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Seminário Virtual: Combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes - MPDFT

O enfrentamento da exploração sexual de


crianças e adolescentes na Justiça do Trabalho
Palestrante: Elinay Almeida Ferreira
Juíza do Trabalho do TRT 8
● 18 de maio: Dia Nacional de combate ao Abuso e
exploração sexual de crianças e adolescentes;
● OIT: A exploração sexual de crianças e adolescentes
é uma das piores forma de trabalho infantil;
● Dados:

Histórico 4 meninas menores de 13 anos são estupradas por


hora no Brasil;

320 crianças e adolescentes são explorados


sexualmente, por dia, no Brasil;

500 mil pessoas são vítimas de exploração sexual,


por ano, no país.

Fonte: Instituto Liberta


ARCABOUÇO JURÍDICO
EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: UMA DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL

CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

ART. 227: TRIPÉ DA PROTEÇÃO (ESTADO, FAMÍLIA E SOCIEDADE)

ART. 7º, XXXIII - proibição do trabalho dos (as) menores de 18 anos (noturno, insalubre e perigoso); de qualquer
trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz;

CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT): ART. 403 (proibição do trabalho do menor de 16 anos)

CONVENÇÃO 182 da OIT - Proibição das piores formas de trabalho infantil e a ação imediata para a sua
eliminação

Art. 3, “b) a utilização, o recrutamento ou a oferta de crianças para a prostituição, a produção de pornografia ou
atuações pornográficas;
Outros fatores importantes na prevenção e erradicação do trabalho infantil:

1) Ações de fiscalização do trabalho;

2) Implementação de políticas públicas de transferência condicionada (Auxílio Brasil e


PETI);

3) Criação de organismos interinstitucionais como a Comissão Nacional de Prevenção e


Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI);

4) Ativo envolvimento do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho.


Atuação do Sistema de Justiça:

1) CNMP: Recomendação CNMP n. 70/2019: Atuação conjunta dos órgãos ministeriais


para o enfrentamento do trabalho infantil e à profissionalização de adolescentes e
jovens (Seminários, reuniões periódicas e destinação de verbas de TAC para a
proteção da infância;

2) Ampliação da atuação e enfrentamento conjunto da exploração sexual de crianças e


adolescentes: uma das piores forma de trabalho infantil: Por toda a rede de proteção
e sistema de justiça.
Caso concreto:

1) Ação Civil Pública: ACP 000252-70.2016.5.08.0009

2) Objeto da ação: Fatos narrados no Inquérito Policial que apurou a presença de 01 menor de 09 anos,
acompanhada de uma jovem adulta de 18 anos numa embarcação na região do furo Tajapuru
(Municípios de Melgaço e Breves, na Ilha do Marajó, Pará);

3) Pedido: Obrigações de não fazer e indenização por danos morais coletivos;

4) Competência da Justiça do Trabalho: Perspectiva constitucional e convencional

5) Legitimidade Ministerial: Atuação ampla

6) Fundamentação Jurídica: Princípio da proteção integral, dignidade humana, igualdade material


(gênero, raça e etnia), meio ambiente em sentido amplo (inclusive o do trabalho) responsabilidade
social do empregador (valor social do trabalho,
Protocolo de julgamento
com perspectiva de Gênero
gênero
Igualdade material e Raça
Interseccionalidade

O gênero é o primeiro exercício de


poder sobre os corpos femininos e é Classe
usado para desnaturalizar e
deslegitimar as práticas de violência
e de opressão sobre as mulheres e
pessoas que não se encaixam na Sexualidade
heterossexualidade convencional,
mas não é, o único, existindo
diversos marcadores sociais que
atravessam a produção dessas Idade
subjetividades e que não devem ser
desprezados: a raça, o gênero e a
classe, além de outros como:
sexualidade, idade, etnia, entre Etnia
outros.
A dominação masculina, alicerçada, na Críticas:
sociedade machista e patriarcal, é O marcador de gênero, comparece:
sedimentada na violência de gênero,
sendo o estupro o instrumento utilizado ● a violência sexual restringe-se a crianças e ● A utilização do termo balseiras (sinônimo de prostitutas);
para a manutenção desse poder, adolescentes do sexo feminino, sendo que crianças e
mediante a neutralização dos corpos adolescentes, do sexo masculino, são incentivados a ● Questão cultural: Como se a exploração sexual fosse
femininos (gênero) e ribeirinhos (etnia), outras formas de trabalho infantil (extração produtos exclusiva da cultura amazônica, uma vez que a
que já que desempenham um papel extrativistas, madeira, palmito, açai e pesca de peixe e violência sexual (estupro) acontece em todas partes do
inferiorizado na sociedade, acentuado por camarão); mundo;
se localizarem na base da estratificação
econômica (classe). ● naturalização da conduta ilícita dos homens (estupro) e
culpabilização das vítimas e seus familiares; ● Estudos que reconhecem uma relação de afeto entre
estupradores e vítimas, não levando em consideração os
marcadores de gênero (relação de poder sobre os corpos
● coisificação dos corpos femininos e romantização da femininos).
violência, ao denominar estupradores de namorados.

Marcadores interseccionais das


comunidades do furo Tajapuru, Classe Cultura
zona rural do município de Gênero Etnia
Melgaço, Estado do Pará (Brasil).
amazônica

O recorte de classe comparece nas entrevistas pelo estado de extrema vulnerabilidade A intersecção da etnia se apresenta:
em que vivem as famílias:
● Formação do território e a construção da identidade ribeirinha: origem
● Pela narrativa de trabalho infantil, seja dos pais, irmãos ou dos próprios indígena citada por uma entrevistada e outro que mencionou a migração de seu
entrevistados e entrevistadas, levando inclusive à evasão escolar, consequência da pai do nordeste para a região, durante a primeira guerra mundial (soldado da
falta de geração de emprego e renda para a população adulta, compatível com borracha);
a realidade amazônica;
● Tentativa de troca de produtos extrativistas nas embarcações que percorrem
● Falta de políticas públicas, principalmente na área da educação (longos os rios da região, subindo nas balsas em pequenas rabetas (canoas);
deslocamentos para as áreas onde têm escolas, sem merenda durante todo o
período letivo e incompatível com a base alimentar e metodologia de ensino
baseado em experiências que destoam da realidade local. E na saúde (falta de ● A socialização da infância é comunitária, distinta dos grandes centros urbanos,
postos de saúde nas comunidades, infraestrutura e atendimento precários) que se dá de forma individualizada.

● Falta de saneamento básico, água potável e energia elétrica.


● Ausência de dados estatísticos suficientes

(denúncias);
● Poucas ações ajuzadas no âmbito da Justiça do
Trabalho (TRT13 e TRT1)

● Enfrentamento da invisibilidade da temática


(parelelo com o trabalho escravo contemporâneo
Considerações finais e com as outras modalidades de trabalho infantil)

● Atuação conjunta do Sistema de Justiça (Rede


apoio, Polícia Civil, MP´s Estaduais, MPT e
Justiça do Trabalho)

● Atuação com Perspectiva de Gênero


Interseccional (gênero, raça, classe, etnia, idade)

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