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METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

INTRODUÇÃO

O Rating tem por objetivo fornecer uma opinião acerca do nível de risco de crédito de curto e/ou de longo prazo de uma
instituição financeira. Amparado inicialmente em um modelo de score estatístico, com base em informações contábeis de
todas as instituições financeiras atuantes no País e o emprego de análise discriminante e parametrização de indicadores
de desempenho, divididos por decis, comparando a instituição financeira com o mercado e seu Peer Group, a Austin vem
aprimorando constantemente sua metodologia, incorporando informações adicionais aos dados presentes nas
demonstrações financeiras.

O processo analítico para a atribuição de um rating agrega, ao score estatístico, a avaliação de informações quantitativas
- adicionais às demonstrações financeiras disponíveis ao público - e aspectos qualitativos, via de regra, obtidos por meio
de um questionário padronizado, enviado pela Austin Rating ao responsável pelo banco em análise (ver questionário
anexo).

Os ratings atribuídos pela Austin Rating aos bancos brasileiros obedecem a uma escala de classificação nacional e
servem como parâmetro de comparação entre instituições bancárias atuando no país e, eventualmente, com atividades
no exterior. A escala da Austin não leva em conta, e tampouco se limita, ao rating soberano do país, este empregado
como teto para ratings internacionais. Cabe lembrar que os ratings atribuídos na escala nacional não são comparáveis
com bancos atuando em outros países.

PROCESSO ANALÍTICO DE RATING

O processo analítico tem início com o recebimento de demonstrações financeiras recentes e das informações solicitadas
no questionário. Endereçadas ao analista responsável pela elaboração de relatório de análise, as informações são
assimiladas em conjunto com a leitura das demonstrações contábeis, de onde partem questões pontuais a serem
respondidas ao longo do processo de due diligence realizada por dois analistas da Austin Rating, junto às pessoas
autorizadas e qualificadas para responder pela instituição (para maiores esclarecimentos sobre o processo analítico,
consultar o processo de análise no site www.austin.com.br).

A análise é feita primordialmente a partir de informações públicas e confidenciais obtidas em reuniões de diligência com o
primeiro escalão da administração da instituição. Afora o contato com estes interlocutores, outras fontes relevantes de
informação são o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários, a SUSEP, a Bolsa de Valores de São
Paulo, a Bolsa de Mercadorias e Futuros, a imprensa geral e especializada, entidades de classe, associações de
analistas e troca de informações com pares de mercado. A Austin Rating organizou o processo analítico amparado em
uma visão top down, levando em conta, além dos fatores políticos, macroeconômicos, setoriais e regulatórios aplicados
às instituições financeiras, os aspectos qualitativos e quantitativos intrínsecos ao banco em análise.

Ambiente Político e Macroeconômico

A avaliação de risco das instituições financeiras tem como base as análises de conjuntura e as projeções
macroeconômicas elaboradas pelo Departamento de Economia responsável pela avaliação de risco soberano na Austin
Rating. Em seu escopo, o departamento econômico da Austin Rating, considera a situação política doméstica e
internacional e seu efeito na economia. São levados em conta os vários aspectos da conjuntura econômica e os desafios
de curto e longo prazos na agenda governamental e do Banco Central do Brasil, com maior ênfase na condução da
política monetária do País, as perspectivas de crescimento econômico e seu reflexo na expansão agregada da atividade
creditícia, no nível das taxas de juros, câmbio e inadimplência.

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Setorial e Regulatório

São realizados estudos setoriais versando sobre aspectos regulatórios relevantes e seu impacto no dia-a-dia das
instituições, sobre produtos e serviços bancários específicos, desempenho e tendências relevantes do setor bancário,
aspectos necessários para contextualizar a condução e o desempenho das atividades bancárias no País.

A Austin acompanha periodicamente os movimentos de concentração bancária e as aquisições realizadas pelas


instituições financeiras, de forma a medir o grau de competitividade em geral e em determinados nichos de atuação. Sob
o ponto de vista regulatório, avaliamos a regulamentação bancária mais representativa aplicada, os mecanismos
disponíveis à autoridade monetária, de modo a preservar a solvência do sistema, o histórico e a qualidade da supervisão
bancária. Mantemos um canal aberto de comunicação com as autoridades fiscalizadoras, no que tange à metodologia de
análise de instituições financeiras e na atualização das principais mudanças no entorno regulatório em âmbito nacional e
internacional.

ANÁLISE DOS FATORES QUANTITATIVOS

Análise das Demonstrações Financeiras

A análise dos fatores quantitativos consiste na interpretação das demonstrações financeiras da instituição, nos últimos
cinco anos, somada às estimativas de sua base patrimonial e resultados dentro de um horizonte de três anos.

Buscamos identificar na análise do balanço patrimonial as particularidades de seu segmento de atuação, traduzidas em
uma maior participação de determinadas contas na sua estrutura de ativos, além de certas modalidades de captação no
passivo. A Austin classifica as instituições em cinco segmentos, a saber: varejo, atacado e negócios, middle market,
financiamento e público. Os bancos de varejo classicamente se definem como dotados de uma rede convencional de
agências como seu principal canal de distribuição e um número pulverizado de clientes pessoas físicas e jurídicas. Os
bancos de atacado e negócios abrangem as instituições cuja captação encontra-se mais concentrada, possuem um
número reduzido de agências, em geral aéreas, e foco em clientes pessoas jurídicas com empréstimos de curto prazo
e/ou linhas de financiamento externas relacionadas ao comércio exterior. Os bancos de tesouraria se notabilizam pelo
peso destacado das operações com títulos e valores mobiliários e instrumentos derivativos, realizando ou não operações
de crédito. Os bancos de financiamento têm seu foco em operações de crédito específicas de longo prazo para a
aquisição de bens de consumo durável e bens de capital ou de crédito direto ao consumidor e crédito pessoal. Os bancos
públicos, semelhantemente aos bancos de varejo, possuem rede de agências convencionais e oferecem uma vasta gama
de produtos e serviços bancários e financeiros aos clientes, mas que, pelo fato de possuírem o controle estatal, ao
contrário dos bancos privados, atendem ao governo em seus programas específicos de cunho social, por exemplo.

Captação

Avaliamos a estrutura de funding da instituição segundo as modalidades presentes em seu passivo, focando a análise na
sua composição por fonte, modalidade, investidor, moeda, indexador, ticket médio, prazo, localização geográfica e grau
de pulverização em torno dos maiores clientes. Medimos a capacidade da instituição em renovar seus depósitos e
empréstimos, a fidelização de sua clientela passiva e a participação dos acionistas como aplicadores no banco e de
fundo de investimentos geridos pela instituição e/ou empresa controlada como compradores de papéis emitidos pelo
banco.

Avaliamos as alternativas de funding da instituição via CDB, interbancário, FIDCs, cessões e captações externas. Quanto
mais eficiente e diversificada a estrutura de captação da instituição, mais preparada estará em cenários adversos.

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Captação de Recursos

Estruturas Alternativas da Captação (CDBs, FIDCs, Externo, Cessão, Repasses etc.)


Concentração do funding
Prazo médio e Taxa de captação

Ativo

Pela estrutura geral dos ativos da instituição, focamos nossa análise nas contas de maior destaque e aquelas com
variação relevante em um período de comparação, tendo como base a última situação patrimonial da instituição. A
carteira de crédito é detalhada nas suas modalidades, medindo-se o peso de cada uma delas e sua evolução. Avalia-se o
prazo dos créditos, seus indexadores, seu grau de pulverização ou concentração em grandes clientes e/ou setores.
Comparamos a qualidade de crédito em vários períodos, segundo as regras de classificação exigidas pelo órgão
regulador. Medimos o nível de provisionamento histórico realizado pela instituição e sua conformidade com o perfil da
carteira e em relação aos seus pares. Analisamos a recorrência e o propósito do mecanismo de securitização como
cessões de crédito adotadas pela instituição, seja para empresas securitizadoras pertencentes ao conglomerado
financeiro ou a terceiros, seja com o lançamento de fundos de investimento de direitos creditórios, tendo a instituição
como originador dos recebíveis. Analisamos a composição e evolução dos ativos líquidos presentes na carteira de títulos
e valores mobiliários e nas aplicações imediatas em títulos públicos e/ou depósitos interfinanceiros, com destaque para o
prazo de vencimento, indexador e finalidade da aplicação (trading proprietário e/ou gestão de liquidez no mercado aberto
e/ou no interbancário).

Aplicação dos Recursos

Segmentos de atuação
Concentração da carteira de crédito
Prazo médio da Carteira

Capitalização

Acompanhamos a estrutura e a evolução patrimonial da instituição, com base na demonstração das mutações do
Patrimônio Líquido. Damos ênfase à composição e ao crescimento do capital social e nas reservas de lucros. Em linha,
quando presentes, atentamos ao peso dos instrumentos híbridos de capital (dívida subordinada) e no aumento de capital
realizado pelos acionistas. Alinhamos a composição acionária da instituição com nossa metodologia de Governança
Corporativa, no que esta concerne à estrutura da propriedade, aos direitos e relação da instituição com os acionistas e a
responsabilidade da gestão para com os vários agentes com quem se relaciona, dentre eles os acionistas. Avaliamos a
composição do PL (capital puro e dívida subordinada) que faz parte do cálculo do indicador de adequação de capital,
segundo as regras do Comitê da Basiléia. Acompanhamos a evolução deste indicador para a instituição avaliada, em
relação aos seus pares e o mínimo estabelecido pela autoridade bancária no país. Consideramos neste tópico, a
presença ou não de instrumentos alternativos de crescimento dos ativos, como o emprego de cessões de crédito com ou
sem coobrigação ou o funcionamento de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios. Do mesmo modo, o histórico e
a capacidade da instituição em construir acordos declarados ou não declarados com parceiros de mercado e/ou com
empresas financeiras não consolidadas no balanço local, como veículos de securitização de ativos e seu reflexo na
liquidez, no risco de crédito, na rentabilidade, eficiência e crescimento da instituição. Acompanhamos a base patrimonial,
em sintonia com os níveis de imobilização exigidos pela autoridade regulatória e o peso e a evolução das reservas, frutos
de reavaliação de ativos, da reversão de provisões e da política de provisionamento (conservadora/pouco conservadora)
para créditos, valorização/desvalorização de títulos e valores mobiliários e outros ativos e passivos contingentes,
aumentando/reduzindo em tese o lucro líquido declarado e, por conseguinte, o PL da instituição. Medimos o impacto da
política e distribuição de dividendos e/ou pagamento de juros sobre capital. Em sintonia com a evolução regulatória em

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nível local e/ou mundial, medimos a compatibilidade das instituições ao nível mínimo de capitalização exigido localmente
e a sua capacidade para fazer frente à adoção de novos elementos de ponderação para os riscos de crédito, mercado e
operacional, emanados do que se convencionou no mercado como Basiléia II.

Resultado

Efetuamos uma avaliação geral do desempenho da instituição, buscando identificar quais foram os fatores que
determinaram o resultado no período em análise, em princípio, se originados de ganhos/perdas recorrentes ou não
recorrentes preponderantemente. Medimos a evolução e o peso das receitas com crédito, a composição do mix de
modalidades, a composição da receita entre taxa média e volume médio no período. O mesmo tratamento se aplica às
outras fontes de receita da intermediação financeira, a saber, com títulos e valores mobiliários, operações de câmbio e
arrendamento mercantil. Da mesma forma, realizamos a mesma análise para as despesas relacionadas com os passivos
remunerados. Damos atenção aos efeitos das variações cambiais nos saldos de receitas/despesas reportados na
demonstração de resultados. Analisamos a constituição das provisões para créditos de liquidação, em sintonia com as
cessões de crédito realizadas, com as baixas e recuperações de crédito efetuadas no semestre/exercício. Em paralelo às
receitas da intermediação, avaliamos a composição e desempenho das receitas com prestação de serviços e sua
recorrência como elemento de diversificação das atividades da instituição. As despesas operacionais merecem destaque
na análise, com vistas a medirmos a eficiência na gestão de custos da instituição e a geração de lucro na operação
bancária e financeira. Medimos a evolução das despesas, associando-as, por um lado, à política de remuneração e ao
número de colaboradores e prestadores de serviços - verificamos a distribuição dos colaboradores entre as áreas
comercial e de suporte – e, por outra parte, à expansão ou descontinuidade dos pontos de venda, ao pagamento de
comissões de vendas, a gastos relacionadas com a manutenção e atualização do parque informático e sistemas
computacionais, bem como os gastos de manutenção e funcionamento da operação. Damos atenção particular à
contabilidade fiscal da instituição, uma vez que o resultado contábil do período pode ter sido originado de uma base
credora de imposto de renda e contribuição social. O resultado líquido é comparado a períodos similares, com o intuito de
identificarmos a consistência ao longo do tempo de desempenho e rentabilidade da instituição.

Quando realizamos a análise dos resultados do banco primeiramente dividimos em grupos determinantes estruturais e
secundários do resultado conforme demonstrado a seguir:

Determinantes estruturais da lucratividade

Origem nas atividades operacionais


Receitas sustentáveis/Despesas recorrentes
Pouco suscetíveis a manipulação
(Ex: Receita Líquida de Juros, Receita Serviços e Despesas Operacional)

Determinantes secundários da lucratividade

Não satisfazem algum dos critérios acima


(Ex: Resultado não Operacional, Receitas não sustentáveis, Despesas não recorrentes e Itens suscetíveis a
manipulação)

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Receita Líquida de Juros


Receitas de Serviços
Estrutural
Despesas Operacionais
RESULTADO ESTRUTURAL

Provisão para Perdas em Créditos


Outras Despesas Secundárias
RESULTADO APÓS DESPESAS SECUNDÁRIAS
Resultado da Tesouraria
Secundário Outras Receitas Secundárias
RESULTADO DA ATIVIDADE FINANCEIRA
Resultados de Atividades Não-Financeiras
RESULTADO ANTES DE IMPOSTOS
Impostos Sobre o Lucro
LUCRO / (PREJUÍZO) LÍQUIDO

O próximo passo é avaliar a situação financeira e as possíveis conclusões acerca do banco:

Satisfatória

Resultados cobrem o custo do capital


Resultados têm origem em fontes sustentáveis
Modificações adversas relevantes não prejudicam seriamente a lucratividade

Conclusão:

Demonstradamente viáveis
Deterioração improvável

Insatisfatória

Resultados não cobrem o custo do capital


Resultados dependem de fontes não sustentáveis
Modificações adversas relevantes prejudicam seriamente a lucratividade

Conclusão:

Viabilidade Precária
Possibilidade de Deterioração

Altamente Insatisfatória

Resultados negativos recorrentes


Dependência de receitas não sustentáveis para cobrir despesas correntes
Modificações favoráveis relevantes insuficientes para restabecer lucratividade

Conclusão:

Inviáveis
Insolvência Provável

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Análise de Indicadores de Desempenho

Como subsídio importante para a análise das instituições financeiras, a Austin faz uso de indicadores de desempenho
para cada um dos segmentos mencionados anteriormente. A utilização de indicadores torna necessário o
estabelecimento de parâmetros de desempenho, ou indicadores-padrão, os quais objetivam constituir um referencial que
possibilite a comparação dos indicadores do banco analisado com uma medida específica de desempenho.

Para a correta avaliação das variações dos demonstrativos financeiros e dos indicadores de desempenho de um banco, a
Austin Rating compara os seus índices de desempenho com padrões de desempenho (decis) de bancos do mesmo
segmento de atuação. A forma estatística utilizada para definir os padrões é a mediana, a qual não apresenta os
inconvenientes típicos de cálculos de média.

Em suas análises, a Austin Rating pondera 33 indicadores, resultantes de análise discriminante com indicadores de
diversas instituições brasileiras. Estes índices relativos revelam diversos aspectos de um banco, tornando possível uma
identificação precisa de sua situação econômico-financeira. Os indicadores financeiros estão reunidos em seis grupos e
contribuem em conjunto com a tradicional análise horizontal e vertical para avaliar quantitativamente a instituição
financeira.

Para o estabelecimento desses padrões, o primeiro passo consiste no cálculo dos indicadores de desempenho de um
determinado segmento de atuação.

Indicadores de Adequação do Capital

Avaliam a adequação dos recursos próprios da instituição.

Patrimônio Líquido
Capitalização =
Captação Total

(Ativo Permanente – Imobilizado Arrendamento)


Imobilização =
Patrimônio Líquido

(Patrimônio Líquido– Ativo Permanente)


Capital de Giro =
Patrimônio Líquido

(Captação Total – Carteira de terceiros)


Alavancagem =
Patrimônio Líquido

Indicadores de Liquidez

Avaliam se a instituição possui recursos em dinheiro e/ou aplicados para fazer frente aos depósitos e captações.

Disponibilidades
Encaixe =
Depósitos à Vista

Dependência do Depósitos Interbancários


Interbancário = Captação Total

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Solvência Ativo Circulante


Corrente = Passivo Circulante

Realizável LP
GAP de Prazo =
(Exigível LP + PL)

(Disponibilidades + Aplicação Interfinanceira de Liquidez + Títulos e


Liquidez Valores Mobiliários)
Imediata =
(Depósitos Totais + Captação Mercado Aberto)

Indicadores de Qualidade da Carteira de Crédito

Avaliam a qualidade dos ativos da instituição, no que se refere a créditos concedidos e se a instituição adota uma política
conservadora de provisionamento e se o patrimônio está comprometido com os créditos problemáticos.

Crédito em atraso rating D-H


Inadimplência =
Operações de Crédito Total

Provisão para Crédito Liquidação Duvidosa


Provisionamento =
Operações de Crédito Total

Cobertura com Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa


Provisões = (Operações Crédito de Liquidação Duvidosa + Atraso)

(Operações Crédito de Liquidação Duvidosa + Atraso)


Comprometimento =
(PL + Provisão para Crédito Liquidação Duvidosa)

Write-Off / Créditos Baixados contra Provisões


Crédito Bruto = Operações de Crédito Total

Indicadores de Custo e Eficiência

Avaliam a estrutura de custos do banco (captação, pessoal, administrativo e eficiência).

Despesa da Intermediação Financeira


Intermediação =
Captação Total

Despesa com Pessoal


Pessoal =
Captação Total

Despesas Administrativas
Administrativo =
Captação Total

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(Despesas de Pessoal + Administrativas)


Operacional =
Ativo Total

(Despesa da Intermediação Financeira + Pessoal + Adm. + Tributária)


Custo Total =
Captação Total

(Despesas de Pessoal + Administrativas)


Eficiência =
(Resultado da Intermediação Financeira + Receita de Serviços)

Indicadores de Rentabilidade

Avaliam se o resultado auferido está condizente com o segmento de atuação.

Receita da Intermediação Financeira


Geração de Rendas =
Aplicação Total

Resultado Bruto da Intermediação Financeira


Margem Bruta =
(Receita da Intermediação Financeira + Receita de Serviços)

Resultado Operacional
Margem Operacional =
(Receita da Intermediação Financeira + Receita de Serviços)

Resultado Líquido
Margem Líquida =
(Receita da Intermediação Financeira + Receita de Serviços)

Rentabilidade Resultado Líquido


do PL = Patrimônio Líquido

Resultado Líquido
Retorno sobre Ativo =
Ativo Total

Rentabilidade da (Resultado Operacional – Resultado Equivalência – Outras Receitas)


Atividade Bancária = Patrimônio Líquido

Indicadores de Gestão

Avaliam a eficiência da gestão e o posicionamento estratégico da instituição.

PL ano atual
Crescimento do PL =
PL ano anterior

Geração de Renda
Spread =
Custo da Intermediação

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Rentabilidade Resultado de Câmbio


Câmbio = Carteira de Câmbio

(Resultado Títulos e Valores Mobiliários + Rendas Aplic. Interfinanc. de


Rentabilidade Liquidez)
Tesouraria =
(Aplicação Interfinanceira de Liquidez + Títulos e Valores Mobiliários)

Concentração em (Operações de Crédito + Outros Créditos)


Crédito = Aplicação Total

Geração de Caixa/ (LL + Depreciação + DPCLD + Rev. Provisão - Res. Cont. Colig.)
PL = Patrimônio Líquido

Exemplo Ilustrativo

Após o cálculo de todos os indicadores de desempenho, utilizamos o modelo estatístico conhecido como decis, conforme
demonstrado a seguir.

Supondo que os índices de rentabilidade encontrados para trinta instituições financeiras foram:

20,0 84,0 13,0 71,0 77,0 11,0

89,0 90,0 116,0 2,0 214,0 51,0

33,0 90,0 87,0 14,0 67,0 30,0

75,0 96,0 99,0 36,0 45,0 66,0

14,0 41,0 76,0 184,0 77,0 230,0

Então, os indicadores encontrados são colocados em ordem crescente. No exemplo acima, tem-se:

2,0 11,0 13,0 14,0 14,0 20,0

30,0 33,0 36,0 41,0 45,0 51,0

66,0 67,0 71,0 75,0 76,0 77,0

77,0 84,0 87,0 89,0 90,0 90,0

96,0 99,0 116,0 184,0 214,0 230,0

O passo seguinte é a determinação dos decis. O primeiro decil é o elemento que deixa 10% dos elementos abaixo de si e
90% acima. No exemplo apresentado, 10% são 3 elementos e 90% são 27 elementos; portanto o primeiro decil será uma
média dos elementos 13,0 e 14,0, ou seja, o primeiro decil será 13,5.

O segundo decil é o elemento que deixa 20% dos elementos abaixo de si e 80% acima. Como, neste exemplo, tem-se 30
elementos, 20% são 6 elementos e 80% são 24 elementos; portanto, o segundo decil será uma média dos elementos

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20,0 e 30,0, ou seja, o segundo decil será 25,0. O mesmo procedimento é válido para o cálculo dos 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º e
9º decis.

A mediana é o nome estatístico do quinto decil, ou seja, a mediana é o elemento que deixa 50% dos elementos abaixo de
si e, em conseqüência, outros 50% acima de si. No exemplo apresentado, 50% são 15 elementos; portanto, a mediana
será uma média dos elementos 71,0 e 75,0. Ou seja, a mediana será 73,0.

No exemplo apresentado, os decis são:

1ºDecil 13,5
2º Decil 25,0
3º Decil 38,5
4º Decil 58,5
Mediana 73,0
6ºDecil 77,0
7º Decil 88,0
8º Decil 93,0
9º Decil 150,0

Interpretando os números obtidos, tem-se que o número 38,5 no 3º decil indica que 30% das instituições, nesse exemplo,
apresentam imobilização inferior a 38,5% e 70% das instituições, imobilização superior. A mediana indica que 50% das
instituições têm imobilização inferior a 73,0% e a outra metade imobilização superior a 73,0%. No caso do índice de
imobilização, quanto maior seu valor pior seu conceito. Dessa forma, uma instituição que tenha, neste exemplo, um
indicador de imobilização de 95,0% terá imobilização deficiente.

1ºDecil
Ótimo
2º Decil
3º Decil
Bom
4º Decil
Mediana Razoável
6º Decil
7º Decil Insatisfatório
8º Decil
9º Decil Deficiente

ANÁLISE DE FATORES QUALITATIVOS

Controle Acionário

Buscamos com este tópico nos familiarizarmos com os antecedentes dos acionistas, sua experiência profissional e
habilitação para exercer funções no setor bancário. Avaliamos a sua situação financeira individual e o comprometimento
financeiro com a instituição. Analisamos a estabilidade do quadro acionário e a situação sucessória. A cada due
diligence, atualizamos o quadro acionário e buscamos identificar mudanças relevantes capazes de afetar a estratégia em
curso, os riscos do negócio, segundo o peso decisório de um ou mais acionistas; informamo-nos sobre as atividades
do(s) acionista(s), seus projetos pessoais e empresariais e litígios familiares que poderiam impactar na continuidade do
negócio.

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Suporte

Analisamos a capacidade, a disposição e a possibilidade, por parte dos acionistas e/ou das autoridades monetárias e
governamentais, de suportar o banco com recursos, de maneira tempestiva, caso este venha a necessitar, de modo a
mantê-lo em funcionamento. Alternativamente, avaliamos, no caso de bancos cuja propriedade pertence a acionistas com
atividades em outro(s) setor(es) da economia, se os recursos são retirados da instituição para suportar dificuldades em
outras empresas. Levando em conta este suporte, dentro do entorno regulatório vigente no país, admitindo vir a se tratar
de problemas de natureza sistêmica motivados pela conjuntura macroeconômica desfavorável e/ou imposições
regulatórias afetando o setor. A Austin não atribui rating específico de suporte e tampouco rating individual de solidez
financeira, sendo portanto o peso e a relevância deste tópico maior ou menor, segundo o grau de solidez financeira
intrínseca da instituição. Ambos os elementos, a solidez financeira intrínseca e o suporte, encontram-se materializados
nesta metodologia de rating de crédito de curto e longo prazo de instituições financeiras.

Grupo Econômico

Solicitamos informações sobre as atividades mundiais da instituição financeira (quando aplicável) e extra-banco dos
acionistas, as decisões estratégicas e o desempenho das principais empresas do grupo. Buscamos identificar o grau de
risco que estas atividades podem afetar a instituição financeira, verificar estes vínculos com partes relacionadas, se há
problemas nas empresas que obrigam a saída de recursos do banco; se existem mecanismos relacionando o banco e as
empresas, de modo a espelhar uma situação patrimonial e financeira favorável na instituição, sendo os problemas
colocados em empresas subsidiárias localizadas no país e/ou no exterior, impedindo de enxergar a real situação do
banco.

Administração

Analisamos a composição atual e a evolução da estrutura organizacional do banco e sua compatibilidade com as
principais atividades da instituição. O grau de centralização nas decisões e a agilidade com que estas são executadas.
Medimos a qualificação do corpo de diretores estatutários e executivos de alto escalão, a política de recursos humanos,
em termos de clima organizacional, remuneração, benefícios e estabilidade dos colaboradores. Consideramos as
mudanças em curso ou necessidade das mesmas face aos desafios exigidos pela competição no setor. O conjunto de
princípios e boas práticas de Governança Corporativa, como por exemplo, a presença de um código de ética,
responsabilidade social, dentre outros aspectos (para maiores detalhes ver a metodologia de rating de Governança
Corporativa) foram absorvidos em nossa análise.

Em linha com estas boas práticas, avaliamos a qualidade e a transparência das informações financeiras e gerenciais
fornecidas pela instituição, no que toca ao seu conteúdo, freqüência, disponibilidade, no tempo e com relação aos seus
pares. Do mesmo modo, a abertura das informações contidas nas notas explicativas e o parecer dos auditores
independentes.

Estratégia de Médio e Longo Prazos

Buscamos associar o perfil do banco à estratégia em curso, de modo a medir sua consistência com as tendências dos
vários segmentos de atividade bancária identificados em nossos estudos setoriais, bem como do entorno regulatório
aplicável. Identificamos o posicionamento estratégico dos controladores no mundo (quando aplicável) e no Brasil e o
cronograma de implementação das metas estabelecidas na estratégia. Em linha, é avaliada a matriz de produtos e
serviços da instituição, sua dependência geográfica e por algum produto ou, alternativamente, sua diversificação de
negócios, quais mudanças se encontram em estudo ou em curso, seja na abertura de novas frentes de negócios, seja na

Metodologia Rating de Bancos 11


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descontinuidade de outras atividades, a fim de medirmos a freqüência com que mudanças são realizadas no tempo e a
resposta da administração na identificação de cenários adversos e a estratégia de defesa de seu nicho de mercado.

Procuramos avaliar a trajetória de crescimento da instituição, se orgânica e/ou por meio de aquisições, e sua capacidade
de constituir parcerias com outros players, visando não somente seu crescimento, mas a preservação de sua liquidez,
rentabilidade e eficiência. Procuramos avaliar a aderência desta estratégia, em termos de capacitação tecnológica e
recursos humanos.

Estrutura Operacional e Gestão das Áreas de Negócios

Em sintonia com a estratégia em curso, buscamos avaliar o modelo de gestão empresarial vigente na instituição, as
ferramentas gerenciais utilizadas visando a execução das metas de expansão, presentes no planejamento para o
monitoramento e controle das atividades. Da mesma forma, os canais de distribuição (próprios e/ou de terceiros), sua
evolução quantitativa e distribuição geográfica, afora as áreas comercial, de tesouraria, de crédito e compliance, no que
toca às suas estruturas, processos e políticas, também foram reconhecidos.

A política e os processos envolvendo as atividades de crédito são avaliados, passando pela abertura da proposta de
crédito, a análise, a alocação individual e setorial, as garantias tomadas, os limites estabelecidos, a aprovação,
formalização, acompanhamento dos pagamentos e das garantias e o processo de cobrança. Avaliamos o conteúdo e
abrangência das informações cadastrais e financeiras dos tomadores, os sistemas e os modelos de crédito empregados
no processo de crédito para pessoas físicas e jurídicas. Buscamos medir a qualidade da análise de cadastro e crédito,
em termos de sofisticação e abrangência, a metodologia empregada, o tempo dedicado à análise e a profundidade e
aderência dos pareceres dos analistas. Quanto ao processo decisório e de aprovação, medimos seu grau de
centralização e a política de alçadas presente na instituição. Atestamos os mecanismos de acompanhamento e revisão
de limites dos créditos. Avaliamos as etapas do processo de cobrança e seu histórico de recuperação e a política de
provisionamento, segundo critérios internos e em conformidade com a regulação vigente.

Quanto à captação, avaliamos a estrutura de profissionais e os canais de distribuição envolvidos. Avaliamos a estratégia
de pulverização das fontes de financiamento, seja no mercado externo, seja no interno, assim como o uso de
instrumentos híbridos de capital, abertura de capital e emissão de ações, cessões de crédito e lançamento de fundos de
investimento em direitos creditórios. Acompanhamos a evolução das taxas médias de captação.

Em paralelo, avaliamos as funções da tesouraria, seu papel na precificação dos ativos, na proteção dos ativos ao risco de
mercado e na gestão de ativos e passivos. Consideramos a qualificação dos profissionais operando nas mesas, o
processo decisório de investimento, os limites estabelecidos por papel e instrumento, as alçadas presentes, a
organização das mesas de operação, a representatividade de seu resultado no lucro da instituição, a metodologia
utilizada para o cálculo de retorno e volatilidade e o método empregado para medir a exposição do banco ao risco de
mercado Value at Risk – VaR (paramétrico, não paramétrico, Garch), bem como simulações e testes de stress.
Consideramos as políticas estabelecidas para as atividades da tesouraria segundo as informações fornecidas pelo
modelo de gestão de risco de mercado e os testes de stress (stop loss, stop gain). Observamos a relação mantida entre a
tesouraria e as atividades de gestão de recursos e de corretagem de valores, em se tratando de conglomerado financeiro.
Avaliamos as atividades de trading da tesouraria, os mercados de atuação, os ativos e estruturas nos quais se encontra
posicionada.

Gestão de Riscos

Os estudos de conjuntura econômica e setorial e as análises qualitativa e quantitativa supra mencionadas servem de
base para realizarmos uma avaliação pormenorizada das classes de risco, as quais estão submetidas às instituições
financeiras atuando no país. Por constituírem-se em informação atualizada acerca da instituição, se presta como
importante subsídio para projetarmos o risco de crédto de médio e longo prazos e, consequentemente, empreendermos

Metodologia Rating de Bancos 12


METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

as ações do Comitê de Classificação de Risco, materializadas na atribuição inicial, na elevação, manutenção ou


rebaixamento de um rating de crédito.

Tomamos como pano de fundo para a avaliação das classes de risco propriamente ditas, a filosofia empresarial presente
na instituição analisada, buscando, com isso, identificar o padrão ético dos acionistas, dos executivos, disseminado na
estrutura organizacional com códigos de ética e de conduta de abrangência e aplicabilidade efetivas. Em sintonia com a
estratégia em curso, buscamos medir os meios pelos quais esta é implementada, a velocidade e a forma com que as
metas são atingidas e o envolvimento e responsabilidade das partes envolvidas no processo. Neste particular, focamos
na qualidade e abrangência dos controles internos e externos a que estão submetidas as várias divisões da instituição.
Buscamos avaliar se estes controles encontram-se delimitados às exigências dos órgãos regulatórios ou vão além do
requerido, antecipando futuros enquadramentos. Buscamos medir o modelo operacional empregado na instituição, vis-à-
vis o estado das artes em termos de gestão, governança corporativa, sistemas de informação e controles internos. Neste
contexto, avaliamos a existência ou não de uma área de gestão de riscos e sua autonomia e autoridade no controle da
estrutura organizacional da instituição. Avaliamos os instrumentos utilizados para medir os riscos envolvidos e as ações
disponíveis para interrompê-los e/ou minimizar as perdas. Consideramos as atividades de compliance e auditoria interna
e os trabalhos realizados pela auditoria externa e pela fiscalização realizada pelas autoridades competentes.

Partindo da apreciação geral acerca deste entorno, damos curso à avaliação das classes de risco discriminadas a seguir:

Risco Político e Regulatório

Opinamos sobre o grau de risco ao qual pode estar exposta a instituição financeira como um todo e a continuidade dos
negócios, segundo a plataforma das iniciativas dos governantes, legisladores e Poder Judiciário, adotando uma postura
crítica sobre o sistema bancário manifestado em leis, decisões judiciais em prejuízo dos bancos e, culminando em caso
extremo, com a estatização do sistema bancário.

Medimos e sinalizamos sobre a probabilidade de vir a ser adotada uma decisão de natureza política pela suspensão,
alongamento forçado ou redução no pagamento da dívida pública mobiliária, com reflexo no risco de mercado e solvência
das instituições.

Em linha com nossa análise de rating soberano, de entes públicos, de Estados e Municípios, opinamos sobre o risco de
suspensão temporária ou cancelamento de convênios firmados para a concessão de operações de crédito e/ou
prestação de serviços, fraudes e apropriação indébita de recursos a serem repassados às instituições. Segundo sua
magnitude e duração, ações de rating pontuais são adotadas para as instituições diretamente afetadas.

Nosso parecer e as ações de rating são empreendidos segundo o impacto no desempenho e, eventualmente, na solidez
das instituições, com mudanças na regulamentação do Banco Central relacionadas à política monetária e financeira
(aumento de depósitos compulsórios, tabelamento de juros, direcionamento de créditos para determinados setores),
ponderação para efeitos de adequação de capital nos créditos mantidos dentro e fora do balanço, assim como para os
demais ativos, nível mínimo de capital para os tipos de instituição atuando no país, regras de classificação e
provisionamento de créditos e outros ativos. Da mesma forma, alertamos para mudanças na legislação fiscal aprovadas
no Legislativo ou expedidas pela Receita Federal e outras instâncias arrecadadoras, como a criação de impostos e
contribuições, mudança de alíquotas, redução e/ou eliminação de isenção de pagamentos de tributos e contribuições,
como também de natureza trabalhista e cível.

Risco de Crédito

Em princípio, avaliamos a consistência do crescimento das operações de crédito da instituição à luz da conjuntura
econômica e dos setores de atividade envolvidos. Atestamos a conformidade ou apontamos falhas na política e na(s)
etapa(s) do processo de crédito que potencialmente podem ocasionar ou que tem ocasionado a deterioração na
qualidade da carteira. Sinalizamos problemas na concessão, seja por um excesso de centralização na atribuição de

Metodologia Rating de Bancos 13


METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

limites e aprovação de operações, seja pela presença de alçadas com elevado grau de decisão. Falhas na seleção, na
avaliação e formalização cadastral e nos pareceres de crédito com a abertura e atribuição de limites aquém da
capacidade de pagamento dos tomadores, bem como a inadequada formalização cadastral e na tomada de garantias são
alertados através de sinais. Sinalizamos a inadequação das garantias vis-à-vis o risco atrelado ao pagamento dos
empréstimos. No que toca à composição da carteira em linhas gerais, alertamos para a baixa pulverização setorial e
individual e, especificamente, a participação de determinados setores considerados mais suscetíveis às variações do
ciclo econômico e sujeitos a picos de inadimplência mais acentuados. Em igual medida, apontamos pela deficiência e/ou
iliquidez das garantias para cobrir atraso no pagamento das operações de crédito. Em que pese a convergência cada vez
maior na classificação de risco de crédito realizada pelas instituições financeiras atuando no Brasil, fazemos menção às
eventuais distorções identificadas, levando em conta os segmentos envolvidos, os clientes e as garantias tomadas, da
mesma forma, em relação às instituições com perfil similar. Damos especial atenção ao volume de créditos renegociados
e o emprego recorrente de cessões de crédito e/ou a utilização de fundos de direitos creditórios como mecanismos que
têm como efeito a melhora da qualidade da carteira mantida no balanço da instituição. Em contrapartida, para os créditos
cedidos com cláusula de coobrigação, medimos a capacidade da instituição em manter sua coobrigação para efeitos de
remuneração do investimento no FIDC e/ou nas cessões realizadas. Avaliação particular é realizada no fluxo de cessões
realizadas, quais créditos foram cedidos, seu desempenho e representatividade na produção de crédito feita pela
instituição.

Damos atenção à comparação dos indicadores de qualidade de crédito com seus pares e ao parecer dos auditores
independentes. No caso de bancos pertencentes a grupos econômicos, buscamos medir a qualidade da carteira em
sintonia com a solidez financeira de outras empresas e as atividades individuais dos acionistas.

Com respeito ao risco de crédito envolvendo as operações com títulos e valores mobiliários da tesouraria, alinhamos
nossa análise com a avaliação de risco soberano desenvolvida pela equipe da Austin responsável, sinalizando para a
capacidade de pagamento do Tesouro Nacional e/ou Banco Central nos papéis emitidos e colocados no mercado aberto,
responsáveis pela quase totalidade do lastro das operações compromissadas entre instituições financeiras e fazendo
parte da carteira própria da instituição. Para os depósitos interfinanceiros adquiridos pela tesouraria, avaliamos a
concentração das aplicações em determinados bancos e fazemos uso dos ratings e scores a eles atribuídos. Da mesma
forma, emissões corporativas de renda fixa e variável mantidas na carteira das instituições recebem o mesmo tratamento
em termos de ratings e scores atribuídos às empresas, quando disponíveis às emissões propriamente ditas.
Especificamente no caso de ações, focamos particularmente no risco de crédito envolvido. Considerando que a maioria
das operações de tesouraria se realiza através das correspondentes câmaras de compensação, tendo como lastro os
papéis negociados, realizamos uma avaliação paralela destas clearings e dos agentes de intermediação (corretoras de
valores e distribuidoras de valores) e sua capacidade de proceder, adequadamente, com a execução, liquidação e
registro das operações e de mitigar riscos individuais e sistêmicos.

No que toca às operações envolvendo derivativos, buscamos inicialmente entender o contexto em que estes se inserem
no perfil adotado pela tesouraria (estruturas financeiras para clientes, posições proprietárias e/ou gestão de
descasamentos). Buscamos compreender a(s) estrutura(s) envolvida(s), para então avaliarmos o emprego de
instrumentos derivativos e os riscos envolvidos. Com foco, da mesma forma, no risco de crédito, medimos o tamanho do
valor nominal das exposições individuais, a capacidade financeira das contrapartes envolvidas e a presença de garantias
como mitigadores do risco.

Risco de Mercado

Tomamos como premissas as análises de conjuntura e as projeções macroeconômicas elaboradas pela equipe de risco
soberano para definirmos a trajetória das taxas de juros, de câmbio e do comportamento dos principais índices da bolsa
de valores. Opinamos pelo modelo de gestão de risco de mercado presente na instituição, pela qualidade, precisão e
tempestividade das fontes e os procedimentos adotados para alimentar o modelo com informações de mercado (taxa de
juros, de câmbio, índice(s) de ações, preços de ações, contratos de derivativos). Buscamos inicialmente apontar sua
aderência ou inadequação, como sinalizador de risco e sua eficiência em momentos marcados por stress e elevada

Metodologia Rating de Bancos 14


METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

volatilidade dos ativos. Julgamos pelo nosso cenário mais provável e de stress, e aqueles adotados pela instituição, sua
exposição vigente ao risco de mercado e o impacto à solvência da instituição. Em se tratando de um grau de risco
significativo ao ponto de, se concretizado o cenário, afetar substancialmente a base patrimonial da instituição, buscamos
medir se a política a ser empregada pela tesouraria para minimizar ou neutralizar as perdas potenciais tem capacidade
de ter êxito ou não. Dada a velocidade com que estas perdas se traduzem no resultado da instituição, redobramos nossa
atenção e monitoramento, sendo as ações de rating tempestivamente adotadas. Julgamos pela capacitação dos traders
na perspectiva de compatibilizar ganhos potenciais com os riscos envolvidos. Apontamos para a inadequação do
processo decisório e alçada dos traders, capazes de colocar em risco a instituição. Avaliamos o uso de derivativos como
elemento mitigador de descasamentos de indexador, moeda e variação no preço das ações. Em se tratando de
derivativos atrelados às posições de trading proprietárias, medimos seu grau de risco incorporado à posição consolidada
em aberto.

Risco de Liquidez

Opinamos preliminarmente sobre a consistência da política de liquidez adotada na instituição, sendo esta capaz de
antecipar, com medidas de contingência, períodos marcados por maior insegurança quanto à capacidade das instituições
honrarem seus depósitos no prazo acordado. Em geral, independentemente de períodos de maior turbulência, com base
na avaliação dos riscos de crédito e de mercado e a análise dos prazos de vencimento das principais operações ativas
(créditos e títulos e valores mobiliários), depósitos e demais captações, sinalizamos sobre a possibilidade da instituição
manter, e por quanto tempo, um descasamento de prazo negativo. Medimos, neste aspecto, seu relacionamento
bancário, sua capacidade de diversificar por esforço próprio as fontes de recursos ou, da mesma forma, fazer uso da
securitização de ativos e colocação de papéis junto a fundos de investimento administrados pela instituição ou empresa
por ela controlada. Maior ênfase é dada ao conteúdo destas estruturas de securitização, verificando seu enquadramento
e proteção aos cotistas e no nível de emissão destes depósitos, em linha com os limites autorizados pelos órgãos de
controle.

Na impossibilidade do emprego destes mecanismos alternativos, maior ênfase é empregada na composição da sua
captação e a capacidade de renovar as obrigações presentes de terceiros. Avaliamos em detalhes estes ativos, seu valor
marcado e seu efetivo grau de liquidez. O período de monitoramento realizado pelos analistas, usualmente em bases
trimestrais, no que toca à liquidez especificamente, se estreita ao ponto de medirmos o caixa diário da instituição e as
ações de rating tornam-se mais apuradas. Em sendo este nível insuficiente, convergimos para este momento da
avaliação de risco, nossa opinião acerca da disposição e condições de suporte do(s) acionista(s) em uma primeira
instância e a autoridade monetária através de linhas de redesconto.

Neste ponto merece ser ressaltada nossa visão sobre a participação do Banco Central, no sentido de evitar que uma
crise de liquidez, afetando uma ou algumas instituições, venha a se materializar em uma crise sistêmica de maior
gravidade, o que motivaria uma intervenção ou liquidação judicial da mesma. Cabe neste aspecto, como pano de fundo,
inserir nossa avaliação acerca da qualidade e acuidade da supervisão bancária antevendo, por meio dos instrumentos de
fiscalização disponíveis que as instituições adotem previamente medidas corretivas, evitando com isso a necessidade de
uma intervenção da autoridade monetária com conseqüentes danos ao público. Em linha, nos apoiamos uma vez mais
nas análises da conjuntura política, econômica e social em âmbito local e internacional, realizada pela equipe de risco
soberano, para medir seu impacto no setor bancário com um todo, sua liquidez e solvência, tendo, no entanto, o devido
cuidado para saber diferenciar as situações, uma vez que em determinadas crises, preservado o sistema bancário na sua
função de manter a poupança financeira da economia, recursos migrando dentro do sistema ampliam a liquidez de
determinadas instituições em detrimento de outras, o que diferencia o grau de risco das instituições em momentos de
normalidade.

Metodologia Rating de Bancos 15


METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

Risco Operacional

Em linha com a filosofia empresarial adotada, com o emprego efetivo de um código de conduta e de ética e de uma
política de recursos humanos, opinamos sobre as atividades de controles internos disseminada no banco (matriz e
agências no país e no exterior) e suas controladas (corretora, distribuidora, empresa de arrendamento mercantil,
seguradora, administradora e gestora de recursos de terceiros, serviços de custódia, administradora de cartões de
crédito, correspondentes bancários, promotoras de vendas, etc.). Julgamos pela qualidade e profundidade destes
controles para fazer frente ao risco de fraudes, falhas, omissões, de natureza operacional. Em linha com a análise prévia
da estrutura organizacional, do dimensionamento no número e qualificação dos colaboradores e a eficiência dos
processos e rotinas de trabalho das várias divisões da instituição e suas controladas, bem como do parque tecnológico e
sistema de ferramentas informáticas disponíveis e o processo decisório, opinamos sobre a estrutura e as rotinas de
compliance e auditoria interna da instituição. Avaliamos a política de segurança da informação e a consistência de um
plano geral contemplando as várias contingências necessárias de serem atendidas. Apontamos determinados fatores de
risco que podem, face a sua debilidade de controle, vir a afetar potencialmente a instituição. Segundo a recorrência e
persistência deste aspecto, manifestamos nossa opinião através de uma ação de rating condizente ao grau de risco da
situação. Solicitamos informações sobre adequação à Basiléia II.

Risco de Imagem

Avaliamos inicialmente o grau de conscientização da instituição com esta classe de risco. Em linha com a cultura de
compliance, damos atenção aos cuidados adotados com o conhecimento de seu cliente e a postura de seus
colaboradores. Tentamos medir e sinalizar aspectos importantes que podem prejudicar a continuidade dos negócios
capazes de comprometer a reputação da instituição na captação de recursos e na intermediação financeira. Aspectos da
vida pessoal e/ou na postura profissional do(s) acionista(s) e/ou diretor(es) ou de seus colaboradores, relacionamentos
não recomendados, usando tráfego de influência, corrupção, com o poder político e, alternativamente, relação com o
crime organizado, sonegação fiscal, com situações que sejam vistas como racismo e outras classes de discriminação,
crime contra a natureza, etc., são medidos e, segundo sua gravidade, ao ponto de afetar por um período contínuo os
negócios da instituição, são objeto de ação de rating pelo Comitê de Risco.

Metodologia Rating de Bancos 16


METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

Classificação da Austin Rating


Solidez Financeira

AAA O banco apresenta solidez financeira intrínseca excepcional. Normalmente trata-se de grandes instituições,
dotadas de negócio seguro e valorizado, excelente situação financeira atual e histórica. O ambiente
empresarial e setorial pode variar sem, contudo, afetar as condições intrínsecas de funcionamento do
banco. O risco é quase nulo.

AA O banco apresenta solidez financeira intrínseca excelente. São instituições dotadas de negócio seguro e
valorizado, boa situação financeira atual e histórica. O ambiente empresarial e setorial pode variar sem,
porém, afetar as condições de funcionamento do banco. O risco é irrisório.

A O banco apresenta solidez financeira intrínseca boa. São instituições dotadas de negócio seguro e
valorizado, boa situação financeira atual e histórica. O ambiente empresarial e setorial pode variar sem,
porém, afetar as condições de funcionamento do banco. O risco é muito baixo.

BBB O banco apresenta solidez financeira intrínseca adequada. Normalmente são instituições com ativos
dotados de cobertura. Tais bancos apresentam situação financeira razoável e estável. O ambiente
empresarial e setorial pode ter uma variação mais acentuada do que nas categorias anteriores e apresenta
algum risco nas condições intrínsecas de funcionamento do banco. O risco é baixo

BB O banco apresenta solidez financeira intrínseca regular. Apresenta parâmetros de proteção adequados,
mas vulneráveis às condições econômicas, gerais e setoriais, que podem afetar as condições intrínsecas
de funcionamento do banco. O risco é médio.

B O banco apresenta solidez financeira intrínseca regular. Apresenta parâmetros de proteção adequados,
tem uma vulnerabilidade grande às condições econômicas, gerais e setoriais, que pode afetar as condições
intrínsecas de funcionamento do banco. O risco é médio.

CCC O banco apresenta baixa solidez financeira, exigindo eventual assistência externa, apresenta uma
vulnerabilidade muito grande às condições econômicas, gerais e setoriais, que podem afetar as condições
intrínsecas de funcionamento do banco. O risco é alto.

CC O banco apresenta baixa solidez financeira, exigindo eventual assistência externa, apresenta uma
vulnerabilidade muito grande às condições econômicas, gerais e setoriais, que podem afetar as condições
intrínsecas de funcionamento do banco. O risco é muito alto.

C O banco apresenta péssima solidez financeira, exigindo eventual assistência externa. Tais instituições
estão limitadas por um ou mais dos seguintes elementos: negócio de questionável valor; condições
financeiras deficientes; e um ambiente empresarial altamente desfavorável. O risco é altíssimo.

A escala de rating de crédito de longo prazo prevê a utilização dos diferenciadores + (mais) e – (menos) entre as
categorias AA e B. Estes diferenciadores servem para identificar uma melhor ou pior posição dentro destas categorias de
rating.

Metodologia Rating de Bancos 17


METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

Questionário para visita e elaboração de relatório de Rating de Bancos

Estratégia

Histórico da empresa
Perfil de atuação, objetivos da empresa
Estratégia em curso

Controle Acionário

Composição
Últimas alterações

Administração

Diretores Estatutários
Diretores Executivos
Níveis hierárquicos
Processos de controle
Evolução do número de funcionários e agências

Administração do crédito

Segmento(s) específico(s) onde atua


Processo de análise de crédito para pessoa física e pessoa jurídica
Garantias
Descrição da política de alçadas
Controles e acompanhamentos
Descrição do processo de cobrança e recuperação de créditos com problemas
Histórico de créditos com problemas
Metodologia de classificação pela Res. 2682
Nível de concentração por empresas (por porte do cliente, setores, região)
Qualidade do portfólio / Concentração por porte do cliente, setores, região
Base (período)
Volume de produção mensal durante o ano de 2006 (Pessoa Jurídica e Pessoa Física)
20 maiores tomadores
20 maiores tomadores com atraso superior a 60 dias
Volume de operações com atraso superior a 60 dias

Administração da Tesouraria / Funding

Descrever a política de tesouraria


Quais as modalidades de aplicação do caixa
Como se compõe a captação;
Adequação de prazos, taxas e indexadores. Quais os controles e instrumentos de correção de desvios
Controles de Risco de Mercado existentes e/ou em implantação: metodologia e funcionamento
Política de Gaps / Stop Loss existentes

Metodologia Rating de Bancos 18


METODOLOGIA DE RATING DE BANCOS

Relação com o Banco Central


Perfil dos operadores: experiência e know-how
Atuação da Tesouraria em nível internacional

Compliance

Estrutura da área de Compliance e auditoria interna


Administração do risco operacional

Desempenho recente

Comentários sobre o resultado mais recente


Dúvidas surgidas na análise das demonstrações contábeis

Administração de Fundos (quando aplicável)

Tipos de fundos existentes


Público-alvo
Metodologia de avaliação e escolha dos ativos
Método de avaliação de risco-retorno das carteiras
Processo de revisão das carteiras
Evolução do patrimônio, volatilidade e retorno dos fundos

Área Internacional (quando aplicável)

Agência(s) no exterior: local e tipos de atividade


Produtos e serviços
Estrutura de captação e aplicação de recursos: prazos, moedas, taxas

Área de Corporate Finance (quando aplicável)

Forma de atuação
Produtos e Serviços

Peer Group Analysis

Instituições concorrentes para a formação de referências (benchmarks)

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