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FORTALEZA
2019
BRENA ÍVINA AMORIM DE LIMA
FORTALEZA
2019
BRENA ÍVINA AMORIM DE LIMA
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa. Dra. Andrea Bezerra Rodrigues (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Profa. Dra. Maria Isis Freire de Aguiar
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Prof. Dr. Michell Ângelo Marques Araújo
Universidade Federal do Ceará (UFC)
A Deus.
Ao meu amado irmão (in memorian) e aos meus
pais.
AGRADECIMENTOS
A Deus por conduzir meus caminhos e dar forças para eu seguir em frente a cada dia.
A meus pais pelos seus esforços em me ajudar e por estarem comigo sempre.
À toda minha família, por me ajudarem a prosseguir no caminho dos meus sonhos, em
especial minhas tias Alba Edna, Luzenilda, Josenilda Ivoni, Alzenira e Aldenira; meus tios
Josenildo e Rosenildo, minha vó Alda ,meu vô Francisco e à D. Lourdes.
Ao meu amado sobrinho Pedro Levi, uma das minhas mais valiosas fontes de inspiração.
À minhas amigas Bárbara Silva e Cosma Pinheiro pelas suas palavras de carinho,
incentivo e compreensão e ao meu amigo Sérgio Rodrigues que acreditou em mim mais que eu
própria.
Às minhas queridas amigas Angélica Gomes, Érika Tavares, Rayane Lima e Rosângela
André que me acompanharam durante essa trajetória e são uma fonte de inspiração em minha
vida.
A todos os professores que contribuíram para minha formação e à minha turma pelos
conhecimentos compartilhados
À Liga Acadêmica de Saúde da Família e a Liga Acadêmica de Oncologia- LAON por
todos os conhecimentos e experiências que me proporcionaram.
À Universidade Federal do Ceará pela minha formação profissional adquirida ao longo
desses 5 anos e por propiciar condições para que eu me mantivesse no curso, além da
diversidade de saberes e experiências.
À minha brilhante orientadora Pra Andrea Rodrigues, a quem admiro como pessoa e
como profissional, pela sua dedicação, paciência, carinho, por acreditar no meu potencial e me
motivar a prosseguir.
Aos professores Michell Ângelo Marques Araújo e Maria Isis Freire Aguiar, que
compuseram a Banca examinadora, junto a minha orientadora, por suas contribuições no
presente trabalho.
Às enfermeiras do Hemoce: Selênia, Soraia, Silvana e Liduina e a todos os técnicos de
enfermagem que lá trabalham pelo acolhimento e pelo auxílio durante a pesquisa.
Às acadêmicas Vitória, Larissa, Rebeca e Ruth, que me auxiliaram nas coletas e foram
essenciais para a realização desta pesquisa.
Ao estatístico Brazil Júnior pela atenção, paciência e auxílio na análise dos dados.
Aos pacientes que participaram desse estudo e a todos que contribuíram direta ou
indiretamente para a realização do mesmo ou contribuíram para minha formação profissional.
RESUMO
A ansiedade é um problema comum em pacientes oncológicos, estando associada com o
estigma da doença e ao tratamento, especialmente a quimioterapia. Os efeitos negativos da
ansiedade nos pacientes incluem: piora da condição física, má resposta do paciente ao
tratamento e comprometimento dos papéis sociais. A musicoterapia é uma prática integrativa
complementar em saúde que pode ser utilizada como intervenção pelo enfermeiro na sua prática
clínica. O uso da música tem tido efeitos benéficos em pacientes oncológicos no alívio da dor,
da fadiga, das náuseas e vômitos antecipatórios, da depressão e da ansiedade. A presente
pesquisa teve como objetivo verificar a eficácia de intervenção musical na redução da ansiedade
em pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia antineoplásica; caracterizar a amostra
quantos as variáveis clínicas e demográficas; descrever as pontuações de ansiedade-estado antes
e após a intervenção conforme classificação (baixa, média e alta) e comparar as médias de
ansiedade-estado pré-teste e pós-teste. O método utilizado consiste em um estudo piloto de um
estudo experimental, do tipo ensaio clínico não controlado, realizado em um ambulatório de
quimioterapia de um hospital universitário em Fortaleza-CE. A coleta de dados utilizou dois
instrumentos, o primeiro, um instrumento de dados clínicos e sociodemográficos e o segundo,
o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE). A música utilizada na intervenção era de
sons da natureza, cuja aplicação tinha duração de 30 minutos. O cálculo amostral inicial era de
22 participantes. A análise dos dados foi realizada com o programa SPSS, versão 22.
Compuseram a amostra 12 pacientes em tratamento quimioterápico com idades entre 27 e 78
anos, sendo a maioria mulheres, com ensino fundamental incompleto, religião católica, estado
civil casado ou em união estável, tendo como ocupação cuidar do lar, que foram ao serviço
acompanhadas pelos filhos, tendo o câncer e mama como neoplasia mais prevalente. Os níveis
de ansiedade-estado antes da intervenção musical eram predominantemente o moderado (75%;
9/12) e o alto (16.6%; 2/12), já após a intervenção foram preponderantes os níveis baixo (41.6%;
5/12) e moderado (50%; 6/12), evidenciando uma redução nos níveis de ansiedade na amostra
estudada. A comparação das pontuações médias de ansiedade-estado apresentadas pelos
pacientes nos períodos pré-teste (M = 42,5; DP = 8,98) e pós-teste (M = 32,7; DP = 8,32)
mostrou uma redução na média de ansiedade-estado após a intervenção, sendo estatisticamente
significante segundo o teste de t de Student.
Anxiety is a common problem in oncology patients, stagnating with disease stigma and
treatment, especially chemotherapy. Health problems in the patient include: worsening of
physical condition, poor patient choice and treatment of social roles. Music therapy is an
integrative practice in health that can be performed as a father's disease in his or her clinical
practice. The use of music has been legitimate in cancer patients without the relief of pain,
fatigue, nausea and vomiting, anxiety and anxiety. The results on the medical research have
been in the patients with clinical patients in the patients with clinical patients in antineoplastic;
characterize a sample as the clinical and demographic variables; to describe how anxiety-state
scores before and after a storm as classification (mean, high, and low) and comparable as pre-
test and post-test anxiety state averages. The method has already been done in a pilot study of
an experimental, uncontrolled clinical trial, conducted in a chemotherapy outpatient clinic of a
university hospital in Fortaleza-CE. A data collection uses two instruments, the first one, the
clinical data and socio-demographic data bin, and the second, the Trait-State Anxiety Inventory
(IDATE). The song was in the time of child of the nature, having its application lasted 30
minutes. The initial sample size was 22 participants. Data analysis was performed with the
SPSS program, version 22. The sample consisted of 12 patients undergoing chemotherapy
treatment between 27 and 78 years, being an end woman with incomplete elementary school,
catholic religion, marital status or in stable union .To have such as cared for, that were to follow
behavior by postings, having cancer and breast neoplasm more prevalent. The average anxiety
levels before the intervention were predominantly moderate (75%, 9/12) and high (16.6%,
2/12), since they were predominant in the high level (41.6%; / 12) and moderate (50%, 6/12),
evidencing a reduction in anxiety levels in the sample studied. The comparison of the mean
anxiety-state scores presented by the patients in the pre-test (M = 42.5, SD = 8.98) and post-
test (M = 32.7, SD = 8.32) showed a reduction in the mean of state-anxiety after the
intervention, being statistically significant according to the Student's t-test.
1.INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12
2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 16
2.1 Geral................................................................................................................................. 16
2.2 Específicos........................................................................................................................ 16
3. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................ 17
3.1 A fisiologia da ansiedade................................................................................................ 17
3.2 Tratamento farmacológico............................................................................................. 18
3.3 Tratamento não farmacológico...................................................................................... 19
3.4 Musicoterapia.................................................................................................................. 20
4. MÉTODO........................................................................................................................... 23
4.1 Tipo de estudo.................................................................................................................. 23
4.2 Campo de estudo............................................................................................................. 23
4.3 População e amostra....................................................................................................... 23
4.3.1 Critérios de elegibilidade............................................................................................... 24
4.3.2 Cálculo amostral............................................................................................................. 24
4.4 Instrumentos para a coleta de dados............................................................................. 25
4.5 Operacionalização da coleta de dados........................................................................... 26
4.6 Intervenção musical........................................................................................................ 28
4.7 Análise e apresentação dos resultados........................................................................... 28
5.RESULTADOS................................................................................................................... 30
5. 1 Caracterização da amostra............................................................................................ 30
5.2 Estatística descritiva sobre os dados de ansiedade dos participantes........................ 31
5.3 Efeito da intervenção musical sobre a ansiedade......................................................... 32
6. DISCUSSÃO...................................................................................................................... 33
7. CONCLUSÃO................................................................................................................... 36
8.REFERÊNCIAS................................................................................................................. 37
9. ANEXOS............................................................................................................................ 45
ANEXO A- ESCALA STATE-TRAIT ANXIETY INVENTORY (STAI) .................... 45
ANEXO B - TERMO DE ANUÊNCIA DO CHEFE DO SERVIÇO DE
ENFERMAGEM ONDE SERÁ DESENVOLVIDO O PROJETO ................................ 47
ANEXO C - TERMO DE ANUÊNCIA DO CHEFE DO SERVIÇO ONDE SERÁ
DESENVOLVIDO O PROJETO ....................................................................................... 48
ANEXO D - TERMO DE ANUÊNCIA DO CHEFE DO SERVIÇO ONDE SERÁ
DESENVOLVIDO O PROJETO ....................................................................................... 49
ANEXO E- AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL À REALIZAÇÃO DE PROJETO
DE PESQUISA ...................................................................................................................... 50
ANEXO F - DECLARAÇÃO DE FIEL DEPOSITÁRIO ................................................. 51
ANEXO G - DECLARAÇÃO DE CONCORDÂNCIA .................................................... 52
ANEXO H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) 53
56
10.APÊNDICES ....................................................................................................................
APÊNDICE A– Instrumento para coleta de dados – Roteiro semiestruturado para
coleta de dados sócio demográficos e clínicos .................................................................... 56
APÊNDICE B – Protocolo Operacional Padrão – “O uso da música no manejo da
ansiedade em pacientes oncológicos submetidos a quimioterapia
57
antineoplásica”.................................................................................................................
12
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
2.2 Específicos
3. REVISÃO DE LITERATURA
A ansiedade é desencadeada pela exposição a agentes estressores, que podem ser físicos
ou psicológicos, gerando medo e preocupação. Essa exposição, ativa o sistema de alerta do
organismo, mediante o estímulo de diferentes estruturas do sistema nervoso central (MARGIS
et al, 2003; ROSA, 2016).
A relação estabelecida entre determinado estressor e a resposta a ele direcionada pode
adquirir significado diferente para cada indivíduo, sendo reforçada ou enfraquecida conforme
as experiências de cada um (MAGRINELLI, 2018).
As manifestações emocionais da ansiedade incluem sentimento de medo, sensação de
insegurança, antecipação apreensiva e aumento do tempo de vigília ou alerta. Fisiologicamente
a ansiedade consiste num estado de funcionamento cerebral que pode ser explicado, entre outras
coisas, pela ativação do Eixo-hipotálamo-hipófise-adrenal e Sistema Nervoso Autônomo
(SNA), gerando sintomas tais como insônia, taquicardia, sudorese, tremor, tensão muscular e
aumento da pressão arterial (BRAGA et al, 2010).
Além do hipotálamo e da hipófise, outros componentes do sistema nervoso central
(SNC), como a amígdala e o hipocampo, também estão envolvidos na fisiopatologia da
ansiedade. Essas estruturas recebem as informações dos sistemas sensoriais e agem como
centros integradores comparando os dados sensoriais com as memórias preexistentes, gerando
inibição de comportamento e/ou aumento da vigilância quando há discrepância entre o esperado
e o acontecido (MARGIS et al, 2003).
A ativação da amígdala em resposta a estressores faz como que esta estimule o
hipotálamo a secretar hormônio corticotrófico (CRH) cuja atuação na hipófise anterior faz com
que ocorra a secreção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), aumentado seus níveis
sanguíneos, tendo como resposta a liberação de glicocorticoides como o cortisol e a aldesterona
pelas glândulas adrenais (PAGLIARONE; SFORCIN, 2009).
O cortisol é um hormônio que atua no metabolismo corporal, exercendo efeitos
catabólicos que auxiliam a mobilização de energia para enfrentamento da circunstância
ameaçadora (GRAEFF; HETEM, 2004; BRAGA, 2010). Em excesso pode ocasionar aumento
da pressão arterial, dos níveis glicêmicos, além disso, pode gerar alterações no comportamento,
metabolismo ósseo e sistema imune (ROSA, 2016). Níveis aumentados de cortisol também
18
A Oncology Nursing Society (ONS) lista uma série de intervenções para prevenção e
tratamento da ansiedade, categorizando-as conforme o grau de evidências científicas para a
prática. São elencadas em categorias de intervenções do maior nível de evidência para o menor,
são elas: recomendado para a prática, provável ser efetivo, eficácia não estabelecida e eficácia
improvável (ONS, 2017).
A musicoterapia está entre as intervenções prováveis de serem efetivas, juntamente com
o uso de ansiolíticos, coaching, massagem, aromaterapia, relaxamento muscular progressivo,
intervenções espirituais e ioga (ONS, 2017).
A aromaterapia é uma medida não farmacológica, utilizada de forma ampla para o alívio
do desconforto em pacientes com câncer no ambiente em que recebem o tratamento. Pode ser
aplicada de duas formas: via inalação direta e associada a massagem (HSU et al, 2019). No que
20
se refere a massagem, esta é tida como um recurso terapêutico não invasivo, facilmente
aplicável, que tem sido usado para reduzir o estresse, a dor e a ansiedade (DOMINGOS,
BRAGA, 2015).
Um ensaio clínico não controlado realizado para investigar a efetividade da massagem
com aromaterapia na redução da ansiedade em pacientes com transtornos de personalidade
durante a internação psiquiátrica, concluiu que houve redução significativamente estatística na
frequência cardíaca e respiratória após a intervenção, bem como na pontuação da Escala de
Ansiedade Traço-Estado (DOMINGOS, BRAGA, 2015).
Um estudo quase experimental realizado por Karagozoglu e Khave (2011), avaliou a
eficácia da massagem na fadiga aguda e nos níveis de ansiedade de pacientes oncológicos que
estavam recebendo quimioterapia, concluindo que houve diminuição significativamente
estatística de ambos os sintomas após a intervenção.
Vorkapic e Rangé (2011) realizaram uma revisão de estudos que utilizaram a ioga para
redução da ansiedade, constatando redução nos níveis de ansiedade e estresse, que parece estar
associada a uma redução da atividade simpática. O estudo concluiu que a ioga é uma
intervenção efetiva com um bom custo-benefício.
A ioga é um sistema complexo de práticas espirituais, físicas e morais que objetivam
alcançar a autorrealização ou autoconsciência; sendo composto por diferentes elementos como
posturas, exercícios de respiração, relaxamento e meditação (VORKAPIC; RANGÉ, 2011).
Uma outra intervenção é o apoio espiritual, no qual está inserido a prece, que consiste
numa oração em que a pessoa pede algo a Deus para si. A prece foi utilizada em um estudo
quase experimental para avaliar os efeitos sobre a ansiedade em 20 pacientes oncológicos
submetidos ao tratamento quimioterápico. Os resultados do estudo evidenciaram redução do
nível de ansiedade e nos valores das frequências cardíaca e respiratória após 30 minutos de
intervenção (CARVALHO ET AL, 2014). Além das intervenções já descritas, também pode-
se utilizar a musicoterapia.
3.4. Musicoterapia
A música tem sido utilizada com finalidade terapêutica desde a antiguidade, seu uso foi
difundido na Grécia antiga, tendo Platão e Aristóteles como seus precursores, estes defendiam
as potencialidades preventivas e curativas do uso da música. Desde então, a terapia musical
vem sendo utilizada ao longo do tempo, em diferentes contextos, para o tratamento de desordens
físicas e psíquicas (OLIVEIRA; GOMES, 2014).
21
4. MÉTODO
9,24 2
𝑛𝑃 = ( ) → 𝑛𝑃 = 21, 34 (3)
2
𝑛𝑃 = 22 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 (4)
25
Parâmetros Adotados:
a) desvio padrão da diferença entre os pares (Sd) = 3,3 [baseado em estudo anterior com 10
participantes) (IMRAM, MOOSABA E ANCHERIL, 2017).
b) valor do erro do tipo i (α) = 5% → [valor crítico de 1.96]
c) valor do erro do tipo ii (β) = 20% → [valor crítico de 0,84]
d) média de diferença entre pares (d) = 2
A coleta dos dados ocorreu mediante a utilização de dois instrumentos: o primeiro foi
um instrumento elaborado pelos autores da pesquisa, composto por questões sobre os dados
sociodemográficos e clínicos, incluindo sexo, idade, ocupação, escolaridade, estado civil,
ocupação, renda familiar, religião, a pontuação da escala de Glasgow, a doença oncológica,
hábitos como tabagismo, uso de álcool, entre outros (Apêndice A).
O segundo instrumento foi a escala State-Trait Anxiety Inventory (STAI), conhecida no
Brasil como Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE), que é um dos instrumentos mais
utilizados para mensurar os elementos subjetivos associados à ansiedade (FIORAVANTI,
2006). O STAI foi desenvolvido por Spielberger, Gorsuch e Lushene, em 1970 para
proporcionar uma medida operacional de dois componentes diferentes de ansiedade: estado e
traço. O instrumento foi traduzido e adaptado para o Brasil por Biaggio (BIAGGIO;
NATALÍCIO, 1979).
O IDATE é constituído por duas escalas, Traço (parte I) e Estado (parte II) de ansiedade,
sendo que cada uma é composta por 20 afirmações para que os participantes descrevam como
se sentem. A escala ansiedade-traço apresenta assertivas para que o indivíduo descreva como
geralmente se sente. As respostas são pontuadas em uma escala de Likert, que varia de 1 a 4 da
seguinte forma: 1- quase nunca; 2- às vezes; 3- bastante; 4- quase sempre. A escala ansiedade-
estado avalia como o indivíduo se sente no momento, ou seja, no período pré quimioterapia. A
pontuação de cada item dessa sub-escala também varia de 1 a 4, onde: 1-absolutamente não; 2-
um pouco; 3- bastante e 4- muitíssimo (BARROS et al, 2017).
A interpretação das respostas é dada pela pontuação atribuída a cada item; nos itens de
natureza positiva a pontuação dos escores é invertida. Na escala que avalia Ansiedade-Traço
(IDATE-T) os itens positivos são 1, 6, 7, 10, 16, 19; e os negativos são 2, 3, 4, 5, 8, 9, 11, 12,
26
pelo participante. Uma das vias era entregue ao sujeito do estudo, via esta contendo telefone e
e-mail para contato com a pesquisadora e/ou comitê de ética, se for desejado pelo participante.
No que se refere aos riscos, considerando que toda pesquisa oferece algum tipo de risco,
nesta pesquisa o participante foi exposto ao risco de possíveis constrangimentos ao responder
o questionário. Para preveni-los ou minimizá-los, utilizou-se uma linguagem clara e acessível,
explicando todas as dúvidas que surgiram. Também se esclareceu ao participante que o mesmo
não era obrigado a responder questões que não quisesse ou não se sentisse à vontade, e caso
sentisse dor, desconforto, náusea ou vômito, a coleta dos dados poderia ser interrompida.
Assim, pressupõe-se que esse estudo incidiu em riscos mínimos aceitáveis em relação ao
conhecimento gerado.
Então, foram coletados os dados sociodemográficos e clínicos e feita a avaliação da
ansiedade conforme a escala IDATE. Para o paciente que se adequou aos critérios de
elegibilidade e aceitou participar da pesquisa mediante preenchimento do TCLE, foi aplicada a
Escala de Glasgow e feita a avaliação auditiva, pois, para que se verifique a influência da música
fez-se necessário que o participante possuísse acuidade auditiva preservada. Para tal, foi feito
o teste do sussurro, já que tal teste é considerado útil no rastreio para detecção de perdas
auditivas de grau moderado em adultos, sendo uma opção simples, rápida e barata, não
necessitando de um aparato tecnológico para sua execução (LABANCA et al, 2017).
O teste do sussurro é realizado em uma orelha de cada vez, e para realizá-lo o
examinador deve estar posicionado a uma distância aproximada de 33 centímetros da orelha do
participante, fora de seu campo visual, em seguida deve sussurrar uma questão de fácil
compreensão, com objetivo que o participante responda ao questionamento. O resultado pode
ser positivo, quando a pessoa não é capaz de responder, ou negativo para perda auditiva quando
a pessoa consegue compreender ou responder corretamente a pergunta feita (COSTA-
GUARISCO et al, 2017).
Etapa I – 1ª Mensuração: Inicialmente, ocorreu a aplicação da escala para avaliação de
ansiedade (IDATE).
As análises foram efetuadas por meio do software Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS; versão 22). Além de estatísticas descritivas (tendência central e dispersão),
foram empregados testes paramétricos e não paramétricos.
29
5. RESULTADOS
VARIÁVEL n %
IDADE
20-40 1 8.3
41-60 9 75.0
61-70 0 0
>70 2 16.7
SEXO
Feminino 7 58.3
Masculino 5 41.7
ESTADO CIVIL
Casado ou em união estável 10 83.4
Solteiro/ Divorciado 2 16.6
ESCOLARIDADE
Ens. Fund. Incomp 4 33.4
Ens. Fund.comp 1 8.3
Ens. Med. Incomp 1 8.3
Ens. Med. Comp 3 25.0
Ens. Sup. Comp 3 25.0
31
Período
<0,001
*Teste t de Student; **DP:desvio padrão.
Fonte: Autor.
33
6 DISCUSSÃO
emoções e o apoio social. Uma maior percepção do indivíduo doente sobre a relação de apoio
social estabelecida tem impacto positivo no bem-estar físico e emocional do mesmo
(GRANDIZOLI et al, 2017). Outro fator que pode ser considerado como de proteção é a
religiosidade. A religião oferece ao paciente a sensação de acolhimento e funciona como
incentivo para enfrentar os obstáculos (SETTE; GANDVOHL, 2014).
Contudo, os níveis de ansiedade moderado e alto encontrados na maioria dos participantes
antes da intervenção contrapõem-se a existência dos fatores protetores, que no estudo seriam a
presença de acompanhante (91.6%), o estado civil casado ou união estável (83.4%) e a religião
(83.3%).
Considerando-se a necessidade de fornecer cuidado integral ao paciente, tem-se a música
como uma prática integrativa complementar que vem sendo utilizada no contexto da oncologia,
tendo demonstrado efeitos positivos na ansiedade, na depressão, na dor, na qualidade de vida
(GRAMAGLIA et al, 2019), na fadiga (CHEN et al., 2019) e nas náuseas e vômitos que surgem
em decorrência do tratamento quimioterápico (SILVA et al., 2014).
Corroborando com os resultados do presente estudo em que os pacientes apresentaram
pontuação média de ansiedade-estado igual a 42.5 antes da intervenção e 32.7 após a
intervenção, um ensaio clínico realizado por Firmeza et al (2017) que avaliou o impacto da
música na ansiedade em pacientes com câncer de cabeça e pescoço obteve médias similares. A
média de ansiedade-estado no grupo controle antes da intervenção era de 45.4. Já após a
intervenção, houve uma redução dessa média para 34.9 (FIRMEZA et al., 2017).
No mesmo estudo, a maioria dos participantes foi avaliada com níveis de ansiedade estado
alto e moderado antes da aplicação da música e moderado após a intervenção (FIRMEZA et al,
2017), sendo esses resultados semelhantes aos obtidos nesta pesquisa, na qual prevaleceram os
níveis alto e moderado antes da intervenção e moderado após a intervenção.
Uma pesquisa realizada na Índia com 20 pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia
avaliou o uso da música na redução da ansiedade e nos parâmetros vitais dos mesmos. A média
de ansiedade-estado no grupo experimental foi de 52,67 antes da intervenção e 35,6 após a
intervenção (IMRAM, MOOSABBA, ANCHERIL, 2017). Embora os valores de ansiedade-
estado antes da intervenção e a redução nas pontuações médias de ansiedade-estado, quando
comparadas as médias antes e após a intervenção, tenham sido maiores que os obtidos neste
estudo, observa-se que a média final após a intervenção musical foi semelhante em ambos.
Outro estudo, realizado em uma unidade de oncologia de um hospital na Itália com 111
participantes, avaliou a utilização de shows com música ao vivo para a redução da ansiedade.
A média de ansiedade-estado antes do show era 44,5 e após o show foi de 40,6, sendo então,
35
estatisticamente significativa (p<0,001) (TOCCAFONDI et al, 2017), todavia, apresentou uma
redução inferior a encontrada neste estudo.
Apesar das limitações presentes no estudo como a pequena amostra, devido a este ser
um estudo piloto e a aplicação em apenas um grupo, foram obtidos resultados com considerável
significância estatística (p<0,001), evidenciando a eficácia da música na redução da ansiedade
na amostra estudada. Todavia, afirma-se a necessidade de estudos maiores que possam
consolidar as evidências científicas dos efeitos positivos da terapia musical.
Pretende-se dar continuidade ao estudo, atingindo a completude da amostra calculada
para que se possa avaliar o efeito da intervenção com mais propriedade.
O enfermeiro, diante da necessidade de prestar um cuidado que atenda às necessidades
individuais de forma humanizada, considerando a integralidade do ser, pode se apropriar do uso
da música como uma intervenção terapêutica para ser utilizada em pacientes submetidos à
quimioterapia antineoplásica ambulatorial, visto que esta mostrou ser um recurso que possui
efeito benéfico na redução da ansiedade nesse público, constituindo-se então como uma
intervenção válida principalmente por não apresentar efeitos colaterais, ser uma intervenção de
baixo custo, e bem tolerada, devendo ter seu uso divulgado, estimulado e incorporado à prática
clínica.
36
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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7 ANEXOS
I. ANSIEDADE – ESTADO
_______________________________________________
_______________________________________________
Eu, Duílio Reis Rocha Filho, Chefe Médico da Oncologia do Serviço de Quimioterapia do
Hospital Universitário Walter Cantídio, conheço o protocolo de pesquisa intitulada: “O uso da
música no manejo da ansiedade em pacientes oncológicos submetidos a quimioterapia
antineoplásica”, desenvolvida pela Acadêmica de Enfermagem Brena Ivina Amorim de Lima,
conheço seus objetivos e a metodologia que será desenvolvida, estando ciente de que o
pesquisador não irá interferir no fluxo normal deste Serviço.
_______________________________________________
_______________________________
Eu, Emanuel Moreira de Melo, chefe do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME –
HUWC), fiel depositário dos prontuários médicos dos pacientes do Hospital Universitário
Walter Cantídio, autorizo Brena Ivina Amorim de Lima a colher dados dos prontuários para
fins de seu estudo intitulado: “O uso da música no manejo da ansiedade em pacientes
oncológicos submetidos a quimioterapia antineoplásica”.
_______________________________________________
_______________________________________
Brena Ivina Amorim de Lima
Acadêmica de enfermagem
_______________________________________
Profa. Dra. Andrea Bezerra Rodrigues
Orientadora e Pesquisadora principal
53
_______________________________ ____/_____/______
55
________________________________ _____/______/_____
Assinatura do pesquisador Data
________________________________ ____/______/______
Testemunha (Se o participante não souber ler) Data
_________________________________ _____/______/______
Assinatura do aplicador Data
56
8 APÊNDICES
Nome
Gênero ( ) Masculino ( ) Feminino Idade
( ) Autônomo ( ) Funcionário Público ( ) Aposentado
Ocupação
( ) Do lar ( ) Outro:__________________________
Doença ( ) Mama ( ) Colorreal ( ) Gástrico ( ) Pulmão
Oncológica ( ) Outro:______________________________________
( ) Não Se sim:
Ingere Bebidas
( ) Sim - Há quantos anos ingere? _____
Alcoólicas?
- Qual é a frequência por semana? _____
( ) Não Se sim:
Fumante? ( ) Sim - Há quantos anos fuma? _____
- Quantos cigarros por dia? _____
( ) Não ( ) Sim
Acompanhante Se sim, quem é o acompanhante: ( ) Mãe ( ) Pai ( ) Filho (a)
( ) Outro familiar ( ) Outro:______________________________
Telefones para
Estado Civil Escolaridade
contato
1 -
( ) Solteiro ( ) Ensino fundamental incompleto
_________________
( ) Casado ou união estável
( ) Divorciado ( ) Ensino fundamental completo
2 -
( ) Viúvo
_________________
( ) Ensino médio incompleto
Renda Religião
( ) Menos de 1 salário
( ) Não ( ) Sim ( ) Ensino médio completo
mínimo
Se sim, qual: ( ) Ensino superior incompleto
( ) De 1 a 3 salários
( ) Católica
mínimos
( ) Evangélica ( ) Ensino superior completo
( ) Espírita
( ) Mais de 3 salários
( )Outra ( ) Pós graduado
mínimos
Glasgow Escore de dor
( ) 1 a 3 = baixa intensidade
( ) 4 a 6 = moderada intensidade
( ) 7 a 10 = alta intensidade
57