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Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Faculdade de Ciências Agrárias


Curso de Engenharia Florestal

Disciplina de Colheita e Transporte Florestal

Angelo Marcio P. Leite


Profº. DEF – FCA- UFVJM

Diamantina
2018
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Faculdade de Ciências Agrárias
Curso de Engenharia Florestal
Disciplina de Colheita Florestal

PLANEJAMENTO DA COLHEITA – PARTE 1

Angelo Marcio P. Leite


Profº. DEF – FCA- UFVJM

Diamantina
2018
PLANEJAMENTO

Introdução

A globalização da economia e os avanços tecnológicos


possibilitaram rápida evolução das atividades florestais no Brasil.
Atualmente, as empresas florestais vêm investindo muito dinheiro,
visando à melhoria de sua competividade e sustentabilidade,
principalmente quanto à redução de custos de produção por meio de:

Pesquisas e consultorias;
Novas técnicas e procedimentos operacionais;
Automatização / Mecanização;

Downsizing, Benchmarking, Reengenharia;


Técnicas de gestão, entre outros.
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PLANEJAMENTO

Introdução

Esses esforços – que quase sempre produzem resultados


satisfatórios – necessitam ainda de algumas ações para sua
continuidade e aprimoramento.

Entre as principais ações destaca-se a necessidade de


PLANEJAMENTO e CONTROLE das atividades florestais.

A implementação destas duas ações constitui condição


indispensável para a gestão eficiente dos recursos produtivos.

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PLANEJAMENTO

Introdução

O longo tempo das rotações dos povoamentos;


Tornam o
A extensão das áreas plantadas;
planejamento
A diversidade de fatores técnicos, econômicos,
ambientais e sociais influentes; florestal uma

A quantidade de atividades, processos e recursos etapa


envolvidos; e complexa.
A política econômica e entraves burocráticos
inerentes ao país e à atividade florestal.
Por isso, no planejamento de qualquer etapa devem ser consideradas as
peculiaridades de cada empresa, seu ambiente interno e externo, a
fim de se alcançar os objetivos e metas estabelecidas.
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PLANEJAMENTO

Conceitos

O planejamento é a elaboração por etapas, com bases técnicas,


de planos e programas com objetivos bem definidos.

É um processo de decisão com características próprias, pois se


incumbe de definir o futuro desejado para a organização e
delinear os caminhos possíveis para atingi-lo.

Planejar é portanto, usar os recursos organizacionais para


alcançar objetivos específicos de maneira eficiente e eficaz.

Por lidar com definições relativas ao futuro das organizações, o


planejamento exige maior atenção e habilidade das pessoas
(profissionais) que outros processos de decisão (know-how
importante).
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PLANEJAMENTO

Conceitos

Dentre essas habilidades podem-se destacar:

- A capacidade de lidar com situações abstratas;

- A sensibilidade para perceber mudanças e detalhes no presente,


que podem vir a ter importância fundamental no futuro;

- O raciocínio temporal e espacial para trabalhar sob hipóteses;

- Sobretudo, a criatividade para propor alternativas de ação,


se a situação ocorrer de forma diferente do previamente
imaginado / planejado.

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PLANEJAMENTO

Conceitos
Além de possuir habilidades e know-how, o planejador necessita
de ferramentas para facilitar e operacionalizar o seu trabalho.

Isso significa que, a utilização de métodos científicos e


ferramentas de gestão é essencial para:
- se fazer revisões, análises e avaliações das alternativas
propostas; e

- delimitar a validade de cada solução e identificar as variáveis


fundamentais que devem ser controladas.

Assim, espera-se que com o PLANEJAMENTO se tenha um


processo sistemático e mais preciso de decisão.
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PLANEJAMENTO
Objetivos
Analisar economicamente os sistemas tradicionais e alternativos
de produção para definição de: espécies, regime de manejo,
capacidade produtiva, rotação, sistemas e métodos de colheita, etc.
Antecipar problemas e, ou entraves que venham a interferir no
processo produtivo, prevendo as variáveis que podem afetar
negativamente as operações.
Propor e, ou estabelecer ações / alternativas operacionais (curto
prazo) que levem ao cumprimento das metas de produção definidas
no planejamento estratégico da empresa (longo prazo).
Otimizar o uso de recursos no tempo (materiais, financeiros e
humanos), com intuito de aumentar a probabilidade de sucesso de
um empreendimento (sua viabilidade econômica).
Estabelecer senso de direção, centralizar esforços, guiar os planos
e decisões e avaliar o progresso destas iniciativas. 9
PLANEJAMENTO

Temporalidade

Para melhor entendimento dos aspectos específicos do processo


de planejamento é importante subdividir a atividade em:
Planejamento de curto prazo; e

Planejamento de longo prazo.

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PLANEJAMENTO

Temporalidade – Planejamento de curto prazo

Aborda problemas que poderão ocorrer em um horizonte de tempo


mais próximo do período de decisão.

Normalmente até três anos, dependendo da empresa e do problema.

É caracterizado pelo melhor conhecimento da situação e do grau de


certeza das informações (não significa certeza total).

As decisões tomadas são geralmente de aplicação imediata e seus


reflexos e resultados começam a surgir em um tempo mais curto.

Relativo a problemas estruturados ou semiestruturados, contando


com um conjunto de métodos científicos - ETM, Análises estatísticas
(tendências), Custo/benefício, etc.
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PLANEJAMENTO

Temporalidade – Planejamento de longo prazo

Caracterizado pelo maior grau de incerteza.

Tem caráter mais orientativo e menos definições de ações imediatas.

Voltado para investigação de variáveis críticas que devem ser


controladas e de informações que necessitam ser pesquisadas.

Em problemas estruturados ou semiestruturados, a aplicação de


modelos e técnicas é mais voltado para investigação de resultados
possíveis - (probabilidades, sensibilidade e otimização).

Análises estatísticas:
- Sensibilidade (resultados frente às variações dos fatores envolvidos);
- Probabilidade (n elementos evento / n elementos espaço amostral).
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Métodos de Planejamento

No setor florestal, os métodos de planejamento mais comuns são:


Imitativo
Tentativa
Científico.

Imitativo

O planejador procura subsídios em outras empresas, pois isto lhe


consumirá pouco tempo e recursos;

Embora haja risco de não acertar, em virtude de se basear em


modelos semelhantes e opiniões de outras pessoas.
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Tentativa
Neste método, o planejador deve ter grande experiência, pois ele
geralmente se baseia em fatos e atos semelhantes, vivenciados em
situações passadas.
Podem surgir situações em que o planejador decidirá
intuitivamente ou por suposições, em virtude da ausência de
ocasiões semelhantes vivenciadas.
Científico
Este método se apoia em condições lógicas, por meio de dados
coletados em situações reais e extrapolados para novas situações.
Nas tomadas de decisões são empregadas normalmente, técnicas de
pesquisa operacional, as quais permitem controlar diversas
variáveis envolvidas simultaneamente.
Ainda pouco utilizadas no setor florestal (área de colheita também). 14
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

A colheita de madeira é uma atividade de grande importância no setor


florestal, dada a sua elevada complexidade e participação no custo
final do produto.

Em razão dos elevados custos de produção e da complexidade das


operações, as atividades de colheita florestal têm recebido enormes
investimentos.

Por isso, é de suma importância o criterioso planejamento das


atividades de colheita florestal na busca antecipada dos problemas e
na identificação das variáveis influentes envolvidas.

Deste modo, os impactos sobre a produção e os custos são estimados,


podendo as correções em relação ao plano original serem efetuadas
antes do início das operações.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Objetivos

Os principais objetivos do planejamento da colheita florestal são:

- Manter e, ou elevar os índices de produtividade;

- Garantir o fluxo regular de abastecimento;

- Manter ou reduzir os estoques de madeira;

- Melhorar os níveis de eficiência operacional;

- Reduzir os custos de produção;

- Minimizar os impactos ambientais.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores relevantes

A viabilidade técnica, econômica e ambiental dos módulos de


colheita adotados numa empresa só é alcançada com o auxílio de um
planejamento adequado.

Por isso, é de suma importância o conhecimento prévio dos fatores


que afetam as operações de colheita de madeira e que necessitam
ser consideradas no planejamento.
Esses fatores podem atuar de forma isolada ou interagir entre si,
dependendo da complexidade das operações.

Eles podem também ser agrupados em técnicos, econômicos,


ambientais e ergonômicos.
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Técnicos

Características da floresta: as principais informações sobre a


floresta a serem consideradas são: espaçamento e volume.

- o espaçamento influencia na definição da máquina / equipamento


mais apropriado para a colheita e alocação da madeira dentro do
povoamento.

- o volume influencia na definição de sistemas de colheita e na


seleção de equipamentos. Florestas menos produtivas às vezes, não
compensa mecanizar.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Técnicos - Terreno

A declividade do terreno é um fator importante a ser considerado no


planejamento.
A declividade influencia diretamente a produtividade e os custos ao
ponto de determinar métodos e procedimentos, bem como o
desenvolvimento de máquinas específicas.

Em terrenos declivosos, os custos de produção são bem maiores e a


produtividade das máquinas tende a decrescer, podendo comprometer
a capacidade de abastecimento.
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Técnicos – Finalidade da madeira

De acordo com a finalidade da madeira deve-se fazer uma análise


criteriosa, de modo a definir as máquinas mais adequadas, visando o
maior rendimento das operações.

Fatores Técnicos – Rendimento das máquinas

O rendimento das máquinas e equipamentos é importante no


dimensionamento da frota (módulos de trabalho).
A capacidade produtiva destas sob diversos cenários permite
planejamento do tempo de execução das operações,

Sendo a produção dependente da disponibilidade mecânica, do grau


de utilização e da eficiência operacional.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Técnicos – Demanda de madeira


Determina a intensidade da colheita, podendo sofrer variações
durante o ano, em razão da politica da empresa e dos fatores externos.
A previsão dessas situações é importante para o eficiente
dimensionamento das máquinas, evitando o problema de super
estoques de madeira no campo ou desabastecimento.

Fatores Técnicos – Estradas


A alocação e construção de estradas são consideradas os primeiros
passos na viabilização de um empreendimento florestal.
A densidade e a localização das estradas pode limitar o uso de
determinadas máquinas, aumentando o custo de colheita devido a
necessidade de outras alternativas (rechegos ou métodos diferentes).
Assim, o adequado planejamento de construção e manutenção das
estradas pode reduzir significativamente os custos da colheita. 21
Importância das estradas no setor florestal
Transporte:
Estradas
Florestais

Desafio *Planejamento

Dificuldades
Solução
Fonte: Favreau, (2012).
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Econômicos

Os fatores econômicos são importantes na tomada de decisão.


Dentre esses fatores, podem-se citar:

Recursos financeiros,
Custos operacionais das máquinas,
Manutenção mecânica,
Grau de mecanização, e
Regime de manejo.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Econômicos - Recursos financeiros

Para atender a demanda crescente e garantir a colheita da madeira a


custos compatíveis torna-se necessário o aporte adequado de
recursos financeiros.

Atualmente, as máquinas e equipamentos de colheita de madeira


possuem elevado custo de aquisição e operação, devido ao aumento
do tamanho (potência) e alta tecnologia embarcada.

Portanto, deve-se fazer uma análise criteriosa dos investimentos a


serem realizados, verificando principalmente o volume mensal de
madeira a ser colhida, a fim de se evitar ociosidade destas.
Alguns estudos informam que a partir de um volume mensal de
10.000 m3, os investimentos na aquisição de máquinas de colheita
tornam-se viáveis. 24
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Econômicos - Custo operacional


O custo operacional é importante na tomada decisão para seleção das
máquinas mais apropriadas à realização da colheita.
Tanto no planejamento quanto no controle é necessário que se
conheça como os custos operacionais das máquinas e equipamentos
nas diversas etapas da colheita afetam diretamente o custo de
produção. Assim, é de extrema importância a seleção daquelas mais
adequadas a cada atividade / etapa.

Fatores Econômicos - Manutenção mecânica


O custo da colheita mecanizada pode aumentar significativamente se
a manutenção das máquinas for ineficiente e, ou deficitária.
Portanto, é importante no planejamento estabelecer programas
eficientes de manutenção preventiva ou preditiva, reduzindo as
falhas mecânicas e, consequentemente, as paradas das máquinas. 25
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Econômicos - Grau de mecanização


Geralmente, ao aumentar o grau de mecanização, aumenta-se
também, a produtividade do sistema.
Entretanto, é vale lembrar que algumas variáveis podem
comprometer essa relação, como declividade do terreno, volume de
madeira por hectare, diâmetro e forma das árvores, entre outras.

Fatores Econômicos - Regime de manejo

Em especial nas florestas equiâneas o RM |pode influenciar a


produtividade e os custos da colheita, sendo fator determinante na
seleção de sistemas e máquinas.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ambientais
Devem ser levantados e considerados de modo que se obtenham
subsídios que auxiliem no estabelecimento de métodos e técnicas
adequadas de trabalho.

Com o planejamento por exemplo, estabelecem-se rotas mais


adequadas de entrada de máquinas para corte e para remoção da
madeira do talhão, minimizando danos ambientais.

Portanto, a definição do melhor traçado além de proporcionar


percursos mais rápidos e eficientes, ocasiona diminuição da emissão
de gases na atmosfera e, consequentemente, melhoria da qualidade
do ar.
Portanto, entre os fatores ambientais, podemos citar:
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ambientais - Capacidade de suporte do terreno


O conhecimento da capacidade de suporte do terreno onde serão
executadas as operações de colheita possibilita a delimitação das
áreas críticas e a definição do maquinário mais apropriado.
As características do terreno podem afetar negativamente o
desempenho das máquinas,

Solos com baixa capacidade de suporte causam o atolamento delas,


reduzindo o desempenho operacional e a produtividade, com o
aumento dos custos de produção.

Em solos problemáticos, o uso de máquinas com rodados de esteira


ou mistos têm sido uma solução eficiente, garantindo a capacidade
produtiva das máquinas e um baixo impacto ao meio ambiente.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ambientais - Condições climáticas

A precipitação é o fator mais importante, devendo ser enfatizada no


planejamento.

Em épocas de precipitações elevadas, as operações florestais podem


ser limitadas ou mesmo paralisadas.

A temperatura influencia o desempenho do trabalhador e, também,


dos motores das máquinas.

A umidade relativa também influi significativamente no desempenho


do trabalhador; e a velocidade e direção ventos têm grande influência
nas operações de corte florestal, podendo proporcionar paralisação da
atividade em determinados períodos ou turnos.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ambientais - Sistema de colheita


O sistema de colheita influencia o ambiente pois, existem máquinas
que causam maior ou menor impacto, principalmente quanto à
compactação de solo.
Qual sistema causa mais impacto?
O sistema de toras curtas mecanizado, utilizando o Harvester e o
Forwarder.
ou

Sistema de árvores inteiras, empregando o Feller Buncher e o


Skidder.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ergonômicos

A adoção de medidas ergonômicas deve ser considerada no


planejamento, de modo a estabelecer melhoria das condições de
trabalho e, consequentemente, aumento na qualidade, eficiência e
produtividade.

O planejamento deve contemplar a qualidade visual das áreas de


colheita, e o corte em mosaico poderá ser uma solução para evitar o
impacto visual.

Os principais fatores ergonômicos que devem ser considerados no


planejamento são:

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ergonômicos - características ergonômicas no


ambiente de trabalho
Os trabalhadores, normalmente, estão executando o trabalho em
campo aberto ou no interior de máquinas, postos de trabalho estes
com condições ergonômicas inapropriadas às vezes.
Em campo aberto, o trabalhador fica exposto a situações em que não
há controle (condições ambientais), ou seja, está constantemente
submetido a situações que podem comprometer sua saúde e
.
segurança .

Por exemplo, condições climáticas extremas, incidência de ventos,


insolação, exposição a altos níveis de ruído, vibração, exaustão de
gases, poeiras e fuligens e níveis inadequados de iluminação.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ergonômicos - características ergonômicas no


posto de trabalho

Existe, também, o agravante de muitas máquinas, equipamentos e


ferramentas não possuírem mecanismos de controle desses fatores
relacionados.
Apresentando deficiências de projetos, como acesso e no próprio
posto de trabalho (assento inadequado, incompatibilidade de
comandos, controles e instrumentos), etc.

Isso tudo pode levar o trabalhador a maior desgaste físico e


psicológico, menor concentração, menor nível de satisfação, maior
volume de erros operacionais, aumento do índice de acidentes no
trabalho, redução da eficiência, qualidade e produtividade.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ergonômicos - características ergonômicas no


posto de trabalho
Portanto, na etapa de planejamento é fundamental considerar os
fatores relacionados ao posto, estabelecendo-se medidas de melhoria
das condições de trabalho, a fim de garantir o aumento da qualidade
produtividade e de eficiência.
As máquinas e os equipamentos que possuem níveis aceitáveis de
ruídos, vibrações e condições ergonômicas satisfatórias fadigam
menos o operador.

Consequentemente, diminuem a probabilidade da ocorrência de


acidentes.

Portanto, as deficiências técnicas de projetos das máquinas (acesso e


posto de trabalho) são fatores negativos à produtividade e à
qualidade. 34
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ergonômicos - Segurança

A segurança nas operações de colheita de madeira depende, em


grande parte, de treinamentos regulares dos trabalhadores.
Estes capacitam os operadores para o trabalho, além de aumentar seu
nível de conscientização quanto aos riscos de acidentes.

Máquinas e ferramentas em boas condições de uso e EPIs em bom


estado de conservação auxiliam muito também, na segurança do
trabalhador.

Além disso, o fornecimento e a reposição de EPIs, a obrigatoriedade


de uso, a avaliação dos incômodos causados são ações importantes.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ergonômicos - Alimentação

Algumas atividades da colheita de madeira exigem dos operadores


elevada carga de trabalho físico, acarretando grande dispêndio
energético, podendo causar doenças, acidentes e diminuição da
produtividade.

Por isso, é de suma importância o fornecimento de uma


alimentação balanceada e o consumo diário de água de boa
qualidade.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Fatores Ergonômicos - Treinamento

A falta de profissionais qualificados adequadamente é um dos


principais problemas enfrentados atualmente pelas empresas
florestais.

Por essa razão, a avaliação do nível de qualificação dos operadores


das máquinas deve ser considerada durante o planejamento da
colheita de madeira. Caso necessário capacita-los novamente
(reciclagem).

O uso de simuladores de realidade virtual tornou-se uma ferramenta


imprescindível, possibilitando a capacitação em curto espaço de
tempo e com menor custo.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Dados Necessários

Para elaboração de um planejamento eficiente, a primeira providência


a ser tomada é a coleta de dados relacionados, entre os quais citam-se:
 Mapas: mapas planialtimétricos, fotografias aéreas, mapas
geológicos, hidrológicos e mapas especiais de planos de colheita,
que servirão de apoio em todas as etapas do planejamento.

 Dados do Talhão: sistema de cadastro e inventário florestal,


visando obter as estimativas dos projetos, como: volume, número
de árvores, idade etc.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Dados Necessários

 Máquinas e equipamentos: seleção dos maquinários mais


adequados em cada situação com base em restrições técnicas
(topografia, solo, dimensões da madeira etc.) e econômicas.

 Produtividade e custos: estimativa de produtividade e custos dos


maquinários a partir de estudos de tempos e movimentos e de
dados do talhão, possibilitando prever o tempo de execução da
colheita e o dimensionamento dos maquinários.

 Aspectos legais: fatores que envolvem o aspecto legal da colheita


como legislação trabalhista, ambiental, fiscal, aduaneira (trâmites
de mercadoria) de transporte, políticas governamentais etc.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Após o levantamento dos dados necessários realiza-se o planejamento


das atividades da Colheita Florestal

Níveis Hierárquicos de Planejamento

O planejamento da colheita florestal pode ocorrer em três níveis


hierárquicos:

 Planejamento estratégico

 Planejamento gerencial ou tático

 Planejamento operacional

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico

Voltado para a escolha dos objetivos da organização e a seleção de


alternativas a serem consideradas para cumprimento desses
objetivos.

Importante para identificar antecipadamente os problemas e as


oportunidades.

Cria-se diretrizes para orientação das decisões, aumentando assim


o grau de confiança do administrador na tomada de decisão.

Tendo definido o futuro desejado e as ações mais eficazes para


alcançá-lo torna-se mais fácil avaliar as decisões de curto prazo, a fim
de adequá-las à orientação de longo prazo.
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico

As principais fases do processo de planejamento estratégico são:

Análise do ambiente interno;

Inventário de recursos, aptidões e limitações;

Estabelecimento de suposições e critérios;

Determinação de metas e objetivos;

Formulação, avaliação e seleção de estratégias;

Desenvolvimento de orçamentos, cronogramas, acompanhamento e


avaliação de desempenho.
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico

O PE consiste em planejar a colheita em horizonte de longo prazo,


normalmente de 10 a 20 anos.

Em função dos dados dos povoamentos florestais e da demanda de


madeira estabelecida pela indústria, são definidas as:

Alternativas de manejo;

Os volumes de madeira e os talhões disponíveis para colheita


em cada ano do horizonte de planejamento.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico

As informações do planejamento estratégico servirão posteriormente


de base, para os planejamentos gerencial e operacional.

Nesta etapa são confeccionadas as planilhas de inventário das áreas


florestais, com todas as informações necessárias para:

Definir o regime de manejo a ser adotado em cada talhão;

Selecionar os sistemas de colheita de madeira;

Elaborar os mapas com a localização dos projetos a serem colhidos.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico

Plano de abastecimento de uma indústria nos diferentes períodos do


horizonte de planejamento:

Consumo de Madeira (m³ ) - Eucalipto


Ano Áreas próprias Áreas de fomento Total
Celulose Energia Celulose Energia
2018 120000 15100 23300 21600 180000
2019 120000 15100 23300 21600 180000
2020 120000 15100 23300 21600 180000
⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞ ⁞
2025 192850 22650 34000 20500 270000

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico
Para melhor eficiência na tomada de decisão, os talhões podem ser
estratificados com base nas seguintes informações:
Previsão de produção de madeira para o ano de 2025

Área Ano Idade Regime IMA Volume


Projeto Talhão
(ha) Plantio (anos) Manejo (m³/ha/ano) Total (m³)

1 70 143,5 2018 7 C. Raso 36,65


1 71 158,7 2018 7 C. Raso 39,03
1 73 231,5 2018 7 C. Raso 39,20
2 30 86,7 2019 6 C. Raso 42,84
2 31 93,8 2019 6 C. Raso 45,28
2 32 87,6 2019 6 C. Raso 47,46
Total 801,8
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico
Para melhor eficiência na tomada de decisão, os talhões podem ser
estratificados com base nas seguintes informações:
Previsão de produção de madeira para o ano de 2025

Área Ano Idade Regime IMA Volume


Projeto Talhão
(ha) Plantio (anos) Manejo (m³/ha/ano) Total (m³)

1 70 143,5 2018 7 C. Raso 36,65 36815


1 71 158,7 2018 7 C. Raso 39,03 43358
1 73 231,5 2018 7 C. Raso 39,20 63524
2 30 86,7 2019 6 C. Raso 42,84 22285
2 31 93,8 2019 6 C. Raso 45,28 25484
2 32 87,6 2019 6 C. Raso 47,46 24945
Total 801,8 216411
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Estratégico

Com apoio da cartografia digital são gerados mapas com a localização


dos projetos disponíveis para colheita em cada ano, ao longo do
horizonte de planejamento.

Esses mapas facilitam a localização dos talhões e auxiliam na tomada


de decisão quanto à distribuição da colheita durante o ano.

Auxiliam também, na definição de talhões estratégicos de colheita em


determinados períodos, cujas decisões ocorrerão no planejamento
gerencial.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Gerencial ou Tático

Após estabelecidas as disponibilidades e os programas de


abastecimento de madeira para o horizonte de planejamento. Será:

Distribuídas as cotas mensais, com a definição dos volumes;

Localizado os talhões e definida a sequência da colheita;

Verificado no campo a situação atual das estradas;

Identificação das estradas a serem utilizadas e necessidade de melhorias;

Definição dos maquinários e equipamentos com seus custos e


rendimentos;
Definição das distâncias médias de transporte.
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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Gerencial ou Tático

Esses procedimentos farão parte do planejamento gerencial,


podendo este ser subdividido em macro e microplanejamento.

Macroplanejamento

Consiste no planejamento em nível de projeto, envolvendo, também,


as operações que ocorrerão fora dos talhões.

Contempla desde a operação de roçada pré-corte, caso necessário, até


a entrega da madeira na indústria, atendendo às restrições ambientais
e operacionais.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Gerencial - Macroplanejamento

Os objetivos do macroplanejamento são:

 Dimensionar os recursos humanos e os maquinários.

 Identificar as condições topográficas da área de colheita.

 Definir a sequência e o posicionamento dos módulos de colheita.

 Definir as rotas de transporte com os seus pontos de carregamento,


pátios, viradouros etc.

 Definir o posicionamento para localização da infraestrutura de


apoio, como manutenção, apontamentos etc.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Gerencial - Macroplanejamento

Os objetivos do macroplanejamento são:

 Identificar as áreas críticas para a saída de madeira no período


chuvoso.
 Estabelecer melhorias necessárias na malha viária e obras de arte,
como cascalhamento de trechos de estradas e reforma de pontes.

 Definir a localização de experimentos com restrição de corte.

 Estabelecer os programas de manutenção e apoio logístico.

 Verificar a necessidade de treinamento e reciclagens.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Gerencial - Macroplanejamento

Nos mapas do Macroplanejamento devem constar as seguintes


informações:

 Identificação de cada talhão, com área e volume total;

 A sequência de corte dos talhões;

 Os locais para depósito das pilhas de madeira;

 A definição do local da base de apoio (oficina de campo, trailers,


etc.);
 O sentido de alinhamento de plantio;

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Gerencial - Macroplanejamento

Nos mapas do Macroplanejamento devem constar as seguintes


informações:

 O sentido de fluxo da extração;

 A distância média de extração;

 As rotas dos veículos de transporte;

 E a produtividade das máquinas de corte e extração.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL
Planejamento Gerencial - Macroplanejamento

55
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Operacional - Microplanejamento

Refere-se ao planejamento em nível de talhão, envolvendo todas as


operações que ocorrerão dentro dele.

São obtidas informações detalhadas, necessárias para facilitar a


execução das operações.

Normalmente é realizado 30 dias antes do início da colheita, quando


são confeccionados mapas especiais.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Operacional - Microplanejamento

Em nível de campo, o planejamento deve ser executado pelo


supervisor ou encarregado.

Estes profissionais possuem conhecimento detalhado da área, com


melhores condições para realizar o planejamento operacional.

É fundamental que eles tenham pleno conhecimento das operações,


das atividades interdependentes, dos recursos disponíveis, dos
padrões e das metas para a área e muito bom senso.

57
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Operacional - Microplanejamento

Variáveis passíveis de determinação:

Espaçamento e volume a ser colhido;

Características das árvores (forma do fuste e presença de galhos);

Topografia e capacidade de suporte do solo;

Qualidade e distribuição da rede viária;

Entre outras.

58
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Operacional - Microplanejamento

Variáveis de difícil determinação e, a forma como estas irão afetar


os trabalhos deve ser cuidadosamente avaliadas, a saber:
Sazonalidade na oferta de mão de obra (quantidade e qualidade).

Variações climáticas.

Disponibilidade mecânica de máquinas e equipamentos.

Alterações impostas pelo mercado e, ou pela empresa.

59
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Operacional - Microplanejamento


O microplanejamento visa:
 Definir a marcação e identificação dos eitos de corte.
 Estabelecer a melhor forma de retirada da madeira do interior do
talhão.
 Estabelecer rotas de extração.

 Determinar a direção, sentido e distância média de extração.

 Identificar a localização de acidentes naturais do terreno.

 Identificar pontos restritos para a operação de colheita.

 Delimitar áreas proibidas de corte.


60
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Planejamento Operacional - Microplanejamento

Nos mapas do microplanejamento são anotadas as seguintes


informações:
 Estimativas de volume total

 Número de eitos por talhão

 Localização do ramal-mestre

 Distância média e sentido de fluxo da extração

 Disposição das pilhas de madeira.

 Data prevista para início do corte.

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PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL
Planejamento Operacional - Microplanejamento

62
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL
Planejamento Operacional - Microplanejamento
Desafios do Planejamento da Colheita Florestal

TAMANHO DE TALHÕES Binômio


Estradas/Extração (DOE)

ÀREAS ACIDENTADAS

RESÍDUOS FLORESTAIS

FLORESTAS ENERGÉTICAS

NOVOS SISTEMAS E MÉTODOS


Níveis Hierárquicos de Planejamento
Cadastro Inventário Cartografia

Planejamento Estratégico

Planejamento Gerencial Controle

Macroplanejamento Microplanejamento

Planejamento Operacional

Colheita Transporte Silvicultura


65
PLANEJAMENTO DA EXPLORAÇÃO EM
FLORESTAS TROPICAIS
Planejamento das estradas em áreas planas.

Área de preservação
Área inacessível

Área explorável

Estrada secundária

Estrada primária

a. Início do planejamento na área mais regular.

b. Desenho das primeiras estradas secundárias. c. Desenho das ramificações das estradas secundárias.
Abertura de estradas e pátios de estocagem
A localização e o tamanho dos pátios de estocagem, a posição dos ramais de arraste e
a direção de queda das árvores são definidas no planejamento da exploração.

Distribuição dirigida
Planejamento dos ramais de arraste

Ramais na forma de "espinha de peixe".


Definição da direção de queda das árvores
em função do arraste
Definição da direção de queda das árvores
em função de árvores remanescentes
Planejamento dos ramais de arraste e direção
de queda das árvores

Ramais na forma de "espinha de peixe".


Sistema de arraste

Maquinário mais utilizados

Trator Florestal

Trator de Esteira
Exploração planejada x não planejada
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

CONTROLE

O controle é uma etapa de grande importância no gerenciamento das


operações florestais, sendo a base para:

Tomada de decisões;

Acompanhamento da execução das operações conforme os


objetivos e metas estabelecidas;
Determinação dos custos e rendimento dos maquinários;

Planejamento geral da empresa.

É de suma importância que o controle ocorra antes, durante e


após a execução das operações.

75
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Controle
Os principais objetivos do controle são:

 Assegurar o plano de abastecimento da indústria.

 Fornecer informações para fins gerenciais e operacionais.

 Alimentar o sistema de controle de custos e orçamento da empresa.

 Manter a integração entre as diversas operações da colheita.

 Compor a base de dados do sistema de planejamento florestal.


 Fornecer informações para fins de pagamento de pessoal.

 Gerar informações para fins de treinamento operacional.

 Assegurar o cumprimento do plano estratégico da empresa.


76
PLANEJAMENTO DA COLHEITA FLORESTAL

Controle
O controle pode ser feito através de apontamentos, em que é
controlada toda a dinâmica operacional, como:

Produções diárias dos módulos, máquinas, turnos e operadores;

Produtividade e custos dos módulos, máquinas, turnos e operadores.

Movimentação dos estoques de madeira: em pé, cortada e disponível


para o transporte.

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FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO

1. Equipe competente e conduzido por meio de liderança reconhecida;


2. Plano que mostre um caminho, com responsabilidades claras e
metas bem definidas;
3. Alinhamento com os objetivos da empresa;
4. Controle eficiente de progresso, escopo, custo e prazo – utilização
de ferramentas de gestão adequadas;
5. Comunicação constante e efetiva para todos os envolvidos;
6. Aplicação dos princípios da qualidade (PDCA);
7. Comprometimento das partes envolvidas;
8. Estrutura organizacional adequada;
9. Etc.

Um planejamento eficiente é aquele que é concluído e os


objetivos / metas da empresa são alcançados.
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CONSIDERAÇÃOES FINAIS

O planejamento é uma etapa imprescindível para qualquer


situação, particularmente na atividade de colheita florestal.

Tudo o que se faz de forma planejada tende a ser mais


racional, eficiente, com melhor qualidade, mais seguro e
barato.

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EXTRAÇÃO

Dúvidas sobre a aula de hoje?

80

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