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ARQUIVO ENANPEGE Completo Plataformas Digitais Territorio-Recurso TOZI 07 2019
ARQUIVO ENANPEGE Completo Plataformas Digitais Territorio-Recurso TOZI 07 2019
Fábio Tozi
fabio.tozi@gmail.com
Resumo
1
revelam as contradições do atual período histórico. Defende-se, que alguns desses
processos são centrais para a compreensão das relações entre o território nacional e
as empresas de tecnologia baseadas na informação como fator produtivo, que, no
caso dos aplicativos de transporte são representadas por Uber (EUA), 99 (CH) e
Cabify (ES).
1
Uber Technologies, Inc. Form S-1 Registration Statement. United States Securities and Exchange
Commission (2019). Disponível em:
https://www.sec.gov/Archives/edgar/data/1543151/000119312519103850/d647752ds1.htm. Acesso
em 29/04/2019.
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plataforma, as condições territoriais condicionam os rendimentos diferenciais da
empresa.
3
pioneirismo, podem ser deficitárias (Gráfico 01). Não se pode descartar a hipótese
que a prática de dumping seja vigente, ou seja, a venda de um serviço a preços
inferiores aos do mercado, com o objetivo de tornar-se uma empresa hegemônica.
Fonte: Uber Technologies, Inc. Form S1 Registration Statement. United States Securities and
Exchange Commission (2019).
4
Em um segundo momento, são as cidades intermediárias as novas bases
geográficas da expansão das plataformas, particularmente a Uber, conduzindo a um
processo de consolidação de uma nova maneira de deslocar-se, via smartphones e
aplicativos online. Atualmente, as empresas estão presentes em pequenas cidades, o
que nos dá indícios para debater que a escala e o escopo dessas empresas se
sustentam em formas complexas de mercados territoriais, não excluindo, portanto,
aqueles lugares com baixa concentração populacional, apoiando-se, em
regionalizações, isto é, sem se ater aos limites político-administrativos municipais. No
mais, a que se acrescentar a essa situação o sucessivo aumento do desemprego no
país, transformando os carros particulares e as pessoas desempregadas em um
gigantesco exército de veículos e trabalhadores dessas empresas, mesmo que tais
vínculos não sejam, via de regra, juridicamente reconhecidos.
5
Fonte: Levantamento realizado no sítio oficial da empresa.
2
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Governo. LEI Nº 10.900.
Belo Horizonte, 08/01/2016.
6
licenciados pela BHTrans. Logo, a Lei visou proibir o funcionamento da Uber, que
somente poderia continuar em atividade se seus motoristas fossem taxistas já
cadastrados.
3
UBER. Sobre a lei 10.900/2016, 2016. Disponível em https://newsroom.uber.com/brazil/sobre-a-lei-
10-9002016/. Acesso em 08/09/2016.
4
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Comarca de Belo Horizonte. 1ª Vara da
Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte. Mandado de segurança coletivo.
Processo: 5014923-75.2016.8.13.0024, Belo Horizonte, 10 de março de 2016; TRIBUNAL DE JUSTIÇA
DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 6ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo
Horizonte. Mandado de segurança. Processo: 5117005-87.2016.8.13.0024, Belo Horizonte,
12/09/2016.
5
De acordo com a Liminar de 10/03/2016, decidida pelo Juiz Michel Curi e Silva, impetrada pela
SUCESU-MG (Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de Minas Gerais): “... o
serviço de transporte de pessoas oferecido através de aplicativo de dispositivo móvel (aparelhos
celulares, tablets etc), como por exemplo, o UBER, insere-se na modalidade de contrato particular de
transporte, não se confundindo com o serviço público de transporte prestado por taxistas, mediante
permissão do poder público” (ref. Proc. 5014923-75.2016.8.13.0024, 1ª Vara da Fazenda Pública e
Autarquias da Comarca de Belo Horizonte). Outra Liminar, de 09/09/2016, de autoria do Juiz Paulo de
Tarso Tamburini Souza e impetrada pela Uber junto à 6ª Vara de Fazenda Pública e Autarquias de Belo
Horizonte, amplia a decisão para todo o estado de Minas Gerais (ref. Proc. 5117005-
87.2016.8.13.0024).
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13640.htm.
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Considerações finais
Entre esses novos trabalhadores, como temos observado nas entrevistas que
conduzidos, há uma parcela importante que, de fato, se precarizou: engenheiros,
psicólogos, administradores de empresas, contadores, entre outros, que, demitidos e,
na impossibilidade de reinserção profissional, encontram nas plataformas um meio
digital de conquistar algum dinheiro. Se inicialmente esse trabalho podia ser
considerado eventual, ele acaba se tornando a principal forma de sustento de muitos
deles, em jornadas diárias superiores a 12 horas, seis ou sete dias por semana,
incluindo noites e madrugadas. Outra parcela dos motoristas não passou por esse
processo de precarização, haja vista que já possuíam uma qualificação simples, que,
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Embora ainda não saibamos da existência de tais estudos, certamente as jornadas de trabalho desses
motoristas deve replicar doenças comumente encontradas em motoristas de táxis, de ônibus ou de
caminhão. Longos períodos sentados, má-alimentação, longas jornadas levam à obesidade, pressão
alta, dores na coluna e lesões por movimentos repetitivos.
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na divisão social e territorial do trabalho, os caracterizaria, comumente, em atividades
do circuito inferior da economia urbana.
Referências bibliográficas
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RIBEIRO, Ana Clara Torres. Regionalização: fato e ferramenta. In: LIMONAD, Ester;
HAESBAERT, Rogério; MOREIRA, Ruy. Brasil, século XXI – por uma nova
regionalização. Agentes, processos, escalas. São Paulo: CNPq/Max Limonad,
2004.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. Técnica e tempo. Razão e emoção. São
Paulo: HUCITEC, 1996.
TOZI, Fábio. As novas tecnologias da informação como suporte à ação territorial das
empresas de transporte por aplicativo no Brasil. In: ZAAR, Miriam; CAPEL,
Horacio. (Org.). Las ciencias sociales y la edificación de una sociedad
post-capitalista. Barcelona: Universidad de Barcelona/Geocrítica, 2018.
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