamento dos músculos d I 11 horas dias ou semanas antes de morrer, a pessoa ViU e conversou
ganta. Segundo Sherwin Nuland, "Nos momentos agônicos finais, o 11111" 1111 parentes mortos, teve visões de outros mundos e sent~u paz e se-
rápido do olvido final é acompanhado de cessação da respiração 011 I h nidade. Eles escreveram sobre o homem de 65 anos com cancer no es-
séries curtas de grandes respirações aflitas; em raras ocasiões (00') enrlln I mago que "olhava para cima e seus olhos brilhavam com~ se viss~ U1~iJ
mento violento dos (00') músculos da laringe causando um rosnado 11'111 ssoa. Ele falava de luz, brilho, via pessoas que lhe pareciam reais. I'.!t·
v l. Ao mesmo tempo, o peito ou os ombros às vezes se enrijecem um I 1111 lzia: 'Olá,' e 'Olha lá a minha mãe.' Depois que terminava, ele f .hnvn
• luas vezes e pode haver uma breve convulsão agônica"."
tlunnns AIIII IrollU

os olh s parias ntir multa P' '/. (... ) Aru S das "lu .lnuc ('" (·1(·( .1 I I 1I pu I I 11(111) ti do (' r -1)1'( 10 ti 11 li 11I •• , I hu II1 "1'11111 I !Clu 11 I II'V
I11Ull mal com náuseas; depois, estava s r no m pAZn.~1I 1':111 UIIII" 111 j t' 1 No/w"!lU} riu qu a' ixp ri l1'IIS ('Xii 11'(11)111 I O'WI ti I <111
r 'Ia o, uma mulher norte-americana que morria d do 11 a ArdIl(' I ,ti. 1111 (111 a 'XI ri ncia d quase m rt pod im " I k-vld IIi I falhas, sob
70 poucos anos "tinha alucinações com pessoas que haviam xph IIIt Itu I 11, SS ,d uma parte de nosso cér br ham da d giro angular,
r ntemente. Com o passar do tempo, ela tinha alucinaçõ '0111 I' I nu IIlsa d dos sensoriais para nos dar uma percepção de nossos pró-
soas que estavam mortas há muito. A cada alucinação, ela v ltnv I li' IIt I 'orpos.32 Outros pesquisadores sugeriram que as experiências de
l mpo, até finalmente estar em sua etapa de bebê (. ..) e expirou 111 I I I I rt ocorrem quando as células cerebrais morrem por falta de
posição fetal". 29 1110, ou quando o cérebro libera substâncias para a redução da dor,
Outras indicações de que morrer pode ter seu lado bom são vis: I 111 III1í1da de endorfinas. Curiosamente, o ex-mágico e debochador pro-
relatos de pessoas que chegaram perto da morte em acidentes ou d '111 I lonal do sobrenatural James Randi (The Amazing Randi) teve duas
mas foram trazidas de volta à vida pelo acaso ou pela intervenção mé I , I II 1I !leias de quase morte, ele próprio. Ele comenta: "Passei por isso
Essas "experiências de quase morte" variam de pessoa para pessoa, ma, (11 J IS v zes e me lembro bem de ver o túnel e a luz ... é o que acontece
tumam incluir uma ou mais das seguintes características: ver outros 1111111 J 11I<10 o sistema nervoso começa a relaxar"." Independentemente de a
dos, encontrar-se com anjos da guarda, sentir uma paz imensa, enconu 11 '()í1 ser cética ou crente, parece haver amplas evidências de que o ato

com amigos ou parentes que já morreram, passar por um túnel e en '(li II I 11 morrer, em si, pelo menos para alguns, pode não ser o evento terrível
a luz e ver a própria vida passar como em uma revisão. Um dos prinu-h« \I S COnsidera na consciência ocídental.>'

relatórios publicados de uma experiência de quase morte é de A 1111 II


Heim, um professor de geologia suíço que escreveu no final do . '( 111••
XIX sobre seu encontro com a morte quando caiu de uma superfí li· ,I que acontece com os cadáveres
gelo ao fazer escaladas nos Alpes suíços. Ele caiu de cerca de 20 mou«
sobre uma borda de neve. Heim escreve: . Depois que se morre, a vida continua para outros e devem ser fei-
preparativos para descartar seu cadáver. Quando alguém morre nos
Vi toda a minha vida passada acontecer em muitas imagens, como s 111 , I id s Unidos, o médico deve declarar a pessoa morta usando os crité-
um palco a uma certa distância de mim (...) Tudo estava transfigunuf , d seritos anteriormente e assinar um atestado de óbito, que então é
como se fosse uma luz celestial e tudo estava bonito, sem luto, t 111 istradr, perante as autoridades governamentais competentes. Para
ansiedade, e sem dor (. ..) o conflito se havia transmutado em amor. 1'1 11 I m dessas formalidades cívicas e algumas outras demandas, o que
samentos elevados e harmoniosos dominavam e uniam as imagens IlIdl ontece com seu corpo depois que você morre está muito relacionado
viduais, e como música magnífica, uma calma divina varria minha dlll'
, tipos de orientações que você deu a seus parentes amigos ou às auto-
(...) Então eu ouvi um golpe surdo e minha queda terminou. 3D
Indes antes de morrer. Você escolheu doar seus órgãos para ajudar pes-
Um estudo mais recente na publicação médica Lancet examinou :111 s que farão transplante? Optou por ser cremado, embalsamado ou
pidamente enterrado em um simples caixão? Você decidiu ter um fu-
pacientes cardíacos na Holanda, que tinham sido ressuscitados da mOI I
ral? Em alguns casos, sua formação religiosa pode proporcionar con-
clínica por RCp, e relatou que 18% deles tiveram experiências de qun
xto para essas e outras decisões. A maioria das religiões ocidentais, in-
morte. Muitos dos indivíduos foram profundamente afetados por sua, I
uindo o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, preveem sepultam n-
periências, mesmo anos depois, tornando-se mais empáticos e intuitivo
em terra, já que a terra é considerada a fonte original de humanida I •
com menos medo de morrer com uma crença forte no além-vida."
ra pessoas dessas religiões. Como afirma o Gênesis, 3:19: "Porqunnu
Embora as experiências de quase morte tenham sido usadas p 11 I
pó e ao pó tornarás." No judaísrno e no islã, o corpo deve s r rucn I
sustentar a crença em um além-vida - um tópico que trataremos em 1111 o mais rápido possível, em um caixão sem adornos, depoi d t 'I si 10
• s próximo capítulo - muitos céticos consideram essas experiências '0111" vado, abençoado e coberto com uma mortalha branca. Entr os hln IIIN,
• 11 Iltnlll \ 1\1111\lnflU Ilill 111110 111 I\!VlllvllWIIIIII111\1111111

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'f imad d p is d ' l r sld banhado, V 'slltl '0111 !'OU!>" • 11 I'lIpld 11, o,' I' 111 tllI 111 11 (I ('0111 111 li 1111 n 'r S' J ti 10
d('llll' ti 111111111'
g P rfurnado, decorado com flor
1111 S, coroas d flor S ahcn '(1111 •• di I.', I 111 I (li P 1111 do ' rp p rde a cor c 111' '1111\ I li> I
1)111' 1111 ' S 'It
'om raçõ s rituais e colocado em urna pira fún br .Algurnas cult \11 I 11'(' r n rrn holh IIi ('01 I, S ll1 TU . A pele se afrouxa e a m nor pr 'SSt
l'

.om o ianomâmi da Venezuela, podem cremar o corpo, ma' (\I'lull pod ' f 'l r c m qu 'a .amada superior se desprenda em pedaços gran-
o r s ntam parte das cinzas à sua sopa de banana em urna prática '1111 di S, m um proc o onhecido corno "deslize da pele".
h ida nos Estados Unidos corno "endocanibalismo". Em clima morno a quente, um corpo completamente exposto aos
Em outras culturas, o cadáver deve esperar um tempo ad <\1111"1 I k-m ntos leva apenas entre duas e quatro semanas para ser reduzido a

para ser cremado ou sepultado. Os torajanos de Sulawesi (ur~a llh I li I 1111\ squeleto. Insetos e pequenos animais fazem a maior parte do estrago,
lndonésia), por exemplo, enrolam o corpo em grandes quantid dr: li ( for enterrado entre 30 e 60 centímetros de profundidade, o corpo se
l cido para absorver os fluidos da putrefação e depois o deixam p 1I() di 11 nn formará em esqueleto em poucos meses. Um corpo adulto não ernbal-
casa até que esteja pronto para a próxima etapa do funeral. Em alPollI1 .unado enterrado a dois metros de profundidade em solo comum, em
casos, corno em certas culturas mediterrâneas, o corpo é enterrad HII~ ruixão de madeira, normalmente leva cerca de 10 a 12 anos para se de-
tornar um esqueleto, e então é desenterrado e sepultado novam 111(' I111 I ornpor até chegar a um esqueleto." Ao fim e ao cabo, dando-se o tempo
outro local, em urna cerimônia mais formal." Os zoroastrianos nã '11111 IIl'C ssário e a exposição aos elementos apropriados na natureza, o próprio
ram nem cremam o corpo humano, já que consideram o cadáver uma 11111 rsqueleto se decompõe, deixando para trás apenas pó. Jane :Hollister
te de poluição e não querem poluir nem a terra nem o fogo, Consequcuu Wheelwright, urna psicoterapeuta de 80 anos, relatou seus pensamentos
mente deixam o corpo em urna Torre de Silêncio e deixam que os alnuu obre voltar à natureza ao contemplar sua própria morte: "a minha fanta-
comam os restos. No Tibete, urna pessoa conhecida comp "quebrado I ti Ia ( ...) é derreter na natureza quando eu morrer; me tornar parte das ár-
corpos" desmembra o cadáver antes de ele ser exposto a aves de rapln I vores, parte de toda a vegetação; parte da terra e das pedras, e também
animais selvagens. Tradicionalmente, e ainda hoje, os monges bu I I t lo animais, mesmo dos répteis e dos insetos, e de qualquer outra coisa
meditam sobre esses corpos em decomposição ou imagens deles, ao 11,11 qu se mova - resumindo, tornar-me da deusa natureza"." Morrer dessa
tirem sobre a impermanência de todas as coisas vivas." 101 ma, pelo menos em termos de desenvolvimento que ascende do corpo, é
Um cadáver deixado na natureza para apodrecer passará p J' \1111 111 ralmente ser reintegrado ao material prirnevo da natureza. No próximo
série de mudanças ao se decompor, Dentro de um minuto após exph 11 r ipírulo, exploraremos o processo de morrer da perspectiva do desenvolvi-
face adquire a palidez branco-acinzentada da morte, amusculatui I d, 111 nto que descende do espírito e examinaremos corno essa etapa final da
corpo relaxa, mas em pouco tempo começa a enrijecer, inicialm 111 vida pode representar apenas o início de urna nova etapa de existência,
pálpebras, o pescoço e as mandíbulas, e depois outros músculos e
internos dentro de poucas horas. Esse processo, conhecidos com
mortis (literalmente, "rigor da morte"), resulta da cessação da ~r dru "
de trifosfato de adenosina (adenosine triphosphate, ATP), que da às ('(111 o dom da morte: a vida

Ias musculares a energia necessária para fazer com que um músculo I


A dádiva da morte é a vida. À primeira vista, isso pode parecer bastant '
laxe depois de ter se contraído. A temperatura do corpo no m~m ,'"11 " absurdo: a vida e a morte são forças diametralmente opostas; a m 111
morte começa a cair em torno de 1 grau Celsius por hora ate atm :11 representa a ausência de vida. Mesmo assim, pensado bem, pod 'mo
temperatura ambiente em um processo chamado de algor mortis ("t' 11I começar a ver a relação íntima que elas têm entre si. De um pont dI' v 11
mento do cadáver"), Também pouco tempo depois da morte, 11 I1 I ta naturalista, a morte torna possível a existência de nova vida bl: I(')glt I
omeça a apresentar manchas vermelho-arroxeadas à medida qu I I' Do ponto de vista cristão, Jesus disse: "Em verdade vos dig , IOdo Iljlll'll
lulas do sangue se rompem no que se chama livor mortis ("desc~l .1 I " que ouve a minha mensagem e crê naquele que me envi 11 H'III , ItI I
da morte"). Várias horas depois da morte, a pele perde sua elasti ItI "I eterna e não entrará em condenação; passou da morte paro li v li r'' LIII li,
udquirindo a consistência de carne de açougue, Ao contrário da p I1 t 5:24). Místicos sufistas aconselham que devemos m ri' 'I P \I I 1111 1111

'J o IhOlllll, 1\1111:
11011 tllll 1111101111
IIIlVlllvlil1t
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lHOSI ira vlv r im J) '\lS., ndo USSII11, a m rte 'iglllfi '1\ vkln. AI" 1111'11111 Paru aml ()\ I 1/(//' 1/1 .,
multo agnósucos ou at us consid ram o n ontr hUI1HlI1 • III /I ,1110111
• Vlsil • um 1II1}-1U
ol! pll "111' qu st ja morrendo e ofer ça sua 1'1 'Nl'I1~'I
.orno um estímulo para viver a vida de forma mais int gral. n o h011
d qualqu r Iounn qu ' S. 'Ja útil.
v sse morte, seria fácil cair em um estado contínuo ou um estupor S"1I1
• Fiqu m c ruato om um amigo ou parente que tenha vivido recente-
consciente.(O fato de morrermos gera em nós um impulso para d St'Olllll
mente à morte de alguém próximo, dando apoio, conforto e talvez uma
o que realmente significa viver. Todos já ouvimos histórias de p s as ((11I
indicação de serviços de saúde mental adequados, se for necessário.
enfrentaram a morte e sobreviveram, dizendo depois: "Nunca m /\('1111
• Doe dinheiro à caridade em nome de um ente querido que tenha morrido.
tão vivo!". Ao nos tomarmos cientes de nossa possibilidade de não- xis! li
cia, a morte nos força a lidar com quem realmente somos debaixo da SUpl'l
Para a comunidade
fície das coisas. Ela rompe nossa complacência e nos choca para enfr '11111
os fatos de nosso Ser em toda a sua crueza e proximidade. • Ofereça-se como voluntário em uma instituição do tipo hospice em sua
Viver de forma consciente com o conhecimento da morte pod S,'I I comunidade para ajudar a aliviar os cuidadores, prestar assistência pes-
dádiva suprema do ciclo da vida humana. Isso não quer dizer que d 'v I soal aos pacientes, dar conselhos diante da perda de entes queridos ou
mos nos tomar morbidamente obcecados com a morte, como as p sso I outros serviços adequados.
faziam na Idade Média. Muito pelo contrário. Nosso entendiment ti I • Contribua financeiramente a programas que tomem a informação sobre
morte deve servir como desencadeante da celebração da vida. Para ti a morte e o processo de morrer mais prontamente disponíveis ao públi-
guns, isso pode significar simplesmente uma maior apreciação pelo llllll co (como Americans for Better Care of the Dying, Hospice Foundation
tempo que temos aqui na terra. Para outros, pode significar morrer p 11I of America, seu hospice local, etc.).
as briguinhas bobas e interesses egoístas que tomaII}, nossos dias, p 11I • Envolva-se - ou ajude a fundar - um fórum, painel ou grupo de dis-
que possamos viver uma vida mais ampla. Para outros,'ainda, poderia sl>t cussão em sua organização religiosa, local de trabalho ou centro comu-
nificar enfrentar a morte física com a expectativa de uma existência 111,11 nitário, que faça um trabalho de conscientização sobre questões relacio-
gloriosa na vida que há depois dela. Seja qual for nosso entendím '11111 nadas à morte e ao processo de morrer.
pessoal da morte, podemos lutar para descobrir nela algo que renove 1
cure. Ao ver a morte como uma dádiva, em vez de algo a ser evitado, Jlo
demos ir além dos detalhes superficiais de nossa existência e vivenciai ti Notas
mistério da vida em todo o seu esplendor criativo.
Citado em Kenneth V. Iserson, Death to Dust: What Happens to Dead Bodies? (Tuc-
son, AZ: Galen Press Ltd., 1994), p. l.
Formas de explorar e apoiar a 2 Ver, por exemplo, Herbert Mason, trad., Gilgamesh: A Verse Narrative (New York:
Mentor, 1972).
morte e o processo de morrer
3 Ver Northwestern Mutual's "The Longevity Game", site: http://www.nmfn.com/
Para você tn/learnctr -lífeevents-longevíty
4 Ver http://www.deathclock.com. Observe que esse relógio aparece em um site co-
• Escreva um obituário para você mesmo, da forma como gostaria d .1'1 mercial e não computa informações vitais suficientes para dar uma estimativa s
lembrado. tatística precisa da expectativa de vida.
• Planeje seu próprio funeral, incluindo ambiente, rituais, pessoas, mú S De Max Beerbohm, Zuleika Dobson (New York: Modern Library, 1926), p. 208,
ca, leituras, eventos, comida e outros detalhes pertinentes. 6 Ver Bullfinch's Mythology (New York: Harper & Row, 1970), p. 207. 811/(l1r/l h'
• Faça um testamento com a ajuda de um assessor jurídico ou um progt I Mythology é a versão romana desse mito, em que Eos é Aurora e Zeus ,11'111111'1
ma de computador adequado. Além disso, crie um testamento em vkl I 7 Alfred Tennyson, Prólogo a Becket (1893). Project Gutenberg, http://WWWHIIIIII
que estipule como você gostaria de passar seus últimos dias, quem VOl berg.org! etext/9162.
gostaria que tomasse as decisões médicas se você não pudesse, que 111'11 8 Philippe Aires, Western Attitudes Toward Death (Baltimore, MJ): ,1111111 1/"1,1111
de funeral gostaria de ter, o que gostaria que se fizesse com seus resto University Press, 1974), pp. 11-12.
9 Philippe Aires, The Hour of Our Death (New York: Knopf, 1 RI), 11 ',1,11
• e outras questões relevantes .

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