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Brazilian Applied Science Review

Análise de Metodologias para Execução de Pesquisas Tecnológicas

Analysis of Methodologies for Carrying out Technological Research


DOI:10.34115/basrv4n2-006

Recebimento dos originais: 15/02/2020


Aceitação para publicação: 24/03/2020

Anderson Martelli
Mestre Ciências Biomédicas – Centro Universitário Hermínio Ometto (Uniararas);
Especialização em Laboratório Clínico Faculdades Ciências Médicas UNICAMP. Professor
na Faculdade FMG, Mogi Guaçu-SP, Brasil.
Rua Benedita Leme Ramos, 77, Jardim Bonfim, Itapira-SP, Brasil.
E-mail: martellibio@hotmail.com

Alexandre José de Oliveira Filho


Engenheiro Civil pela USF – Universidade São Francisco – Campus Bragança Paulista – SP,
Brasil.
e-mail: alexandre.filho@mail.usf.edu.br

Carolina Doricci Guilherme


Graduanda do curso de Engenharia Química da USF – Universidade São Francisco – Campus
Bragança Paulista – SP, Brasil.
e-mail: carolina.guilherme@mail.usf.edu.br

Fabio Francisco Mazzocca Dourado


Mestre em Engenharia Civil e Engenheiro Químico pela Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo - EPUSP. Engenheiro Químico na Amazônia Azul – Marinha do Brasil,
Votorantim, Brasil.
e-mail: fabiofmdourado@gmail.com

Edgar Manuel Miranda Samudio


Doutor e Mestre em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo -
EPUSP; Engenheiro Civil pela Universidade Tecnológica do Panamá - UTP. Docente do
Curso de Engenharia Civil na Universidade São Francisco – USF. Engenheiro Consultor da
Empresa Susten Centrista Soluções Ambientais Ltda. Rua Oito, s/n, Prédio Hexagonal,
Livramento – Socorro - SP. Brasil
e-mail: samudio@alumni.usp.br

RESUMO
Este artigo apresenta uma análise de metodologias existentes para elaboração de pesquisas
tecnológicas. Apresenta como finalidade auxiliar aos pesquisadores iniciantes a escolha da
metodologia mais adequada para aplicação em sua investigação. A metodologia utilizada foi do
tipo exploratória, com revisão da literatura especializada. Os resultados demostraram que a
pesquisa tecnológica em nada difere da pesquisa científica, apenas objetiva obter resultados
práticos que permitam alcançar um balanço econômico que justifique as despesas da realização
da pesquisa frente a possíveis receitas da comercialização do conhecimento obtido; e sempre
acompanhou a evolução humana e seus anseios, em busca de domínio tecnológico e econômico.

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A pesquisa tecnológica se baseia principalmente no método indutivo, através de pesquisas
exploratória, bibliográfica e estudo de casos.

Palavras-Chave: Pesquisa tecnológica, pesquisa científica, metodologias.

ABSTRACT
This article presents an analysis of existing methodologies for developing technological
research. It aims to help beginning researchers to choose the most appropriate methodology for
application in their investigation. The methodology used was exploratory, with a review of the
specialized literature. The results showed that technological research does not differ from
scientific research, it only aims to obtain practical results that allow to reach an economic
balance that justifies the expenses of carrying out the research in view of possible revenues
from the commercialization of the knowledge obtained; and has always followed human
evolution and its yearnings, in search of technological and economic dominance. Technological
research is based mainly on the inductive method, through exploratory, bibliographic research
and case studies.

Keywords: Technological research, scientific research, methodologies.

1 INTRODUÇÃO
Quando se inicia o desenvolvimento de uma pesquisa tecnológica o pesquisador,
iniciante, se depara frente a um problema. Qual é a metodologia mais adequada para aplicar na
pesquisa que pretende realizar? Para responder a essa questão, esse pesquisador inicia a
pesquisa bibliográfica revisando a literatura existente sobre metodologias de pesquisas
científicas, tentando encontrar a mais apropriada para sua pesquisa tecnológica. É aí, onde fica
evidente o problema, pela existência de muita informação relacionada a pesquisa, porém
apresentada de forma generalizada. Esta etapa, consome de forma significativa o tempo
disponível para o desenvolvimento da investigação tecnológica, propriamente dita.
Trata-se de um estudo intermediário ao tema principal, embora, haja extensa e ampla
bibliografia sobre metodologias de pesquisas científicas, pouco se encontra sobre metodologias
de pesquisas tecnológicas. Na área acadêmica, uma porcentagem significativa dos alunos
desiste do curso, pelo conflito entre a escolha da metodologia de pesquisa e o desenvolvimento
da pesquisa. Isto pode-se verificar em alunos de mestrando e doutorando das áreas tecnológicas,
que concluem o programa de disciplinas, porém, não realizando a pesquisa tecnológica, não
obtém o grau correspondente.
Por outro lado, existem casos de trabalhos de conclusão de curso de graduação, onde a
maioria deles são elaborados com baixa qualidade tecnológica, resultando em relatórios pobres.
Assim, o objetivo deste trabalho foi identificar os métodos que melhor se adequam as pesquisas
tecnológicas.

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2 DESENVOLVIMENTO
2.1 CONCEITO DE METODOLOGIA
Metodologia pode ser entendido como o estudo do caminho escolhido para a busca de
resolução de problemas, com o decorrer dos anos as metodologias de pesquisas e suas
diferenças vem sendo modificadas, conforme a iniciação de novos pesquisadores e com o tipo
de pesquisa a ser realizado.
Segundo Mazaro (2016) os conhecimentos metodologicamente elaborados começaram
a ser produzidos no século XVII, como forma de sustentar a fragilidade do saber oriundo da
intuição, do senso comum ou da tradição. Assim, os conhecimentos que surgiam nessa época,
para serem confiáveis deveriam ser obtidos por meio de uma metodologia racional, para que a
pesquisa fosse reproduzida de tal forma que seus resultados pudessem ser verificados.

2.2 PESQUISAS CIENTÍFICAS E TECNOLÓGICAS


De acordo com estudo de Mazaro (2016):
“A ciência tem como características básicas a observação dos fatos, sua
repetição (experimentação) e sua ordenação lógica, de forma a construir
teorias que deem conta do comportamento dos fenômenos ou eventos
ocorridos, possibilitando sua utilização racional nas mais diversas áreas de
atuação humana” (MAZARO, 2016).

A pesquisa científica é um processo de construção de conhecimento com base no


método científico, que é o caminho da ciência que nos permite solucionar problemas em
qualquer área do conhecimento, nas áreas humanas, biológicas e exatas.
Segundo Bastos (2016, pag. 62 a 63):

“Atualmente cada área cientifica ou tecnológica apresenta um objeto e um


método próprio. Isto se deve principalmente a fragmentação das principais
áreas de conhecimento existente e que produziram diversas especializações,
cada qual, para produzir seu conhecimento que se baseiam em metodologias
de pesquisas específicas. Considerando a grande diversidade de áreas de
conhecimento e a complexidade das pesquisas envolvidas em cada uma, é
comum a todas percorrer uma estrutura comum. Inicialmente se estabelecem
os objetivos, em seguida, se desenvolve um modelo do que será estudado. Na
fase seguinte se coletam e analisam informações e os dados obtidos. Depois
segue-se para a avaliação, que é o processo de validar o modelo, relacionando
os dados e o modelo definido. Finalmente, se o modelo estabelecido não
corresponde aos dados obtidos, deverá ser realizada sua modificação ou
mesmo sua substituição” (RICHARDSON,1999 apud BASTOS, 1916, pag,
63).

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2.3 ORIGEM DA PESQUISA TECNOLÓGICA


Segundo Vargas (1985), a pesquisa tecnológica teve origens nas investigações dos “Technische Hochschulen” na Alemanha e nas
investigações em laboratórios particulares norte-americanos (o primeiro em Menlo Park, de Thomas Alva Edison). A tabela 1 mostra a origem e
evolução das pesquisas tecnológicas nos campos da engenharia e indústria, destacando alguns momentos no Brasil.

Tabela 1 - Origem e Evolução das Pesquisas Tecnológicas aplicadas a outras áreas da Engenharia e da Industria
Inicios do Laboratório de E.T.H de Zurique Estudo de metalografia física para resolver problemas de tratamento a frio e a quente dos metais,
século XX como produção de ligas metálicas ou desenvolvimento de materiais de construção.
1938 Instituto de Pesquisas Tecnológicas de Pesquisa tecnológica no campo da metalurgia com a união das seções de metais e metalurgia numa
São Paulo usina experimental de metalurgia.
Última grande Laboratórios de Peenemunde Wernher Von Pesquisas da propulsão de foguetes espaciais.
guerra Braun et. al.
1923 Hermann Oberth Estudos matemáticos sobre a mecânica dos voos além da atmosfera, por meio de foguetes. Foi a base
para as primeiras investigações as quais culminaram com a viagem a lua, em 1969.
1938 Otto Hahn e F. Realizaram a fissão de uranio, logo reconhecida por Lise Meitner como uma imensa fonte de energia.
Strassman
Laboratórios da Universidade de Eurico Fermi Projeto Manhattan, destinado a construção da bomba atômica.
Chicago
1946 Pesquisas que culminaram na construção da primeira máquina automática de calcular, a ENIAC

Norbert Wiener Pesquisas anteriores permitiram a criação da disciplina Cibernética

1922 Estação Experimental de Combustíveis Pesquisa no campo da Química e Petroquímica


e Minérios em Rio de Janeiro
1963 COPPE em Rio de Janeiro Criado o Programa de Engenharia Química com a finalidade da Pesquisa Tecnológica a nível de Pós-
Graduação.
Ao mesmo Vários laboratórios no mundo Realizavam Pesquisas nas áreas da agricultura e na Pecuária
tempo
Fonte. Adaptado de VARGAS (1985).

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Considerando a origem e evolução das tecnologias, pode-se afirmar que a metodologia
da pesquisa tecnológica em nada difere da metodologia da pesquisa científica. Os métodos de
investigação serão os mesmos que os da ciência e estarão sempre subordinados a lógica dedutiva
e indutiva ou a fenomenologia e à história.
O método dedutivo, de forma geral, é aplicado à filosofia, enquanto o método indutivo
à ciência. A diferença reside em que no método dedutivo o movimento do pensamento ocorre
do geral para o particular, enquanto no indutivo, do particular para o geral. No método dedutivo,
parte-se do que é aceito como verdade geral de um axioma, para por meio de uma premissa
intermediária e específica, chegar a uma conclusão também verdadeira.
Uma desvantagem deste método é que, como o encadeamento dos três momentos do
silogismo é fundamentalmente racional, uma falsa lógica pode causar a impressão de verdade
no que é falso ou parcialmente falso.
Descartes apresentou uma nova estruturação lógica do método dedutivo, mais
complexa, iniciando de uma evidência, fragmentada em partes, para ser analisada e reconstruir
o todo através da síntese. Esta é uma forma de conhecimento mais profunda da evidência, que
pode ser hipotética, passível de ser ou não confirmada pela análise. Esse método possui grande
potencial para ser usado em estudos e pesquisas que partem de formulações gerais, já aceitas
socialmente ou na comunidade científica.
O método indutivo é parte intrínseco da nova ciência. Neste método se parte da análise
dos elementos constitutivos do fenômeno para induzir as hipóteses. A reprodução do fenômeno
em condições controladas, permite a continua verificação das hipóteses induzidas e sua
reformulação constante. Quando a quantidade e a qualidade dos experimentos permitem a
formulação de uma forte tendência, esta é examinada até que alcance o grau de generalização
de uma lei (MAZARO, 2016).
Para as pesquisas tecnológicas o método indutivo tem sido mais aplicado, tornando-se
intrínseco da nova ciência. A diferença em relação ao método dedutivo, é que agora a análise
dos elementos constitutivos do fenômeno vai tornar possível a indução de hipóteses.
A pesquisa tecnológica deve obrigatoriamente ser feita com base em uma conjectura,
hipótese ou teoria prévia sobre o fenômeno a ser pesquisado, e de forma a que conduza o
pesquisador a acumular observações expressas em enunciados fáticos. Um diferencial bastante
marcante é citado por Vargas (1985), a pesquisa tecnológica deve ser justificada pela sua
necessidade prática e pelo balanço econômico das despesas que acarretará em face aos
benefícios que trará, se for bem-sucedida. Nas palavras deste autor:

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Na pesquisa tecnológica não se deve perder tempo em justificar nem tentar
resolver problemas correlatos e, consequentemente, não considerar importante
o rigor e exatidão dos sucessivos estágios intermediários da pesquisa. Em
suma, só o resultado final prático interessa (VARGAS, 1985, pag.83).

Atualmente prevalecem as afirmações de Vargas (1985) de que a maioria dos projetos


de pesquisas tecnológicas são elaborados por empresas públicas ou privadas, e raramente por
um pesquisador individual. Assim sendo, o objeto da pesquisa não é mais exclusivamente, de
livre escolha do pesquisador, o qual é definido na maioria dos casos, por necessidades e
interesses de uma nação ou de uma organização empresarial. Apesar da elaboração do projeto
de pesquisa não ser de incumbência do pesquisador, cabe a ele em equipe ou sozinho executa-
la, portanto, o sucesso depende da competência individual ou coletiva (VARGAS, 1985,
pag.84).

3 MÉTODOS DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS


3.1 PESQUISA EXPLORATÓRIA
A pesquisa exploratória é uma metodologia que permite ao pesquisador, encontrar a
solução de problemas sobre temas que ainda são pouco conhecidos ou pouco explorados,
podendo ainda utilizar-se da união de outros tipos de metodologias como, pesquisa
bibliográfica, estudo de caso e entrevista, fornecendo dados qualitativos ou quantitativos para a
conclusão final e permitirá um melhor conhecimento sobre o tema.
A pesquisa exploratória deve ser utilizada como estruturador e organizador de um
trabalho na faze preliminar, facilitando a obtenção de informações, delimitando dados,
orientando objetos do texto, elencando hipóteses, fixando objetivos e focando exatamente no
tema da pesquisa. A pesquisa exploratória, permite o controle dos efeitos desvirtuadores da
percepção do pesquisador, permitindo que a realidade seja percebida tal como ela é, e não como
o pesquisador pensa que seja.
A pesquisa exploratória, da maneira proposta neste trabalho, apoia-se em determinados
princípios bastante difundidos para garantir que o problema formulado seja passível de
verificação. Dessa forma a formulação da pergunta racional sobre o problema deve ser objetiva
e direta e fundamentada com referências bibliográficas confiáveis, e com isso, garante-se uma
resposta com base científica e técnica. O limite do conhecimento cientifico e técnico pode ser
melhor ultrapassado quando, se tem conhecimento sobre o tema. Isso pode ser realizado, através
de revisões bibliográficas que ampliará significativamente o conhecimento do problema.

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A “pesquisa exploratória” também conhecido como “estudo exploratório”, tem por
objetivo conhecer a variável de estudo tal como ele se apresenta, seu significado e o contexto
onde está inserido. Neste sentido, a pesquisa exploratória leva o pesquisador, a novas
descobertas de enfoques, percepções e terminologias, contribuindo para que, gradativamente,
seu próprio modo de pensar seja modificado. Em outras palavras, ele vai conseguindo controlar,
quase que imperceptivelmente, o seu o direcionamento de sua pesquisa.
A operacionalidade da pesquisa exploratória, é o estudo continuo do problema, partindo
de pouco ou nenhum conhecimento, até que se alcance a condição de domínio do conhecimento
qualitativo do assunto.
3.2 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa bibliográfica é considerada como o inicio de qualquer pesquisa científica ou
tecnológica. Este tipo de pesquisa é realizado através da revisão de materiais publicados como
livros, revistas, dissertações, teses, trabalhos de congressos, simpósios e seminários. Portanto,
a pesquisa bibliográfica ou revisão de literatura é considerada uma varredura sobre as
publicações existentes, buscando identificar o que foi produzido pela comunidade científica e
tecnológica, evitando assim, uma republicação do mesmo assunto.
A pesquisa bibliográfica é realizada em etapas, que dependem de alguns fatores, tais
como: a natureza do problema, o nível de conhecimento que o pesquisador tem sobre o assunto
e o grau de conhecimento que se pretende adquirir com a pesquisa. Essas etapas podem ser
resumidas como a escolha do tema, levantamento bibliográfico preliminar, formulação do
problema, elaboração do plano provisório do assunto, busca das fontes existentes, leitura de
materiais, fichamento, organização lógica do assunto e redação do relatório final.
Segundo Macedo (1994, pag. 15 e 16):

Na escolha de um tema livre para pesquisa deve-se fazer a formulação de


algumas perguntas: Quais são os assuntos de sua modalidade que mais lhe
interessam? Quais são os temas que mais o instigam? De tudo o que você tem
estudado, o que lhe dá mais vontade de se aprofundar e pesquisar?

O levantamento bibliográfico preliminar, entendido como um estudo exploratório, tem


a finalidade de proporcionar a familiaridade do aluno com a área de estudo no qual está
interessado, bem como estabelecer a delimitação da pesquisa, para que o problema seja
formulado de maneira clara e precisa. Deve-se escolher o tema e identificar o problema, ler o
material, selecionado e organizando os dados de acordo com as etapas da pesquisa.
Marconi e Lakatos (2003) orientam que inicie o registro de cada fonte; anote os dados
obtidos; citações do texto (transcrições diretas) com aspas, com abreviatura da fonte e página.
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Para a finalização da pesquisa bibliográfica é necessária a organização dos dados obtidos para
a elaboração do relatório final. Recomenda-se seguir as seguintes atividades: revisão e acerto
da estrutura preliminar em ordem dos itens; ordenação das anotações, referências bibliográficas,
listagem ou bibliografia geral consultada; redação do trabalho, atentando para a comunicação e
expressão da língua portuguesa; observação das normas formais de apresentação de trabalho e
pesquisas, elementos preliminares, textos e pós liminares; digitar observando as normas da
Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT).
3.3 ESTUDO DE CASO
O estudo de caso, é uma modalidade de pesquisa que consiste no estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita um amplo e detalhado domínio do
conhecimento. Utiliza-se inicialmente tanto para o esclarecimento do assunto da pesquisa em
seus múltiplos aspectos, quanto para a descrição do problema. Seus resultados, de modo geral,
são apresentados na condição de hipóteses e não de conclusões. “A utilização de estudo de caso
é ainda adequada para a investigação de um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto
real, onde os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente percebidos” (YIN, 2001,
pag 61).
Gil (2008, pag 54) cita:
‘’que a diferença entre o fenômeno e seu contexto no estudo de caso,
representa uma das grandes dificuldades com que se deparam os
pesquisadores, quando se utilizam em sua pesquisa de experimentos, que são
considerados estudos complexos, podendo desvirtuar o foco. Afirma ainda
que, vem ocorrendo uma crescente utilização do estudo de caso nas diversas
áreas da ciência e com diferentes propósitos, como por exemplo: a) explorar
situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b)
preservar o caráter unitário do objeto estudado; c) descrever a situação do
contexto em que está sendo feita determinada investigação; d) formular
hipóteses ou desenvolver teorias; e) explicar as variáveis causais de
determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a
utilização de experimentos. ‘’

O estudo de caso, não possui metodologia de pesquisa própria, como ocorre em outros
tipos de pesquisas. Dessa forma, o pesquisador deve estar atento com o viés (seguir o oposto do
esperado) que possa surgir em sua pesquisa, sendo assim, deve prestar muita atenção quanto
aos dados coletados e o planejamento de seu trabalho. Outra objeção do estudo de caso é a
dificuldade de generalização dos resultados a que se refere o propósito da pesquisa que não é a
de proporcionar o conhecimento preciso, mas sim o de proporcionar uma visão global do
problema ou de identificar possíveis fatores que o influenciam ou são por ele influenciados.
Outro obstáculo é o tempo destinado à pesquisa. Alega-se que os estudos de caso
demandam muito tempo para serem realizados e que frequentemente seus resultados tornam-se

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pouco consistentes. Alguns autores que se dedicaram a essa questão, como Yin (2005) e Stake
(2009), definiram um conjunto de etapas que podem ser seguidas na maioria dos estudos de
caso: formulação do problema; definição da unidade-caso; determinação do número de casos;
elaboração do protocolo; coleta de dados; avaliação e análise dos dados e preparação do
relatório final.
Stake (2009, pag. 67) identifica e apresenta três modalidades de estudos de caso:
‘’Estudo de caso intrínseco, aquele em que o caso constitui o próprio objeto
da pesquisa. O que o pesquisador busca é conhecê-lo em profundida sem
qualquer preocupação com o desenvolvimento de alguma teoria. Estudo de
caso instrumental, desenvolvido com o propósito de auxiliar no conhecimento
ou redefinição de determinado problema. O pesquisador não tem interesse
específico no caso, mas reconhece que pode ser útil para alcançar
determinados objetivos. Estudo de caso coletivo, cujo propósito é o de estudar
características de uma população. Eles são selecionados porque se acredita
que, por meio deles, torna-se possível aprimorar o conhecimento acerca do
universo a que pertencem. ’’

Quanto aos objetivos, a metodologia aqui utilizada é do tipo pesquisa exploratória, por
visar aprimorar ideias sobre metodologias de pesquisas tecnológicas, objetivando criar maior
familiaridade com este assunto. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, a metodologia
assume a forma de pesquisa bibliográfica.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das diversas pesquisas e dos dados obtidos, pode-se afirmar que, as metodologias
de pesquisas exploratória, bibliográfica e estudo de caso, associado com o método indutivo,
enfaticamente, é a melhor escolha para o desenvolvimento de uma pesquisa tecnológica de
qualidade e coesa, enriquecida de conhecimentos científicos e reais. Desta forma, já sabendo a
metodologia a ser utilizada, o acadêmico ou pesquisador iniciante, destina melhor seu tempo
na pesquisa, focando propriamente no tema escolhido.
A pesquisa bibliográfica deve anteceder qualquer atividade da pesquisa propriamente
dita, tendo em vista o aprofundamento no assunto a ser pesquisado, pois ela permite
familiarizar-se com o tema, levando o pesquisador a construir melhor seu conhecimento,
identificando o problema e criando hipóteses mais plausíveis. Finalmente os estudos de
caso são os mais utilizados nas pesquisas tecnológicas, quase sempre para aperfeiçoamento dos
processos produtivos, tornando-os mais eficazes (melhoria de processo e geração de riqueza).

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REFERÊNCIAS

BASTOS, M.C.P. e FERREIRA, D.V. Metodologia científica. 1ª Edição. Londrina,


Editora e Distribuidora Educacional, 2016.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª Edição. São Paulo, Atlas, 2002.

MACEDO, N.D. Iniciação à pesquisa bibliográfica. 2ª Edição. São Paulo,


Unimarco,1994.

MARCONI, M. A. e LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia cientifica. 5ª


Edição. São Paulo, Atlas, 2003.

MAZARO, R.E. Metodologia da pesquisa científica. 1ª Edição. Valinhos, 2016.

STAKE, R. E e MARIA, A. Arte da investigação com estudo de caso. 2ª Edição em


português. Fundação Calouste Gulbenkian. Cidade Lincoln (E.U.A), Editora Handbook, 2009.

VARGAS, M. Metodologia da pesquisa tecnológica. 1ª Edição. São Paulo, Editora


Globo, 1985.

YIN, R. K. Estudo de caso, planejamento e métodos. 3ª Edição. Porto Alegre, Editora


Bookman, 2005.

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