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Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Faculdade de Ciências Agrárias


Curso de Engenharia Florestal

Disciplina de Colheita e Transporte Florestal

Profº. Angelo Márcio Pinto Leite


12-03-18

Diamantina - MG
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Faculdade de Ciências Agrárias
Curso de Engenharia Florestal
Disciplina de Colheita Florestal

ESTRADAS FLORESTAIS

Profº. Angelo Márcio Pinto Leite

Diamantina
2018
ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Conceito

“Via mais larga que um caminho, que atravessa certa extensão


territorial, ligando dois ou mais pontos e, através da qual as pessoas,
animais ou veículos transitam". Dicionário Houaiss.

É o conjunto de vias terrestres que permitem o acesso às áreas


florestais para viabilizar a silvicultura, o manejo, o combate a
incêndios, a recreação, a colheita e o transporte florestal.

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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Importância e Finalidades

Proporcionam significativos benefícios econômicos e sociais para a


empresa florestal, bem como para as comunidades de que dela
fazem parte.

Os investimentos alocados a essa infraestrutura possibilitam


incrementos importantes nos índices de produtividade.

Além de oferecer às comunidades benefícios sociais ao prover


acesso aos mercados, serviços (laser), empregos e informação.

Programas de melhoramento das estradas florestais certamente


reduzirão os custos de transporte florestal, além de melhorar a
qualidade de vida das comunidades circunvizinhas da empresa.

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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Importância e Finalidades

Estudos indicam que a má gestão da manutenção das estradas


rurais ocasiona aumento nos custos de transporte de carga, na ordem
de 0,5 a 1% do PIB.

A locação e construção das estradas florestais são consideradas os


primeiros passos das atividades de silvicultura e de colheita /
transporte florestal.

As características mais marcantes das estradas florestais são a


movimentação de carga num único sentido, matéria prima de baixo
valor agregado e, o baixo volume de tráfego, porém é um trafego
pesado, principalmente durante a colheita e o transporte.

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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Importância e Finalidades

Facilitar os trabalhos de implantação dos povoamentos florestais;

Reduzir as distâncias de extração da madeira;

Facilitar a realização do planejamento e do manejo florestal;

Facilitar os combates a incêndios florestais e os controles


profiláticos;

Facilitar o transporte de máquinas, materiais/insumos e pessoas;

Permitir o escoamento da produção e produtos florestais.

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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Classificação

As estradas podem ser classificadas em quatro formas básicas:

- Quanto à sua posição geográfica;

- Quanto à sua jurisdição;

- Quanto à sua função; e

- Quanto às suas condições técnicas.

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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Classificação - Quanto a posição geográfica e a sua jurisdição:

Rodovias Federais

Interligam, normalmente, dois ou mais Estados e são


construídas e conservadas pelo Governo Federal.
São antecipadas pelo prefixo BR seguidas de três
algarismos (ex.: BR 116, BR 101, etc.);
Rodovias Estaduais
Tem início e fim dentro dos limites geográficos de um mesmo Estado,
sendo sua construção e conservação atribuição de cada governo
estadual.
Recebem o prefixo da unidade federativa pertinente
seguida de três algarismos (ex.: MG 267, SP 125,...).
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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Classificação - Quanto a posição geográfica e a sua jurisdição:


Rodovias Municipais

Rodovias, vias expressas, pontes e túneis que interligam


localidades dentro de um mesmo município.
São construídas e mantidas pelo governo municipal.

Rodovias Vicinais

As rodovias vicinais são geralmente municipais (locais), pavimentadas


ou não, de uma só pista e de padrão técnico mais simples.
Podem ser privadas se precisarem suprir interesses
particulares, como é o caso das que dão acesso às
propriedades rurais e, as das Estradas Florestais.
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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Classificação - Quanto à sua função:


Rodovias Arteriais
Estas rodovias têm como principal função atender aos tráfegos de longas
distâncias.
Independentemente de serem internacionais ou interestaduais, estas
rodovias proporcionam alto nível de mobilidade para grandes volumes
de tráfego.
Rodovias Coletoras
As rodovias coletoras atendem aos núcleos populacionais ou centros
geradores de tráfego de menor vulto não servido pelo Sistema Arterial.
A função deste sistema é proporcionar mobilidade e acesso dentro de
uma área específica.
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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Classificação - Quanto à sua função:


Rodovias Locais
Estas rodovias são geralmente as de pequena extensão, destinadas a
proporcionar acesso ao tráfego local intra-municipal.
Também interligam áreas rurais e pequenas localidades até as rodovias
de pequena importância.

Classificação - Quanto às Condições Técnicas

Relacionadas diretamente com a operação do tráfego (velocidade,


rampas, raios, larguras de pista e acostamento, distância de visibilidade,
níveis de serviço etc.).

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ESTRADAS FLORESTAIS- INTRODUÇÃO

Classificação - Quanto às Condições Técnicas


Principais
Tem como função interligar a área de produção com o centro
consumidor.
Geralmente de melhor padrão construtivo e, recebe um tráfego pesado
de veículos de transporte durante todo o ano.

Secundárias
De padrão construtivo inferior, interligam as Principais e os Ramais.

Ramais
Derivação da via secundárias, que serve para colocá-la em comunicação
com algum ponto em que o seu traçado secundário não toca.

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ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Planejamento das Estradas Florestais

As estradas florestais são planejadas para o tráfego de veículos de


transporte de produtos florestais, com largura e pavimento compatíveis
com as necessidades do tráfego.
As estruturas das estradas são projetados para causar o menor impacto
ambiental e garantir o transporte dos produtos durante todo o ano.
Para atingir tais objetivos, a empresa deve seguir três estágios:

Planejamento;
Construção; e

Manutenção.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Fatores de Influência
Os fatores mais importantes que devem ser considerados no
planejamento são:

Fatores Técnicos

Consiste numa avaliação preliminar dos aspectos relacionados à


hidrologia, geologia e geotecnia, topografia, solos, clima, localização,
tamanho da área, trafegabilidade, etc.;

Assim como a avaliação de outros aspectos da rede viária existente, ou


seja, levantamento geral da área.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Fatores Técnicos
ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Fatores Econômicos

A rede viária está diretamente relacionada com os aspectos de produção e


suprimento, tornando-se indispensável para o desenvolvimento das
atividades relacionadas à silvicultura e, posteriormente, às atividades de
colheita e transporte florestal.

Assim, interferem diretamente no desempenho geral da empresa


florestal e, portanto, sua qualidade e padrão é de suma importância.

Pois, o padrão/qualidade da rede viária está diretamente relacionada ao


tempo despendido em percurso de transporte, durabilidade dos
componentes do veículo (depreciação e custo da manutenção mecânica),
ocorrência de acidentes e, níveis de impacto ao meio ambiente.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Fatores Ambientais

O planejamento da rede viária envolve estudos que visam identificar


pontos vulneráveis a problemas ambientais.

Assim, deve-se buscar sempre se propor medidas que minimizem os


impactos decorrentes do empreendimento.

Alguns projetos de implantação e construção de estradas estão sujeitos à


apresentação de EIA e RIMA por parte das empresas florestais.

Os fatores ambientais podem ser negativos ou positivos.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Fatores Ambientais

Negativos:
Ar;
Áreas com solos instáveis;
Coleções hídricas;
Mata ciliar e outros ambientes protegidos;
Aspectos estéticos.

Positivos:
Empregos;
Inserção regional.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Fatores Sociais

As estradas de uso florestal contribuem para o desenvolvimento


econômico e social de uma região, proporcionando o escoamento da
safra e a geração de emprego e renda, ou seja, favorecendo a economia
local e regional.

As estradas proporcionam o desenvolvimento cultural (melhores


oportunidades de estudo, saúde, recreação e turismo para a população).

Como consequência, ocorre a fixação das famílias no meio rural.

Paradoxalmente, ocorre o aumento de acidentes de tráfego, poluição


sonora, especulação imobiliária e, em condição de tráfego intenso, gera
poeira e problemas respiratórios à população.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Métodos de Planejamento
Existem quatro métodos básicos de planejamento de estradas florestais.
Método Tradicional
• Normas técnicas e experiências profissionais.
• Facilidades geomorfológicas locais.
Método Econômico
• Análise econômica.
Método Otimizado
• Pesquisa operacional e heurística (determina uma combinação ótima
de densidade e traçado).
Método Integrado
• Combinação dos três métodos anteriores.
• Planejamento apoiado em técnicas arrojadas de tomada de decisão.
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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Planejamento Integrado
O planejamento integrado é composto por três fases inter-relacionadas:
Projeto Conceitual
Inicia-se com o planejamento global do sistema viário e transporte
florestal.
Anteprojeto
Nessa fase, o planejador precisa especificar os objetivos, apresentar,
analisar e avaliar, quantitativamente, alternativas viáveis..
Projeto
Na fase de projeto serão realizados os estudos como o geométrico, o
geotécnico, o de drenagem, etc., incluindo-se restrições de ordens
técnica, econômica, ambiental e social.
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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Planejamento Integrado

Projeto
Anteprojeto Projeto
Conceitual

Por Quê? Aonde? Como?

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Método de planejamento otimizado

• Auxiliam no cálculo e desenho:


– do eixo horizontal da estrada;
– dos perfis longitudinal e transversal;
– das curvas horizontais e verticais;
– volume de terra movimentado.
• Exemplo:
• Rodprow;
• Topograph;
• Geopac Roads.
ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos de rede de estradas florestais


Rede de estradas florestais é a estrutura ou forma fundamental dos
caminhos lançados sobre uma área florestal com relação à união ou
ligações entre si.
A união das estradas, segundo seu lançamento no terreno, podem tomar
diferentes formas geométricas (posição e forma no espaço).
A planificação das estradas florestais deve buscar a perfeita combinação
entre densidade / distância ótima, forma da malha e classe de
estrada, tal que os custos de colheita e transporte sejam otimizados.
Não existe um modelo de traçado geométrico padronizado para cada
condição de terreno.
Podem-se distinguir dois modelos básicos quanto ao relevo, ou seja,
para terrenos planos e montanhosos.
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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terrenos planos


A forma geométrica típica é a retangular em se tratando de floresta
comercial.
No caso das matas nativas, às vezes, não se pode manter o paralelismo
entre as estradas florestais devido a acidentes naturais e espécies raras a
serem preservadas.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terrenos planos

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terrenos planos

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terreno montanhoso


Deve-se planejar a malha viária florestal a partir dos pontos mais baixos
do terreno.
Nas microbacias hidrográficas a estrada principal deverá ser locada no
vale e as secundárias, nas encostas.
Devem-se observar a densidade ótima de estradas (DOE) determinada
com base nas distâncias máximas de extração e, custo de construção /
manutenção destas.

Existem algumas situações de acesso que são típicas.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Vale principal em relevo suave e vales laterais íngremes


A estrada principal é lançada no vale e dele são conduzidas estradas de
encosta traçadas em direção oposta do transporte florestal.
Desse modo, as estradas secundárias de encosta terão greide (inclinação)
suave .

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Vales principais e secundários com relevo suave


Os vales secundários tornam-se acessíveis por estradas laterais.

Se as encostas são estreitas, não são necessárias outras estradas.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Vale principal íngreme


Nem sempre é possível traçar a estrada no fundo do vale.
O traçado deve ser conduzido então, em contorno, encosta acima.
Na medida do possível as estradas seguem as curvas de nível.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Encosta íngreme
As encostas íngremes se tornam acessíveis por meio de um traçado em
curvas de reversão (volta ao ponto de partida) ou serpentina.
Podendo haver prolongamentos para garantir o acesso a toda a encosta.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Encosta larga e suave


A estrada principal deve ser locada em diagonal com a encosta.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Encosta larga e íngreme


A estrada principal deve ser locada em paralelo e/ou na diagonal com a
encosta.
As estradas das encostas podem ser bifurcadas.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Cume
Utiliza-se este modelo quando é possível transitar em volta do cume para
ter acesso à sua parte mais alta.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terreno montanhoso

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terreno montanhoso

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terreno montanhoso

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Modelos para terreno montanhoso

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Densidade Ótima de Estradas Florestais (DOE)


A DOE pode ser definida como uma técnica quantitativa que estabelece a
extensão de estradas florestais para determinada área.

Otimizando a relação estrada/colheita florestal, em termos técnicos e


econômicos.
Faz parte do planejamento, pois a relação extensão de estrada x hectares
de floresta depende de considerações econômicas.
A vantagem de uma rede menos densa é avaliada comparando o aumento
nos custos da colheita de madeira com as economias obtidas na
construção e manutenção das estradas.
Existem dois métodos para se determinar a DOE, o Método Analítico e o
Gráfico, sendo o Analítico o mais comum.

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Estimativa da Densidade Ótima


Na estimativa da DOE (em m/ha) será utilizada a metodologia da FAO
(1974), conforme se segue:

em que:

C = custo de extração (R$/m³);


T = fator de correção quando a extração não é realizada em linha reta e
perpendicular à estrada e não termina no ponto mais próximo ao de
origem, variando entre 1 e 1,5.
V = fator de correção quando as estradas não são paralelas e são
tortuosas, com espaçamentos desiguais entre si e variando entre 1 e 2.
q = volume de madeira a ser colhido (m³/ha).
R = custo de construção e manutenção de estrada florestal (R$/km).
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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Estimativa da Densidade Ótima

em que:
C = custo de extração (R$/m³);
e = custo da operação de extração (R$/min);

t = tempo gasto na extração, em viagem com ou sem carga, para


percorrer a distância de 1 m (min);

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO

Estimativa do Espaçamento Ótimo

Existe uma relação inversa entre a DOE e o respectivo espaçamento


ótimo entre elas (Eo).

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DENSIDADE DE ESTRADAS FLORESTAIS
Otimização da distância de extração.
DENSIDADE DE ESTRADAS FLORESTAIS

• A densidade ótima de estradas


constituí um problema
representado pelo binômio
extração e estradas - se procura
combinar estes dois elementos
com o intuito de obter um custo
total mínimo da madeira.

• Caso não se disponha de dados


precisos para a determinação do
EOE e da DOE, recomenda-se
utilizar:

- Áreas planas => 50 m / ha


- Áreas acidentadas => 25 m / ha
ESTRADAS FLORESTAIS - INTRODUÇÃO

Estatísticas

• Área plantada: > 5.800.000 de hectares


• Rede rodoviária florestal brasileira: > 600.000 km extensão (Cenibra =
14.000 km)
• Densidade: > 90 metros lineares por hectare (média mundial = 50 m / ha).

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ESTRADAS FLORESTAIS - PLANEJAMENTO
Encosta larga e íngreme
DEFEITOS MAIS COMUNS EM ESTRADAS DE TERRA

- Seção Transversal Imprópria

- Drenagem Inadequada

- Corrugações

- Excesso de Poeira

- Buracos

- Trilhas de Roda

- Perda de Agregados
Seção Transversal Imprópria

Seção Transversal Imprópria

Seção Transversal Apropriada


DRENAGEM INADEQUADA

Drenagem Inadequada

Drenagem Correta
Bernas e bacias de contenção
Corrugaçes
Excesso de Poeira
Buracos
Trilha de Roda
Perda de Agregados
ESTRADAS

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