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16 Samuel, o profeta

Deus levantou Samuel num momento muito complicado da história de Israel. Usou-o para desafiar
aquele povo a ser fiel à aliança do Senhor; para unir como nação as tribos divididas no país, e para
ungir os primeiros reis de Israel. Samuel foi profeta desde menino. O seu ministério era caracterizado
pela oração e pelo ensino fiel. “Moisés e Arão, entre os seus sacerdotes, e, Samuel, entre os que lhe
invocam o nome, clamavam ao Senhor, e ele os ouvia” (Sl 99.6). Seu nome significa “nome de Deus”
ou “Deus ouve”.

O serviço de Samuel
Dedicado pela mãe ao serviço do Senhor, Samuel começou a servir no tabernáculo, em Siló, logo
depois de ser desmamado: “Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino, vestido de
uma estola sacerdotal de linho” (1Sm 2.18).

Figura 21 O pequeno Samuel levado ao tabernáculo de Siló, sendo apresentado ao profeta Eli

16.1.1 O crescimento de Samuel


Ali “o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens” (1Sm 2.26). Essa
informação lembra outro menino: “crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos
homens” (Lc 2.52). Samuel cresceu e serviu ao Senhor em ambiente muito difícil. Os filhos de Eli
praticavam imoralidade no próprio santuário, deturpando o culto a Deus e roubando para si as
melhores carnes e a gordura que deveria ser oferecida somente ao Senhor. A fidelidade e a pureza do
menino Samuel contrastavam com toda a imoralidade dos filhos de Eli. Ainda muito jovem, Samuel foi
chamado pelo Senhor e começou o seu ministério profético. O Senhor falou pela primeira vez com ele
no templo, porém, Samuel não sabia quem o chamava. Orientado por Eli, ele respondeu: “Fala, porque
o teu servo ouve” (1Sm 3.10). Assim, o Senhor falou com ele e continuou a falar durante muitos anos.
Primeiro lhe revelou a condenação de Eli e dos filhos dele. Depois, “Continuou o Senhor a aparecer
em Siló, enquanto por sua palavra o Senhor se manifestava ali a Samuel. Veio a palavra de Samuel a
todo o Israel” (1Sm 3.21-4.1).

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Figura 22 O pequeno Samuel escuta a voz de Deus

16.1.2 A importância da palavra de Deus


Israel vivia em situação lastimável. Sua idolatria e infidelidade estavam sendo castigadas pela acção
dos filisteus, que roubavam seu território e bens. Deus, para restaurar o Seu povo, enviou-lhes um
profeta. Usou a Palavra para chamá-lo de volta a Si. Vale notar que os grandes avivamentos operados
por Deus em tempos mais recentes começaram quando os cristãos voltaram a estudar a Bíblia e a
levá-la a sério. Lutero começou a reforma quando estudava a carta de Paulo aos Romanos e entendeu
pela Palavra que “o justo viverá por fé” (Rm 1.17). O grande despertar evangélico na Inglaterra, do
qual o Metodismo é fruto, no século dezoito, foi fruto da pregação e exposição da Palavra. Em Israel
não foi diferente. Séculos depois de Samuel, nos dias do bom rei Josias, enquanto estavam
reformando o templo, acharam “o Livro da Lei” há muito tempo perdido e esquecido. Como resultado,
a aliança com o Senhor foi renovada e a idolatria, tirada (2Rs cap. 22-23). “Porque, assim como descem
a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a
façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da
minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a
designei” (Is 55.10-11). O Senhor se revelava a Samuel pela Sua palavra. “Crescia Samuel, e o Senhor
era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra” (1Sm 3.19).

O ministério de Samuel como juiz


“E julgou Samuel todos os dias de sua vida a Israel. De ano em ano, fazia uma volta, passando por
Betel, Gilgal e Mispá; e julgava a Israel em todos esses lugares. Porém voltava a Ramá, porque sua
casa estava ali, onde julgava a Israel e onde edificou um altar ao Senhor” (1Sm 7.15-17). Deus também
usou Samuel para livrar Israel dos ataques dos filisteus (1Sm 7.1-14). Os filisteus tinham levado a arca
do Senhor quando destruíram o santuário em Siló, mas a intervenção de Deus os forçou a devolvê-la
ao território israelita. Como profeta, Samuel exortou Israel a abandonar a idolatria e voltar ao Senhor
de todo o coração (1Sm 7.3). É bom lembrar que o profeta, na Bíblia, falava à sua própria geração, não
apenas predizendo coisas futuras. Assim ajuntou-se todo o Israel e confessou ao Senhor seu pecado,
e Samuel orou pelo povo. Com isso, os filisteus chegaram com grande força militar para subjugar a
Israel, o que levou Samuel a oferecer holocausto ao Senhor e a orar por Israel. O Senhor atendeu à

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oração de Samuel, semeou pânico entre os filisteus com grandes trovoadas, e Israel os perseguiu,
derrotando-os. Não voltaram a atacar durante todos os dias de Samuel. Samuel também era zeloso
no ensino e aconselhamento. Fazia questão de levar a palavra que Deus lhe revelava a todas as tribos
de Israel (1Sm 7.16). Também nos dias de Samuel, lemos pela primeira vez sobre os “discípulos dos
profetas” (1Sm 10.5). Eles depois aparecem em Betel, em Jericó e em Gilgal. Parece que Samuel os
orientava também sobre o ministério. Eliseu, mais tarde, seguiu o exemplo dele (2Rs 6.1).

Samuel e os reis de Israel


No seu hino de louvor e gratidão pelo nascimento de Samuel, Ana profetizou a respeito do rei de
Israel. “O Senhor julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido”
(1Sm 2.10). Mas ainda não havia rei em Israel (Jz 21.25). Caberia então a Samuel indicar o rei e escrever
a nova constituição. Samuel também começou o registo dos reinados de Israel (1Cr 29.29).

16.3.1 Samuel e Saul


Na sua velhice, Samuel colocou os seus filhos como juízes sobre Israel, mas eles eram gananciosos e
perverteram a justiça. Por isso, Israel pediu um rei “como as nações vizinhas” (1Sm 8.1-5). Samuel não
gostou do pedido. Deus não era o Rei deles? Da mesma forma que em todas as situações, ele orou ao
Senhor, que o orientou como proceder. Samuel tinha de mostrar aos filhos de Israel que seria mais
difícil a vida deles sob o domínio de um rei (1Sm 8.11-18). Naqueles dias, “por acaso” as jumentas de
Quis, da tribo de Benjamim, se perderam. Quis mandou seu filho Saul levar um dos servos da casa e
buscar os animais. Após procurar em vão por muito tempo, pretendiam voltar para casa, porém o
servo disse que na cidade próxima havia um “vidente”, Samuel, e sugeriu buscar orientação com ele.
E assim fizeram. Na véspera do encontro entre Saul e Samuel, Deus revelou ao profeta que era Saul
quem seria rei sobre Israel (1Sm 9.16). Quando se encontraram, Samuel revelou que as jumentas já
tinham sido achadas. Saul acompanhou Samuel até o sacrifício no monte, e depois comeram a carne
do sacrifício com os demais convidados. Na manhã seguinte, Samuel ficou a sós com Saul e o ungiu rei
de Israel. Disso Saul guardou segredo, não contando nada aos seus familiares.

Figura 23 O profeta Samuel unge Davi como rei de Israel

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16.3.2 Viva a salvação
Anos depois Samuel também recebeu ordem do Senhor para ungir Davi como rei sobre Israel (1Sm
16.13). Depois ainda trabalhou com Davi nos preparativos para o culto do templo que Salomão havia
de construir (1Cr 9.22).

Conclusão
Samuel foi homem de oração. Em todas as grandes crises de Israel, Samuel intercedia pelo povo.
Considerava não orar como pecado (1Sm 12.23). É registado como um dos maiores intercessores da
Bíblia (Sl 99.6). Desde o início, o Senhor Se manifestou a Samuel em Siló pela Sua palavra. E por meio
dele, “chegava a palavra de Samuel a todo o Israel”. Começou seu ministério profético ainda menino
e continuou até à velhice. A rectidão da sua vida reforçava a sua autoridade como líder do povo
(1Sm 12.3-6). Era fiel e zeloso na transmissão da Palavra. Foi usado por Deus para estabelecer a
monarquia em Israel. Ungiu Saul, e também Davi. Escreveu e guardou no templo a constituição do
reino. E nós? A palavra de Deus e a oração estão norteando nossa vida e ministério?

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