Você está na página 1de 11

DEVELOPMENTAL MEDICINE & CHILD NEUROLOGY SCOPING REVIEW

Fisioterapia em criancßas com paralisia cerebral no Brasil: uma


revis~
ao de escopo
| K ^ENNEA M A AYUPE 3 | ISABELLA S CHRISTOV AO
MICHELLE A S FURTADO 1,2 ~ 2 | RICARDO R SOUSA J UNIOR
 2
|
PETER ROSENBAUM 4 | ANA C R CAMARGOS 2 | H ERCULES R LEITE 1,2

1 Programa de Pos-graduacß~ao em Reabilitacß~ao e Desempenho Funcional, Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
(UFVJM), Diamantina, Minas Gerais; 2 Programa de Pos-graduacß~ao em Ci^encias da Reabilitacß~ao, Escola de Educacß~ao Fısica, Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais; 3 Faculdade de Ceil^ancia, Colegiado de Fisioterapia, Universidade de Brasılia (UnB),
Brasılia, Distrito Federal, Brasil. 4 CanChild Centre for Childhood Disability Research, McMaster University, Hamilton, Ontario, Canada.
Correspond^encia para Hercules R Leite, Programa de Pos-Graduacß~ao em Ci^encias da Reabilitacß~ao, Escola de Educacß~ao Fısica, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de
Minas Gerais, Avenida Presidente Ant^onio Carlos 6627, Pampulha, Belo Horizonte, Brasil. E-mail: hercules@ufmg.br

PUBLICATION DATA OBJETIVO Identificar e avaliar os estudos publicados sobre fisioterapia em criancßas e
Accepted for publication 1st September adolescentes brasileiros com paralisia cerebral (PC), usando o modelo da Classificacßa ~o
2021. Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sau  de (CIF).
Published online 24th October 2021. METODO Artigos em ingle^s e portugue^s publicados ate outubro de 2020, sem restricßa~o de
data, foram pesquisados em diferentes bases bibliogra ficas. Foram extraıdos dados sobre as
ABREVIATURAS caracterısticas do estudo, me tricas do perio
 dico, caracterısticas da amostra, domınios da CIF
Bobath/ Conceito Neuroevolutivo explorados a partir dos componentes e desfechos das intervencßo ~ es. Para caracterizar as
TND Bobath/Terapia do evide^ncias, os estudos foram classificados de acordo com os nıveis de evide ^ncia do Centro
Neurodesenvolvimento de Medicina Baseada em Evide ^ ncia de Oxford.
CIF Classificacß~ao Internacional de RESULTADOS Noventa e quatro estudos foram incluıdos. Criancßas com PC espastica e com
Funcionalidade, Incapacidade e menores limitacßo ~ es nas habilidades motoras grossas foram as mais reportadas; 67% dos
Saude estudos apresentaram baixos nıveis de evide ^ncia e foram publicados em perio  dicos sem
CMBEO Centro de Medicina Baseada fator de impacto. As tre ^ s intervencßo~ es mais frequentes foram o conceito neuroevolutivo
em Evid^encia de Oxford Bobath/terapia do neurodesenvolvimento, a terapia com vestes e a estimulacßa ~o transcraniana
PBMR Paıses de baixa e media renda por corrente contınua. Os componentes das intervencßo ~ es exploraram estruturas e funcßo ~ es do
corpo (73,4%), atividade (59,6%) e ambiente (2,1%). Entretanto na ~o exploraram a participacßa ~o
(0%). Os desfechos investigados abordaram atividade (79,8%), estruturas e funcßo ~ es do corpo
(67,0%), participacßa ~o (1%) e ambiente (0%).
INTERPRETAC ~ Os estudos de intervencßo~ es fisioterape^uticas para criancßas e adolescentes
ß AO
brasileiros com PC, apresentam maior foco em minimizar deficie ^ncias em estruturas e
~ es do corpo e limitacßo
funcßo ~ es de atividades. Sa~o necessa  rios mais estudos, com melhor
nıvel de evide^ncia e foco ampliado para a participacßa ~ o e os fatores ambientais.

A paralisia cerebral (PC) e definida como um grupo de dis- estrutura da CIF na promocß~ao da sa ude, prevencß~ao,
turbios do movimento e postura, atribuıdos a uma les~ao estrategias de intervencß~ao e como modelo para estudos.
n~ao progressiva que ocorre no cerebro em desenvolvi- Esta estrutura destaca a import^ancia de focar em atividade,
mento.1,2 E  uma das causas mais comuns de defici^encia participacß~ao e nos aspectos contextuais da vida das pessoas,
fısica na inf^ancia, com uma preval^encia de 2,1 casos por ao inves de apenas oferecer terapias destinadas a "conser-
1.000 nascidos vivos em paıses de alta renda. Em paıses de ~es do corpo.10,12–14
tar" defici^encias nas estruturas e funcßo
baixa e media renda (PBMR), a preval^encia da PC pode ser Historicamente, as intervencßo ~es fisioterap^euticas em
ainda maior.3–5 Alem disso, os PBMR podem ter uma por- criancßas e adolescentes com PC se concentravam principal-
centagem maior de indivıduos com limitacßo ~es mais mente na remediacß~ao de defici^encias (no nıvel da CIF das
graves.6–8 estruturas e funcßo~es do corpo).15 Ap os a implementacß~ao da
No inıcio do seculo XXI, com a criacß~ao da Classificacß~ao CIF e os avancßos das pesquisas na u ltima decada, varias
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Sa ude intervencßo~es terap^euticas, como o treino orientado ao obje-
(CIF),9–11 a Organizacß~ao Mundial da Sa ude (OMS) prop^ os tivo, treino em esteira, programas domiciliares, terapia de
mudancßas significativas (expans~ oes) na l ogica e na lin- movimento induzido por restricß~ao, enriquecimento ambi-
guagem sobre sa ude e incapacidade. Posteriormente, ental e treino especıfico da tarefa, foram investigados.13,16
fisioterapeutas e outros profissionais comecßaram a aplicar a Essas modalidades se mostraram eficazes principalmente

e2 DOI: 10.1111/dmcn.15094 © 2021 Mac Keith Press


nos desfechos motores e est~ao principalmente relacionadas O que este artigo acrescenta?
ao domınio atividade.16 Ate o momento, pouco se sabe • Estudos apresentaram foco na reducß~ao de defici^encias e limitacß~oes de
sobre a eficacia das intervencßo ~es fisioterap^eutica sobre a atividades.
participacß~ao.17,18 • A participacß~ao e os fatores ambientais foram reportados minimamente.
A maior parte da literatura disponıvel que apoia inter- • Muitos estudos apresentaram baixos nıveis de evid^encia.
vencßo~es para criancßas e adolescentes com PC se origina de
• A maioria dos estudos foi publicada em periodicos sem fator de impacto.

pesquisas em paıses de alta renda (por exemplo, EUA,


Reino Unido, Canada e Australia).19 Devido a falta de e (4) ordenar, sintetizar e relatar os resultados.29 O proto-
recursos financeiros e outras quest~ oes de sa ude p
ublica, a colo de revis~ao foi registrado na base Open Science Frame-
contribuicß~ao de PBMR (por exemplo, paıses da Africa,  work Register (https://doi.org/10.17605/OSF.IO/7QFHG).
India e Brasil) para o corpo de evid^encias sobre a PC e
muito discreta.5,19 Alem disso, uma alta proporcß~ao de Identificar o proposito da revis~ao
criancßas com PC de PBMR (por exemplo, Bangladesh, Esta revis~ao de escopo teve como objetivo: (1) revisar as
Nepal, Indonesia e Gana) n~ao tem acesso a qualquer tipo caracterısticas da literatura sobre intervencßo~es
de intervencß~ao antes da idade de 3 anos.20,21 Embora os fisioterap^euticas em criancßas e adolescentes brasileiros (ate
elementos do modelo da CIF sejam frequentemente abor- 20 anos) com PC, incluindo os nıveis de evid^encia do Cen-
dados em pesquisa sobre PC em paıses de alta renda (como tro de Medicina Baseada em Evid^encia de Oxford
participacß~ao e fatores ambientais),22,23 ainda e incerto ate (CMBEO),30 e (2) categorizar os componentes das inter-
que ponto este modelo foi implementado na pesquisa e vencßo~es e desfechos de acordo com a estrutura da CIF.
pratica clınica nos PBMR.5
Alguns estudos investigaram o escopo da literatura de Estrategia de pesquisa e termos de pesquisa
PBMR sobre intervencßo ~es fisioterap^euticas para criancßas As buscas dos estudos elegıveis foram realizadas nas bases

com PC. Na India e em alguns paıses da Africa, o conjunto Medline/PubMed, Embase, Cochrane, Scopus, CINAHL,
de estudos/pesquisas n~ao segue o atual estado de evid^encia Web of Science, PEDro e Lilacs. A literatura cinzenta foi
mundial.5,19 Os estudos de intervencßo ~es nesses PBMR pesquisada usando o Google e o Google Scholar. Os
est~ao preocupados principalmente com as estruturas e descritores usados foram ‘paralisia cerebral’, ‘reabilitacß~ao’,
funcßo~es do corpo, com menor atencß~ao a atividade e partic- ‘fisioterapia’, ‘fisioterapeutas’, ‘criancßas’, ‘adolescente’, ‘Bra-
ipacß~ao.5,19 Alem disso, uma porcentagem significativa sil’ e ‘ensaios clınicos’ em ingl^es e portugu^es (em bases de
desses estudos foi publicada em peri odicos de baixa quali- dados latino-americanas). Uma lista detalhada de descri-
dade.19 Ate o momento, n~ao ha informacßo ~es que abordem tores e estrategia de busca para cada base de dados e forne-
o escopo da literatura a respeito de intervencßo ~es na PC em cida na Tabela S1 (informacßo ~es de apoio online).
outros PBMR, como o Brasil. Procuramos manualmente todos os estudos identificados
O Brasil e o quinto maior paıs do mundo, com mais de para possıveis estudos adicionais elegıveis. A estrategia de
200.000 fisioterapeutas.24,25 O Brasil tambem e consider- busca (sem restricß~ao de datas) foi realizada em outubro de
ado um dos 25 paıses que mais produzem pesquisa em PC 2020 e os pesquisadores foram auxiliados por uma bib-
no mundo, sendo um dos PBMR mais produtivos nesta liotecaria.
lista.26 No Brasil, varios fisioterapeutas trabalham com
indivıduos com PC. A fisioterapia neurofuncional da Selecß a~o de estudos
criancßa e do adolescente e uma especializacß~ao consolidada Esta revis~ao de escopo incluiu, ensaios randomizados,
no paıs, e o n umero de programas de pesquisa na area de ensaios controlados n~ao randomizados, estudos de caso,
reabilitacß~ao vem aumentando nos u ltimos anos.27,28 Nesse nico e
series de casos/relatos de casos, desenhos de sujeito u
contexto, compreender a natureza da literatura cientıfica estudos controlados historicamente que investigaram inter-
brasileira pode ajudar os pesquisadores a melhorar sua vencßo~es fisioterap^euticas em criancßas e adolescentes brasi-
abordagem e a traducß~ao do conhecimento de tais leiros com PC. Artigos completos publicados em ingl^es,
informacßo ~es a comunidade de fisioterapeutas pediatricos. O portugu^es ou ambos foram incluıdos. Como criterio de
objetivo desta revis~ao de escopo foi identificar estudos pub- elegibilidade, os estudos foram incluıdos quando relatavam
licados que abordassem intervencßo ~es fisioterap^euticas em intervencßo~es relacionadas ao escopo da fisioterapia. A
criancßas e adolescentes brasileiros com PC pelas lentes da definicß~ao de fisioterapia seguiu as leis normativas do Con-
estrutura da CIF. selho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.31
Conforme regulamentacß~ao do Conselho Federal de
METODOS Fisioterapia e Terapia Ocupacional, estudos de intervencß~ao
Esta revis~ao de escopo seguiu os Itens do Preferred que n~ao eram exclusivos dos fisioterapeutas (por exemplo,
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta- terapia intensiva bimanual de bracßo e m~ao, terapia de
Analyses (PRISMA ) - extens~ao para revis~ oes de escopo. movimento induzido por restricß~ao, integracß~ao sensorial,
Foi conduzida seguindo as seguintes etapas: (1) identificar equoterapia e programas educacionais) foram incluıdos se
o objetivo da revis~ao; (2) identificar e selecionar estudos fossem conduzidos pelos mesmos. As intervencßo ~es exclusi-
potenciais; (3) extrair e representar graficamente os dados; vamente relacionadas ao escopo de outras areas (por

Review e3
exemplo, toxina botulınica tipo A e cirurgias ortopedicas) nıvel 2, ensaios clınicos aleatorizados; nıvel 3, estudos n~ao
n~ao foram incluıdas, exceto quando combinadas com inter- randomizados que n~ao possuem forte controle de vies;
~es fisioterap^euticas. Estudos que n~ao relataram desfe-
vencßo nıvel 4, estudos com um nıvel de evid^encia relativamente
chos de forma clara tambem foram excluıdos. baixo, incluindo principalmente estudos descritivos, como
series de casos/relatos de casos; e nıvel 5, estudos baseados
Triagem em raciocınios mecanicistas, nos quais as decis~ oes baseadas
Um processo de triagem foi conduzido de forma indepen- em evid^encias s~ao fundamentadas em conex~ oes l
ogicas,
dente por dois revisores (MASF e ISC), primeiro identifi- incluindo um raciocınio fisiopatol ogico. Os criterios usados
cando tıtulos e resumos e, em seguida, avaliando os artigos para a definicß~ao do desenho do estudo s~ao relatados na
em texto completo em potencial usando nossos criterios de Tabela S2 (informacßo ~es de apoio online).34,35
elegibilidade. Discrep^ancias foram resolvidas por um ter-
ceiro revisor (HRL). Para garantir confiabilidade e con- Caracterı sticas da intervencß a~o
sist^encia durante o processo de triagem, os criterios de Os principais componentes da intervencß~ao (ou seja, grupo
elegibilidade foram testados pelos examinadores nos pri- experimental) foram categorizados em relacß~ao aos seus
meiros 10 tıtulos e resumos extraıdos das bases de dados. princıpios, componentes ativos e mecanismos (conforme
extraıdo do estudo) em: (1) intervencßo ~es nas estruturas e
Extracß~ ao de dados ~es corporais (ou seja, intervencßo
funcßo ~es que manipulam
A equipe de pesquisa desenvolveu um formulario de extra- principalmente as estruturas e funcßo ~es corporais, como
ßc~ao de dados e o testou nos primeiros cinco estudos para treinamento de forcßa, alongamento ou mobilidade/estabili-
determinar sua consist^encia com o objetivo do estudo. A ~es de atividade (ou seja, inter-
dade articular); (2) intervencßo
extracß~ao dos dados incluiu: (1) caracterısticas do estudo (ou vencßo~es que promovem aspectos do treino da tarefa, como
seja, autores, ano de publicacß~ao, tıtulo, idioma de pub- treino especıfico da tarefa ou treino de marcha); (3) inter-
licacß~ao, tipo de estudo, objetivos do estudo, nıvel de vencßo~es de participacß~ao (ou seja, intervencßo~es que pro-
evid^encia CMBEO, instituicß~ao proponente, regi~ oes brasi- movem frequ^encia e envolvimento em contextos da vida
leiras e link de acesso); (2) metricas do peri odico (por real, como tratamentos baseados na comunidade); ou (4)
exemplo, tıtulo do peri odico, fator de impacto e fonte de intervencßo~es de fatores ambientais (ou seja, intervencßo ~es
indexacß~ao); (3) caracterısticas da amostra (por exemplo, que fornecem modificacßo ~es nos aspectos ambientais, como
tamanho da amostra, idade, tipo clınico da PC, Nıveis do terapia focada no contexto e educacß~ao condutiva para os
Sistema de Classificacß~ao da Funcß~ao Motora Grossa pais).11 Uma vez que a estrutura da CIF n~ao faz distincßo ~es
[GMFCS]); e (4) intervencß~ao e desfechos (ou seja, inter- claras entre os domınios de atividade e participacß~ao, os
vencß~ao principal - caracterısticas, frequ^encia e intensidade princıpios das intervencßo~es baseadas em participacß~ao (ou
e domınio(s) da CIF explorado(s); desfechos - domınios da seja, orientado a meta, centradas na famılia, colaborativas,
CIF e ferramentas/escalas). Toda a extracß~ao de dados foi ecologicas e autodeterminadas)18 foram consideradas. Alem
realizada pelo primeiro autor (MASF) e revisada pelo disso, para melhor categorizar as intervencßo ~es como "fa-
segundo autor (KMAA). O desenho do estudo foi classifi- tores ambientais", os princıpios das terapias contextuais
cado pelo segundo autor (KMAA) e verificado pelo quinto (por exemplo, com foco na identificacß~ao das restricßo ~es e
autor (ACRC). Para identificar a instituicß~ao de origem do  36
facilitadores relacionados a tarefa e ao ambiente) tambem
estudo, foram consideradas as informacßo ~es referentes ao foram considerados.
registro de aprovacß~ao do comit^e de etica do estudo ou a Todas as medidas de desfecho investigadas foram classi-
afiliacß~ao do primeiro e/ou ultimo autor do estudo. ficadas em domınios da CIF e seguiram as definicßo ~es estab-
elecidas no manual da CIF, de acordo com os
Categorizacß~
ao instrumentos padronizados usados. As medidas de desfecho
Metricas do periodico da atividade foram categorizadas usando os qualificadores
Detalhes sobre o fator de impacto dos peri odicos para os de capacidade (ou seja, o que uma pessoa pode fazer em
estudos selecionados, foram extraıdos por busca manual no um ambiente padronizado) e desempenho (ou seja, o que
site Journal Citation Reports (Web of Science) como um uma pessoa realmente faz em seu ambiente de vida real).11
indicador de qualidade.32,33 Para periodicos sem fator de As medidas de desfecho foram categorizadas no domınio
impacto, nenhum valor foi informado. de ‘participacß~ao’ se abrangessem seus construtos, com
instrumentos que avaliassem a frequ^encia ou o envolvi-
Nı vel de evide^ncia mento em situacßo ~es de vida.17 Estudos que relatavam des-
Todos os estudos selecionados foram classificados de fechos n~ao categorizado pela CIF tambem foram extraıdos
acordo com os nıveis de evid^encia do CMBEO para estu- e reportados (por exemplo, qualidade de vida). Para aqueles
dos de intervencß~ao.30 A hierarquia do CMBEO consiste estudos que examinaram o efeito adicional da fisioterapia
em cinco nıveis de evid^encia, variando do nıvel 1 (mais em outras modalidades de intervencß~ao (por exemplo, toxina
forte) ao nıvel 5 (mais fraco), conforme segue: nıvel 1, botulınica tipo A), apenas categorizamos a intervencß~ao
revis~oes sistematicas/meta-analises que resumem critica- fisioterap^eutica (por exemplo, tratamento de fisioterapia
mente varios estudos e ensaios de sujeito u nico (n-of-1); apos toxina botulınica tipo A). Todas essas categorizacßo ~es

e4 Developmental Medicine & Child Neurology 2022, 64: e2–e12


foram realizadas pelo primeiro autor (MASF) e verificadas Os nıveis de evid^encia dos estudos selecionados variaram
pelo segundo (KMAA), sendo os conflitos resolvidos por de 2 (20,21%) a 4 (69,1%) (Tabela 1). No total, 24 inter-
consenso entre os autores. vencßo ~es diferentes foram investigadas nos estudos. A
Tabela 2 mostra as 10 intervencßo ~es mais frequentemente
RESULTADOS investigadas e os nıveis de evid^encia do CMBEO corre-
As pesquisas nos bancos de dados identificaram 6.677 estu- spondentes. As outras 14 intervencßo ~es investigadas foram:
dos; ap os a triagem do tıtulo e resumo, 689 textos comple- treino especıfico da tarefa; treinamento fısico; alonga-
tos foram avaliados de acordo com nossos criterios de mento; o leo vegetal; bandagem elastica (kinesiotaping);
elegibilidade. Ap os a revis~ao, 595 estudos foram excluıdos imagetica motora; terapia de movimento induzido por
por n~ao atenderem aos criterios de inclus~ao. Assim, 94 restricß~ao; treino intensivo bimanual de bracßo e m~ao; facil-
estudos foram incluıdos no estudo para extracß~ao de dados itacß~ao neuromuscular proprioceptiva; educacß~ao condutiva
(consulte a Figura S1 para informacßo ~es de apoio online). para pais; fisioterapia respiratoria; simulador de equitacß~ao;
A Tabela 1 relata as principais caracterısticas dos estudos treino orientado ao objetivo; e fisioterapia convencional.
incluıdos nesta revis~ao de escopo (consulte tambem a A Tabela 3 mostra os domınios da CIF explorados nas
Tabela S3, informacßo ~es de apoio online). Entre 1996 e intervencßo ~es e medidas de desfecho. Os domınios estrutura
2020, os 94 estudos37–130 foram publicados em 46 peri odi- e funcß~ao do corpo foram os domınios mais explorados nas
cos diferentes, 67% deles sem fator de impacto e 33% com intervencßo ~es (73,4%). As medidas de desfechos mais explo-
fator de impacto variando de 1,0 a 4,4. Os estudos radas focaram no domınio atividade (79,8%) e o instru-
incluıram um total de 1138 criancßas e adolescentes com mento mais utilizado foi a Medida da Funcß~ao Motora
PC, de 1 a 18 anos, com subtipos de PC espastico bilateral Grossa (Gross Motor Function Measure - GMFM), que avalia
(51,3%) ou unilateral (31,9%), discinetico (4,4%) e ataxico a capacidade para a atividade. Dois estudos exploraram
(2,7%), classificados em GMFCS nıveis I (21,5%), II fatores ambientais em suas intervencßo ~es e apenas um
(26,0%), III (18,1%), IV (9,0%) e V (7,9%). Varios estudos estudo explorou o domınio de participacß~ao como desfecho
n~ao relataram o subtipo de PC e o nıvel de GMFCS (9,7% (Tabela S3). Alem disso, tr^es estudos investigaram a quali-
e 17,5% respectivamente). dade de vida como desfecho.

DISCUSS AO ~
Utilizando a estrutura da CIF, este estudo teve como obje-
Tabela 1: Principais caracterısticas dos estudos incluıdos nesta revis~ao tivo identificar varios aspectos da literatura sobre as inter-
de escopo ~es fisioterap^euticas disponıveis para criancßas e
vencßo
Caracterısticas n (%) adolescentes brasileiros com PC. A quantidade de pesquisas
Decada da publicacßa ~o produzidas no Brasil aumentou exponencialmente nas u lti-
1996–2000 1 (1.1) mas decadas; entretanto, a maioria dos estudos foi publi-
2001–2010 22 (23.4) cada em peri odicos de baixa qualidade e com baixo nıvel
2011–2020 71 (75.5)
Regio ~ es brasileiras de evid^encia. O foco principal dos estudos de intervencß~ao
Norte 0 (0) relatados estava em modificar defici^encias em criancßas com
Nordeste 7 (7.4)
Centro-Oeste 4 (4.3)
Sudeste 58 (61.7)
Sul 25 (26.6) Tabela 2: Intervencßo~es investigadas com mais frequ^encia e os nıveis de
~o proponente principal
Instituicßa
Universidade pu  blica 47 (50.0) evide^ncia CMBEO correspondentes
Universidade privada 46 (48.9) n (%) de estudos em cada
Centros de reabilitacßa ~o 1 (1.1) nıvel CMBEO
Idioma Nu mero de
Ingle^s 39 (41.5) ~oa
Intervencßa estudos Nıvel 2 Nıvel 3 Nıvel 4
Portugue ^s-Brasil 49 (52.1)
Outros idiomas 6 (6.4) Terapia com veste 12 0 (0) 0 (0) 12 (100)
Nıveis de evide ^ncia CMBEO Bobath/TND 10 0 (0) 0 (0) 10 (100)
Nıvel 1 0 (0) ETCC 10 8 (80) 0 (0) 2 (20)
Nıvel 2 19 (20.21) Hidroterapia 9 2 (22.2) 1 (11.1) 6 (66.7)
Nıvel 3 10 (10.6) Realidade virtual 8 1 (12.5) 0 (0) 7 (87.5)
Nıvel 4 65 (69.1) Treino em esteira 7 2 (28.6) 0 (0) 5 (71.4)
Nıvel 5 0 (0) Treino de forcßa 7 0 (0) 0 (0) 7 (100)
Bases de dados indexadas ~o ele
Estimulacßa trica 7 0 (0) 1 (14.3) 6 (85.7)
PubMed 36 (32.4) Tecnologia Assistivab 6 3 (50) 1 (16.7) 2 (33.3)
Lilacs 22 (19.8) Equoterapia 5 0 (0) 2 (40) 3 (60)
Scielo 17 (15.3)
Google, Google Scholar, 36 (32.5) CMBEO, Centro de Medicina Baseada em Evide ^ncia de Oxford;
Web of Science, Embase, Bobath/TND, Conceito Neuroevolutivo Bobath/Terapia do Neurode-
Cochrane, Scopus, senvolvimento; ETCC, Estimulacßa ~o transcraniana por corrente con-
manually searched, PEDro tınua. aApenas as terapias citadas mais de quatro vezes nos
estudos incluıdos na revisa ~o de escopo sa~o descritas nesta tabela.
^ncia de Oxford.
CMBEO, Centro de Medicina Baseada em Evide
b
 rteses, andador e palmilha.
Inclui o

Review e5
Tabela 3: Domınios da CIF explorados em todos os componentes de
identificada nesta revis~ao de escopo esta de acordo com a
intervencß~
ao e medidas de desfechos nos estudos incluıdos nesta revis~ao
terapia mais comum oferecida por fisioterapeutas pediatri-
de escopo
cos no Brasil.137,138 Essas intervencßo ~es criaram grandes
expectativas para a melhoa da criancßa e um esforcßo familiar
Medidas de
~o
Intervencßa desfecho significativo para obter recursos que permitam que as
Domınios da CIF n=94 (%) n=94 (%) criancßas tenham acesso a esse tipo de intervencß~ao; isso tem
~ es corporais
gerado preocupacß~ao por parte das associacßo ~es brasileiras de
Estruturas e funcßo 69 (73.4) 63 (67.0)
Atividade 56 (59.6) 75 (79.8) fisioterapia.139–141 Apesar da popularidade da terapia com
Capacidade – 72 (76.6) veste no Brasil, o principal ingrediente de intervencß~ao da
Desempenho – 12 (12.8) CIF e o desfecho alvo dessa terapia n~ao est~ao bem estab-
~o
Participacßa 0 (0) 1 (1.1)
Fatores ambientais 2 (2.1) 0 (0) elecidos na literatura.133,134
Domınio na ~o reportado na CIF A ETCC e uma abordagem terap^eutica nova e onerosa,

Qualidade de vida 3 (3.2)
e foi a terceira intervencß~ao mais frequente identificada
~o Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e
CIF, Classificacßa nesta revis~ao de escopo. Seu mecanismo de acß~ao e baseado
Sau de. na estimulacß~ao eletrica do cerebro, atraves do cr^anio,
visando melhorar as estruturas e funcßo ~es do corpo, bem
PC espastica, visando principalmente aquelas criancßas com como atividade (como capacidade e desempenho); ambos
menores limitacßo ~es nas habilidades motoras grossas. ingredientes das intervencßo ~es e desfechos extraıdos dos
Na u ltima decada, o n umero de estudos abordando estudos de ETCC incluıdos nesta revis~ao de escopo. No
indivıduos com PC cresceu exponencialmente.26 De acordo entanto, nenhuma informacß~ao de que os benefıcios da
com as evid^encias atuais, os ingredientes das intervencßo ~es ETCC podem ser transferidos para os desfechos de partic-
com maiores potenciais para promover benefıcios em ipacß~ao foi identificada.142 Todos os estudos de ETCC
indivıduos com PC incluem a pratica orientada aos objetivos incluıdos nesta revis~ao de escopo foram realizados pelo
da vida real, movimentos ativos autoiniciados pela criancßa, mesmo grupo de pesquisa, levando a um possıvel vies de
alta intensidade, participacß~ao e envolvimento da famılia no publicacß~ao e, portanto, diminuindo a forcßa da evid^encia.143
planejamento terap^eutico.131,132 Em contraste, esta revis~ao Portanto, os resultados desta revis~ao de escopo indicam a
de escopo mostrou que, no Brasil, as intervencßo~es mais estu- necessidade de expandir a pesquisa sobre esta terapia afim
dadas, como terapia com veste, Bobath/TND e estimulacß~ao de melhorar a qualidade da sua evid^encia e apoiar quais-
transcraniana por corrente contınua (ETCC), n~ao abordam quer decis~ oes sobre seu uso na pratica clınica.143
necessariamente todos esses componentes.133,134 Entre as 10 intervencßo~es mais frequentes extraıdas dos
Bobath/TND e a intervencß~ao mais conhecida e imple- estudos, observamos um foco nas estruturas e funcßo ~es cor-
mentada em varios paıses, incluindo o Brasil,135 onde e porais (hidroterapia, treino de forcßa, estimulacß~ao eletrica e
amplamente ministrada em cursos de formacß~ao. Apesar do tecnologia assistiva [por exemplo, o rteses]), e o compo-
nome, identificar sua abordagem original n~ao e mais pos- nente de atividade voltado principalmente para o treino de
sıvel.136 Inicialmente, o Bobath/TND se concentrava na mobilidade (realidade virtual, treino em esteira e equoter-
reducß~ao de defici^encias neuromotoras, com tecnicas desti- apia). Essas abordagens s~ao bem conhecidas pelos fisioter-
nadas a modificar as estruturas e funcßo ~es corporais (por apeutas brasileiros; tradicionalmente, s~ao realizadas em
exemplo, para normalizar o t^ onus ou inibir reflexos). De clınicas ou centros de reabilitacß~ao, sem modificar o ambi-
fato, todos os estudos que relataram o Bobath/TND con- ente em que a criancßa vive. Alem disso, esses estudos n~ao
forme identificado nesta revis~ao de escopo apontaram essas avaliaram os benefıcios da transfer^encia dessas intervencßo ~es
caracterısticas originais da forma passiva, mas tambem sobre os desfechos de participacß~ao.133,144
descreveram outros ingredientes relacionados ao domınio ~es extraıdas dos estudos incluıdos
No geral, as intervencßo
da atividade, como mobilidade e treinamento de autocui- nesta revis~ao de escopo mostraram principalmente um foco
dado. Apesar das mudancßas no Bobath/TND observadas em "estruturas e funcßo ~es corporais", seguido por "ativi-
ao longo do tempo, e difıcil dizer se esta tecnica mudou dade". Menor atencß~ao foi dada a "participacß~ao" e aos "fa-
seu olhar de apenas "consertar" defici^encias neuromotoras tores ambientais". Nossos resultados est~ao de acordo com
para abordar de forma consistente o domınio atividade da outros estudos realizados em outros PBMR.5–7 Estudos
CIF. Alem disso, os estudos de Bobath/TND incluıdos que investigam abordagens de reabilitacß~ao em criancßas com
nesta revis~ao de escopo n~ao apresentaram a participacß~ao 
PC na India e na Africa mostraram um foco substancial
como um desfecho investigado. em intervencßo ~es que reduzem defici^encias, com atencß~ao
As intervencßo~es de terapia com veste s~ao relativamente mınima em ‘atividade e participacß~ao’, ‘ambiente’ e ‘fatores
novas e t^em ganhado popularidade no Brasil, possivelmente pessoais’.13,15–17 Apesar dos estudos conduzidos em paıses
devido ao bom retorno financeiro. Nos estudos de terapia ocidentais focando mais em ’atividade e participacß~ao ‘e’
com veste incluıdos nesta revis~ao de escopo, os ingredien- fatores contextuais’, sua traducß~ao para a pratica clınica e
tes de intervencß~ao e os desfechos exploraram estruturas e um desafio.13 Considerando este cenario, e importante
funcßo~es corporais (por exemplo, fortalecimento) e atividade destacar que as intervencßo ~es destinadas a remediar ‘estru-
(por exemplo, tarefas de mobilidade). A alta frequ^encia turas e funcßo~es corporais’ n~ao se traduzem em melhorar

e6 Developmental Medicine & Child Neurology 2022, 64: e2–e12


automaticamente as atividades ou participacß~ao sem abordar monitorados e excluıdos do Journal Citation Reports, quando
esses domınios especificamente e os contextos da vida real demonstram comportamento predat orio).32,33 Resultados
das famılias.13–15 Hoje em dia, as intervencßo ~es que consid- de estudos de peri odicos sem fator de impacto e mostrando
eram a atividade (por exemplo, metas ativas definidas pela nıveis fracos de evid^encia n~ao s~ao confiaveis para a tomada
criancßa ou cuidador e pratica de tarefas especıficas em de decis~ao clınica; e seus achados precisam ser interpreta-
situacßo~es da vida real), participacß~ao (por exemplo, metas dos com cautela.33,150 Assim, estudos de intervencß~ao brasi-
estabelecidas e acordadas mutuamente pelos familiares e leiros bem planejados podem facilitar a pratica baseada em
profissionais para promocß~ao da participacß~ao na casa e evid^encias e reduzir a lacuna entre a pesquisa e a pratica
comunidade) e fatores contextuais (por exemplo, ^enfase na clınica.
mudancßa da tarefa e do ambiente, ao em vez da criancßa) Alem disso, os estudos de intervencß~ao sobre a PC publi-
s~ao considerados ingredientes-chave para a promocß~ao da cados no Brasil s~ao em sua maioria realizados em universi-
funcionalidade em indivıduos com PC, o que e consistente dades, com 88,3% nas duas regi~ oes mais desenvolvidas
com as abordagens e evid^encias atuais.13,14,15,145 Supondo economicamente (Sul e Sudeste). A regi~ao Norte do Brasil,
que as intervencßo ~es mais investigadas s~ao populares na area de menor concentracß~ao de renda, n~ao foi representada
pratica clınica brasileira, esses resultados reforcßam a neces- em nenhum dos estudos, n~ao havendo evid^encias de inter-
sidade de ampliar o foco principal dos terapeutas para que vencßo ~es direcionadas a criancßas com caracterısticas ambien-
acompanhem o estado da arte atual referente as inter- tais especıficas nessa regi~ao. A falta de financiamento para
vencßo~es fisioterap^euticas para criancßas e adolescentes com pesquisa, o pequeno n umero de programas de ensino supe-
PC.5,13,19 rior e grupos de pesquisa podem ser as maiores barreiras
Em relacß~ao as caracterısticas dos participantes nos estu- para o desenvolvimento de projetos de pesquisa nas regi~ oes
dos incluıdos nesta revis~ao de escopo, criancßas com PC Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil.151–153 Con-
espastica nos nıveis I a III do GMFCS foram reportadas siderando a desigualdade entre as regi~ oes brasileiras,
com maior frequ^encia. Esse perfil de criancßas pode deambu- esforcßos futuros s~ao necessarios para apoiar e promover
lar independentemente ou com auxılio de dispositivos de pesquisas de alta qualidade em regi~ oes menos desenvolvi-
marcha na maioria dos ambientes.146 Dada a falta de estudos das. Apoiar estudos em centros de reabilitacß~ao em parceria
epidemiol ogicos robustos sobre a PC no Brasil, n~ao e pos- com universidades para a promocß~ao pesquisas de alta quali-
sıvel supor que esse tipo clınico e nıvel funcional sejam os dade (especialmente no domınio da participacß~ao e fatores
mais prevalentes no paıs. A maior frequ^encia do subgrupo ambientais) e muito importante, pois estes geralmente t^em
recrutado de criancßas com PC pode ser devido a falta de a infraestrutura adequada para recrutar um grande n umero
protocolos bem estabelecidos e evid^encias de intervencßo ~es de participantes que podem contar com transporte p ublico
de fisioterapia em indivıduos com funcßo ~es motoras mais gratuito e est~ao geralmente pr oximos aos centros de pes-
limitadas (GMFCS nıveis IV e V).8,14 Um estudo mul- quisa.154 Alem disso, o Brasil enfrentou recentemente uma
tic^entrico nacional em andamento, o Projeto de Pesquisa reducß~ao significativa em seu orcßamento para investimento
PartiCipa Brasil, determinara os tipos clınicos e nıveis fun- em pesquisa,155,156 reforcßando assim a necessidade de inter-
cionais mais frequentes de indivıduos brasileiros com PC, o romper a utilizacß~ao destes escassos recursos disponıveis
que pode orientar futuros estudos de intervencß~ao para atin- com pesquisas de baixa qualidade e que abordam inter-
gir o perfil de PC mais prevalente do paıs.147 vencßo ~es que demonstram ter efeitos limitados.
A maioria dos estudos incluıdos nesta revis~ao de escopo Considerando as significativas discrep^ancias sociais do
foram classificados no nıvel 4 no sistema CMBEO, que paıs, onde mais de 80% de sua populacß~ao depende de seu
varia do nıvel 1 a 5 (mais forte ao mais fraco).30 Os nıveis servicßo p ublico de sa ude, e importante que os pesquisa-
de evid^encia do CMBEO usados nesta revis~ao de escopo dores brasileiros invistam seus esforcßos em intervencßo ~es
representam o rigor esperado do desenho do estudo e con- baratas e faceis de reproduzir na pratica clınica brasileira.
trole de vieses, indicando assim um certo nıvel de con- Intervencßo ~es como programas domiciliares, enriquecimento
fiancßa que pode ser colocado em seus achados.148 Os ambiental e treino especıfico da tarefa s~ao baratas, n~ao
estudos no topo representam evid^encias mais fortes; aque- requerem equipamentos, s~ao direcionadas aos objetivos dos
les na parte inferior representam evid^encias fracas. Estudos familiares e realizadas em ambiente natural da criancßa; isso
no topo, como ensaios clınicos aleatorizados, s~ao consider- corresponde as recomendacßo ~es cientıficas atuais com obje-
ados como padr~ao ouro e fornecem a evid^encia mais con- tivo de melhorar o desempenho e n~ao apenas visando cor-
fiavel sobre a eficacia das intervencßo ~es, haja vista os rigir defici^encias.157,158 Estudos futuros devem investigar
metodos usados ao conduzir esses estudos (por exemplo, os efeitos dessas intervencßo ~es de alto nıvel de evid^encia e
criterios de elegibilidade, indivıduos alocados aleatoria- de baixo custo no contexto brasileiro. Devido a pandemia
mente em grupos, alocacß~ao oculta e cegamento).149 Alem do COVID-19, novas oportunidades de prestacß~ao de
disso, um n umero significativo de estudos brasileiros (67%) servicßos de reabilitacß~ao de baixo custo em ambientes natu-
foram publicados em peri odicos sem fator de impacto rais tornaram-se uma realidade.159,160
(com base em relat orios de citacß~ao do Journal Citation Esta revis~ao de escopo apresenta algumas limitacßo ~es. Em
Reports). O fator de impacto e um indicador de controle de primeiro lugar, artigos em bases de dados incluindo peri odi-
qualidade e seletividade (por exemplo, os peri odicos s~ao cos brasileiros ou publicados em outras lınguas podem ter

Review e7
sido perdidos. Em segundo lugar, embora n~ao tenhamos nos CONCLUS AO ~
envolvido em uma avaliacß~ao crıtica detalhada de todos os Esta revis~ao mostrou que a quantidade de pesquisas sobre
aspectos metodol ogicos, desafios como n~ao padronizacß~ao criancßas e adolescentes com PC no Brasil e cada vez maior.
dos termos das terapias ou, falta de descricß~ao dos componen- As intervencßo~es mais estudadas apresentaram evid^encias de
tes das intervencßo ~es e desenho de estudo n~ao claramente baixa qualidade, o que significa que as evid^encias relatadas
reportados podem ter levado a um resultado enviesado a n~ao s~ao confiaveis para a tomada de decis~ao clınica. O foco
respeitos dos componentes das intervencßo ~es e seus desfe- dos estudos foi na reducß~ao de defici^encias e limitacßo ~es de
chos. Terceiro, termos relacionados ao ambiente estavam atividades, com atencß~ao mınima dada a participacß~ao e
ausentes na nossa estrategia de busca, o que pode ter influen- fatores ambientais a partir dos ingredientes das intervencßo ~es
ciado o baixo n umero de estudos incluıdos. Quarto, com o e desfechos investigados. Pesquisadores brasileiros devem
objetivo de fornecer aspectos relevantes para a pratica clınica ampliar seu foco terap^eutico afim de incluir fatores contex-
da fisioterapia brasileira, estudos que investigaram inter- tuais e de participacß~ao, promovendo assim uma vis~ao mais
vencßo~es comuns a outros profissionais (por exemplo, terapia abrangente dos indivıduos com PC. Estudos de intervencß~ao
de movimento induzida por restricß~ao), mas n~ao liderados brasileiros bem planejados podem facilitar a pratica baseada
por um fisioterapeuta, foram excluıdos desta revis~ao. Recon- em evid^encias e reduzir a lacuna entre a pesquisa e a pratica
hecemos que ainda e importante identificar essas inter- clınica. Muitas estrategias podem ser consideradas, como
vencßo~es por meio da estrutura da CIF. Quinto, nossos parcerias entre pesquisadores juniores/seniores e centros de
criterios de inclus~ao n~ao excluıram artigos publicados antes pesquisa, investimento financeiro e apoio de bibliotecarios
da publicacß~ao da CIF.11 Apesar disso, apenas um artigo nas universidades, podendo educar tais profissionais sobre
incluıdo na presente revis~ao de escopo foi publicado antes de periodicos predat orios e processos de escrita cientıfica.
2001; isso diminuiu nossa limitacß~ao ao relatar intervencßo~es e
desfechos do estudo a luz da estrutura da CIF. Em sexto AGRADECIMENTOS
lugar, usamos o sistema CMBEO para classificar os nıveis de Agradecemos a contribuicß~ao e participacß~ao de todos os autores
evid^encia. Os nıveis de evid^encia CMBEO foram usados nas etapas deste trabalho, incluindo desenvolvimento conceitual,
para apontar a a evid^encia cientıfica mais provavel, portanto elaboracß~ao do manuscrito e aprovacß~ao da vers~ao final, e financia-
n~ao tem como objetivo fornecer um julgamento definitivo mento da pesquisa, atraves do PPSUS MS /CNPQ/FAPEMIG/
sobre sua qualidade e recomendacß~ao.30 Apesar dessas lim- SES (processo n° APQ-00754- 20 para HRL). Os autores declar-
~es, o objetivo de classificar os estudos usando este sis-
itacßo aram n~ao terem interesses que possam ser percebidos como con-
tema nesta revis~ao de escopo foi fornecer aos clınicos e flitantes ou tendenciosos.
pesquisadores uma vis~ao geral das melhores evid^encias, que
poderiam ser usadas para (1) informar os clınicos sobre o INFORMAC ~ S DE APOIO
ß OE
qu~ao confiavel s~ao os estudos incluindo criancßas e adolescen- Os seguintes materiais adicionais podem ser encontrados online:
tes brasileiros com PC e (2) fornecer uma ferramenta rapida Tabela S1: Estrategia de pesquisa conduzida em outubro de
e abrangente que pudesse ser usada por pesquisadores para 2020
ajudar a priorizar seus esforcßos e financiamento no futuro, Tabela S2: Descricß~ao dos tipos de estudo
para melhorar a qualidade metodol ogica dos estudos. Tendo Tabela S3: Detalhes dos estudos e domınios da CIF extraıdos
em vista que uma recomendacß~ao definitiva n~ao e possıvel, a ~es e desfechos
das intervencßo
partir da nossa revis~ao de escopo, s~ao necessarios mais estu- Figura S1: Fluxograma de selecß~ao dos estudos com base no
dos que objetivem melhorar a investigacß~ao desta tematica. PRISMA - extensao para estudos de escopo.

REFER ^
ENCIAS
1. Rosenbaum P, Paneth N, Leviton A, Goldstein M, 5. Malek SA, Rosenbaum P, Gorter JW. Perspectives on for people with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol
Bax M, Damiano D, et al. A report: the definition and cerebral palsy in Africa: exploring the literature 2016; 58: 798–808.
classification of cerebral palsy April 2006. Dev Med through the lens of the International Classification of 9. Leite HR, Chagas PSC, Rosenbaum P. Childhood
Child Neurol Suppl 2007; 109: 8–14. Functioning, Disability and Health. Child Care Heal disability: can people implement the F-words in low
2. Richards CL, Malouin F. Cerebral palsy: definition, Dev 2020; 46: 175–86. and middle-income countries – and how? Braz J Phys
assessment and rehabilitation. In: Dulac O, Lassonde 6. Das SP, Ganesh GS. Evidence-based approach to Ther 2021; 25: 1–3.
M, Sarnat HB, editors. Handbook of clinical neurol- physical therapy in cerebral palsy. Indian J Orthop 10. Paschoal LN, Souza PN, Buchalla CM, Brito CMM,
ogy, 1st ed. Burlington, MA: Elsevier; 2013. p. 183– 2019; 53: 20–34. Battistella LR. Identification of relevant categories for
95. 7. Khandaker G, Smithers-Sheedy H, Islam J, Alam M, inpatient physical therapy care using the International
3. Brandenburg JE, Fogarty MJ, Sieck GC. A critical Jung J, Novak I, et al. Bangladesh Cerebral Palsy Classification of Functioning, Disability and Health: a
evaluation of current concepts in cerebral palsy. Physi- Register (BCPR): a pilot study to develop a national Brazilian survey. Braz J Phys Ther 2019; 23: 212–20.
ology 2019; 34: 216–29. cerebral palsy (CP) register with surveillance of chil- 11. World Health Organization. ICF: international classi-
4. Oskoui M, Coutinho F, Dykeman J, Jette N, Pring- dren for CP. BMC Neurol 2015; 15: 173 (study proto- fication of functioning, disability and health. Geneva:
sheim T. An update on the prevalence of cerebral col). WHO; 2001.
palsy: a systematic review and meta-analysis. Dev Med 8. Verschuren O, Peterson MD, Balemans ACJ, Hurvitz 12. Moreau NG, Bodkin AW, Bjornson K, Hobbs A, Soi-
Child Neurol 2013; 55: 509–19. EA. Exercise and physical activity recommendations leau M, Lahasky K. Effectiveness of rehabilitation

e8 Developmental Medicine & Child Neurology 2022, 64: e2–e12


interventions to improve gait speed in children with preventing and treating children with cerebral palsy. childhood disability and their alignment with the family
cerebral palsy: systematic review and meta-analysis. Curr Neurol Neurosci Rep 2020; 20: 3 (review). of participation-related constructs: a systematic review.
Phys Ther 2016; 96: 1938–54. 15. Law M, Darrah J. Emerging therapy approaches: an Dev Med Child Neurol 2018; 60: 1101–16.
13. Anaby D, Korner-Bitensky N, Steven E, Tremblay S, emphasis on function. J Child Neurol 2014; 29: 1101–7. 18. Palisano RJ, Chiarello LA, King GA, Novak I, Stoner
Snider L, Avery L, et al. Current rehabilitation prac- 16. Ko EJ, Sung IY, Moon HJ, Yuk JS, Kim H-S, Lee T, Fiss A. Participation-based therapy for children
tices for children with cerebral palsy: focus and gaps. NH. Effect of group-task-oriented training on gross with physical disabilities. Disabil Rehabil 2012; 34:
Phys Occup Ther Pediatr 2017; 37: 1–15. and fine motor function, and activities of daily living 1041–52.
14. Novak I, Morgan C, Fahey M, Finch-Edmondson M, in children with spastic cerebral palsy. Phys Occup Ther 19. Jindal P, Macdermid JC, Rosenbaum P, Direzze B,
Galea C, Hines A, et al. State of the Evidence Traffic Pediatr 2020; 40: 18–30. Narayan A, Nayak SL. Treatment and re/habilitation
Lights 2019: systematic review of interventions for 17. Adair B, Ullenhag A, Rosenbaum P, Granlund M, Keen of children with cerebral palsy in India: a scoping
D, Imms C. Measures used to quantify participation in review. Dev Med Child Neurol 2019; 61: 1050–60.
20. Jahan I, Al Imam MH, Karim T, Muhit M,
Hardianto D, Das MC, et al. Epidemiology
of cerebral palsy in Sumba Island, Indone-
sia. Dev Med Child Neurol 2020; 62: 1414–
22.
21. Jahan I, Muhit M, Hardianto D, Laryea F,
Chhetri AB, Smithers-Sheedy H, et al. Epi-
demiology of cerebral palsy in low- and
middle-income countries: preliminary find-
ings from an international multi-centre
cerebral palsy register. Dev Med Child Neu-
rol 2021. https://doi.org/10.1111/dmcn.
14926 (Online ahead of print).
22. Anaby D, Hand C, Bradley L, DiRezze B,
Forhan M, DiGiacomo A, et al. The effect
of the environment on participation of chil-
dren and youth with disabilities: a scoping
review. Disabil Rehabil 2013; 35: 1589–98.
23. Imms C. Children with cerebral palsy par-
ticipate: a review of the literature. Disabil
Rehabil 2008; 30: 1867–84.
24. Kobal AB, Filho MT, Cabral ACA. Buroc-
racia Brasileira: um comparativo com os
paıses do BRIC. APGS 2012; 4: 246–68.
25. Matsumura ESS, J
unior ASS, Guedes JA,
Teixeira RC, Kietzer KS, Castro LSF. Dis-
tribuicß~ao territorial dos profissionais
fisioterapeutas no Brasil. Fisioter Pesqui
2018; 25: 309–14.
26. Danis A, Kutluk MG. The evolution of
cerebral palsy publications and global pro-
ductivity: a bibliometric analysis between
1980 and 2019. Acta Neurol Belg 2020.
https://doi.org/10.1007/s13760-020-01549-
2. (Online ahead of print).
27. Associacß~ao Brasileira de Pesquisa e P
os-
Graduacß~ao em Fisioterapia Programas de
os-graduacß~ao.
P https://abrapg-ft.org.br/
portal/. Acessado em 14 de setembro de
2021.
28. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupational. Resolucß~ao No. 189 de 9 de
Dezembro de 1998, alterado pela resolucß~ao
31. Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. https://www.coffito.gov.br/
no 226/2001, reconhece a especialidade de
nsite/. Accessed 14 Sept 2021.
fisioterapia neuro funcional e da outras provid^encias. Brasilia: COFFITO. https://www.
32. Journal citation reports. https://jcr.clarivate.com/. Accessed 20 July 2021.
coffito.gov.br/nsite/?p=2947. Accessed 14 Sept 2021.
33. Saha S, Saint S, Christakis DA. Impact factor: a valid measure of journal quality? J Med
29. Grant MJ, Booth A. A typology of reviews: an analysis of 14 review types and associ-
Libr Assoc 2003; 91: 42–6.
ated methodologies. Health Info Libr J 2009; 26: 91–108.
34. Portney LG. Foundations of clinical research: applications to evidence-based practice.
30. Howick J, Chalmers I, Glasziou P, Greenhalgh T, Heneghan C, Liberati A, et al.
4th ed. Philadelphia, PA: F.A. Davis Company; 2020.
Explanation of the 2011 Oxford Centre for Evidence-Based Medicine (OCEBM) levels
35. Last JM. A dictionary of epidemiology. 4th ed. New York, NY: OUP; 2001.
of evidence (background document). Oxford: OCEBM; 2011.

Review e9
36. Darrah J, Law MC, Pollock N, Wilson B, Russell DJ, Walter SD, et al. Context ther- function of children with hemiplegic cerebral palsy. Phys Occup Ther Pediatr 2008; 28:
apy: a new intervention approach for children with cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 309–25.
2011; 53: 615–20. ~es no comporta-
51. Ferrari PP, Oliveira AR, Corr^ea FI, Franco RC, Corr^ea JCF. Alteracßo
37. Durigon OFS, Sa CS. Intervencß~ao fisioterapica facilitat
oria em paciente com ence- os o uso da estimulacß~ao eletrica neuromuscular em pacientes com
mento da marcha ap
onica da inf^ancia. Rev Fisioter Univ S~ao Paulo 1996; 3: 54–
falopatia n~ao progressiva cr^ uela de paralisia cerebral do tipo hemiparesia espastica. Fisioter Bras 2008; 9: 194–8.
seq€
64. 52. Vedoato RT, Pereira K, Conde AR. Influ^encia da intervencß~ao fisioterap^eutica na funcß~ao
38. Sa CSC, Santos FHS, Xavier GF. Mudancßas motoras, sensoriais e cognitivas em motora grossa de criancßas com paralisia cerebral diplegica: estudo de caso. ConScientiae
criancßas com paralisia cerebral espastica diparetica submetidas a intervencß~ao fisioter- ude 2008; 7: 241–50.
Sa
ap^eutica pelas abordagens Kabat ou Bobath. Rev Fisioter Univ S€ao Paulo 2004; 11: 56– 53. Barbosa AP, Vaz DV, Gontijo APB, Fonseca ST, Mancini MC. Therapeutic effects of
65. electrical stimulation on manual function of children with cerebral palsy: evaluation of
39. Martinelli JL, Franco RC, Andrade DV, Peres JA, Corr^ea JCF. O uso do biofeedback- two cases. Disabil Rehabil 2008; 3: 723–8.
EMG na reabilitacß~ao da postura e do padr~ao
de marcha de uma criancßa portadora de paral-
isia cerebral do tipo diparetica espatica. Fisio-
ter Bras 2004; 5: 399 (case report).
40. Mota AP, Pereira JS. Influ^encia da fisioterapia
~es motoras em criancßas com par-
nas alteracßo
alisia cerebral. Fisioter Bras 2006; 7: 209 (re-
search article).
41. Cury VCR, Mancini MC, Melo AP, Fonseca
ST, Sampaio RF, Tirado MGA. Efeitos do
rtese na mobilidade funcional de
uso de o
criancßas com paralisia cerebral. Rev Bras Fisio-
ter 2006; 10: 67–74.
42. Coimbra SAL, Bonifacio TD, Sanches KC,
Souza MF, Jorge DA. A influ^encia da
equoterapia no equilıbrio estatico e din^amico:
apresentacß~ao de caso clınico de encefalopatia
n~ao progressiva cr^
onica do tipo diparetico
espastico. Fisioter Bras 2006; 7: 391–5.
43. Assis RD, Massaro AR, Chamlian TR, Silva
MF, Ota SM. Terapia de restricß~ao para uma
criancßa com paralisia cerebral com hemipare-
sia: estudo de caso. Acta Fisiatr 2007; 14 (case
study): 62–65.
44. Bonomo LMM, Castro VC, Castro VC, Fer-
reira DM, Miyamoto ST. Hidroterapia na
aquisicß~ao da funcionalidade de criancßas com
paralisia cerebral. Rev Neuroci^enc 2007; 15:
125–30.

45. Camargos ACR, Fontes PLB, Gontijo EG,
ujo FM, Cota K. Fisioterapia associada a
Ara
toxina botulınica na diplegia espastica: um
relato de caso. Fisioter Mov 2007; 20: 17–24.
46. Jer^
onimo BP, Silveira JA, Borges MBS, Dini
PD, David AC. Spatio-temporal gait variables
of children with cerebral palsy undergoing
electrostimualtion in the anterior tibial mus-
cle. Rev Bras Fisioter 2007; 11: 261–6.
47. Palacio SG, Ferdinande AKS, Gnoatto FC.
Analise do desempenho motor de uma criancßa
com hemiparesia espastica pre e p
os-
tratamento fisioterap^eutico: estudo de caso.
ude 2008; 7: 127–31.
Ci^enc Cuid Sa 54. Brianeze ACGS, Cunha AB, Peviani SM, Miranda VCR, Tognetti VBL, Rocha NACF,
48. Silva MS, Daltrario SMB. Paralisia cerebral: desempenho funcional ap
os treinamento et al. Efeito de um programa de fisioterapia funcional em criancßas com paralisia cere-
da marcha em esteira. Fisioter Mov 2008; 21: 109–15. ~es aos cuidadores: estudo preliminar. Fisioter Pesqui 2009; 16:
bral associado a orientacßo
49. Nunes LCBG, Quevedo AAF, Magdalon EC. Effects of neuromuscular electrical stimu- 40–5.
lation on tibialis anterior muscle of spastic hemiparetic children. Rev Bras Fisioter 2008; 55. Furtado SRC, Vaz DV, Mancini MC, Rodrigues JD, Garboci M. Programa domiciliar
12: 317–23. de fortalecimento muscular em adolescentes com diplegia espastica: um relato de tr^es
50. Vaz DV, Mancini MC, Fonseca ST, Arantes NF, Pinto TPS, de Ara
ujo PA. Effects of casos. Fisioter Mov 2009; 22: 315–22.
strength training aided by electrical stimulation on wrist muscle characteristics and hand

e10 Developmental Medicine & Child Neurology 2022, 64: e2–e12


56. Pastrello FHH, Garcß~ao DC, Pereira K. Metodo Watsu como recurso complementar no 70. Grecco LAC, Tomita SM, Christov~ao TCL, Pasini H, Sampaio LMM, Oliveira CS.
tratamento fisioterap^eutico de uma criancßa com paralisia cerebral tetraparetica espastica: Effect of treadmill gait training on static and functional balance in children with cere-
estudo de caso. Fisioter Mov 2009; 22: 95–102. bral palsy: a randomized controlled trial. Braz J Phys Ther 2013; 17: 17–23.
57. Batista KG, Lopes PO, Serradilha SM, Souza GAF, Bella GP, Souza RCT. Benefıcios 71. Dos Santos AN, da Costa CSN, Golineleo MTB, Rocha NACF. Functional strength
orio em criancßas ou adolescentes com paralisia cere-
do condicionamento cardiorrespirat training in child with cerebral palsy GMFCS IV: case report. Dev Neurorehabil 2013;
bral. Fisioter Mov 2010; 23: 201–9. 16: 308–14.
58. Bernardi BM, Da Motta AAP, Allegretti KMG, Monteiro VC, Borges HC, Chamlian 72. Maciel F, Mazzitelli C, Sa CSC. Posture and balance in children with cerebral palsy
os bloqueio quımico em criancßas com paralisia
TR, et al. Efeitos do treino funcional p under different therapeutic approaches. Rev Neuroci^enc 2013; 21: 14–21.
cerebral. Rev Neuroci^enc 2010; 18: 166–71. 73. Grecco LAC, Freitas TB, Satie J, Bagne E, Oliveira CS, Souza DR. Treadmill training
59. Cabral AS, Narumia LC, Teixeira LA. Facilitacß~ao do planejamento e da aprendizagem following orthopedic surgery in lower limbs of children with cerebral palsy. Pediatr Phys
por meio da pratica mental na paralisia cerebral. Rev Neuroci^enc 2010; 18: 150–5. Ther 2013; 25: 187–92.
60. Feroldi MM, Mira RB, Sasseron AB, Fre-
gadolli P. Efeito de um protocolo fisioter-
ap^eutico na funcß~ao respirat
oria de criancßas
com paralisia cerebral. Rev Neuroci^enc 2011;
19: 109–14.
61. Rizzetti DA, Fabbrin APA, Trevisan CM.
Efeitos do fortalecimento muscular na mar-
cha de adolescentes portadores de paralisia
cerebral espastica diplegica. Arq Ci^enc Sa
ude
UNIPAR 2011; 15: 181–7.
62. Borges MBS, Werneck MJS, Silva ML,
Gandolfi L, Pratesi R. Therapeutic effects
of a horse riding simulator in children with
cerebral palsy. Arq Neuropsiquiatr 2011; 69:
799–804.
63. Garcia JM, Knabben RJ, Pereira ND,
Ovando AC. Terapia por Contens~ao Indu-
zida (TCI) em adolescentes com hemipare-
sia espastica: relato de caso. Fisioter Mov
2012; 25: 895–906.
64. C^andido E, Xavier-Filho L. Viabilidade do
leo essencial da Alpinia zerumbet,
uso do o
Zingiberaceae, na otimizacß~ao do tratamento
fisioterap^eutico em paralisia cerebral espa-
stica. Arq Bras Neurocir 2012; 31: 110–15.
65. da Costa CS, Rodrigues FS, Leal FM,
Rocha NA. Pilot study: investigating the
effects of Kinesio Tapingâ on functional
activities in children with cerebral palsy.
Dev Neurorehabil 2013; 16: 121–8.
66. Grecco LAC, Zanon N, Sampaio LMM,
Oliveira CS. A comparison of treadmill
training and overground walking in ambu-
lant children with cerebral palsy: random-
ized controlled clinical trial. Clin Rehabil
2013; 27: 686–96.
67. Botega R, Medola FO, Santos CBA, Silva
AT, Iunes DH, Purquerio Bde M. A new
walking aid with axillary support for chil-
dren with cerebral palsy: electromyographic
evaluation. Disabil Rehabil Assist Technol
2013; 8: 507–10.
68. Neves EB, Krueger E, Pol S, Oliveira 74. Tavares CN, Carbonero FC, Finamore PS, K
os RS. Uso do Nintendoâ Wii para
MCN, Szinke AF, Rosario MO. Benefıcios da terapia neuromotora intensiva (TNMI) reabilitacß~ao de criancßas com paralisia cerebral: estudo de caso. Rev Neuroci^enc 2013; 21:
para o controle do tronco de criancßas com paralisia cerebral. Rev Neuroci^enc 2013; 21: 286–93.
549–55. 75. Grecco LAC, Duarte NAC, Zanon N, Galli M, Fregni F, Oliveira CS. Effect of a sin-
69. Schewtschik AC, Oliveira ES, Moreira IV, Ribas CG, Loureiro APC. Construction of gle session of transcranial direct-current stimulation on balance and spatiotemporal gait
an artifact to the suitability of sitting posture in children with cerebral palsy and multi- variables in children with cerebral palsy: a randomized sham-controlled study. Braz J
ple disabilities. Disabil Rehabil Assist Technol 2013; 8: 502–6. Phys Ther 2014; 18: 419–27.
76. Duarte NAC, Grecco LAC, Galli M, Fregni F, Oliveira CS. Effect of transcranial
direct-current stimulation combined with treadmill training on balance and functional

Review e11
performance in children with cerebral palsy: a double-blind randomized controlled trial. 94. Machado FRC, Antunes PP, Souza JM, Santos AC, Levandowski DC, Oliveira AA.
PLoS One 2014; 9: e105777 (research article). Motor improvement using motion sensing game devices for cerebral palsy rehabilita-
77. Neto HP, Grecco LAC, Duarte NAC, Christov~ao TCL, Franco de Oliveira LV, tion. J Mot Behav 2016; 49: 273–80.
Dumont AJL, et al. Immediate effect of postural insoles on gait performance of chil- 95. Santos AN, Serikawa SS, Rocha NACF. Pilates improves lower limbs strength and pos-
dren with cerebral palsy: preliminary randomized controlled double-blind clinical trial. tural control during quite standing in a child with hemiparetic cerebral palsy: a case
J Phys Ther Sci 2014; 26: 1003–7. report study. Dev Neurorehabil 2016; 19: 226–30.
78. Pav~ao SL, Arnoni JLB, Oliveira AKC, Rocha NACF. Impact of a virtual reality-based 96. Grecco LAC, Oliveira CS, Galli M, Cosmo C, Duarte NAC, Zanon N, et al. Spared
intervention on motor performance and balance of a child with cerebral palsy: a case primary motor cortex and the presence of MEP in cerebral palsy dictate the responsive-
study [Article in Portuguese]. Rev Paul Pediatr 2014; 32: 389–94. ness to tDCS during gait training. Front Hum Neurosci 2016; 10: 361 (research article).
79. Gerzson LR, Almeida CS. Intervencß~ao motora com a tarefa direcionada na paralisia 97. Grecco LAC, Oliveira CS, Duarte NAC, Lima VLCC, Zanon N, Fregni F. Cerebellar
ude 2014; 13: 619–24.
cerebral: relato de caso. ConScientiae Sa transcranial direct current stimulation in children with ataxic cerebral palsy: a sham-
80. Grecco LAC, Duarte NAC, Mendoncßa ME, Cimolin V, Galli M, Fregni F, et al. Tran- controlled, crossover, pilot study. Dev Neurorehabil 2017; 20: 142–8.
scranial direct current stimulation during treadmill training in children with cerebral 98. Lazzari RD, Politti F, Belina SF, Collange Grecco LA, Santos CA, Dumont AJL, et al.
palsy: a randomized controlled double-blind clinical trial. Res Dev Disabil 2014; 35: Effect of transcranial direct current stimulation combined with virtual reality training
2840–8. on balance in children with cerebral palsy: a randomized, controlled, double-blind, clin-
81. Rezende FL, Duarte NAC, Grecco LAC, Oliveira CS. Treadmill training combined with ical trial. J Mot Behav 2017; 49: 329–36.
transcranial direct current stimulation over the primary motor cortex in a child with cerebral 99. Moura RCF, Santos C, Collange Grecco L, Albertini G, Cimolin V, Galli M, et al.
palsy and hydrocephalus: a case report. Man Ther Posturol Rehabil J 2014; 12: 210 (case Effects of a single session of transcranial direct current stimulation on upper limb
report). movements in children with cerebral palsy: a randomized, sham-controlled study. Dev
82. Lazzari RD, Politti F, Santos CA, Dumont AJL, Rezende FL, Grecco LAC, et al. Neurorehabil 2017; 20: 368–75.
Effect of a single session of transcranial direct-current stimulation combined with vir- 100. Da Silva EM, Da Silva TAS, Balk RS, Lopes RR, Santos CC, Lara S, et al. Avaliacß~ao
tual reality training on the balance of children with cerebral palsy: a randomized, con- do alinhamento postural e extensibilidade muscular pela escala SAROMM em criancßas
trolled, double-blind trial. J Phys Ther Sci 2015; 27: 763–8. os fisioterapia aquatica. Fisioter Bras 2017; 18: 719–26.
com paralisia cerebral ap
83. Christov~ao TCL, Pasini H, Grecco LAC, Ferreira LAB, Duarte NAC, Oliveira CS. 101. Horchuliki JA, Parisotto D, Chiarello C, Melo T. Influ^encia da terapia neuromotora
Effect of postural insoles on static and functional balance in children with cerebral intensiva na motricidade e na qualidade de vida de criancßas com encefalopatia cr^
onica
palsy: a randomized controlled study. Braz J Phys Ther 2015; 19: 44–51. n~ao progressiva da inf^ancia. Rev Bras Qual Vida 2017; 9: 17–29.
84. Grecco LAC, Duarte NAC, Mendoncßa ME, Galli M, Fregni F, Oliveira CS. Effects of 102. Melo TR, Yamaguchi B, Chiarello CR, Costin ACS, Erthal V, Israel VL, et al. Intensive
anodal transcranial direct current stimulation combined with virtual reality for improv- neuromotor therapy with suit improves motor gross function in cerebral palsy: a Brazilian
ing gait in children with spastic diparetic cerebral palsy: a pilot, randomized, controlled, study. Motricidade 2017; 13: 54–61.
double-blind, clinical trial. Clin Rehabil 2015; 29: 1212–23. 103. Neto HP, Grecco LAC, Ferreira LAB, Duarte NAC, Galli M, Oliveira CS. Postural
85. Martins LG, Rocha LPB, Veris TCRA, Souza JS, Prudente COM, Ribeiro MFM. Efei- insoles on gait in children with cerebral palsy: randomized controlled double-blind clin-
tos da reabilitacß~ao virtual, conceito Bobath e terapia aquatica em criancßas com paralisia ical trial. J Bodyw Mov Ther 2017; 21: 890–5.
cerebral. Rev Neuroci^enc 2015; 23: 68–73. 104. Oliveira LS, Golin MO. Tecnica para reducß~ao do t^
onus e alongamento muscular pas-
86. Santos CG, Pagnussat AS, Simon AS, Py R, Pinho AS, Wagner MB. Humeral external sivo: efeitos na amplitude de movimento de criancßas com paralisia cerebral espastica.
ABCS Health Sci 2017; 42:
27–33.
105. Melo GA, Lemos MT,

rotation handling by using the Bobath concept approach affects trunk extensor muscles Carvalho S, Germano

electromyography in children with cerebral palsy. Res Dev Disabil 2015; 36: 134–41. CFM. A realidade virtual no treino do equilıbrio corporal na hemiparesia causada por

87. Oliveira LMM, Braga DM, Oliveira LC, Alves TL, Cyrillo FN, Kanashiro MS. Inter- paralisia cerebral. Adolesc Saude 2017; 14: 176–82.

fer^encia da fisioterapia aquatica no equilıbrio de criancßas com paralisia cerebral. Rev 106. Saquetto MB, de Santana Bispo A, da Silva Barreto C, Goncßalves KA, Queiroz RS, da

Pesqui Fisioter 2015; 5: 70–82. Silva CM, et al. Addition of an educational programme for primary caregivers to reha-

88. Furtado SRC, Vaz DV, Moura LB, Pinto TPS, Mancini MC. Fortalecimento muscular bilitation improves self-care and mobility in children with cerebral palsy: a randomized

em adolescentes com paralisia cerebral: avaliacß~ao de dois protocolos em desenho experi- controlled trial. Clin Rehabil 2018; 32: 878–87.

nico. Rev Bras Sa


mental de caso u ude Matern Infant 2015; 15: 67–80. 107. Espindula AP, J
unior DEB, Ribeiro MF, Lage JB, de Mello EC, Raizel JB, et al.
113. Moraes
89. Yamaguchi B, Souza FCF, Villegas ILP, Gluszewicz IS, Israel VL. Efeito postural Avaliacß~ao da flexibilidade de fisioterap^eutica espastica ap
os intervencß~ao criancßas com par-
AG,
agudo da fisioterapia aquatica na encefalopatia cr^
onica n~ao progressiva da inf^ancia. Rev alisia cerebral. ConScientiae Saude 2018; 17: 41–7.
Copetti F,
Neuroci^enc 2015; 23: 130–5. 108. Oliveira L, Santos MCC, Costin ACMS, Melo TR. Effect of intensive neuromotherapy ^
Angelo
90. Koch HGB, Peixoto GO, Labronici RHDD, Silva NCOV, Alfieri FM, Portes LA. therapy on trunk control of children with quadriparesia. Rev Uniandrade 2018; 19: 77–
VR, Chi-
Therapeutic climbing: a possibility of intervention for children with cerebral palsy. Acta 83.
avoloni L,
Fisiatr 2015; 22: 35–8. 109. Oliveira LL, Nery LC, Goncßalves RV. Efetividade do metodo suit na funcß~ao motora
de David
91. Silva RR, Iwabe-Marchese C. Using virtual reality for motor rehabilitation in a child grossa de uma criancßa com paralisia cerebral. Rev Interdiscip Ci^en Med 2018; 1: 15–21.
AC. Hip-
with ataxic cerebral palsy: case report. Fisioter Pesqui 2015; 22: 97–102. 110. Araujo LB, Silva TDC, Oliveira LC, Tomasetto LC, Kanashiro MS, Braga DM. Efei-
potherapy
92. Antunes FN, Pinho AS, Kleiner AFR, Salazar AP, Eltz GD, de Oliveira Junior AA, tos da fisioterapia aquatica na funcß~ao motora de indivıduos com paralisia cerebral:
on postu-
et al. Different horse’s paces during hippotherapy on spatio-temporal parameters of gait ensaio clınico randomizado. Fisioter Bras 2018; 19: 613–23.
ral balance
in children with bilateral spastic cerebral palsy: a feasibility study. Res Dev Disabil 2016; 111. Reitz GS, Chirolli MJ, Assuncß~ao MN, Crippa PVS, Pereira SM, Roesler H. Influ^encia

59: 65–72. do tratamento intensivo com suporte de peso corporal na funcß~ao motora de criancßas

93. Cabral-Sequeira AS, Coelho DB, Teixeira LA. Motor imagery training promotes motor com paralisia cerebral. Acta Fisiatr 2018; 25: 195–9.

learning in adolescents with cerebral palsy: comparison between left and right hemi- 112. Reitz GS, Chirolli MJ, Gantzel LC, Lunardelli BS, Pereira SM, Roesler H. Efeitos da

paresis. Exp Brain Res 2016; 234: 1515–24. pratica do suporte de peso corporal em criancßas com paralisia cerebral: uma serie de
casos. Rev Pesqui Fisioter 2018; 8: 397–403.

e12 Developmental Medicine & Child Neurology 2022, 64: e2–e12

Você também pode gostar