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, OO:~, p. o.
:14 Prcss r I as : "Gírls Can Internalizc Negativc Body Imag s Ev n in Pr Ad I
, nl r for th Advancement of Health, March 7, 2001. httpv'/wwwcfah.org/hhn ,
AO rn smo tempo, alimentado pela indústria defastfood, pela mídía e outros fator ' Adolescência
sociais, uma epidemia de obesidade se alastra nos anos de infância e adolesc I1d I
ameaça preparar o terreno para graves problemas de saúde em mom ntn I
posteriores da vida. Ver, por exemplo Cara B. Ebbeling, Dorota B. Pawlak, e Davkl aventuras na hora
S. Ludwig, "Childhood Obesity: Publichealth Crisis, Common Sense Cure", '1'111'
Lancei 360, no. 9331 (August 10, 2002): 473-82. do lusco-fusco
35 Em alguns casos, os sintomas de TDAH (hiperatividade, impulsividade e distratlbl
lidade) são nada mais do que comportamentos típicos de meninos saudáveis ('
teriam sido considerados perfeitamente normais há 50 anos. Ver Thomas Armstrong,
The Myth oftheA.D.D. Child, pp. 31-32.
36 Philip C. Rodkin et al., "Heterogeneity of Popular Boys: Antisocial and Prosoclul
Configurations", Developmental Psychology 36, no. 1 (January 2000):14-24.
37 George Jowett foi um dos primeiros homens a popularizar o levantamento de peso Aos 15 ou 16 anos (...) passamos por grandes tempestades de sentimentos (. ..)
no início do século XX. O menino brigão do meu passado cresceu e se tornou um amor e raiva, alegria e desdém (...) passam nos sacolejando como impulsos
ator de novelas vencedor do Prêmio Emmy, que fez o papel de um advogado elétricos, engolfando o mundo inteiro e depois se retraindo até ser nada; triste-
abusivo na programação diurna televisão por mais de 20 anos~ Meus pais não J11( za, ternura, nobreza e generosidade de espírito formam a abóbada vazia no
compraram o equipamento de levantamento de peso. Atualmente, faço exercícios céu acima de nós.
na minha academia.
Robert Musil'
38 Timothy Egan, "For ImageConscious Boys, Steroids are a Powerful Lure", The New
York Times, November 22,2002, pp. AI, A22.
39 S. J. Young, S. Longstaffe, M. Tenenbein, "Inhalant Abuse and the Abuse of oth r
Drugs", American Journal of Drug and AZcoholAbuse 25, no. 2 (1999): 371-75 l!tlla das melhores peças dramáticas no mundo ocidental - Hamlet, de
40 Task Force on Education of Young Adolescents, Turning Points: Preparing America.n , 11 ikespeare - é um trabalho literário que tem deixado os críticos per-
Youthfor the 21 st Centwy (New York: Carnegie Council on Adolescent Development, pll'xos e fascinados por séculos. Mesmo assim, ela nos parece mais aces-
June 1989), p. 8. Ivcl quando temos em mente que seus principais personagens, Hamlet e
41 Mary Shelley, Frankenstein (NewYork: Dover, 1994), p. 157.
()I lia, eram ambos adolescentes. Nesse aspecto, eram muito parecidos
42 Harry Stack Sullivan, The Interpersonal Theory of Psychiatry, p. 245.
I um os adolescentes de hoje em dia, em sua fascinação com o sobrena-
43 Michael Thompson, with Catherine O'Neill Grace and Lawrence J. Cohen, Best
Friends, Worst Friends: Understanding the Social Lives of Children (New York: 11111-11, sua rebelião contra figuras de autoridade, sua instabilidade emocio-

Ballantine, 2001), pp. 59-62. 1I.1l, seu cinismo e seu recolhimento à solidão. No decorrer da peça, Harnlet
44 Ibid, pp. 60-61. romunga com o oculto quando vê o fantasma de seu pai, libera sua raiva
45 Lyn Mikel Brown e Carol Gilligan, Meeting at the Crossroads: Women's Psychology I til relação à mãe e ao padrasto, passa por períodos de depressão e mesmo
and Girls' Development (New York: Ballantine, 1993), p. 2. cogita se suicidar em sua famosa fala "ser ou não ser". Além disso, des-
46 Sydney Ladensohn Stem, Gloria Steinem: Her Passions, Politics, and Mystique (New donha a hipocrisia dos adultos com quem convive, sente-se chamado a
York: Birch Lane-Press, 1997) p. 35.
I iumir o lugar de seu pai, mas é destruído pela insegurança e tem pro-
47 Citado em Janet Sayers, Boy Crazy: Remembering Adolescence, Therapies, and
Dreams (London: Routledge, 1978), p. 67. 1>1mas contínuos para traduzir suas intenções aparentemente aleatórias
t m um plano de ação claro. Por sua vez, Ofélia tenta fazer cara de satisfei-

I , ao ser altemadamente amada e desprezada por Hamlet, mas acaba se


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1('11 Indo m um mundo p 'Iko f III! tN ()'() <111' S' pa '(' lIlIl pou 'o COI\I 1111ti IV I I gl nduln plru 1 tllI 1\ llb rar duas C rrn d g nad tr pina: h r-
('Nquiz fr mia, n fln I s C)<1 rn um h 'o, 11\ 11 n IUl lniz nt h rm n10 stimulador de folículos. Essas substâncias
Ess omportam ntos nos par c m stranharn nt familiar p I 'lU (lIIkIlS, por sua vez, ativaram os ovários e testículos para produzir
qu n l mbram de experiências que se desenvolveram de alguma C r IIdtOg I i s estrogênios (hormônios sexuais), bem como os esperma-
111<1 durant nossa própria adolescência ou a de um amigo. O fato de qu ' t I/,old óvulos que possibilitam a reprodução. A puberdade chegou!
l larnl t Ofélia tenham fracassado em suas respectivas tarefas de desen- essa nova fase do desenvolvimento será saudada com alvíssaras
v lvimento - ele foi assassinado e ela se suicidou - serve apenas para su- uomb tas ou repelida não depende da genética, e sim do entorno
blinhar a natureza acidental dessa passagem dramática da adolescência ultur 1.2 A menarca (primeira menstruação) de uma menina na cultura
( idade adulta. Todos conseguimos passar por esses anos para estar len- IIVllj , por exemplo, provavelmente seria tratada com alegria geral por
d este livro agora, mas houve um momento em que parecia que o mun- I ru ' dos membros, por ser um sinal de se tornar mulher. Em outras cul-
do acabaria, e, em certos aspectos, foi isso que aconteceu. IIIIIIS, contudo, as reações podem ser mais silenciosas. Anne Frank, escre-
, 11 10 em seu diário durante a ocupação nazista da Holanda, expressava
, nt imentos ambivalentes com relação à menstruação: "Cada vez que
Os perigos da puberdade 1111nstruo, sinto que, apesar de toda a dor, desconforto, nojo, tenho um
dl)('(' segredo." E, para muitas meninas, a chegada da menarca foi acom-
Lá estávamos nós, na infância avançada, navegando em corpos pú- 11 mhada de confusão e mesmo desdém. No livro Menstruation and Meno-
beres que estavam sempre crescendo, mas de forma normal e tranquila, I'tll/se, de Paula Weidegger, uma mulher entrevistada com relação a sua
tudo indo bem, quando, de repente, parecia que alguém tinha apertado xp riência com a menarca relatou: "Eu não tinha qualquer informação,
um botão em nosso corpo sem nossa permissão e desencadeado todos os
111'111ideia de que ia me acontecer alguma coisa (...) [quando começou]
tipos de eventos, que saíram em uma espiral descontrolada Braços e
I< 11 i que estava para morrer de hemorragia interna. (...) O que fez mi-
pernas saltavam em todas as direções. Espinhas saíam não 'se sabe de
Ilha mãe, tão instruída? Leu uma história raivosa sobre a coisa má, ma-
onde. O suor das axilas escorria pelas camisetas e vestidos como se-fos-
IIxna, imoral que eu era para começar a menstruar aos 11 anosl'"
sem as Cataratas do Iguaçu. Pelos brotavam como capim em lugares
A situação dos meninos é ainda mais problemática. Há muito pou-
secreto~ Novos odores começavam a atrair a atenção de cachorros e
IIIS precedentes na cultura moderna dos Estados Unidos em que se dis-
ofendiam membros da família. Para meninos e meninas, novas dores e
1 rua com um menino sua semenarca (sua primeira ejaculação). Nos pou-
aflições, novas sensações, além de emoções poderosas e novas, surgiam
IIIS estudos que foram feitos sobre o assunto, os meninos geralmente re-
em nossos corpos. Às vezes, parecia que a única opção era nos segurar-
lutavam em discutir suas experiências com pais ou colegas." A psicana-
mos com força para não cair.
No sentido biológico, era quase que literalmente um renascimento. A I sta britânica Janet Sayers conta a lembrança de um homem confuso
tripla interação bioquímica que dá início à puberdade - hipotálamo, glân- rorn o evento:
dula pituitária, órgãos sexuais - começou a trabalhar durante a vida fetal e
Eu tinha onze anos (. ..) pode ter sido depois disso (... ) provavelmente na
a segunda infância. Em lugar de nos transformar em adolescentes aos seis
primavera (...) pode ter sido no inverno ... poderia ter sido no outono, eu
meses de idade, contudo, esses processos se ocultaram por quase uma dé- não me lembro (... ) Eu dancei muito perto de uma menina muito atraente.
cada antes de ser reativados pouco antes da adolescência. A seguir, guiados Eu era criança. Ninguém tinha me falado que se poderia ejacular em sonhos
pela genética, nutrição e fatores como estresse e dinâmica familiar, trans- eróticos. Eu não sei nada de nada. E naquela noite eu tive o meu primeiro
formações complexas na neuroquímica do cérebro iniciaram uma renovação sonho erótico (. ..) E aí eu acho que juntei dois mais dois. Mas é muito
do processo. Ativado por um gene ironicamente chamado de KiSS-I e pelo desconcertante não saber bem o que está acontecendo (...) era beijo,
neurotransmissor que ele codifica (kisspeptina), o hipotálamo secretou uma estímulo sexual e depois tudo vinha abaixo."
• substância chamada hormônio liberador de gonadotropina (GRH), que esti-
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I S '11" I ' () I· V" I nha qu S 111 lu I1U por I li, 11. I ndu 11 o fornm compl num 1'11 11'1 talad li' Isso ajuda a xpli ar
xp ri nci qu t v quand linha quatr an f i "p go" P(>I I I'" leias rnudan a d humor da adol scência. Em alguns aspectos, a
n ujando as calças. Os m ninos geralmente não t m um c n ••I \I lklad mocional da segunda infância se reafirma nos anos da ado-
I 'xt s ia) para comunicar esse tipo de informação aos outros. Como 11 , IId ,o que pode ser um problema grande já que uma coisa é um bebê
.om ntou um pesquisador, "imagine um menino norte-americano ch - 1II 11111 a sso de raiva, mas é muito diferente o mesmo tipo de raiva ser
gando na mesa do café da manhã e exclamando: 'Mãe, adivinha, tive I I (S5 do na estrutura física de um garoto de 16 anos e 90 quilos. As
!TI u primeiro sonho erótico esta noite. Agora eu sou homem"'. Em con- I' .011 podem se machucar e, de fato, machucam-se. A faixa etária dos
traste, um estudo sobre a semenarca na Nigéria indicou que a maioria I,,!t's entes é a que tem as taxas mais elevadas de crimes violentos, aci-
dos meninos entrevistados relatou ter contado a alguém (pai ou amigos I IIt! S de carro e suicídio. Eles também têm um risco alto de agressão,
sobre sua primeira ejaculação.? t IIp!' ,ataques de pânico, transtornos alimentares, abuso de substâncias,
Como se não bastasse ter que lidar com essas primeiras experiên- I pl são grave e esquizofrenia - um transtorno que originalmente se
cias de puberdade, a maioria das pessoas tem sua primeira experiência h.unava de dementia praecox (demência precoce) porque muitas vezes co-
sexual nos anos da adolescência (nos Estados Unidos, a média de idad nu ,íl na adolescência e no início da idade adulta.
é 15,8 anos)." Esses eventos raramente correspondem às expectativas
dos adolescentes. Mais comumente, a experiência do primeiro sexo com
outra pessoa envolve desconforto, vulnerabilidade, confusão e, às vezes, M rgulhando no inconsciente
até mesmo coerção. Isso se aplica principalmente às mulheres. Em um
estudo, quase 1 em cada 20 mulheres informou ter sitio forçada a su Um analista junguiano chegou a sugerir que toda a experiência da
primeira relação sexual na adolescência, e quase um terço das respon- doI scência pode representar, ela própria, uma forma leve de esquizo-
dentes disse que não queria que acontecesse quando aconteceu. Uma li, ni transitória." Ao sair do mundo feliz do adorador de cavalinhos e
aluna do segundo ano do ensino médio descreveu sua problemática pri- 111" ionador de selos, a ex-criança começa a escorregar para a escuridão
meira experiência sexual com seu namorado: "Eu achava que tinha qu I", vescente e taciturna do subconsciente. Como observamos, está em
corresponder a tudo o que ele dissesse, sabe como é, coisas que um ndamento uma espécie de regressão a estados anteriores do d s nvol-
menino e uma menina devem fazer, então, quando veio o sexo, eu fiz 111 .nto. Parece quase como se o adolescente estivesse parando por um
sem pensar (...) eu só fiz porque, talvez porque ele queria, e eu estava t IlIpO em sua jornada rumo à idade adulta para ver se deixara alguma
sempre tentando agradá-lo e, tipo assim, ele era muito ruim, pensando olsa para trás antes de seguir adiante em direção ao desconh cido. As-
agora. Eu era tipo burra, porque eu fiz tudo por ele e ele simplesment 111, ele começa a abandonar algumas das tarefas que vinha realizando d
me tratou como se eu fosse nada". 9 111I ma tão diligente durante a infância avançada. Ele volta - alguns diriam
Ao mesmo tempo em que é glorificada pela mídia como um evento 'Ili! é empurrado - à segunda e à primeira infâncias, em uma tentativa d
"legal", "excitante" ou "fascinante", a experiência do sexo para muitos , 11I ar conflitos emocionais mal resolvidos, enfrentar pulsões instintivas
adolescentes costuma ser uma mistura de emoções complexas e contra- 1'0<1 rosas e buscar e recolher aquelas sementes há muito ocultas de um
ditórias, assim como grande parte do resto de sua vida. Isso acontece em "'!autêntico mais profundo para continuar rumo à vida adulta.
muito porque os centros emocionais nas profundezas do cérebro - cha- Como regra geral, esse não é um processo trivial." É comparável a
mados coletivamente de sistema límbico - são acionados para alta ativi- tuna descida à barriga da baleia, uma excursão à caverna do dragão ou
dade na puberdade, enquanto os lóbulos frontais, aquelas áreas do neo- 11111 voo ao olho do furacão. É uma jornada perigosa em que o adoles-
córtex detrás de nossa testa que comandam a reserva, a reflexão e a con- 'C nte pode ser mutilado ou destruído por seus próprios instintos descon-
tenção, não amadurecem antes dos 20 anos ou mais.'? Isso quer dizer 11 olados ou por seus encontros com fragmentos arquetípicos de suas
que, pelo menos desde o período entre 12 e 20 anos, o cérebro do ado- c runda e primeira infâncias. Mais uma vez, ele tem que enfrentar e,
• lescente médio está pisando fundo no acelerador emocional enquanto os ora, vencer de uma vez por todas os monstros e divindades de sua
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própria odisseia pessoal, in .luin 10 C I( I, I I d'ltOl I 111xl1J i 'u; 'i1a () I', lI' bllli 1I1l111 III I or 111uurkíad
' II1do p teológica. Também há aqu I' tipo
monstro marinho devorador; Pos ídon , () d('l1, dos I rr m l S UI11 ,'I nt ad I 'li' 'J1t i d mã que não apenas se mantém jovem para
111/101

panteão de outras imagens monumentais d s 'us prim ir anos de vida, seu filho, mas que também tenta manter os filhos pequenos para si(...) A
Como Odisseu, o adolescente tem que baixar ao I I d s e encontrar os filh é mantida como uma menininha; o filho talvez comece a assumir o
lugar do amante jovial."
fantasmas do passado para voltar para casa como herói.
Essas imagens em tamanho gigante exercem uma sedução mágica,
Em ambos os casos, algo mal resolvido nos pais serve como uma
quase magnética, sobre o adolescente. Essa é uma das razões pelas quais
I'l'cj de túnel de vento ao contrário, sugando o adolescente de volta a
os adolescentes são tão atraídos pelo oculto, as brincadeiras de feitiçaria,
1111 estado de dependência e imaturidade inconscientes. Um dos projetos
mitos e lendas, filosofias místicas, cultos religiosos e drogas psicodélica
111 I ais da adolescência é conquistar a libertação dessas forças retrógra-
ou que afetam o humor e criam estados alterados de consciência. Os
, I, nfrentando sua força e sua fúria, ao mesmo tempo em que se man-
adolescentes têm sede de "estados de fusão", de sentimentos de unidade
1Il um sentido de identidade individual diante desses perigos. É nesses
consigo mesmos, em que possam vivenciar diretamente essas emoções
11I0111 ntos que o adolescente pode roubar o tesouro da identidade pró-
fantasias em grande escala. Podem-se ver as marcas dessa ânsia arque-
1" I de dentro da cova do dragão.
típica em muitos aspectos da cultura adolescente, desde os nomes dos
grupos de rock (Black Sabbath, Nirvana), termos usados para drogas de
rua (Angel Dust, Superman) até os jogos de RPG dos adolescentes, como n ontrando o rito de passagem à idade adulta
Dungeons and dragons e Tunnels and Trolls. Esses nomes indicam imagens
que os vêm controlando inconscientemente durante tdda a infância, que Libertar-se do passado, contudo, não é tarefa fácil, e o adolescente
ameaçam mantê-los em um estado de dependência infantil e das quais I1 ( .isa ser ajudado a pular sobre o precipício. Por essa razão, as culturas
eles querem acabar se libertando. I " nvolveram rituais de iniciação ou "ritos de passagem" em que adul-
Em alguns casos, essas ameaças vêm diretamente da família nu- 10 que haviam sido, eles próprios, iniciados, juntam-se para ajudar a ge-
clear. Pais que não cresceram, eles próprios, ou que não avançaram para , 'ao mais jovem a cruzar esse limiar. Na Odisseia de Homero , Telêrnaco ,
criar suas próprias vidas únicas e interessantes, estão entre os piores filho adolescente de Odisseu, passa por seu próprio rito d pas ag m
casos dos tipos de forças internalizadas que buscam impedir que o ado- 111I bulento quando luta junto de seu pai para matar os pr t nd nt qu
lescente' avance emocionalmente para a idade adulta. Na clássica peça (O sam sua casa. Os ritos de passagem tradicionais, ao m mo t mp
norte-americana de Arthur Miller, Morte de um caixeiro viajante, um ho- 11I que podem ser terrivelmente brutais e politicamente incorr t s s -
mem de meia-idade, frustrado, Willy Loman, trai sua esposa em um mo- lindo os padrões de hoje, devem ser apreciados pelo menos p r sua
tel de Boston, e acaba sendo pego pela visita surpresa de seu filho ado- riativídade e sua enorme diversidade de formas de promover a "forma-
lescente, Biff. Então, o filho fica tão abalado pela infidelidade e hipocri- o do adulto". Particularmente interessantes são aqueles ritos de ori rn
sia de seu pai que se recusa a fazer um curso de verão que garantiria I1 -histórica dos aborígenes australianos e de certas partes da África qu
uma bolsa de estudos universitários. Essa decisão fundamental, nascida nda são visíveis hoje em dia, apesar da modernização.
No início desses ritos, os iniciados costumam ficar separados d
a partir do sentimento de má fé de seu pai, impede Biff de ir à universi-
dade e ter sucesso como adulto jovem. Como apontou certa vez a psica- uns mães. Às vezes, diz-se à mãe que um filho ou uma filha está mor-
nalista Frances Wickes: r ndo ou sendo devorado por um monstro divino, e o significado disso é
(I fim da infância e deixar para trás a velha relação entre mãe e filho. A
o pai que ainda é uma criança procurando em sua mulher um cuidado guir, os adolescentes costumam ser postos em alguma forma de
maternal, ou que nunca pensou por conta própria nem agiu a partir da olamento. Meninas que acabam de começar a menstruar podem ser
convicção individual, ou que trata seus filhos, principalmente as filhas, , oladas em cabanas ou barracas por um longo período. Os meninos mui-
• como brinquedos emocionais, não tem contribuição a dar quando a criança I 18 vezes são levados a espaços abertos, onde podem ficar deitados em
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rituais para r' '11. '11111
'no I sua vida arui a. burac I mb m r epr nta ÚI r ond I 11 111110,' ck ori .m ti' sua .ultura. Durante ssas representações cósmicas,
"IS rã para uma nova vida d adultos. Às v z s, os j v n ã fr 811 o Anc strais que deram à luz o universo. Eles próprios tomam
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10' m substâncias vermelhas, brancas, azuis ou pretas, qu simbolizam I' \111dlr 'lamente na renovação espiritual de sua cultura e do próprio cos-
san u ,sêmen ou fezes, para indicar que realmente morreram para SUl 1111 H f rindo-se a ritos dos aborígenes australianos, o historiador da
vid e voltaram ao estado do recém-nascido. As meninas podem s I t i.to, Mircea Eliade, observou: "A iniciação recapitula a história sagrada
I

. locadas em jaulas semelhantes a úteros para que fiquem gordas ( 1111111 IOdo. E, por meio dessa recapitulação, o mundo todo é santificado
pálidas, e ser massageadas como bebês. Os meninos podem ouvir sono 11 IIn nte. Os meninos morrem para sua condição profana e são ressus-
horríveis ou lhe podem ser mostradas figuras mascaradas, que dizem s I 11te tos m um novo mundo, pois, através da revelação que receberam du-
us ancestrais que vieram para "matá-los". 1111sua iniciação, conseguem perceber o mundo como trabalho sagrado,
Tanto meninos quanto meninas costumam ser sujeitados a mutila tlj\~.l() dos Deuses"." Sendo assim, a passagem da infância para a idade
ções dolorosas durante esses rituais. Podem-se arrancar dentes, faz 1 clllltil nessas sociedades ancestrais é vista como uma jornada espiritual, e
incisões no corpo, arrancar cabelo, esfregar plantas tóxicas na pel I \Ij\ cruzar o limiar, deve-se antes fazer contato com o terreno cósmico de
causando coceira ou largar formigas para que piquem seus corpos. Os IIId o.' s seres que definem a própria existência da cultura.
meninos podem ser circuncidados e as meninas podem ter seu clitóris 01\
grandes lábios removidos, tudo sem anestesia. Em alguns casos, podo
haver uma defloração ritual das meninas por parte de um sacerdote ou lescentes sem guias
um estranho. Por vezes também são necessários feitos dt força, incluindo
jejum, não dormir por longos períodos, matar animais ou inimigos hu Os tipos de condições descritos acima, que visam a ajudar as crian-
manos ou ser jogado ao mar e ter que voltar nadando à margem. Pró a chegar à idade adulta, estão quase que totalmente indisponíveis a
ximo ao final desses rituais, ensina-se aos novatos o legado espiritual da 101 centes que crescem em uma cultura contemporânea. Poder-se-ia
tribo, mostram-se mistérios secretos da cultura que só são acessíveis u 1 II mentar que isso é bom porque os adolescentes modernos evitam o
mulheres e homens iniciados (os dois tipos de rituais são sempre man 11\1 o sofrimento inerente a muitos desses ritos. Afinal d contas, n m
tidos separados) e recebem algo tangível dos mais velhos, como uma 1110mundo consegue passar por esses rituais, e já houve muitas mort S
joia, um cinto ou um nome para representar seu novo status como mem ell inanição, infecção, exposição e trauma para aqueles qu não stão
bros plenos da cultura. Os ritos podem concluir com uma festa ou cel 111condições de entrar para o clube." O problema, contudo, é qu o
bração coletiva para acolher o iniciando de volta à comunidade. 101scentes de hoje em dia, em sua maior parte, carecem cI qualqu r
Esses ritos de passagem, vistos em termos de psicologia moderna, muato significativo com adultos que possam lhes mostrar o caminho à
capitalizam as tendências regressivas dos adolescentes e sua vulnerabi nuuridade. Segundo o psicólogo e pesquisador da adolescência Mihaly
lidade a cenários de "vida ou morte" ao levar os iniciandos diretamente d ' ik: zentmihalyi, "Na maior parte do tempo, os adolescent s s ão
volta a estados anteriores do desenvolvimento, nos quais passam por urna 11,lnhos(26%) ou com amigos (34%) e colegas de aula (19%), pas an-
morte e um renascimento psicológicos para ressurgir como seres humanos 10 muito pouco tempo com adultos. O típico adolescente norte-america-
transfigurados em um mundo transformado. No transcorrer desse proces 11passa somente cerca de cinco minutos por dia com seu pai - n m
so, que engloba adaptar-se e lembrar-se, os iniciandos regressam aos mun- 110 de ser suficiente para transmitir a sabedoria e os valores que são
dos instintivos e espirituais do pré-nascimento, nascimento e primeira in ressários à continuação de uma sociedade civiL Menos tempo se passa
fância, e resgatam desses domínios primitivos e transpessoais os tesouros 1/1lima interação individual com um professor ou outro adulto"."
secretos que contêm o segredo de sua própria identidade. Mesmo quando há adultos presentes, o adolescente pode estar
De particular importância em muitos desses ritos de passagem é (I /lIO ional ou mentalmente removido da cena, como descobriu o próprio
jornada coletiva de retomo ao início do tempo e à fonte primordial de toda k zentmihalyi quando, em um experimento, equipou alunos de ensino
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iluno» ~ r 1111 ori ma I s a an lar III 'stlv iss un I nsand S irnpr qUI (I til 11111 11 nd nt vcsud d branco ao ser separado de meus pais em
11> Ir 'lho Vint
()'155 set alunos tiv rarn us apar lh
• i nad S <lU, 11I 11 I «1111 ( dor d hospital e isolado em um quarto vazio com barras nas
lI) stav m s istindo a uma palestra sobre a invasão da China por G nghi "' I IIi (o que foi bom, pois naquele momento eu estava acreditando que
Khan n éculo XIII, e só dois deles estavam pensando na China, um p ns I I, rll flutuar em segurança da janela do sétimo andar). O meu rito de
vn . obre o que tinha comido em um restaurante chinês algumas sernan I Ig m do tipo "faça você mesmo" incluiu uma separação da infância
unt s outro, sobre por que os velhos na China antiga usavam rabo-ele I c nti literalmente arrancado de meus pais), e um período de isola-
, valo. Ninguém estava prestando atenção ao que dizia o professor. Ia 1/'" rn um ~uar:o trancado o~de eu existia em uma es;pécie de estado
Certo, pode-se argumentar que existem fragmentos de velhos rito dI I I 111. Mas nao tive qualquer tipo de ritual de incorporação onde rece-
pa sagem ainda disponíveis a alguns adolescentes na sociedade contempo , ,IS boas-vindas cerimoniais da sociedade como adulto maduro. Em
rânea. Alguns exemplos são o baile de formatura no ensino médio, a próprln \I di. so, fui derrubado com Torazina, um psiquiatra de aparência es-
~ rmatura, cerimônias religiosas relacionadas à idade, como o bar mitzvah 011 nh I me perguntou onde havia conseguido o LSD quando eu acordei, e
bat mitzvah judaico, e eventos comurtitários, como aniversários de quinzr alia depois de três dias, sem qualquer acompanhamento.s''
anos de uma menina latino-american~as, como a maioria dos adolescente S rn o benefício dos ritos de passagem tradicionais, os adolescentes
não costuma ter mais adultos que ajudem a passar por rituais de iniciaç C) /"'111< m desafios incríveis para passar à idade adulta em segurança. O
patrocinados culturalmente e totalmente integrados, eles muitas vezes t III 111 d( que tantos consigam fazê-lo apesar dos obstáculos sugere que há

que produzir seus próprios ritos de passageIUlE os resultados são desastroso: 111I c, protetores e oríentadores disponíveis aos adolescentes na socie-
Essa necessidade inconsciente de ser iniciado pode ajudar a #explicar algum I I! Ir gmentada de hoje. Muito do ímpeto para crescer e passar ao
das mais perigosas atividades dos adolescentes que ocupam as manchete: , l!tl d idade adulta vem do contato significativo com adultos que, de
deixando os adultos perplexos e perturbados, como tomar bebedeiras, us 11 forma ou de outra, conseguiram cruzar suas próprias linhas divi-
drogas, violência de gangues, crimes de ódio e corridas de automóvel. A I I ntre a infância e a idade adulta. Parece que os adolescentes no

mulheres podem se envolver em rituais de sexo não seguro, incluindo nulo "pós-ritos de passagem" conseguem crescer (a palavra latina
uma variação do tema da roleta russa em que a inicianda deve fazer s )(Il I,'~('re significa exatamente isso, "crescer") essencialmente juntando
I ns da idade adulta positiva de onde quer que as encontrem: de
com vários parceiros sabidamente infectados com o HN; os meninos pl I
/I,'S res inspiradores, parentes saudáveis, atenciosos amigos da fa-
dem ter que conquistar sua entrada em uma gangue machucando ou
mesmo matando um membro de uma gangue rival.'? I I, r ligiosos de confiança e uma série de outros modelos positivos de
I iportamenro coletados na sociedade contemporânea, bem como na
Cada um desses comportamentos destrutivos separa os adolescente
IIlI ln passada."
de sua vida infantil de inocência e os devolve ao redemoinho de emoçõ . t
s adolescentes geralmente criam esse mosaico de maturidade de
excitações infantis. Infelizmente, porém, não trazem de volta os adolescente
111111 bastante aleatória e casual, por exemplo, em conversas semanais
desses níveis de desenvolvimento anteriores como indivíduos recém-trai I
\I 11m orientador escolar ou via aprendizagem informal com um artista
formados que então serão incorporados a uma comurtidade de adultos rn I
1111 ânico local, ou viajando com um adulto preferido. Janet Sayers
duros. Se não forem destruídas por doenças, acidentes, assassinatos ou 511
I írou as memórias de um homem na casa dos vinte, refletindo sobre
cídios a partir desses rituais substitutos, essas vítimas de ritos de passag '111
\<1lescência atribulada e o impacto positivo sobre ele de dois ho-
muitas vezes continuam como indivíduos incompletos ou membros inf
11 mais velhos: "Eles eram parecidos o bastante a deuses (...) Nat é
riores de seu grupo, gangue ou culto, e estagnam, talvez na prisão, em r I
Iigura formidável em tudo - ele parece ser inescrutável, inefável.
velas ou instituições de saúde mental pelo resto de suas vidas.
1111 pelo mundo uma ou duas vezes. Tem um QI extraordinário e uma
Eu fui um dos sortudos. Quando tinha 18 anos, tomei LSD e tiVt
mória quase fotográfica. E é artista (...) e quando eu os conheci, pen-
_ um encontro apavorante com meu inconsciente, que terminou em m '11
1(11 eles me consideravam jovem e ambicioso, mas em uma espécie
I 4 !!IOIIII AtllI hU1I1 ()III II \ !lu ,li IllvulvlllHllllu 111111111111

I' I 'ir, ' 111 V rias vi~ es 111.ulcudus 10 que .ra 10111 'IlHlU (, •• ) (
HI 11\11111'111 mllslllll 'S I.' OUI!' lS vnrlriv 'js xp rim 01 n I ducr 'M 'S 'Olll.
a S poucos, mas com ílrm za, 1 s foram lm l tirand di 'o",~~ 1II 1I1t'1I10I-I de .orda 'assim p r diant , até descobrir o fator qu influ n-
De uma forma ou de outra, individuos maduros, d mais Jdml, I I \ ( I I -sposta a corda).
proporcionam um caminho seguro à idade adulta ao oferecer confiun ' I. H.SlI .apacídade de pensar de forma lógica, sistemática e abstrata
ferramentas e habilidades especiais aos adolescentes, ou simpl sm 1111' I'"dr H'I I vada a um nível muito alto de sofisticação na adolescência.
lhes dão o dom de acreditar em si mesmos. Como escreve a PSiCOl(11 I 11111 I 1Ivls5 de algumas das maiores ideias matemáticas e científicas na
peuta Mary Pipher: !tI lell I r 'v Ia que adolescentes foram responsáveis por muitas delas.
11111o.' mat~máti:os qu~ realizaram tr~bal~os originais em seus anos
Eu costumo usar a Estrela do Norte como metáfora [com minhas di 1111 I, ulule'se ncia estao Blaise Pascal, Evanste Galois, Carl Friedrich Gauss
adolescentes]. Eu lhes digo: 'Vocêestá em um barco que está sendo jo 'lIdll ,,,1111von Neumann, um dos pioneiros da revolução da informática.
de um lado para outro pelos ventos deste mundo.~s vozes de seus pais, d,
I 111I('!tl t ve algumas de sua ideias originais em física como estudante
seus professores, de seus amigos e dos meios de comunicação podem lov 11
I I I I. i110 médio na Prússia e na Suíça. Ele visualizava como seria correr
você para o leste, depois para o oeste, e depois de volta. Para mant 'I 1I
curso, você deve seguir sua própria Estrela do Norte, seu sentido de qU1'111 I,I1IXO de um feixe de luz, ou uma queda livre em uma sala fechada
você realmente gj Somente orientado-se ao norte você poderá definir \1111 1111' P I vazio e, por meio desses "experimentos de pensamento", pro-
rumo e mantê-lo, somente dirigindo-se ao norte você pode conseguir 11til Im:ltt os primeiros esboços de suas teorias especiais e gerais da relati-
ser soprado por todo ornar. 23 !tI tde', Esse tipo de exploração lógico-matemática se apresenta em graus
I I 1I1lIC'S nas reflexões diárias dos adolescentes. Muitas crianças em sua
•• leIlr,l' ncia demonstram um ávido interesse nas linguagens de compu-
Uma nova forma de pensar le)I nos jogos lógicos abstratos, como xadrez e Go. Algumas também
1111 muito entusiasmadas com a ficção científica porque esse novo tipo
Há mais coisas acontecendo dentro dos adolescentes que os a. 11 1111'111 se deleita em explorar não simplesmente aquilo que é, mas o
dam a entrar no mundo dos adultos. É uma capacidade recém-descob II I 11" mplesmente pode ser.25 Consequentemente, suas mentes decolam
de pensar de forma totalmente nova. A partir dos 11 anos, as criam; I I 11I j'xplorações de realidades alternativas, deformações no espaço e no
entram no que o pesquisador cognitivo Jean Piaget chamou de p n: I t 1111'0,universos paralelos e mutações alienígenas.
mento formal-operacional." Agora, conseguem realizar pensamento pll I':ssa capacidade de vislumbrar o que é possível também pode abri-
ramente abstrato. Podem criar conjuntos inteiros de operações mental. , l, I pura visões utópicas e atraí-los para movimentos políticos e sociais
manipulá-los na mente sem referência ao mundo real. Por exemplo, S 111 I'" IC'fIitam seus ideais recém-formados. Foi com 13 anos que Frederick
capazes de fazer operações matemáticas (x=y + z) sem ter que se pr 'o I IlII rlu s começou a sentir profundamente a opressão da escravidão e
cupar com como essas variáveis se relacionam a algum grupo específlc I 1111 I 11meios de escapar dela. Foi com 18 anos que Vladimir Ilyich Lenin

de coisas como "casquinhas de sorvete" ou "TVs". Também são capaze I 1 111 ao enforcamento de seu irmão pelo czar envolvendo-se na política
de criar hipóteses como fazem os cientistas maduros e testá-Ias sistemn I 111 ('111. Por milênios, os governos usaram da pior forma o idealismo dos
ticamente. Dê a uma criança de 9 anos pedaços de corda de díferenu dolt'sc ntes para atiçar os fogos de suas máquinas de guerra, mesmo se
comprimentos e pesos distintos para pendurar neles, e peça-lhe que liI I m sma função transcendente motivasse os jovens a apagar esses
um pêndulo. A seguir, pergunte-lhe quais das seguintes variáveis afetum ro o.' por meio de atividades de paz, como as que ocorreram nos Estados
a taxa de oscilação do pêndulo: comprimento da corda, peso da bola 011 l luklos durante os protestos em relação ao Vietnã nos anos 60. Ao mes-
força do impulso. A criança provavelmente começará uma busca p 'li 1110 I mpo, a maturação de funções cerebrais superiores que ocorre na
resposta certa baseada em tentativa e erro. Faça o mesmo experimenrn doi .scência dá aos adolescentes a capacidade de se envolver em metar-
com um jovem de 14 anos e provavelmente verá que ele testa sistema , fh xões, ou "pensar sobre o pensar". Isso significa que eles podem co-
ticamente cada variável, por exemplo, variando cada peso enquanto 1111 çnr a refletir sobre suas próprias ações de forma mais distanciada.
111U1I1I AIIII !lUII Odl IIII dllllll tlllvolvlllHllllu 1111111 1111 I I

sss é uma faculdad qu S· 1110 '11 1 IXII l1HlIl1 I1,t· útll P ,,'1\ Ij\le! ~-Io. 1 íhuu" fl:h' ,'lIgl'I(' 111.« I '()I1V{'11l v r .ulo mais 'fi 'HZ' naturnl
modular suas vidas emocionais turbul nLHs. s adol s nt S rarnb III '() I til msformaç ".~(J

meçam a cogitar pontos de vista contraditórios como igualmente válido" 'A" v ssa xpcriêncía acontece de forma muito discreta. Em
Z s,
o que joga gasolina no fogo de suas discussões com seus colegas e COIll 1111 .11 I tobiografía,o evangelista Bi1ly Graham conta a história de sua
adultos quando eles assumem posições impopulares, desfrutam de p lil "Plll .onversão aos 16 anos, que ocorreu durante um convite para
ções controversas e se afastam de muitas das visões conformistas de S li. I 11 ris to em uma reunião de renovação. Ele escreveu: "Não houve
anos de infância na religião e na política. ,I 11 rr d sinos em meu interior. Eu simplesmente me sentia em paz". 27
Uma das contribuições mais importantes da adolescência ao ciclo do utras vezes, esse processo de lembrar-se é chocante e desorien-
vida humana, acredito eu, é sua capacidade, como Hamlet, de farejar 1 !cu. Esse foi o caso de Joana D'Arc, a camponesa francesa que foi
hipocrisia dos adultos ao seu redor. A consciência crítica que acompanh I p Iuda por Deus para liderar a batalha contra os ingleses na Guerra
I ,(rn Anos no século xv. Segundo a versão mais famosa, "... aos 13
esse novo tipo de mente muitas vezes é devastadoramente precisa e muito
veemente ao apontar os pontos fracos, as incoerências e os lapsos qtU' 111, ila ouviu a voz de Deus para ajudá-Ia a saber o que fazer. E, na
nu-ira ocasião, ela sentiu muito medo. E essa voz veio em tomo do
caracterizam a maneira "normal" de fazer as coisas no mundo adulto. (.:
111 lia, no verão, no jardim de seu pai (...) Ela ouvia a voz do lado
durante a adolescência que costumamos começar a empregar a sátira, ()
Ir no, vinda da igreja, e raramente isso acontecia sem vir acompanhada
cinismo, o ceticismo e a ironia em nossos ataques aos defeitos do status
11m brilho (. ..) E, depois de ter ouvido essa voz em três ocasiões,
quo. Esse tipo de crítica, é claro, raramente é bem recebido pela comunidade
adulta à nossa volta. Foi enquanto frequentava a Blessed Sacrament Convem
'I udeu que era a voz de um anjo"."
O sábio indiano contemporâneo Ramana Maharshi oferece uma
School em Nova York, por exemplo, que a satirista Dotothy Parker foi x
I no oriental do despertar espiritual adolescente, em sua descrição do
pulsa por insistir que a concepção imaculada era uma espécie de "com
\I Ih aconteceu aos 17 anos:
bustão espontânea".
Foi umas seis semanas antes de eu sair definitivamente de Madura lsua
cidade natal] que aconteceu a grande transformação na minha vida. Foi
o mundo espiritual da adolescência muito súbita. Eu raramente ficava doente e naquele dia não havia nada d
errado com a minha saúde, mas, de repente, fui tomado por um 111 do
m.como se o adolescente se movesse como um helicóptero saindo do violento da morte. Nada havia em meu estado de saúde qu xplícass
mundo das ideias e visões fixas da infância e agora pudesse olhar de cima {' aquilo (. ..) O choque do medo da morte fez com que minha fi nt s
ver o quadro mais amplo, com todo o tipo de incoerências e incongruência: voltasse para dentro, e eu disse a mim mesmo, mentalmente (...) 'Agora
chegou a morte, o que isso quer dizer? O que está morrendo?
no cenário logo abaixo. Essa visão mais ampla e mais complexa da existência
às vezes traz consigo uma sensação de desilusão, e pode até mesmo jogar o
Maharshi deitou-se no chão como se estivesse morto e continu u
adolescente em um "inferno astral" no qual a identidade, os objetivos im-
It investigação, até finalmente se dar conta: "Então eu sou Espírito
portantes e o sentido da vida são todos postos em dúvi~ Nesses momentos,
\11/01.endendo o corpo (...) aquilo lampejou em mim vividamente como
as introspecções filosóficas, a angústia existencial e uma profunda reflexão
ulude viva, que eu percebi diretamente. A absorção no Eu continuou
como a de Harnlet podem precipitar uma verdadeira crise da qual pod '
11\1 rrupta a partir daquele momento"." Dois meses depois desse inci-
surgir uma nova perspectiva criativa, filosófica, religiosa ou espiritual.
111 " ele se mudou para uma montanha sagrada ao norte de sua casa e
psicólogo norte-americano G. Stanley Hall, criador da moderna concepção
IIIU çou a ensinar seu método de "investigação do eu" a pessoas em
de adolescência, chegou a sugerir que, para completar com sucesso a ado- \I ('O de um encontro espiritual, continuando seu trabalho ali até sua
lescência, a pessoa deve passar por uma transformação na qual "o self antigo 01 I física mais de 50 anos depois.
e egoísta é transmutado, e surge uma vida nova e superior de amor e prés-
I 11 11111I1111 1\1111 IIIIIIU Odl 1111 "li 1111 I IIvlllvllI 11111111 1111111'11111

( pm I1lU ,It~ssl'O I' I'; 1111I ,'I. VIII("'III Mlllly, "U('III1SCt'II('(''', d:'1 11111 I \t'III, , I{ dllld W IXIIII II II lIlllfollllOl! til! 11\(10 ouv \I \11111 '\11101 I dll

c!PS 'I i \ líri f rrnidávc da uunsfounuç io 'spirit ual 11 flnnl (h a l(lh •. 1 1111 opr', IItnç, () 10 61 ra Fid li . FI s 'J' 'v U ti 'I, UIl1t1 '11111I
11111(1

IIl1 qu d 'di .ava 1 da li! su 1 vida à música, entregou-lhe m s u quarto d


(' 11 .ia, E rito quando ela tinha 13 anos, s po ma pastoral inicialm 1\11
hot -I saiu corr ndo para a rua, em um delírio ensandecido. Os ado-
rranquilo cr sce rapidamente a um clímax de revelação: "And reaching /lI'
It'S ntes regressam ao tipo de apaixonada intensidade que vivenciaram
my hand to try / I screamed to feel it touch the sky / I screamed, and lolInfillll y na primeira e na segunda infâncias, mas agora adquiriram uma série de
/ ame down and settled over me". (E esticando a mão para tentar / grit i 10 habilidades e capacidades que podem usar para direcionar essas paixões
S nti-la tocar o céu / gritei, e - vede! O infinito / Desceu e se instalou ( 111 u objetivos sociais positivos.
mim). No poema de Millay, depois dessa epifania cósmica, a jovem 11 \I Assim sendo, agora é possível para eles derramar seus sentimentos
r dora é sepultada "sete palmos debaixo da terra" e depois jogada m I ardentes na música, na dança, na ciência, nas artes, nos esportes, no jor-
r nascimento por uma chuva torrencial, onde finalmente surge em comi nalismo e em uma série de outros canais produtivos. Na idade adulta,
ções de ver o mundo com olhos recém-transformados: "The world stands oiu t ndemos a perder esse fervor ao ser atraídos a contingências práticas da

on either side / No wider than the heart is wide / Above the world is stretdwd vida cotidiana. Com muita frequência, ficamos distanciados e passivos em
nossa atitude diante da vida. Para contrabalançar essa tendência, preci-
the sky, / No higher than the soul is high". (O mundo está em ambos os lado
amos recapturar parte de nossa velha paixão adolescente. Esse fogo re-
/ Não mais amplo do que amplo é o coração / Acima do mundo se estenck novado pode despertar nossos relacionamentos íntimos para níveis reno-
o céu / Não mais alto do que a altura da alma) ,30 Parada na ponte entr 11 vados de intimidade. Pode revitalizar nosso trabalho ao nos motivar para
mundo limitado r da infância e a amplidão assustadora da idade adult I, colocar nossa energia em projetos que nos sejam caros. Ou, como alter-
o adolescente, finalmente revitalizado por essa revelação, avança pai I nativa, nossas paixões podem destacar nossa necessidade de encontrar
uma nova vida onde as fronteiras parecem ser definidas apenas por SUl! uma nova carreira que mobilize nossos recursos de forma mais dramática.
energias irrestritas. É dessa aventura, a história do jovem adulto, qUI As paixões da adolescência também podem atiçar um maior envolvimento
trataremos no próximo capítulo. na comunidade, incitando-nos a lutar por causas políticas, morais ou
éticas que possam levar à melhoria da sociedade. No final, essa energia
vibrante da adolescência pode nos abalar profundamente e proporcionar
o combustível criativo para um estilo de vida novo e melhor. Para abanar
o dom da adolescência: Paixão
as brasas moribundas de nossas esquecidas paixões adolescentes, contu-
Se há uma coisa que se pode dizer sobre os adolescentes é que eles são p{/\
do, precisamos ver a adolescência, e os adolescentes em nossas vidas,
sionais. São apaixonados por suas roupas, sua música, seus interesses amolo com uma atitude nova. Precisamos reconhecer a importante contribuição
sos, seus amigos e seus ideais. A maré bioquímica que cresce em seus c li' de seu fervor jovial ao bem-estar coletivo da humanidade. Também preci-
bros e corpos durante a puberdade praticamente garante que o ardor e o fl'l samos nos lembrar daquilo que nos enchia de paixão durante nossos
próprios anos de adolescência e integrar parte daquele deleite em nossas
vor se expressem de alguma forma tangível entre os 13 e os 20 anos. Muit I
vidas atuais. Reconhecer e alimentar nossas próprias paixões ocultas aju-
vezes olhamos para a intensidade da adolescência com preocupação e tlll
mesmo alarme. Lembramo-nos do que aconteceu com Romeu e Julieta quan da a garantir que esse dom vital da adolescência volte a despertar nossos
do eles se deixaram levar por suas emoções. Sabemos que sentimentos forte , potenciais criativos inexplorados e instigar os centros dormentes da alma.
como a inveja, o medo, a raiva e o ciúme podem semear a agitação nas vid 1
de adolescentes e dos que estão ao seu redor. Suspiramos aliviados quando
Formas de explorar e apoiar a adolescência
os lóbulos frontais do cérebro finalmente maturam e dominam paixões reb ,I
des no final da adolescência.
Para você
Mas precisamos nos lembrar de que as paixões também têm S('II
lado benéfico. A bailarina Martha Graham tinha 14 anos quando assi rtu • Reúna um conjunto de canções favoritas de sua adolescência (por exemplo,
à sua primeira apresentação de balé em Los Angeles e foi tomada pOI baixe-as da intemet) e, depois de escutá-Ias, anotej timentos, humores
uma grande paixão pela dança pelo resto de sua vida. Quando adol ' e pensamentos que lhe vêm à mente sobre aquele período da vida.
1 11 11111111' /11111 110111 0111 11111111111 111111 1
111\1111\1111111111111111111

• :11. um I IInlt, do t '1111'1d, 111 Idol . (' 11(' I (I:i 10 11), 11 l'l lido 11111111 ti p"II"ld HII I 111.() 011" IIIOS.I Ifu 1\1', 1('01 IS h)l 1111 PIOI)() II JlII I

I 111 nt s- hav \I t 111 111111 uul V' forma i mlíl nulv: (I ti " pl,' 11 ••SI mud 1111,: 1 d('c'II'se' '111,d' in$ li 'idas horrn nl s u produtos allm '11
man ,rito d pa ag m, v lHOS traurnátl 'os u 'h '\ li de XI,I, I, I 111, I m ·Ih I' nutrlçí 0, b ídad tr sse. Ver Daniel Goleman, "Theory Links
viag ns, proj tos esp ciais). 1'1I1H'lly10 hildhood Stress", The New York Times, July 30, 1992, e Theo Colbom,
• Escolha urna atividade criativa que você costumava faz r quand ('I I 1I 11111Dumanoskí e John Peter Meyers, Our Stolen Future: How WeAre Threatening
adolescente, mas interrompeu na idade adulta, e recomece a pratí 1\ 1I /lI/r J!>rLility,Intelligence, and Survival (NewYork: Plume, 1997).
AIICI(' I'rank, The Diary of a Young Girl (New York: Bantam, 1993).
(por exemplo, atuar em musicais, pintar, ler romances russos, escr V"I
I' "eI, Weideger, Menstruation and Menopause (New York: Knopf, 1975).
poesia, jogar tênis).
VI', por exemplo, James H. Stein e Lynn Whisnant Reiser, ''A Study of White
Mlcldl -Class Adolescent Boys' Responses to 'Semenarche' (the First Ejaculation),"
Para amigos e parentes
usurna! ofYouth andAdolescence 23, no. 3 (June 1994): 373-384; e Loren Frankel,
• Junto com outros adultos, ajude a criar cerimônias significativas c 11I11 '''I'v Never Thought About It,' Contradictions and Taboos Surrounding American
ritos de passagem com seus próprios filhos adolescentes ou o d. Mil .s' Experiences of First Ejaculation (Semenarche)", Journal of Men's Studies
parentes e amigos. 11. no. 1 (Fall2002): 37-54.
• Passe um tempo de qualidade com um adolescente que esteja passando ,111Il Sayers, Boy Crazy: Remembering Adolescence, Therapies, and Dreams, p. 72.
por um momento difícil (seu próprio filho, ou de um amigo ou par 'li A. Adegoke, "The Experience of Spermarch (the Age of Onset of Sperm
te). Entre as sugestões, faça caminhadas, vá a eventos públicos, envol 1',11Ii sion) Among Selected Adolescent Boys in Nigeria", Journal of Youth and
va-se em projetos de interesse especial ao adolescente e, mais impoi tlo/escence 22 (1993): 2011-209.
tante, ouça cuidadosamente o que ele tem para dizer. , Shipman, "The Psychodynamics of Sex Education", em R. E. Muuss, ed., Ado-
• Dê recursos, materiais ou experiências que envolvam urna mente (.'111 1,·\ ent Behavior and Society: A Book of Readings (New York: Random House,
expansão a um adolescente desmotivado. Entre os exemplos, um c 111 )1171),pp. 333-34. Ver, também, Edward O. Laumnn et. al., The Social Organiza-
I 011 of Sexuality: Sexual Practices in the United States (Chicago: University of
putador, livros, música, jogos ou oportunidades de viagem.
Chicago Press, 1994) p. 328.
1',11\Deborah L. Tolman, "Doing Desire: Adolescent Girls' Struggles for/with Se-
Para a comunidade
uality;" Gender & Society 8, no. 3 (September 1994): 329.
• Contribua financeiramente a um centro comunitário adolescente loc 11 I VI'r, por exemplo P.M. Thompson et al., "Growth Pattems in the Developing Brain
Seja voluntário para ajudar a orientar um adolescente problemático 111 lI! I cted by Using Continuum Mechanical Tensor Maps," Nature 404, no. 6774
sua comunidade. (MArch9,2000): 19093. Diferentemente do que se costuma acreditar, não é tanto
• Escolha um problema social específico relacionado à adolescência 1 I Influência direta dos hormônios no corpo que está. associada à turbulência emo-

trabalhe em sua comunidade para ajudar a erradicá-Io, Por exemplo, einnal na puberdade, e sim o impacto que esses hormônios têm no des nvol-
violência de gangues, gravidez na adolescência, HIV/AIDS, abandonn vlrnento do cérebro. Ondas de testosterona na puberdade, por exemplo, incham a
escolar, violência escolar, transtornos alimentares, abusos de substâncln unígdala, uma parte do sistema límbico (cérebro emocional) em forma de arnên-
ou prevenção de suicídios. dou que gera sentimentos de medo e raiva. Da mesma forma, o estrogênio par ce
III tar os níveis de serotonina na puberdade, respondendo por taxas mais elevadas
ele depressão entre meninas adolescentes. Ver C. L. Sisk and D. L. Foster, "The
NI ural Basis of Puberty and Adolescence", 7 (September 27,2004): 1040-47; J.
Notas N, Giedd et al., "Quantitative MRI of the Temporal Lobe, Amygdala, and Hippo-
, Impus in Normal Human Developrnent: Ages 4-18 Years", Journal of Compa-
1 Robert Musil, The Man Without Qualities, vo1. 11 (New York:Vrntage, 1996), p. 444, li/tive Neurology 366, no. 2 (1996): 223-30; and L. Bom, A. Shea, and M. Steiner,
2 Tem havido alguma preocupação de que as meninas estejam chegando à puberdarh "I'he Roots of Depression in Adolescent Girls: Is Menarche the Key?" Current
em uma idade anterior do que no passado. Por exemplo, estimou-se que na Ingln I~ chiatry Reports 4 (2002): 449-60.
terra da década de 1830, a média de idade para o início da menarca era de 11 I As pesquisas sugerem que o córtex pré-frontal lateral, que é importante para
anos. Hoje em dia, a média de idade para a menarca nos Estados Unidos está '111 rontrolar os impulsos, está entre as últimas regiões do cérebro a amadurecer sem
tomo dos 12 anos e 6 meses, e é comum ouvir falar em meninas que começam 11 utlngir dimensões adultas até os vinte e poucos anos. J. N. Giedd, "Structural

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