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Parte 4
Sistema Topográfico
Local
1.1 Introdução
Esta monografia tem por objetivo esclarecer aspectos pouco conhecidos do Sistema
Topográfico Local. O conhecimento destes aspectos podem ajudar a desfazer os seguin-
tes equívocos:
• Caracterização dos pontos geodésicos por coordenadas planoretangulares
UTM (N, E) no lugar de suas coordenadas geodésicas (, ), embora haja uma
correspondência biunívoca entre as mesmas. O IBGE, quando ao lado das
coordenadas geodésicas dos pontos do Sistema Geodésico Brasileiro — SGB,
fornece suas correspondentes coordenadas UTM, assim procede porque o
Sistema Cartográfico Brasileira adota o Sistema UTM para a representação
cartográfica nas séries de cartas nas escalas 1:250.000, 1:100.000, 1:50.000 e
1:25.000. Este procedimento visa tão somente a localização dos pontos geodé-
sicos nas folhas de carta do Sistema Cartográfico Brasileiro, nestas escalas.
• Emprego generalizado do Sistema UTM, incluindo escalas maiores que
1:10.000, que deveria ficar restrito às escalas pequenas e médias e nunca como
base cartográfica para projetos e locação de obras de engenharia, principal-
mente, em áreas urbanas.
• Os sistemas RTM (regional Transverso de Mercator) e LTM (Local Transverso
de Mercator), embora com módulos de deformação linear (Ko) muito próximo
de 1 (um), representam, cartograficamente, os pontos na superfície do elipsói-
de de referência (figura geométrica da Terra), ou seja, o nível do mar não per-
turbado prolongado através dos continentes. Na ocasião do emprego destes sis-
temas em projetos e locação de obras de engenharia, há que se considerar o
fator de elevação que transporta os pontos representados, em planta, para as
suas efetivas localizações no terreno, o que altera as suas coordenadas plano
retangulares e, consequentemente, as distâncias pelos mesmos determinadas. Se
esse procedimento não for realizado, desagradáveis surpresas poderão ocorrer,
principalmente, em se tratando de projetos e locação de obras ferroviárias e
metroviárias. Como exemplo: distâncias corrigidas do fator de deformação
linear (K) obtidas, em planta, com valores de 100 m, 500 m e 1000 m, se estive-
rem na altitude de 500 m, terão, ao serem locadas no terreno, correções, respec-
89
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90 Informações Espaciais II
Y = Norte Geográfico
NQ = Norte da quadrícula
B
a
Dy
a
A
yB
yA
0
xA X > Leste
Dx
xB
Meridiana na origem.
Figura 1.1 Coordenadas plano retangulares.
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92 Informações Espaciais II
VERTICAL Z
GEOCÊNTRICA
w
N
S
PS
plano do horizonte local
Equador
meridiano
local
PN
O9
A9
B9
Superfície da esfera de
adaptação de Gauss
Superfície de nível zero
1.5.3 Orientação
A orientação, em planta, das distâncias é dada pelo azimute plano de suas direções, que
é o ângulo formado por uma direção considerada com o norte da quadrícula (NQ), com
vértice no ponto inicial dessa distância. As linhas do quadriculado das plantas dos levan-
tamentos topográficos correspondem às projeções de linhas (na esfera) paralelas ao
meridiano da origem (O) do sistema topográfico local. Isto significa que os azimutes pla-
nos das direções das distâncias apresentadas em planta (plano topográfico local) estão
afetadas pela convergência meridiana (), que é o ângulo, com vértice no ponto inicial
da distância considerada, formado pela projeção da linha paralela ao meridiano da ori-
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94 Informações Espaciais II
gem (O) sobre o plano topográfico local, nesse vértice, com a tangente ao meridiano
desse vértice, também projetada neste plano. Convém salientar que a convergência meri-
diana () só deve ser levada em consideração no caso dos elementos serem colhidos das
plantas para serem transportados ao terreno com a finalidade de aviventação de rumos
ou para elaboração de memoriais descritivos de perímetros de propriedades em registros
públicos ou em ações judiciais. No emprego das plantas em projetos e obras de engenha-
ria, a consideração da convergência meridiana é irrelevante.
A Figura 1.4, exemplifica esquematicamente no hemisfério sul, os conceitos acima
expostos, onde os meridianos, nela mencionados, são, na realidade, as projeções destes
meridianos sobre o plano tangente (plano topográfico). As direções NQ são as projeções
de linhas na esfera paralelas, ao meridiano da origem (O) sobre o plano tangente e as
direções NG são projeções, sobre o plano tangente, das tangentes aos meridianos dos
pontos, nestes pontos.
Na Figura 1.4, os azimutes planos (a) e seus correspondentes azimutes geodésicos
() das direções AB, CD, EF, GH e IH, com as indicações da convergência meridiana nos
seus pontos iniciais, estão num sistema topográfico local, situado no hemisfério sul.
Y L NG Equador
Meridiano de G Meridiano de A
NG a NQ NG
H g B
a
g a
a
g 50
G a5 a A
4Î Quadrante 1Î Quadrante
O
Meridiano de E Meridiano de C X.E
NQ
NQ NG D
NG
a G
g a
g a
a
E C
3Î Quadrante 2Î Quadrante
Meridiano da origem
g g
a
H a
a B
a
G A
4º Quadrante 1º Quadrante
X< E
Meridiano de E Meridiano de A
NQ
NG NQ NG
g
g
a
a
F
D
a a
E C
3º Quadrante 2º Quadrante
EQUADOR
96 Informações Espaciais II
Y < NG
Meridiano de G
NQ NG Meridiano de A
NG NQ
g
a
H g a
a
a B
G
A
4º Quadrante 1º Quadrante
Meridiano de C
Meridiano de E NQ
NQ
NG NG
g a
a D
g F
a
a
C
E
3º Quadrante 2º Quadrante
Não sendo um ponto geodésico, pode ser escolhido um ponto qualquer, não neces-
sariamente identificado e materializado no terreno, sendo as suas coordenadas geodési-
cas impostas, convenientemente, a fim de que o ponto mais afastado da área de abran-
gência do sistema não proporcione um erro devido à desconsideração da curvatura da
terrestre maior que o erro possível de ser cometido pela operação topográfica da deter-
minação deste ponto.
A partir dos pontos geodésicos com coordenadas plano retangulares no sistema
topográfico local, são obtidas as coordenadas plano retangulares dos demais pontos
levantados topograficamente.
1.8.1.1 Problema
Consiste no cálculo das coordenadas planoretangulares (x, y) de um ponto P de coorde-
nadas geodésicas (, ), a partir das coordenadas geodésicas da origem do sistema topo-
gráfico local (o, o) cujas coordenadas planoretangulares são X 0,Y0 (arbitrárias).
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98 Informações Espaciais II
1.8.1.2 Fórmulas
X 0 5 x 0 1 kx
Y0 5 y0 1 ky
x 0 5 y0 5 0
X 5 x 1 kx
Y5y1k
x 5 2 Dl1 ? cos w0 ? Np ? arc1s 3 c y
1
y5
3Dw1 1 C ? x2 1 D ? (Dw1 ) 2 1 E ? (Dw1 )x2 1 E ? C ? x44 ? c
B
A 5 tg 21 a b
Dx
Dy
Dx 5 x 2 x 0 5 x
Dy 5 y 2 y0 5 y
Dl 5 l 2 l0
Dw 5 w 2 w0
(sen1s) 2
Dl1 5 Dls ? correção arco-seno Dls ? c1 2 ? (Dls) 2 d
6
(sen1s) 2
Dws1 5 Dws ? c1 2 ? (Dws) 2 d 5
6
5 Dws ? 31 2 3,9173 ? 10212 ? (Dws) 24
1
B5
M0 ? arc1s
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tg w0
C5
2 ? M0 ? N0 ? arc1s
1 1 3 ? tg 2w0
E5
6 ? N20
"M 0 ? N0 1 H t
c5
"M 0 ? N0
w 1 w0
wm 5
2
a ? (1 2 e2 )
M0 5
"(1 2 e2 ? sen2w0 ) 3
a
N0 5
"1 2 e2 ? sen2w0
a
Np 5
"1 2 e2 ? sen2w
a2 2 b2
5 "f ? (2 2 f)
Å a2
e5
a2b b
f5 512
a a
onde:
N0 — raio de curvatura da seção normal ao plano meridiano do elipsóide em O
(origem);
Np — raio de curvatura da seção normal ao plano meridiano do elipsóide em P;
M 0 — raio de curvatura das seção meridiana do elipsóide em O (origem);
a — semi-eixo maior do elipsóide de referência;
b — semi-eixo menor do elipsóide de referência;
e — primeira excentricidade do elipsóide de referência;
f — achatamento do elipsóide de referência;
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1.8.1.3
Na aplicação das fórmulas considerar j negativo no hemisfério sul, l crescendo positiva-
mente para oeste.
1.8.1.4
Os coeficientes C, D e F são negativos no hemisfério sul.
1.8.1.5
O eixo das ordenadas é o eixo dos Y e o das abscissas é X.
1.8.1.6
O azimute A é topográfico e também geodésico pois em O a convergência meridiana é
nula e A é elipsóidico, estes azimutes servem para a prova (detecção de erros grosseiros
nos cálculos).
O azimute recíproco no sistema topográfico local é igual a A ⫾ 180º, não levando em
conta a convergência meridiana.
1.9.1 Problema
Consiste no cálculo das coordenadas geodésicas e de um ponto P dado por suas coor-
denadas planoretangulares X e Y, a partir destas e das coordenadas geodésicas 0 e 0 e
planoretangulares X 0 e Y0 da origem O do sistema topográfico local.
1.9.2 Fórmulas
X 0 5 x 0 1 kx
Y0 5 y0 1 kx
x 0 5 y0 5 0
x 5 X 2 kx
y 5 Y 2 ky
x
x’ 5
c
y
y’ 5
c
"M 0 ? N0 1 H t
c5
"M 0 ? N0
a ? (1 2 e2 )
M0 5
"(1 2 e2 ? sen2w0 ) 3
a
N0 5
"1 2 e2 ? sen2w0
a
Np 5
"1 2 e2 ? sen2w
xr
A azimute topográfico da direção OP tg 21
yr
w 5 w0 1 Dw
(arc1s) 2
2 Dws 5 Dw1 s ? a1 1 ? (Dw1 s) 2 b
6
(arc1s) 2
Dls 5 Dl1s ? correção arco-seno Dl1s ? a1 1 ? (Dl1 s) 2 b
6
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1
Dl1s 5 ? s ? senA ? sec w
Np ? arc1s
w 1 w0 Dw
2 DA 5 Dls ? sen ? sec 1 F ? (Dls) 3
2 2
Ar 5 A 1 DA 6 180o azimute geodésico da direção PO
1.9.4 A prova serve apenas para detectar erros grosseiros no cálculo dos valores de A
e A que são, neste caso, o azimute geodésico direto da direção OP e o seu azimute geo-
désico recíproco, respectivamente, cuja diferença é a convergência meridiana em P.
1.10.2 Fórmulas
xq 2 xp
(PQ) t 5 tg 21
yq 2 yp
(PQ) g 5 (PQ) t 1 gp
x 0 5 y0 5 0
X 0 5 x 0 1 kx 6 kx 5 X 0
Y0 5 y0 1 ky 6 ky 5 Y0
x p 5 X p 2 kx
yp 5 Yp 2 ky
cos a b
Dw
onde 2
(PQ) t azimute topográfico da direção PQ;
(PQ) g azimute geodésico da direção PQ;
gp convergência meridiana em P com valor dado em segundos
0 42º 2803.25712 W
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X0 150.000,000 m
Y0 250.000,000 m
— Altitude do plano topográfico Ht 40,00 m
— Elementos do elipsóide de referência
a 6378160.0
e 0.081820180369054
1 e2 0.93305458
• Ponto P
22º 4906.31781S
42º 2251.26834W
a
N0 5 5 6381368.7155 m
"1 2 e2 ? sen2w0
a
Np 5 5 6381373.3408 m
"1 2 e2 ? sen2w
a ? (1 2 e2 )
M0 5 5 6345027.6556
"(1 2 e2 ? sen2w0 ) 3
Dw 5 w 2 w0 5 2 0.0173413388888903º
Dl 5 l 2 l0 5 0.0866635499999973º
1
B5 5 0.0325081020040341
M 0 ? arc1s
tg w0
C5 5 21.07076315807046 ? 1029
2 ? M 0 ? N0 ? arc 1s
3 ? e2 ? senw0 ? cos w0 ? arc1s
D5 5 2 1.74098695697278 ? 1028
2 ? "(1 2 e2 ? sen2w0 ) 3
1 1 3 ? tg 2w0
E5 5 6.26267463693786 ? 10215
6 ? N 20
senwm ? cos2wm ? sen21s
F5 5 2 6.45214630294486 ? 10213
12
Dl1 5 311.9887752367s
Dw1 5 262.428749046848
"M 0 ? N0 1 H t
c5 5 1.00000628617276
"M 0 ? N0
1.11.3 Cálculo de x
1.11.4 Cálculo de x
X 5 x 1 kx 5 158896,8947
1.11.5 Cálculo de y
y ⫺1923,0282
1.11.6 Cálculo de y
Y 5 y 1 ky 5 248076,9718
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A 5 tg 21 a b 5
x 8896.89148754904
5 102.1966425 1 102º11r47.914s 2o quadrante
y 21923.03031717311
Ar 5 A 1 DA 6 180o 5 282º09r46.964s
OBS.: DA 5 gP
1.11.10 Prova
N0 5 6381368.71554169 Np 5 6.381.373,34076133
1.11.11 Resumo
• Coordenadas de P no sistema topográfico local
X 158896,891
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Y 248076,972
• Convergência meridiana em P
gp 5 0º 0200.94948
(PQ) g 5 (PQ) t 6 g 1 102º 11r 47.914s 2 0º 02’ 00.94948s 5 102º 09 46,964
Y
NQ = NG
NG
NG
gp
4Q 1Q
O
X
3Q 2Q P
(PQ) t (PQ)g
Figura 1.7
1.11.12 Conclusões
O ponto P está no 2o quadrante do sistema topográfico local, a leste do meridiano do
ponto O (origem-datum) do sistema, o que acarreta para gp o sinal negativo.
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1.12.1 Dados
• Origem O
w0 5 22o 48r 03.88906sS
X 0 5 150.000,000m
Y0 5 250.000,000m
• Altitude do plano topográfico
H t 5 40m
• Elementos do elipsóide de referência
a = 6378160,0
e = 0,081820180369054
• Ponto P
X 158.896,891 m
Y 248076.972 m
1 1 3 ? tg 2w0
E5 5 6,26267463693786 ? 10215
6 ? N20
"M 0 ? N0 1 H t
c5 5 1.00000628617276
"M 0 ? N0
x 5 X 2 kx 5 8896,8556
y 5 Y 2 ky 5 21923,0280
x
xr 5 5 8896,779636
c
y
yr 5 5 21923,015912
c
Dw1 5 262,42873649
1.12.4 Correção de ⌬
(arc1s) 2
2 Dws 5 Dws1 3 c a1 1 b 3 (Dws) 2 d 5 62.4287446828721
6
0º 0102.42874
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1.12.5 Cálculo de
0
0 22º48 03,88906
22º48 03,88906 0º 01 0242874 22º49 06.31781
22º49 06.31781 S
1.12.6 Cálculo de Np
a
Np 5 5 6.381.373,34075575
"1 2 e2 ? sen2w
1
Dl1s 5 ? s ? sen A ? sec w 5 2311.886389415s
Np ? arc1s
1.12.9 Cálculo de
l 5 l0 1 Dl
l 5 42º 22r 51.268346sW
1.12.10 Cálculo de F
F 5 26,451463011349 ? 10213
1.12.11 Cálculo de ⌬A
1.12.12 Cálculo de A’
Ar 5 A 1 DA 6 180o
1.12.13
1.12.14 Resumo
w 5 22º 49r 06.31781sS
Coordenadas geodésicas de P
l 5 42º 22r 51.26834sW
• Azimute geodésico da direção OP fi Ag A g, porem, g 0
Ag = 102º 1147,864
1.13 Conclusões
Estando o ponto P no hemisfério sul verifica-se que está no 2o quadrante do sistema
topográfico com origem em O, a leste do meridiano deste ponto, o que acarreta para
gp 5 DA o sinal negativo.
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Y
NQ = NG
NQ
4Q 1Q
NG
O A
X
g 5 DA
3Q 2Q P
A9
Figura 1.8
1.14 Referências
“Geodesy including Astronimical Observations, gravity Measurements and Mehod of
Least Squares” by George L. Hosmer, Second Edition. New York. John Wiley & Sons,
Inc.
LIMA, D G., Sistema Topográfico Local. São Paulo. 1995 em publicação.