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Dazibao Gaijin Haicais

Coletânea 2020
Org Antonio Cabral Filho
Edição DGH RJ
Apresentação

Matsuo Bashô

Na despedida
as costas! Solitário
vento de outono.

Cansei da viagem
hoje faz quantos dias?
Vento de outono.

O sol de inverno:
a cavalo congela
a minha sombra.

Veste geada
e se forra de vento
bebê na rua.

Borboletas e
aves agitam voo:
nuvem de flores.
Quero ainda ver
nas flores no amanhecer
a face de um deus.

Vozes das aves.


Nessas horas, um poeta
não tem mais mundo.

Na minha casa
pernilongo pequeno
é o que ofereço…

Chuva de verão
perna de garça
então se torna curta.

Que lua, que flor


nada, bebo umas doses
aqui sozinho.

Tradução: Gustavo Frade - UFMG


Índice

A
Antonio Cabral Filho – RJ
Antonio de Pádua Elias de Sousa – MG
C
Conceição Maciel – PA
F
Francisco Ferreira – MG
M
Mariane Oliveira de Sousa – MG
R
Renata Paccola – SP
Roque Aloisio Weschenfelder – RS
Autores

Antonio Cabral Filho

Olhos para ver,


As revelações divinas:
Cálice e hóstia.

Vixe! Lascou tudo...


De Mandetta, bozzo e Reich,
Livrai-nos do Tiech.

Cidade deserta,
A noite cai sobre o nada:
Estado de sítio.

Só vento na rua...
E um bonsai em silêncio:
Nem cão nem meninos.

Mundo virou túmulo


Onde o CORONA campeia:
Paraíso Orwell.

Antonio Cabral Filho – RJ


antoniocabralfilho@gmail.com
Antonio de Pádua Elias de Sousa

Nos caminhos do Senhor,


também existem percalços,
mas contém paz e amor.

Como um beija-flor,
voando no seu jardim,
busco por seu amor.

Íris de esmeralda,
por que foges dos meus olhos?
Teu medo, minha coragem respalda.

Como a rapidez do Condor,


os seus olhos, no meu olhar se instalou,
e, prendeu o meu amor.

O Sol é a luz do dia,


também são, a lua e as estrelas, as luzes da noite, 
já o Amor, a Luz da Vida!

Antônio de Pádua Elias de Souza. Formiga-MG


Email paduadesouza@yahoo.com.br
Conceição Maciel

No silêncio da noite
Me transformo em versos suaves
Sou canção feita em pedaços.

As flores são cores


São sentimentos sem dores
São as cores dos perdidos amores.

No mar da paixão
Me afogo nas dores
Desejos guardados nas mentiras d'amores.

No deserto em mim
Mora uma flor sem espinhos
Sem pétalas, sem beleza e sem ninho.

Conceição Maciel – PA
Email con.maciel@hotmail.com

Francisco Ferreira

Cai chuva na mata


mutuca faz peripécias
no couro do boi.

Luar no caminho
de caniço e samburá.
Peixes para almoço.

Quando cai a noite


os pirilampos na mata
imitam estrelas.

A flor natural
sua beleza e perfume
dádiva de Deus.

Aos olhos da cobra


é vão o salto do sapo.
Inútil manobra.
Francisco Ferreira  - Conceição do Mato Dentro (MG)
email franciscofereira2606@hotmail.com
Mariane Oliveira de Souza

Do coqueiro o fruto,
no fruto, contempla a água,
saciando a sede do manso e do bruto.

No imenso azul mar,


senti molhar a esperança, 
em seu fim, poder amar.

Para ter a sua harmonia, o meio ambiente


e, sustentabilidade ecológica,
só com consciência o agente.

Quem manda na selva é o leão,


no céu as aves de rapina,
você, o menino do meu coração.

Contemplemos pois, a natureza!


É um presente de Deus,
perfeita, com toda sua beleza. 
Mariane Oliveira de Souza. Formiga-MG
Email marianeosousa@gmail.com
Renata Paccola

Família vê fogos
da cobertura do prédio.
Reveillon na praia.

Na perfumaria,
uma essência de jasmim
atrai as freguesas.

Com fluxo e refluxo,


maré cheia forma um porto.
Dia de ressaca.

Canteiro de dálias
na casa do interior
enfeita o jardim.

Vários pirilampos
fazem voo circular.
Festival de luzes.
Renata Paccola – SP
renatapaccola88@gmail.com
Roque Aloisio Weschenfelder

Outono danado
Filho do verão em pé
Gelo dos invernos

Vírus do verão
Quarentena muito longa
Idosos, cuidado

Noite com lua cheia


Verão virou lobisomem
Outono matou

Dores de cabeça
Vírus ataca de novo
Pobre “prima Vera”

Tanta quarentena
Sem flores a primavera
Covid dezenove 
Roque Aloisio Weschenfelder / Santa Rosa – RS
roquealoisio@yahoo.com.br

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