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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E PRÁTICAS EDUCATIVAS COMUNICACIOANIS E INTERCULTURAIS

DOI:h p://dx.doi.org/10.29276/redapeci.2020.20.213476.6-19

A Tecnologia Assis va (TA) como processo inclusivo de alunos surdos na


Educação de Jovens e Adultos (EJA)
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The Assis ve Technology (TA) as an inclusive process of deaf students
in Youth and Adult Educa on
---------
La Tecnología de Asistencia (TA) como un proceso inclusivo de los estudiantes
sordos en la Educación de Jóvenes y Adultos

Aleksandra Nogueira de Oliveira Fernandes1


Stenio de Brito Fernandes2
Emanuela de Freitas Duarte3

Resumo: Este estudo obje va compreender como a Tecnologia Assis va (TA) contribui para o processo de inclusão de
alunos surdos na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma escola da rede pública estadual de uma cidade do Brasil.
A temá ca aborda o trabalho desenvolvido pelos professores da EJA com alunos surdos, bem como o conhecimento por
eles adquiridos sobre as dificuldades enfrentadas por seus alunos em sala de aula. A inves gação tem caráter qualita vo,
adotando a pesquisa bibliográfica, a fim de se conhecer o processo histórico nacional e mundial de inclusão, e a implantação
da modalidade EJA no sistema educacional brasileiro. Como instrumento para levantamento dos dados foi u lizada entrevista
semiestruturada, tendo como par cipantes cinco sujeitos — duas professoras e três alunos surdos. Buscou-se entender,
junto a esse público, como se dá a inclusão de alunos surdos na modalidade EJA, com ou sem a ajuda de componentes da
TA. Os dados ob dos revelaram que a ins tuição inves gada reúne esforços para incluir os alunos com surdez de maneira
sa sfatória, no entanto, encontra dificuldades nesse processo como a falta de recursos ou serviços adaptados, o que
prejudica, por vezes, o aprendizado desses alunos.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Tecnologia Assis va. Surdez.

Abstract: This study aims to understand how Assis ve Technology (AT) contributes to the process of including deaf
students in Youth and Adult Educa on (EJA) in a public school in a city of Brazil. The topic deals with the work developed by
EJA teachers with deaf students, as well as the knowledge they have acquired about the difficul es faced by their students
in the classroom. The research has a qualita ve character, adop ng the bibliographic research in order to get to know the
na onal and world historical process of inclusion, and the implementa on of the EJA modality in the Brazilian educa onal
system. As a tool for collec ng data, a semi-structured interview was used, having as par cipants five subjects - two female
teachers and three deaf students. It was sought to understand, with this audience, how the inclusion of deaf students in
the EJA modality takes place, with or without the help of TA components. The data obtained revealed that the ins tu on
inves gated combines efforts to include deaf students in a sa sfactory manner, however, it encounters difficul es in this
process such as the lack of resources or adapted services, which some mes hinders the learning of these students.

1 Mestre em Educação, Professora no Ins tuto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
(IFRN), Campus Mossoró.
2 Mestre em Educação, Professor na Escola Municipal Francisca Serafim de Souza (Porto do Mangue/RN),
Professor no Ensino Fundamental II e Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Escola Estadual Jerônimo Vingt
Rosado Maia (Mossoró/RN).
3 Especialista em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, Professora da Educação Especial. LIBRAS da 12° Diretoria
Regional de Educação e Cultura/ DIREC, Professora de LIBRAS e Fundamentos da Educação Inclusiva, convidada
pelo Ins tuto Superior de Educação de Pesqueira (ISEP), polo Alagoinha/RN.
A Tecnologia AssisEDITORIAL
va (TA) como processo inclusivo de alunos surdos na
Educação de Jovens e Adultos (EJA) 7

Keywords: Assis ve echnology. Deafness. Youth and Adult Educa on.

Resumen: Este estudio ene como obje vo entender cómo la tecnología de asistencia (TA) contribuye al proceso de
incluir a los estudiantes sordos en la Educación para Jóvenes y Adultos (EJA) en una escuela pública de una ciudad
de Brasil. El tema aborda el trabajo desarrollado por los profesores de EJA con los estudiantes sordos, así como el
conocimiento que han adquirido sobre las dificultades que enfrentan sus estudiantes en el aula. La inves gación ene
un carácter cualita vo, adoptando la inves gación bibliográfica para conocer el proceso histórico nacional y mundial
de inclusión, y la implementación de la modalidad de EJA en el sistema educa vo brasileño. Como herramienta
para la recopilación de datos, se u lizó una entrevista semiestructurada en la que par ciparon cinco sujetos: dos
profesoras y tres estudiantes sordos. Se buscó entender, con este público, cómo se lleva a cabo la inclusión de
estudiantes sordos en la modalidad de EJA, con o sin la ayuda de componentes de TA. Los datos obtenidos revelaron
que la ins tución inves gada combina esfuerzos para incluir a los estudiantes sordos de manera sa sfactoria, sin
embargo, encuentra dificultades en este proceso como la falta de recursos o de servicios adaptados, lo que a veces
dificulta el aprendizaje de estos estudiantes.

Palabras-chave: Educación de jóvenes y adultos. Tecnología de asistencia. Sordera.

INTRODUÇÃO a sua complexidade e em contexto natural.


Nesse ambiente de construção da pesquisa, é
A Tecnologia Assis va (TA) é uma área do privilegiada, essencialmente, a compreensão
conhecimento que necessita ser ampliada por dos comportamentos a par r da perspec va
meio da realização de pesquisas que possibilitem dos sujeitos da inves gação.
autonomia e inclusão social aos alunos com Assumimos como metodologia a pesquisa
Necessidades Educacionais Especiais (NEE) de caráter bibliográfico, com apoio em Gil
perante suas limitações. O estudo41 em tela (2008), que aponta a pesquisa bibliográfica com
é, pois, uma tenta va de contribuir com essa base em material já elaborado, cons tuído,
expansão e tem como obje vo compreender principalmente, de livros e ar gos cien ficos.
o processo de inclusão de alunos surdos com Como instrumento de coleta de dados,
o auxílio da TA no ambiente da Educação de u lizamos a entrevista semiestruturada.
Jovens e Adultos (EJA) anos iniciais (1º ao 5º Segundo Manzini (2004), essa entrevista pode
ano) em uma escola da rede pública estadual ser planejada ou acontecer espontaneamente,
da cidade de um estado do Brasil. oferecendo muitos dados importantes, gerando
O interesse pela temá ca surgiu quando informações quan ta vas e qualita vas. Nesse
assumimos a função de educadores na referida sen do, se propôs aos professores e alunos
escola, que oferece a modalidade da EJA. um ques onário de perguntas abertas que
Essa experiência nos possibilitou observar as contribuiu para reunir informações básicas
dificuldades que os alunos surdos apresentavam sobre o tema.
para aprender os conteúdos ministrados pelos As entrevistas semiestruturadas, foram
professores. direcionadas a profissionais que vivenciam
É uma pesquisa de abordagem qualita va, a realidade de educar alunos surdos. Os
referendada em autores como Bogdan par cipantes desta pesquisa foram: uma
e Biklen (1994). Na pesquisa qualita va, professora de sala de aula regular, uma
segundo os autores, é formulada com o professora da sala de Atendimento Educacional
obje vo de inves gar os fenômenos em toda Especializado (AEE) e três alunos surdos, que
estudam na modalidade da EJA anos iniciais (1ª
ao 5º ano). As entrevistas permi ram vivenciar
4 Este estudo apresenta resultados da pesquisa a relação dos sujeitos entrevistados em sala de
apresentada em 2018 ao Curso de Pós-Graduação lato aula com a educação inclusiva.
sensu em Educação e Contemporaneidade do Ins tuto Para melhor organização das informações,
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de um
o estudo está dividido em quatro seções. Na
estado do Brasil.
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primeira, abordamos um breve histórico da de um rochedo ou deixadas em alguma floresta


educação especial e inclusiva da pessoa com para morrerem por inanição ou devoradas
surdez: contexto histórico mundial e nacional, por animais selvagens. Prevalecia, portanto, a
traz uma explanação sucinta do percurso da teoria de Aristóteles, a qual jus fica que quem
educação especial e inclusiva ao longo dos anos. não é capaz de u lizar a linguagem oral não é
Na segunda seção, apresentamos a compreensão capaz de raciocinar. Conforme essa visão, os
sobre a Educação de Jovens e Adultos (EJA) surdos não eram considerados seres humanos,
no Brasil: história dos programas e políticas consequentemente deveriam morrer.
educacionais. A terceira seção apresenta uma Os romanos, por sua vez, se baseavam na
reflexão acerca da acessibilidade e recursos lei das XII Tábuas, que concedia às famílias de
tecnológicos para pessoas com surdez. E, pessoas com deficiência o direito de matar ou
na última seção, desvelamos as nuances da abandonar seus familiares, tendo como única
escolarização de alunos surdos na Escola Estadual exigência apresentar esse sujeito a um conselho
Manoel da Nóbrega52.
de cinco pessoas, o qual atestaria a anormalidade
do indivíduo. Na Idade Média, o Cris anismo
2 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
exerceu forte influência sobre os povos, a par r
E INCLUSIVA DA PESSOA COM SURDEZ:
do século XV, passando a proibir a eliminação
CONTEXTO HISTÓRICO MUNDIAL E NACIONAL
do ser humano em decorrência de suas
deformidades e pregando o amor ao próximo.
O caminho percorrido pelas pessoas com
Entretanto, esses indivíduos mostraram não
deficiência é marcado por lutas e conquistas,
ser capazes de conviver em sociedade, sendo
as quais devem ser conhecidas para que se
encaminhados para locais isolados (hospícios,
possa compreender como esses sujeitos
asilos e conventos) a viver com pessoas
foram aceitos no seu meio social, e aqui nos
indesejáveis (ladrões, mendigos e idosos). As
deteremos, mais especificamente, nos surdos.
regras para os surdos eram basicamente as
O contexto histórico da educação especial
mesmas, no entanto, eles eram u lizados como
revela um cenário de muitas derrotas e vitórias.
mercadoria para o entre mento da população
Figueira (2011 aponta que, no Egito an go,
em geral. Como relata Mar ns (2011, p.14):
2.550 anos a.C, os surdos eram adorados como
deuses, sendo confiadas a eles a transmissão Algumas pessoas com deficiência eram
das mensagens do faraó aos deuses. Toda a u lizadas para o diver mento, em palácios
população os respeitava, pois temiam represália e cortes reais, sendo denominadas de
dos deuses caso os destratassem. ‘bobos da corte’, ou eram expostas
Já na China An ga, os surdos eram jogados em circos ou em praças públicas, para
ao mar. Os Gauleses, por sua vez, percebiam os diver mento do público e lucro daqueles
surdos como objeto de troca para sa sfazer o a quem eram entregues ou vendidas pelos
seu deus Teutates, sacrificando esses sujeitos pais.
como forma de oferenda, a fim de garan r
melhorias de vida para seu povo. Essa prá ca Em decorrência de suas limitações, esses
excludente se expandiu por todo o mundo, indivíduos passaram por inúmeras humilhações.
chegando à civilização grega, que, por volta do No que concerne à limitação na fala, Santo
ano 400 a.C., acreditava em uma população Agos nho dizia que era uma punição por algum
perfeita de corpo (força, vigor e saúde) e mente pecado come do pelos pais dos indivíduos
(su leza e seriedade de espírito). Por essa razão, que possuíam essa deficiência. Entretanto, o
as pessoas deficientes eram eliminadas logo religioso reconhecia que os gestos u lizados
após o seu nascimento, sendo lançadas do alto pelos surdos eram a demonstração do seu
entendimento e que, por isso, sua alma era
aceita para a salvação (FIGUEIRA, 2011). Entre
5 A escola recebeu o nome fic cio de Escola o século XV e XX, período da Idade Moderna,
Estadual Manoel da Nóbrega, em homenagem ao
começou a haver o entendimento de que as
primeiro Jesuíta em solo brasileiro.
A Tecnologia AssisEDITORIAL
va (TA) como processo inclusivo de alunos surdos na
Educação de Jovens e Adultos (EJA) 9

pessoas com deficiência nham um problema alunos surdos. Até então, o mundo só conhecia
orgânico e que necessitavam de tratamento duas propostas para a educação dos surdos:
para se encaixar na nova realidade produ va. o gestualismo (ensino u lizando as mãos) e
Por consequência, o isolamento não poderia oralismo (u lização da leitura labial com a
mais ser visto como um cas go. pronúncia da voz). No evento, foi votado qual
De outro modo, a dificuldade de o método de ensino que, de fato, deveria ser
sociabilidade em nada nha a ver com a alma adotado, o oralismo. A maioria dos par cipantes
atormentada. Assim sendo, o governo ficava eram ouvintes, o que não permi u aos surdos
com a tutela legal desses indivíduos e, caso se posicionarem. Como consequência, a língua
fosse comprovada sua invalidez para o trabalho, de sinais foi excluída por quase um século.
eram encaminhados para um internato. Mar ns O método do oralismo permaneceu
(2011) esclarece que, em meio a todas as inques onável até o início da década de 1950,
transformações que ocorreram no século XVI, o mas, com o avanço da ciência, foram criados os
monge espanhol Pedro Ponce de León iniciou primeiros aparelhos audi vos, cujos resultados
um trabalho com algumas crianças surdas, no não se mostraram sa sfatórios, o que induziu
mosteiro de Onã, na Espanha. Sua experiência à crí ca do método. Após inúmeras pesquisas,
possibilitou a criação do método oral, por meio Willian Stokoe (1919-2000), um estudioso
do qual essas crianças aprenderam, após um que pesquisou extensivamente a American
longo período, a dominar a escrita e a leitura. Sign Language - Língua de Sinais Americana
Os resultados foram tão sa sfatórios que, em (ASL) enquanto trabalhava na Universidade
Paris, no ano de 1760, foi criada a primeira Gallaudet, demonstrou que a língua de sinais
escola no mundo para surdos, por Juan Bonet tem caracterís cas iguais as das línguas orais.
e L. Epée. Com isso, a Comunicação Total surgiu como
A educação dos alunos com Necessidades uma proposta educacional que integralizaria a
Educacionais Especializadas (NEE) só começou u lização de língua de sinais, língua oral, leitura
a se modificar efe vamente na Idade labial, treino audi vo e alfabeto manual (SILVA,
Contemporânea, com a construção de escolas 2014).
especializadas, cujo papel fundamental era Em meados da década 1960, as pessoas
o desenvolvimento desses indivíduos. Garcia com NEE começaram a ser inseridas nas escolas
e Beaton (2004) relatam que os alunos eram regulares, mas teriam que se adaptar à sala de
encaminhados para as escolas mediante a sua aula regular. Caso isso não ocorresse, deveriam
especificidade. Com isso, foi possível avançar nas ser direcionadas à modalidade de educação
pesquisas para se descobrir de onde advinham especial, em outro local (MARTINS, 2011). Nos
suas limitações, se de fatores neurológicos, anos de 1970 e 1980, mesmo com a ascensão
biológicos ou fisiológicos. da Comunicação Total, estudos sobre a língua
Os estudos nessa área permi ram que as de sinais apontaram para a filosofia bilíngue,
escolas especializadas adaptassem sua realidade abordagem que defende que o surdo aprenda
de sala de aula, oferecendo metodologia, primeiramente a língua de sinais, tendo em
materiais e estratégias diferenciadas, com o vista ser sua língua materna, e depois a língua
obje vo de aprimorar as prá cas pedagógicas. do país em que vive, e não as duas ao mesmo
Isso resultou em invenções como o alfabeto em tempo.
LIBRAS, pranchas com ilustrações, sinalização Já na década de 1990, teve início um amplo
de ambiente, entre outros recursos bastante movimento nas escolas regulares denominado:
per nentes para o desenvolvimento da inclusão, que visa a união de todos os alunos
cognição desses alunos. (com e sem deficiência) em um mesmo espaço
Segundo Figueira (2011), em 1880, de ensino-aprendizagem, com o obje vo
durante o Congresso de Milão, na Conferência de promover a integralização de saberes e
Internacional de Educadores de Surdos, foi culturas. Vale frisar que a efe vação da inclusão
discu do como deveria ser a educação dos tem ocorrido de maneira grada va. Além
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disso, é importante salientar que somente com leitura labial e a fala. Mediante a adoção desse
polí cas educacionais eficientes conseguiremos método, alunos e professores foram proibidos
ultrapassar as barreiras da exclusão social/ de se comunicar em língua de sinais, o que
educacional, tendo em vista que a escola é causou um déficit na aprendizagem dos surdos
um ambiente de múl plos aprendizados que e o consequente abandono das salas de aula.
não se limita tão somente aos conteúdos, mas Com a proposta de acolher melhor esses
que ajuda a todos na conquista de autonomia alunos e de promover sua interação com a
mediante suas limitações. sociedade, na década de 60 os alunos com NEE
No Brasil, a educação especial para as nas salas de aula passaram a ser inseridos nas
pessoas surdas iniciou com a fundação do salas regulares de ensino. Nesse momento, o
Imperial Ins tuto de Surdos-Mudos, em 1856, papel das escolas especializadas era meramente
no Rio de Janeiro, sob a influência do professor de reforço, aonde o estudante só se dirigia para
francês Ernest Huet. Atualmente, o espaço é rar dúvidas.
denominado de Ins tuto Nacional de Surdos No final de 1970, por intermédio de uma
(INES). O professor chegou ao país um ano professora de surdos da Universidade de
antes, a convite do imperador D. Pedro II, para Gallaudet, nos Estados Unidos, a Comunicação
ensinar duas crianças surdas, porém, mostrou- Total chegou ao Brasil. Na década seguinte,
se interessado em fundar uma escola para baseado nas pesquisas da professora de
surdos no Brasil (MARTINS, 2011). linguís ca Lucinda Ferreira de Brito, o país
De acordo com Figueira (2011), a grade adotou a filosofia bilíngue, proposta educacional
curricular da ins tuição era formada por apenas que busca ensinar o aluno com surdez na sua
seis disciplinas: português, aritmé ca, história, língua materna, Língua Brasileira de Sinais
geografia, linguagem ar culada e leitura labial, (LIBRAS) e o português como segunda língua.
para os que vessem ap dão. Todavia, em O aluno estaria em um ambiente escolar onde
1862, em decorrência de problemas pessoais, todos se comunicariam em LIBRAS e, somente
Huet deixou a direção do ins tuto, assumindo após o domínio dessa primeira língua, iniciaria a
essa função o Dr. Manuel de Magalhães aquisição de outra (SILVA, 2014).
Couto. O médico, no entanto, revelou falta Em 1994, na Conferência de Salamanca, que
de conhecimento na área da surdez, o que discu u o conceito de escola inclusiva. De acordo
ocasionou a defasagem do treino da fala e com o documento, ficou estabelecido, durante
leitura labial com os alunos. essa conferência, que qualquer aluno que
Em 1868, durante uma inspeção apresentasse dificuldades em sua escolarização
governamental, o ins tuto, ainda sob a gestão seria considerado com necessidades educa vas
do Dr. Manuel, foi considerado um asilo para especiais. A Declaração de Salamanca (UNESCO,
surdos, pois os alunos pra cavam a comunicação 1994) influenciou a Lei de Diretrizes e Bases
em língua de sinais, sem u lizarem a oralidade. da Educação Nacional (LDB), Lei n° 9.394/96,
Com isso, Tobias Leite, defensor do método designa para os municípios a responsabilidade
oral, passou a dirigir o ins tuto, obrigando aos de ensinar os cidadãos de 0 a 14 anos de idade.
alunos a aprendizagem da linguagem ar culada No ano de 1994, a professora Lucinda
e a leitura labial. Em 1889, determinou que Ferreira de Brito foi a primeira pessoa a
somente os alunos que nham o domínio da u lizar a abreviação “LIBRAS” para se referir
escrita poderiam con nuar assis ndo às aulas à Língua Brasileira de Sinais, antes conhecida
das demais disciplinas. como Língua de Sinais dos Centros Urbanos
Entre 1911 e 1957, o Brasil empregou a Brasileiros (LSCB). Essa alteração possibilitou a
proposta educacional do gestualismo, mas o não dis nção na u lização da língua de sinais na
INES, seguindo a proposta mundial, começou a zona rural ou urbana do país.
u lizar o sistema oralista de ensino. O Oralismo É válido destacar que a LIBRAS entrou
tem por obje vo ensinar as pessoas com em vigor por meio do Decreto n° 5.626/2005
surdez a se comunicarem u lizando somente a (BRASIL, 2005). Este documento regulamenta a
A Tecnologia AssisEDITORIAL
va (TA) como processo inclusivo de alunos surdos na
Educação de Jovens e Adultos (EJA) 11

Lei n° 10.436/02, que a reconhece como a língua Cons tuição Brasileira que, em seu ar go n°
natural dos surdos brasileiros e estabelece 179, declarou que a instrução primária era
a formação de professores e instrutores em gratuita para todos os cidadãos (BRASIL, 1824
LIBRAS e a formação do intérprete/tradutor apud MEC, 2005). O referido documento
de LIBRAS. Tal legislação indica a formação do garan u que os adultos fossem ensinados, já
profissional tradutor e intérprete de língua de que, pela Cons tuição, a educação não nha
sinais, a qual se encontra regulamentada na Lei dis nção de idade. O caderno do MEC (2005)
nº 12.319/2010, e reafirma que este serviço ainda ressalta que, durante o Brasil Império,
prestado deve seguir a é ca e responsabilidade pequena parte da população fazia parte da
na comunicação entre surdos e demais elite econômica, o que lhes garan a o tulo
membros da sociedade. de cidadãos, enquanto os demais membros
A concepção da educação especial na da sociedade ficavam excluídos desse direito,
perspec va inclusiva percorreu um longo entre eles os negros, indígenas e a maioria das
caminho e se concre zou por meio de alguns mulheres.
marcos históricos, que englobou a par cipação Durante a Primeira República, período em
de pessoas com deficiência no Brasil e no mundo. que a maior parte da população não nha
Através da existência dos marcos nacional e escolarização, a Cons tuição de 1891 favoreceu
internacional, o Brasil vem consolidando a a formação das elites e estabeleceu a exclusão
inclusão dos alunos surdos em sala de aula do voto para adultos analfabetos. Na década de
regular. Compreendendo a importância da 1920, a população e os professores se uniram
educação, as pessoas com surdez con nuam para lutar pelo aumento do número de escolas,
buscando sua formação acadêmica, contudo pela garan a da melhoria na qualidade do
como não é ofertada uma educação bilíngue, ensino e pela elaboração de polí cas públicas
eles permanecem por mais tempo que o para educar adolescentes e adultos.
habitual, em decorrência disso muitos precisam No fim da Primeira República, o país
ser encaminhados para a EJA, como veremos foi marcado pela aceleração do urbanismo e
na seção seguinte sobre a importância dessa pelo início da industrialização, o que refle u
modalidade de ensino para a finalização dos no pensamento polí co pedagógico, que
estudos. precisava avançar conforme a maneira que as
pessoas idealizavam o mundo. No período de
3 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) Getúlio Vargas, em 1934, quando a letra da Lei
NO BRASIL: HISTÓRICO DOS PROGRAMAS E determinou a educação como direito de todos e
POLÍTICAS EDUCACIONAIS obrigação dos poderes públicos, a Cons tuição
de 1891 foi subs tuída por um texto que
No caderno de “Educação como Exercício desobrigou o Estado de manter e expandir o
de Diversidade”, o MEC (2005) revela que a ensino público. A cons tuição de 1937 veio,
preocupação com o ensino-aprendizagem de portanto, para reafirmar que a preocupação
jovens e adultos teve seu início ainda no Brasil com a população não estava em alfabe zá-la,
colônia, através da ação educa va dos jesuítas, mas em capacitar os jovens e adultos para o
que promoveram aos índios e, posteriormente, trabalho nas indústrias (MEC, 2005). O momento
aos escravos o ensino do evangelho, bem como posterior à Ditadura Militar ficou marcado
de normas e comportamento para seu convívio pela tenta va de uma educação democrá ca
em sociedade. Em 1759, com a expulsão e libertadora para os jovens e adultos, porém,
dos jesuítas, o país passou um longo período mediante o golpe militar, muitas escolas foram
sem oferecer o ensino à população adulta, fechadas. Para o MEC (2005, p.95):
recuperando essa prá ca apenas no Brasil
Império. O golpe militar de 1964 produziu uma
Com a proclamação da Independência ruptura polí ca em função da qual os
do Brasil, em 1822, foi criada a primeira movimentos de educação e cultura
populares foram reprimidos, seus
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dirigentes, perseguidos, seus ideais, em 1986, a fundação ganhou autonomia


censurados. O Programa Nacional para estabelecer suas diretrizes polí cas
de Alfabe zação foi interrompido e pedagógicas. Como reflexo dessa nova fase,
desmantelado, seus dirigentes, presos e os a cons tuição de 1988 (BRASIL, 1988), no seu
materiais apreendidos. ar go n° 208, passou para o governo estadual
o dever com a Educação de Jovens e Adultos
Entretanto, os militares sabiam da (MEC, 2005).
importância de con nuar crescendo os índices Em 1990, o governo Fernando Collor
de escolarização no país, por isso criou o encerrou a Fundação Educar, que nha um
Movimento de Alfabe zação de Jovens e importante papel nas ações educa vas e na
Adultos, conhecido como MOBRAL63, em viabilização de verbas para a promoção da
uma tenta va de erradicar o analfabe smo. EJA. Em subs tuição ao programa, foi criado o
Mas, o método estava focado em ensinar Programa Nacional de Alfabe zação e Cidadania
somente leitura e escrita, não se preocupava (PNAC), abolido pelo presidente sucessor
com a formação crí ca dos educandos. de Collor, Itamar Franco. Sob o comando de
Contrariamente a essa ideia para Freire Itamar, em 1993, o governo federal fez um
(1996), à educação de adultos se cons tuí levantamento da situação educacional do
como uma proposta de mostrar nos seus país e, com isso, conseguiu traçar uma nova
métodos a capacidades do educando, para estratégia, planejando metas para promover
desenvolver aprendizagem na forma de pensar o retorno de jovens e adultos às salas de aula
sem repe ção baseados no seu co diano, para concluírem seus estudos.
construindo palavras que são formadas Durante o governo de Fernando Henrique
facilitando o entendimento dos alunos. Cardoso, que durou de 1995 a 2002, foi
Em 1971, com a criação da Lei de Diretrizes promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases
e Bases da Educação (LDB) n° 5.692/71, é da Educação Nacional (LDBEN), aprovada
gestado o ensino suple vo. O documento traz em 1996. O documento traz apenas dois
um capítulo inteiro des nado à EJA. Três anos pequenos ar gos sobre a educação básica de
depois, O MEC implantou Centros de Estudos jovens e adultos, onde reafirma o direito de
Suple vos (CEB), mas sua proposta educacional ensino básico adequado a jovens e adultos em
era tecnicista, pois precisava atender à exercício de a vidade remunerada, podendo
necessidade do mercado de trabalho. ter suas a vidades adaptadas a sua realidade,
Em 1985, teve início a redemocra zação optando por exames suple vos. A lei também
da sociedade brasileira, após a retomada do estabeleceu o rebaixamento das idades
governo pelos civis. Nesse período, a EJA foi mínimas para os candidatos que quisessem se
marcada pela contradição entre as leis, que submeter aos exames suple vos, fixadas em
mostravam que a educação era direito de 15 anos para o ensino fundamental e 18 anos
todos, porém os jovens e adultos não estariam para o ensino médio.
efe vamente contemplados. Nesse mesmo A lei em comento não é clara quanto
período, o MOBRAL foi subs tuído pela à par cipação de pessoas com NEE na
Fundação Nacional para Educação de Jovens modalidade de ensino suple vo ou EJA,
e Adultos (EDUCAR). Com essa modificação, entretanto, estabelece, em seu Capítulo V, art.
os profissionais da educação, bem como 58, § 2º, que a educação escolar para qualquer
as concepções e prá cas pedagógicas pessoa com deficiência deve ser “oferecida
permaneceram as mesmas, contudo, preferencialmente na rede regular de ensino”
[...] (BRASIL, 1996). No que se refere aos alunos
surdos, estes podem contar com recursos
6 Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabe zação)
Programa criado em 1970 pelo governo federal com tecnológicos que viabilizem a sua aprendizagem.
obje vo de erradicar o analfabe smo do Brasil em dez E é sobre isso que nos deteremos na seção a
anos. O programa foi ex nto em 1985 e subs tuído seguir.
pelo Projeto Educar.
A Tecnologia AssisEDITORIAL
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Educação de Jovens e Adultos (EJA) 13

4 ACESSIBILIDADE E RECURSOS TECNOLÓGICOS Tecnologia Assis va é uma área


PARA PESSOAS COM SURDEZ: O QUE É do conhecimento, de caracterís ca
TECNOLOGIA ASSISTIVA? interdisciplinar, que engloba produtos,
Compreende-se por acessibilidade a recursos, metodologias, estratégias,
prá cas e serviços que obje vam promover
organização de espaços públicos e privados
a funcionalidade, relacionada à a vidade
que possam ser usufruídos de forma segura e
e par cipação, de pessoas com deficiência,
adequada por todos. Esses locais, entretanto, incapacidades ou mobilidade reduzida,
em sua maioria comunitária, não são visando sua autonomia, independência,
adaptados para suprir as necessidades das qualidade e inclusão social (Comitê de
pessoas com deficiência, o que lhes causa certo Ajudas Técnicas – CAT).
constrangimento, por necessitarem da ajuda
de outros usuários para transitarem nesses O trecho acima permite o entendimento de
ambientes. que a finalidade da TA é proporcionar autonomia
Em decorrência desse problema, no ano à pessoa com deficiência, de modo que consiga
de 2004, movimentos sociais iniciaram a luta uma melhor qualidade de vida. Conforme
pela implementação da Lei de Acessibilidade N° Nunes (2011), a TA compreende os recursos e
10.098/2004, para que os ambientes, públicos os serviços. Na explicação do autor, os recursos
ou privados, possam promover a autonomia dos são todo e qualquer item, equipamento ou parte
espaços para as pessoas que tenham alguma dele, produto ou sistema confeccionado. Em
deficiência ou mobilidade reduzida. Pela Lei, outras palavras, qualquer material de baixo ou
os locais precisam ser adaptados, re rando alto custo que ajude seu usuário a superar sua
as barreiras arquitetônicas que impedem o limitação. Quanto aos serviços, Nunes (2011)
transporte e comunicação de todos. afirma que, seriam aqueles que diretamente
Segundo Nunes (2011), o avanço no auxiliam pessoas com necessidades especiais.
conceito de acessibilidade permi u o encontro Isto é, serviços prestados por profissionais e que
do sistema educacional brasileiro com a filosofia poderão minimizar ou acabar com a limitação
do Desenho Universal (DU), surgido nos Estados dos sujeitos com alguma deficiência.
Unidos com a definição de um conjunto de Bersch (2013) apresenta doze categorias
ideias, procedimentos e prá cas geradoras de de Tecnologia Assis va (TA), tais como: 1.
espaços, ou seja, tudo que possamos u lizar, Auxílios para a vida diária e vida prá ca; 2.
independente de uma limitação, ou não. Nunes Comunicação aumenta va e alterna va; 3.
(2011, p. 26) afirma ainda que esta “não é Recursos de acessibilidade ao computador; 4.
uma tecnologia direcionada para as pessoas Sistema de controle de ambiente; 5. Projetos
com deficiência, mas uma filosofia que busca arquitetônicos para acessibilidade; 6. Órteses,
contemplar as necessidades de todos”. próteses; 7. Adequação postural; 8. Auxílios
Aplicado à educação, o Desenho Universal de mobilidade; 9. Auxílios para qualificação
(DU) busca, nas prá cas pedagógicas, uma da habilidade visual e recursos que ampliam a
acessibilidade customizada, a par r da qual informação da pessoa com baixa visão ou cegas;
cada aluno é avaliado separadamente, mesmo 10. Auxílios para pessoas com surdez ou déficit
que esse processo pedagógico forneça uma audi vo; 11. Mobilidade veicular; 12. Esporte e
individualização na integralização do sujeito. lazer. A autora jus fica que essa categorização
Esse recurso pode ser u lizado tanto por ocorre mediante a finalidade e funcionalidade
pessoas que não possuem deficiência, quanto dos serviços. O caráter didá co prevalece,
por indivíduos que possuem alguma limitação. facilitando assim a alimentação das informações
No que se refere ao termo Tecnologia Assis va. por quem se interesse em pesquisar cada tema.
O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) aprovou, em No que concerne ao apoio da aquisição de TA
14 de dezembro de 2007, o seguinte conceito no sistema de educação brasileiro, a legislação
para TA: vem avançando de forma muito mida. Sobre
isso Bersch (2013, p. 15) comenta:
ͳͶ

14 Revista EDaPECI

Apesar de a legislação brasileira pessoas que não conseguem falar e nem


apontar para o direito do cidadão com escrever, convencionalmente. Desse modo,
deficiência da concessão dos recursos de a comunicação só poderia ocorrer através de
tecnologia assis va dos quais necessita, gestos, imagens, ilustrações, expressões faciais
estamos no início de um trabalho para o
ou corporais, entre outras formas de linguagem.
reconhecimento e estruturação dessa área
A comunicação aumenta va e alterna va
de conhecimento em nosso país.
pode ser de grande auxílio para os surdos,
tanto aqueles que possuem surdez congênita,
Por ser uma nova área, as dificuldades
quando alguém nasce sem o aparelho audi vo,
para providenciar recursos financeiros aos
como os que possuem surdez adquirida, em
poucos vem sendo superadas e as pesquisas
decorrência de alguma enfermidade ao longo
começam a avançar, contribuindo para a
da vida. Essa perda audi va, em alguns casos,
construção ou melhoria dos recursos de TA
pode ser rever da com a u lização de um
ajudar uma pessoa com deficiência requer um
aparelho audi vo. Para melhor compreender
grande esforço e boa vontade. Primeiramente,
os obstáculos enfrentados pelos alunos com
é necessário saber qual é sua limitação, para
surdez na sala comum do ensino regular,
depois pesquisar o que necessariamente
bem como a necessidade da u lização de
poderia contribuir para a sua autonomia.
equipamentos ou serviços no desenvolvimento
Manzini (2006, p. 09) apresenta sete passos
cogni vo desses estudantes, na seção seguinte,
para a construção da TA, exposto a seguir: 1.
trataremos de questões que serão abordadas
Entender a situação que envolve o estudante;
com base nas informações coletadas por meio
2. Gerar ideias; 3. Escolher a alterna va viável;
das entrevistas.
4. Representar a ideia (por meio de ilustrações);
5. Construir o objeto para experimentação; 6.
5 DESVELANDO AS NUANCES DA
Avaliar o uso do objeto; 7. Acompanhar o uso.
ESCOLARIZAÇÃO DE ALUNOS SURDOS NA
Esses princípios, básicos na construção de um
ESCOLA ESTADUAL MANOEL DA NÓBREGA
recurso de TA para pessoas com deficiência,
possibilitam a compreensão do processo desde
Para este estudo, foram realizadas
a sua construção até a sua manutenção, mas
entrevistas com duas professoras, com idade
isso só é possível com a colaboração mútua
entre 50 a 55 anos, uma da sala de aula regular
entre família, amigos e escola.
e a outra, da sala de AEE, além de três alunos
Com efeito, ainda é necessário avançar
surdos com idade entre 20 a 27 anos, de uma
muito para a conquista de uma educação
escola da rede pública estadual de ensino da
inclusiva de qualidade no Brasil, no entanto, já
cidade de um estado do Brasil que estudam na
é possível observar, mesmo de forma inibida, a
modalidade da EJA anos iniciais (1ª ao 5º ano).
u lização de recursos e serviços, pois acredita-
Esses sujeitos responderam a ques onários
se que a TA aos poucos pode proporcionar
dis ntos, com perguntas abertas, com o
aos alunos com necessidades educacionais
obje vo de permi r entender de que forma a
especiais sua inserção igualitária na sociedade.
Tecnologia Assis va está sendo u lizada.
Bersch (2013) corrobora essa afirmação ao
Os par cipantes, tanto professores como
relatar que os recursos de alta tecnologia
alunos foram iden ficados pelas iniciais dos
conseguem vocalizar. Ao tocar, por exemplo,
seus nomes. Quanto às perguntas, foram
em pranchas com imagens sonoras, a criança
abordadas as seguintes questões: idade; onde
escuta a pronúncia daquilo que ela deseja falar,
trabalha; qual a a vidade exercida; se conhece
podendo construir até frases. Assim acontece
a Tecnologia Assis va (TA) para pessoas surdas;
com so wares instalados em computador,
quais dificuldades em aprender e adaptar as
tablets e celular. Esse recurso ajuda a
a vidades. A escola recebeu o nome fic cio
desenvolver aquilo que Nunes (2011) chama
de Escola Estadual Manoel da Nóbrega, como
de comunicação aumenta va e alterna va,
revelamos sua origem na introdução.
uma prá ca clínica ou educacional que ajuda
A Tecnologia AssisEDITORIAL
va (TA) como processo inclusivo de alunos surdos na
Educação de Jovens e Adultos (EJA) 15

A análise das respostas das professoras assunto pouco discu do nas escolas, em que
permi u compreender que o longo tempo de existem poucas referências sobre o termo.
magistério fez com que as duas se familiarizassem De acordo com Bersch (2013), esse termo
com o processo inclusivo de alunos com surdez começou a ser estudado e discu do a par r
e que a busca de ambas pelo conhecimento de 1988, nos Estados Unidos, com o intuito
surgiu mediante a necessidade de ter alunos de regulamentar os direitos das pessoas com
inclusos em sala de aula regular. Nesse sen do, deficiência, estabelecendo recursos e serviços
Freire (1996) afirma que, a prá ca docente, que viessem a favorecer a independência e
especificamente humana é profundamente a autonomia destes indivíduos, bem como,
formadora e por isso é ca, ou seja, o educador sinalizar novas possibilidades para o processo
tem uma grande responsabilidade em suas de ensino e aprendizagem e o desenvolvimento
mãos, pois a sua prá ca e formadora a maneira destes sujeitos.
como conduz ou ensina os seus alunos para Conforme conceito proposto pelo Comitê
formação de jovens e adultos. de Ajudas Técnicas (CAT) da Secretaria de
Quando perguntamos às professoras Direitos Humanos da Presidência da República,
sobre o Atendimento Educacional Especializado citado na seção 4 Acessibilidade e recursos
(AEE) realizado na sala de recursos para o tecnológicos para pessoas com surdez: o que
estudante. A professora M. C. O em específico, é Tecnologia Assis va? Vem para fortalecer
reconhece a importância de ter um espaço e proporcionar a inclusão e a formação de
como a sala de AEE na escola, por ser mais um pessoas com deficiência, através de recursos
apoio no desenvolvimento cogni vo dos alunos. básicos como: lápis com um cabo curvado
A professora V. M. S. C lotada na sala de AEE há ou mais grosso, teclado adaptado, so wares
3 anos, disse que esse espaço é imprescindível leitores de tela ou vocalizadores com síntese
para uma melhor adaptação na sala de aula de voz, pranchas de comunicação, projetos
regular e em seu meio social. arquitetônicos para acessibilidade, órteses e
Indagamos com as professoras, sobre próteses, adequações posturais para cadeira
o que elas compreendem por Tecnologia de rodas, dentre outros, que serão necessários
Assis va. A professora M. C. O disse ter uma para promover a essas pessoas a par cipação
noção do seu significado, pois trabalha com no meio social, em espacial para essa pesquisa
esse recurso em sala de aula com os alunos. de pessoas surdas.
Enquanto a professora V. M. S. C explicou que As professoras foram ques onadas
seriam formas tecnológicas que facilitam o se perceberam alguma mudança no
aprendizado. Mediante as respostas e o que desenvolvimento dos alunos surdos a par r do
foi observado na prá ca das entrevistadas, uso da TA. As professoras responderam que os
é possível mensurar que as professoras têm alunos ficam muito sa sfeitos e inclusos quando
domínio sobre o assunto, pois, planejam suas a aula tem algum material adaptado à realidade
aulas e u lizam materiais adaptados, como deles. Para Guimarães (2005), a relação entre
mapas, imagens e vídeos para que os alunos a Tecnologia Assis va (TA) e a educação ainda
compreendam o que está sendo explicado. é bem principiante. Segundo a autora, além
Ao abordarmos o termo Tecnologia das carências estruturais (falta de recursos,
Assis va (TA), as professoras demonstraram não de produtos adaptados, de espaços sicos,
conhecer a nomenclatura em si. Isso não quer de adequação desses espaços, entre outros),
dizer, que não compreendam o que seja TA, pois, há carência de inves mento em formação e
como falamos sobre a prá ca das professoras preparo dos atores que lidarão diretamente
anteriormente, percebemos que estão com as pessoas com deficiência que farão uso
constantemente buscando fazer a transposição da TA.
didá ca do conteúdo, por meio de adaptações Portanto, o uso da Tecnologia Assis va,
curriculares. Inferimos que o desconhecimento é de grande importância para que aconteça
do termo pode está ligado ao fato de ser um realmente a inclusão dentro do ambiente
ͳ͸

16 Revista EDaPECI

escolar como também no meio social. Para quando suas famílias descobriram a perda
Galvão Filho (2016), é per nente conhecer audi va profunda e procuraram o Centro de
quais são os recursos disponíveis que garantem Atendimento ao Surdo (CAS) para que eles
autonomia e independência as pessoas aprendessem, desde cedo, sua língua materna.
deficientes e garan r a todos os direitos de ir A LIBRAS é a linguagem de iden ficação dos
e vir e de uma educação plena e de qualidade, surdos, pois é pelo uso da mesma língua que os
que possibilite a formação de cidadãos crí cos surdos compar lham e reconhecem sua própria
e par cipa vos dentro da sociedade (GALVÃO iden dade, cada comunidade desenvolve suas
FILHO, 2016). competências linguís cas por meio do uso da
Quanto à presença de intérprete de Libras sua língua materna. A pessoa surda é um sujeito
nas escolas, a professora V. M. S. C afirmou que, que tem uma forma única, peculiar de aprender,
no estado em que mora, quando as escolas são pois compar lha duas culturas e precisa
contempladas com um projeto de intérpretes apropriar-se de ambas. A LIBRAS cons tui essa
de LIBRAS, é firmada uma parceria entre a ponte importante na educação dos surdos nas
escola, o Centro de Capacitação de Educadores classes regulares (ARAÚJO, 2018).
e Atendimento ao Surdo (CAS), a 12° Diretoria Quanto ao conhecimento sobre
Regional de Educação e Cultura (DIREC) e Tecnologia Assis va, os três alunos surdos
a Subcoordenadoria de Educação Especial afirmaram conhecer, porém, quando solicitados
(SUESP), que encaminham intérpretes para as a citar alguns exemplos, disseram usar apenas
salas de aulas regulares da rede estadual de a internet do celular para se comunicar com
ensino com o intuito de quebrar a barreira da os amigos nas redes sociais. Mediante as
comunicação, fazendo com que o surdo seja informações apresentadas, é notório que
ensinado em sua língua materna, sendo notória os aplica vos existentes para ajudar na
a sua maior par cipação durante as aulas. comunicação dos surdos não são bem aceitos,
A fim de melhor compreender o fazer e uma jus fica va para isso é a falta do domínio
inclusivo da prá ca pedagógica das professoras da língua portuguesa, necessária para u lização
entrevistadas sobre a Tecnologia Assis va (TA) desses aplica vos.
como processo de inclusão, foram ouvidos três Diante disso, percebe-se que os professores
alunos surdos. Os alunos surdos entrevistados fazem uso das Tecnologias Assis vas, com os
fizeram questão de explicar de forma sucinta alunos surdos, pois reconhecem que tem que
sua trajetória de vida como jus fica va para o adequar às metodologias dessa ferramenta
fato de não terem terminado em tempo regular para serem u lizadas com esses alunos. Diante
o ensino dos anos iniciais. São alunos que do que foi observado, entendemos que não é
transitam entre idade de 20 a 27 anos e não fácil, ministrar aulas com turmas numerosas,
possuem trabalho fixo, apenas alguns serviços que nem sempre temos tempo para elaborar
eventuais, como ajudante de pedreiro. a vidades voltadas exclusivamente para
Os três alunos fazem uso da LIBRAS, determinadas especificidades, precisamos
mas, quando perguntados sobre como foi seu de formação que nos possibilite uma melhor
primeiro contato com essa língua, as respostas atuação no atendimento educacional
foram dis ntas. O aluno J. A. D. P explicou que especializado, que em alguns casos, não oferece
conheceu a língua por volta dos 9-10 anos, o profissional Intérprete de LIBRAS que nos
através de um amigo, de quem se aproximou auxilie na comunicação.
quando foi morar no interior do Ceará. Afirma De acordo com as respostas das
ainda que foi muito di cil aprender a língua. professoras sobre a u lização de recursos
Acreditava que as pessoas movimentavam adaptados durante as aulas foram confirmadas
a boca por vontade própria e não imaginava pelos alunos, quando mencionaram que a
exis rem sons. Os alunos F. I. P. S e B. T. B. S, professora, às vezes, traz imagens alusivas
por outro lado, disseram que sempre u lizaram aos conteúdos abordados e faz teatro. Além
a LIBRAS, desde seus primeiros anos de vida, disso, confirmaram que com a presença de um
A Tecnologia AssisEDITORIAL
va (TA) como processo inclusivo de alunos surdos na
Educação de Jovens e Adultos (EJA) 17

intérprete de LIBRAS a aula fica melhor. Quanto as convém chamar a atenção para a necessidade
suas maiores dificuldades na aprendizagem, os de formação con nua dos professores de modo
três alunos foram incisivos em dizer que é muito a contribuir com os alunos que frequentam
di cil entender o conteúdo, principalmente na as salas de aula regular e que têm alguma
disciplina de Língua Portuguesa. De forma geral, limitação.
o aluno J. A. D. P, demonstrou maior dificuldade Quanto aos professores da EJA, sujeitos
de entrosamento em sala de aula. A razão para desta pesquisa, eles precisam es mular os
isso está no fato de nunca ter frequentado alunos – grupo composto por jovens e adultos
uma escola antes, pois vivia em uma cidade que não concluíram os estudos em tempo
no interior do Ceará, onde não era oferecido hábil - a permanecer em sala de aula, com
nenhum po de educação voltado para pessoas interesse nos estudos, cientes, entretanto, de
com deficiência. que os estudantes trazem consigo uma carga
Acreditamos que a Tecnologia Assis va, de conhecimento construído ao longo da vida.
tem como obje vo maior proporcionar No caso dos alunos com NEE, em especial aos
acessibilidade, interação e a comunicação, alunos surdos, muitas vezes esse conhecimento
provocando uma maior independência e não é suficiente para que ela a nja os níveis de
autonomia à pessoa com deficiência. Segundo aprendizado desejado, necessitando, assim, de
Bersch (2006), com o advento da Tecnologia recursos adequados às suas necessidades e que
Assis va, mais especificamente com a criação favoreçam sua compreensão. Daí a importância
destes recursos (equipamentos e estratégias), da u lização de TA pelos professores em sala de
iniciou-se a tenta va de promover uma vida aula, para contribuir no processo de inclusão.
mais independente e a inclusão das pessoas Dito isto, é preciso lutar para que as
com deficiência, no sen do de compreendê-las leis em favor dos surdos sejam cumpridas,
como sujeitos com diferenças e não desiguais, garan ndo que o aluno frequente uma escola
porém mudanças ainda se fazem necessárias que ensine na sua língua materna e/ou contrate
em diferentes campos. permanentemente profissionais intérprete/
tradutor de LIBRAS, a fim de que o aluno seja
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS incluído em sala de aula regular.

Este estudo permi u o traçado do percurso REFERÊNCIAS


histórico das pessoas com deficiência, o que
favoreceu a compreensão de que a polí ca ARAÚJO, L. R. Inclusão Social do Surdo:
inclusiva ocorreu de forma lenta, mas com Reflexões Sobre as Contribuições da Lei 10.436
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às polí cas de formação dos alunos surdos, BOGDAN, R. e BIKLEN, S. Inves gação
ensinados em uma língua que não é a sua língua qualita va em educação: uma introdução à
materna, o que revela profundo desrespeito teoria e aos métodos. Portugal: Porto Editora,
por sua cultura e realidade. Diante disso, 1994.
ͳͺ

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Recebido em 21 de abril de 2020


Aceito em 26 de junho de 2020

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