Você está na página 1de 2

O Entre

Cheol Min (So Ji-Sub): Ele era calado, misterioso. Não era muito de falar sobre ele e tinha
dificuldades em expressar seus sentimentos ou falar sobre si mesmo para outras
pessoas.
Devo admitir que fui sendo cativada por ele aos poucos, assim como ele foi sendo
cativado pela nossa protagonista .A medida que o tempo passa, passamos a conhecê-lo
melhor. A descobrir coisas sobre seu passado e sobre o que se passa no coração dele.

Jeong Hwa (Han Hyo-Joo): gentil e sempre animada. Ela não deixa que o fato de ser cega
atrapalhe a vida dela, muito pelo contrário. É uma mulher independente, que tem o seu
próprio trabalho e a sua própria casa.
Jeong Hwa tem um "poder" de ler as pessoas. Ela é capaz de distinguir quem é ruim ou
bom, quem vale a pena ou não, além do seu interesse pelas pessoas, ela não se fecha
para as relações. Isso fica bem claro em uma cena que acontece na sua casa.

Relembrando um pouco a teoria antes de falar sobre a cena específica, vale ressaltar que o
entre é tanto uma estrutura ontológica quanto um espaço em que a vida dialógica acontece.

Ou seja, é uma característica inata, um a priori da relação com o outro, não se tratando
então de um construto lógico, é um espaço real das ocorrências humans

Local de fato em que ocorre o encontro entre os homens, e é constantemente


renovado e modificado justamente por esses encontros, é uma dimensão invisível e
impalpável, intrínseca ao ser humano no seu caráter relacional.

O “entre” seria a esfera que participamos quando envolvidos e interessados


genuinamente em outro indivíduo. Sendo o “entre” não um fenômeno físico-objetivo
ou psicológico-subjetivo e sim um fenômeno ontológico , que se refere a existência
humana em seu cerne

O “entre” é próprio da existência humana, seria um ponto de encontro entre as


identidades individuais, é um fenômeno que requer distância e relação, sendo
necessário o equilíbrio entre esses dois aspectos para que exista uma existência
sadia.

Cena 1:
Essa cena acontece logo após os dois personagens principais se conhecerem, em
um encontro inesperado, em que Jung-Hwa chega para assistir novela com seu amigo,
porém quem está em seu lugar é Cheol-Min, assistem juntos praticamente em silêncio
o tempo todo e ao final Cheol-Min acompanha Jung-Hwa até a saída, onde ocorre a
cena que acabamos de ver.
Aqui podemos observar o entre, na característica inata de se apresentar e
comprimentar uma pessoa recém conhecida, oferecendo uma abertura relacional,
percebemos que Jung-Hwa tem uma maior abertura, justamente por ser ela a fazer
o primeiro gesto de contato físico e por observar uma característica de Cheol-Min e
buscar entender a motivação dessa característica, enquanto percebemos nele um
receio em se abrir e um afastamento, demonstrando assim não estar tão aberto
para essa nova relação.

Cena 2:
Essa cena é o terceiro encontro dos personagens, no último encontro dos dois, A mocinha
reclama do odor da sala e pede para que a janela seja aberta pois seu olfato é muito
apurado, sendo assim sente o cheiro do sapato de Marcelino, seu odor forte, e como esse
encontro se dá logo depois, Marcelino se coloca no lugar de Juang e tenta sentir o cheiro da
sala, lava seu tênis anteriormente, abre a janela, ou seja ele se prepara para recebê-la em
seu espaço físico que também é um entre, o que nos mostra que ele está se abrindo para
essa relação, se preocupando com ela e tentando ter empatia por aqui que ela sente.
Sendo um ótimo exemplo de que o entre não é apenas o físico e nem apenas o psicológico,
ele seria uma esfera ontológica em que a relação ocorre

Cena 3:
Acredito que agora esteja mais claro o que é o entre e quando podemos observa-lo no
cotidiano e através das analises das cenas que eu trouxe anteriormente mas nessa cena
podemos reafirmar mais uma vez que o entre como caracteristica inata ele está presente
em qualquer relação, porém ele exige uma abertura pra que o dialogo ocorra, e aqui fica
claro que Marcelino ainda não tem essa abertura completamente, eles estão dialogando,
eles tem uma relação, ou seja existe o entre porém é um entre que não propicia um dialogo
genuino

Estrutura ontológica -
● “Trata-se de uma feição ou característica originária ou inata do ser
humano” (ibid., p. 241).
● “o a priori da relação” e “o tu inato”

Substrato, espaço e oportunidade para a vida dialógica -


● “O entre não se trata de um construto lógico, senão do espaço e substrato
reais das ocorrências humanas [a vida dialógica] “(Buber, 2004,p.240)

Você também pode gostar