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Uma justificativa para esta abordagem comum é uma tendência cada vez mais forte nas
universidades chamada interdisciplinaridade, que é interseção entre diferentes disciplinas,
às vezes de áreas do conhecimento bem diferentes, como Etnomatemática, Neuropedagogia e
Bioinformática. Foi-se o tempo em que o estudante de Engenharia podia não saber nada de
Biologia, que o de Medicina não precisava saber Matemática, ou que o de História não
precisava conhecer Física. É claro, um engenheiro civil não vai precisar saber tanta Biologia
quanto um biólogo, mas vai precisar saber alguma Biologia para poder trabalhar ao lado de
um biólogo num projeto de construção ecologicamente sustentável.
O Núcleo de Ciências Exatas, Naturais e Tecnologias, por sua vez, também possui um Tronco
Matemático-Científico-Tecnológico comum a todos os cursos, e diversos Ramos de Cursos
Específicos; ou ainda, os Ramos de Olimpíadas de Ciências.
Núcleo Linguístico
Os Currículos de Português e de Inglês são os mesmos para todas as áreas de interesse,
desde o “nível básico” até o “avançado”. Você deve estudar essas duas disciplinas em paralelo
com as demais.
Português
Nível Básico:
Nível Intermediário:
Nível Avançado:
Lições de Texto – Leitura e Redação, de José Luiz Fiorin e Francisco Platão Savioli;
Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla;
Bechara para Concursos, de Evanildo Bechara.
Siga a ordem apresentada nesta lista. Avance nela o máximo que você puder. São todos livros
de autores consagrados, e amplamente usados na preparação para o Enem, vestibulares e
concursos públicos.
Inglês
Os livros listados abaixo, da Cambridge University Press, são muito usados mundo afora
(inclusive no Brasil) em cursos de Inglês. Para traduzir palavras e expressões desconhecidas e
ouvir a pronúncia delas, use os serviços gratuitos do Google Tradutor e do Bing Translator.
Nível básico:
Nível intermediário:
English Vocabulary in Use Upper-Intermediate with Answers with CD-ROM;
Test Your English Vocabulary in Use Upper-Intermediate with Answers;
English Idioms in Use Intermediate with Answers;
English Phrasal Verbs in Use Intermediate with Answers;
English Collocations in Use Intermediate with Answers;
English Grammar in Use for Intermediate Learners of English with Answers;
English Grammar in Use Supplementary Exercises with Answers.
Nível avançado:
Você deve seguir a ordem em que estão listados os livros. Tente concluir pelo menos 2/3 da
lista – ou seja, concluir o “nível intermediário”. Isso deve bastar pro Enem e pros vestibulares.
Mas pra você ser capaz de ler jornais, revistas e livros em Inglês com a mesma fluência que
em Português, tem que chegar até o fim do nível avançado.
Núcleo Científico-Humanístico
Qualquer que seja a área acadêmica que você for seguir na faculdade, é imprescindível ter
um conhecimento amplo, e nada superficial, das principais áreas do conhecimento humano. É
inconcebível, num mundo altamente complexo, em carreiras e profissões inter, multi e
transdisciplinares, que engenheiros desconheçam como a sociedade funciona, que advogados
não saibam como a natureza funciona, e que médicos ignorem como um computador
funciona.
O básico desse conhecimento geral pode ser adquirido com os seguintes livros:
Matemática e Geometria
Os livros acima são pra quem não teve uma boa formação matemática no Ensino
Fundamental. (As setas querem dizer que é pra terminar um livro antes de começar o outro.)
Já quem teve uma boa base, pode começar direto com os livros abaixo.
A coleção do Paiva deve ser estudada na íntegra antes de se iniciar o estudo das coleções
abaixo. (Elas serão estudadas em paralelo com os livros de Matemática da OpenStax que
seguem a coleção do Paiva.)
A coleção do Física deve ser estudada na íntegra antes da de Química, e a de Química toda
antes da de Biologia, e a de Biologia antes da Astronomia. A revisão geral no final amarra
tudo.
Os livros acima correspondem ao que você devia ter aprendido no Fundamental 2. Os livros
abaixo, ao que você deveria aprender num Ensino Médio decente.
Os livros acima são pra você estudar antes do Enem ou do vestibular. Os livros abaixo são pra
depois que você já tiver garantido sua vaga (nas férias e no primeiro período da faculdade).
Ciências Sociais: Psychology + Introduction to Sociology + Principles of Economics
Aqui, de novo, o sinal de + indica que os livros devem ser estudados ao mesmo tempo. Mas,
dessa vez, os livros não têm partes em comum, são três livros distintos mesmo.
Tronco Matemático-Científico-Tecnológico
Se você quer cursar qualquer faculdade que não seja de Humanidades ou Ciências Sociais,
depois de completar o Núcleo Científico-Humanístico, você deve estudar pelos livros a seguir,
comuns a todos os cursos de Exatas, Naturais e Tecnologias.
As NM e os FME estão separadas com uma barra porque você pode estudar apenas uma dessas
coleções ou as duas juntas. Vai depender de quanto tempo você tem pra estudar e o quanto
você quer se aprofundar. Em geral, NM tem explicações mais fáceis e exercícios mais básicos
que FME. Lembrando que eu tenho dois roteiros de estudo, um somente para FME, outro
combinando FME e NM. (Eu não fiz um roteiro só com NM; mas é só você pegar o roteiro
combinado e ignorar todas as linhas referentes aos FME.)
Novamente, o sinal de + indica que os livros devem ser estudados ao mesmo tempo.
Depois de terminar os livros comuns a todos os cursos de Ciências Exatas e Naturais, se você
ainda tiver tempo, pode se concentrar mais na disciplina que tem mais a ver com o curso que
você quer seguir, com os livros listados abaixo.
Esta coleção não é pra ser estudada na íntegra. (Apenas quase na íntegra…) Os livros que
considero mais úteis a estudantes pré-universitários são:
Se você é aficionado por uma disciplina específica e é tão fominha por medalhas como o
cachorro Mutley do Dick Vigarista, depois do Tronco Matemático-Científico-Tecnológico (e ao
invés dos livros indicados para os Ramos de Cursos Específicos), pegue os seguintes livros,
conforme a Olimpíada que você queira disputar:
É claro, focar os estudos somente na disciplina da Olimpíada que você quer desde o início
(deixando de lado, especialmente, as disciplinas humanísticas) vai permitir a você avançar
mais rápido nas várias etapas da disputa, e aumentar as suas chances imediatas de medalha.
Mas em termos de preparação para o Enem e os vestibulares em geral, e para começar bem o
seu curso de Graduação, pode não ser muito produtivo. Não adianta você ganhar a medalha
de ouro na OBMEP e não obter vaga num bom curso de graduação em Matemática por ter
errado as questões de Química e Biologia na prova do Enem.
Os vestibulares do IME e do ITA têm um aspecto que facilita e outro que dificulta a preparação
dos candidatos. O lado fácil é que são apenas cinco disciplinas: Português, Inglês,
Matemática, Física e Química. O lado difícil é que as três últimas são em nível olímpico! Por
isso, os professores especializados em treinar estudantes para esses vestibulares dividem a
preparação em duas fases, costumeiramente chamadas de embasamento e aprofundamento.
Fase de Embasamento
O embasamento corresponde aos livros listados aqui até o que chamei de Núcleo Científico-
Humanístico para Cursos de Ciências Exatas, Naturais e Tecnologias (somente daquelas cinco
disciplinas, excluindo os de Biologia, Computação, História e outros). São os seguintes:
Português e Inglês:
Matemática:
Química:
O que eu chamei aqui de “demão” é cada etapa de estudo em que todo o conteúdo teórico de
uma disciplina é visto ou revisto, para solidificar o conhecimento. (É um termo emprestado
dos pintores de paredes: eles passam mais de uma vez a mesma tinta sobre a superfície, a fim
de adensar a cor; cada passagem, eles chamam de uma demão de tinta.) A terceira “demão” já
é em nível universitário, ainda que introdutório.
Fase de Aprofundamento
Português e Inglês:
Matemática
Física
Física Moderna para Vestibulandos ⟶ Fundamentos de Mecânica vol. 1 ⟶
Fundamentos de Mecânica vol. 2 ⟶ Física em Nível Olímpico ⟶
Problemas Selecionados de Física Elementar (Saraeva) ⟶ Problemas de Física (Kosel)
⟶ Problemas de Física (Krotov) ⟶ Problemas de Física Geral (Iorodov) ⟶
Provas Anteriores de Física do ITA ⟶ Provas Anteriores de Física do IME
Química
Considerações Finais
Simplificar, não, mas dá pra resumir. Os “itinerários formativos” dentro do currículo do CDF
são basicamente quatro:
Olhando assim, pode parecer que os itinerários de Ciências Exatas, Naturais e Tecnologias são
mais difíceis que o de Humanidades e Ciências Sociais. Pelo menos nesta etapa pré-
universitária, são mesmo! Mas, pra equilibrar um pouco as coisas, eu indiquei para a área de
Humanidades e Ciências Sociais livros universitários, ainda que introdutórios, bem
grandinhos (em inglês, ainda por cima), que vão forçar os CDFs que optarem por esse
itinerário a ralar tanto quanto quem vai prestar IME ou ITA!
Então, se você deu a sorte de encontrar o Guia do CDF ainda no primeiro ano do Ensino
Médio, e tem aulas apenas em meio período (só de manhã, ou só de tarde, ou só de noite),
tendo o resto do dia livre para estudar, você pode esperar fazer um quarto ano de estudo
depois de concluir o seu Ensino Médio, pra chegar no nível de um candidato competitivo ao
IME/ITA.
Se você não quer ir pra esses institutos militares, mas quer ingressar num curso muito
concorrido de uma das maiores e melhores universidades do País, procure avançar até o
Núcleo de Humanidades e Ciências Sociais ou o Núcleo de Ciências Exatas, Ciências
Naturais e Tecnologias. Nesta segunda opção, tente completar ao menos o Tronco
Matemático-Científico-Tecnológico.
Se você não faz questão de tanto, só quer uma boa universidade federal ou estadual, o Núcleo
Científico-Humanístico pode já ser o bastante. (Se você se contenta com um “centro
universitário” do tipo “fábrica de diplomas”, que basta estar em dia com as mensalidades pra
ser aprovado em cada semestre, seu lugar não é aqui…)
Em suma, quanto mais você quiser (e puder) avançar no Currículo do CDF, mais tempo de
preparação isso vai te custar, seja na forma de horas diárias de estudo, seja em meses de
estudo antes das provas; mas também maior será o seu horizonte de (boas) escolhas.
Porque eu não encontrei todos, ora! A Internet tem muita coisa, mas não tem tudo. Além do
mais, eu sou, digamos, um corsário ético. Dou preferência a edições antigas de obras
consagradas, de editoras grandes e autores famosos, que não vão quebrar nem falir, porque os
Governos Federal, Distrital ou Estaduais e Prefeituras Municipais compram a maior parte de
sua produção de livros didáticos para distribuir às escolas públicas.
Ou então obras que, mesmo ficando de fora das listas de compras dos governos, estão nas
listas de material escolar de muitas escolas particulares, e, portanto, têm uma demanda anual
garantida de vários milhares de exemplares. (Recentemente, as próprias editoras passaram a
disponibilizar na Internet, em livre acesso, seus livros aprovados no Programa Nacional do
Livro Didático, pra quem quiser baixar ou consultar!)
Não sei de que modo o mundo me vê; mas a mim mesmo pareço ser apenas um menino
brincando na praia, me entretendo com encontrar de quando em quando um seixo mais liso
ou uma concha mais bela do que o ordinário, enquanto todo o vasto oceano da verdade se
estende inexplorado diante de mim. (Isaac Newton) Ver todos os posts por Serjão
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
02/03/2022 às 13:45
Seu tempo disponível para estudos é bastante limitado. Privilegie as atividades do seu
curso online e, se sobrar tempo no seu dia, complemente com o material que
disponibilizo aqui. Depois que acabar seu curso online, aí você se concentra no material
do Guia do CDF.
RESPONDER
Pingback: Guia do CDF ‒ O Guia do Guia
PIÁ DISSE:
01/01/2022 às 16:58
Serjão, deixo uma sugestão de 5 livros em domínio público e um em Creative Commons
(que também tem uma versão em domínio público) de Álgebra elementar. Creio que
poderiam ser usados em conjunto com os livros da OpenStax como complementos (bem)
avançados, podendo substituir vários volumes da coleção FME. É preciso ter um bom
Inglês para aproveitar o material.
https://archive.org/details/ElementsOfAlgebraLeonhardEuler2015
https://archive.org/details/elementaryalgebr00hall
Higher Algebra: a Sequel to Elementary Algebra for Schools por H. S. Hall e S. R. Knight
https://archive.org/details/higheralgebraseq00hall/
Algebra: An Elementary Text-Book For the Higher classes of Secondary Schools and
Colleges Volume 1 por George Chrystal
https://archive.org/details/algebraelementar01chryuoft/mode/2up
Algebra: An Elementary Text-Book For the Higher classes of Secondary Schools and
Colleges Volume 2 por George Chrystal
https://archive.org/details/algebraelementar02chry/mode/2up
https://archive.org/details/collegealgebra00finerich/mode/2up
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
01/01/2022 às 20:14
Muito obrigado, Piá! Não conhecia esses títulos. Vou conferir.
RESPONDER
PIÁ DISSE:
02/01/2022 às 12:30
Serjão, eu tenho algumas dúvidas sobre esta postagem do currículo por áreas de
interesse.
Entretanto, nesta postagem você cita o livro do Paiva como pré-requisito obrigatório
ou como “demão” para várias áreas, até mesmo o coloca antes e depois de alguns
livros da OpenStax de Matemática. Não se poderia ignorar o livro do Piava
estudando apenas pelos livros da OpenStax?
Por fim, acho uma boa idéia indicar mais alguns livros em domínio público do autor
que citei em outro comentário. (…)
SERJÃO DISSE:
02/01/2022 às 13:09
Olá, Piá!
Então, sim, é perfeitamente viável ignorar a coleção do Paiva e estudar apenas pela
OpenStax. Inclusive, se você tiver apenas um ano, um ano e meio, pra estudar, é o
mais recomendável. E o mesmo pode ser feito com as coleções de Física. Quer dizer,
eliminar as redundâncias pra ganhar tempo.
Mas se você tiver dois anos ou mais até o Enem ou o Vestibular, experimente seguir a
abordagem que proponho aqui. É mais demorada e trabalhosa, mas permite um
aprendizado mais sólido.
Quanto aos livros que você sugeriu, anotei e vou pesquisar. Mas terei que pesquisar
eles primeiro pra ver se podem ser “encaixados” neste roteiro. Por isso, retirei os
links.
Quando terminei de ler O Hobbit, tive aquela sensação de “pela forma que escreve, esse tal
de Tolkien deve ser um cara muito maneiro” é quase impossivel não sentir certo carinho e
amizade por ele, apesar de não conhecê-lo. Da mesma forma, ao ler seus textos dá pra
imaginar que tipo de pessoa admirável vc é.
Vamos lá, quando mais novo, recebia muitos elogios dos professores e cheguei a passar
duas séries no mesmo ano. Entretanto, entre as veredas da vida, a escola parou de fazer
sentido e eu simplesmente larguei e só fui terminar o EM por meio de EJA, à distância para
piorar. Após terminar, com o diploma em mãos, notei que nem eu nem os amigos de classe
sabiam conteúdo suficiente para passar pelo fundamental 1, ainda mais do Ensino médio.
Me senti enganado e frustrado, depois desse episódio, decidi voltar a estudar(com muito
sangue nos olhos).
Muitos vêm até aqui com suas dúvidas duvidosas e comigo não será diferente. O senhor
acha que isso é perfeccionismo/idealismo de mais dê minha parte tentar passar no Enem
sem “estudar para o enem” ?
Caso eu fosse seguir seu currículo, eu faria o ciclo com os cinco blocos (Port, Natureza, Mat,
Ing, Hum) e ,se entendi corretamente, algumas diciplinas não são estudadas
simultaneamente, mas de forma meio linear (como no caso de Hist, Geo e Socio, por
exemplo). Posso seguir assim? ou o senhor acha que talvez eu deva focar mais no Enem,
nesse caso, como faria ? Estou em um dilema, pois apesar de querer construir
conhecimentos sólidos, também gostaria muito de “passar no Enem” antes que fosse
reformulado, o que deve ocorrer em breve.
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
09/12/2021 às 00:00
Olá, William! Fico muito contente de estar contribuindo para a sua jornada em busca de
conhecimento. A história que você relatou é, infelizmente, muito comum. São tantos
talentos desperdiçados! Tanta gente com enorme potencial que fica pelo caminho! Mas
que bom que você não se conformou com a mediocridade que o sistema educacional
brasileiro tentou te impor.
Mas vamos às suas dúvidas. Sim, passar no Enem sem estudar pro Enem, apenas como
consequência natural de um estudo sistemático, é um ideal perfeccionista. Mas isso não
é necessariamente ruim. CDFs são mesmo idealistas e perfeccionistas, e esses traços de
personalidade, muitas vezes, servem de motivação para eles perseguirem os seus
objetivos. Mas você precisa temperar seu idealismo com *realismo* e seu
perfeccionismo com *pragmatismo*, para você realmente *alcançar* seus objetivos.
Se você é sustentado por seus pais (ou tios, ou avós), deve haver uma certa “pressão por
resultados” da parte deles. Ainda mais tendo em vista seu histórico de desistência
escolar. Nesse caso, pode ser mais interessante você focar em passar no Enem mesmo.
Uma maneira de fazer isso é você pegar as provas antigas e tentar resolver; quando
você não conseguir fazer uma questão, você estuda aquele assunto específico. Pode ser
fora de ordem mesmo; por mais fraco que tenha sido seu EM, você provavelmente tem
uma noção mínima de muita coisa, precisa é aprofundar.
Se você trabalha para se sustentar, você não precisa ter pressa pra passar no Enem e
começar uma faculdade, e pode fazer um estudo mais estruturado, seguindo mais de
perto o “Currículo do CDF”. Mas você tem menos horas no dia para estudar, e se você
quiser seguir o currículo que proponho na íntegra, pode levar vários anos até terminar.
Nesse caso, pode ser melhor você seguir apenas parcialmente meu currículo.
Por exemplo, se você não vai fazer prova pro IME nem pro ITA, não precisa estudar os
livros avançados necessários para esta preparação, por mais que você goste de
Matemática e Física. Também se você não pretende fazer uma faculdade na área de
Humanas, não vai precisar estudar todos os livros de História, Filosofia e Literatura que
eu indico. Nas postagens em que eu descrevo o “Currículo do CDF”, eu indico
claramente até onde o estudante deve ir, conforme a área do conhecimento que
pretende seguir na Graduação.
No final das contas, são os objetivos que você quer alcançar e os obstáculos que você
precisa transpor que vão determinar o quanto você vai precisar se afastar do seu ideal
perfeccionista.
RESPONDER
LAURO DISSE:
15/12/2021 às 10:07
Estudar ”para aprender” seria menos vantajoso do que estudar ”para passar”? Ou o
senhor acha que o equilíbrio entre ambos deve ser o ideal?
SERJÃO DISSE:
15/12/2021 às 10:24
Depende dos seus objetivos, Lauro. O ideal seria estudar “para aprender”, e passar
em provas de seleção seria apenas uma consequência de ter aprendido. Mas as
situações reais, concretas, sempre se afastam, em alguma medida, desse ideal.
Se você não tem pressa de entrar numa faculdade (pode ficar dois, três anos
estudando depois de terminar o Ensino Médio), você pode se concentrar mais em
estudar pelo prazer de aprender as matérias, e deixar para treinar para as provas
alguns meses antes delas.
Mas se você for como a maioria dos estudantes, você tem um prazo estabelecido, por
você mesmo ou seus pais ou responsáveis, para começar uma faculdade (geralmente
um ano, um ano e meio). Nesse caso, seu planejamento de estudos deverá incluir,
desde o princípio, a preparação para as provas.
YURI DISSE:
30/08/2021 às 19:30
Olá Serjão!
Acompanho o blog a pouco mais de um ano e vejo que sempre recomenda os livros da
OpenStax para quem quer reaprender ou preencher algumas lacunas da matemática
básica. Eu acabei de terminar o ensino médio e vou me aventurar em algum vestibular
concorrido como medicina em federal ou engenharia nos institutos militares, ainda não
decidi.
Para isso quero revisar a matemática básica, eu aprendi muito bem quando mais novo,
mas por mau hábito e com o passar do tempo surgiram algumas lacunas, eu estou
pensando em usar o livro “Matemática para vencer” do Laercio Vasconcelos para fazer
essa revisão. Teria algo a dizer sobre esse livro para essa finalidade ?
Estou resistindo a usar os livros da OpenStax por serem muito grandes, infelizmente não
vou ter tempo para finalizar todas suas recomendações, meu plano é revisar a matemática
básica e já ir direto para os NM e FME em conjunto com Física do Calçada, Química do
Feltre e etc.. Meu EM foi bem completo, até usei o matemática do Paiva.
Gostaria de saber sua opinião neste livro do Laercio Vasconcelos e sobre essa minha
decisão de avançar mais rapidamente.
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
30/08/2021 às 20:51
Olá, Yuri! Não tem problema você não seguir todas as minhas recomendações. Elas são
muito abrangentes justamente para atender a necessidades variadas de diferentes
estudantes. Mas cada um deve adaptar (e abreviar) o Currículo do CDF conforme as
próprias necessidades, restrições de tempo e objetivos que espera alcançar.
Eu não conheço esse livro do Laércio de Vasconcelos. (Quer dizer, sei que existe, mas
nunca peguei para examinar.) Mas, de qualquer forma, se você já estudou pelo Paiva no
seu Ensino Médio, você não vai precisar estudar nenhum livro do Laércio ou da
OpenStax todinho, de capa a capa. Você pode olhar os sumários dos livros e pegar
somente aqueles capítulos que tratam das “lacunas” que você falou. Inclusive, pode
fazer isso enquanto estuda os FME ou as NM.
Por exemplo, você está estudando a função quadrática no volume 1 dos FME e percebe
que está errando muito as equações de segundo grau que aparecem nos exercícios. Você
vai lá no livro do Laércio ou no Intermediate Algebra da OpenStax e estuda somente os
capítulos que tratam de equações de segundo grau. Resolvida a deficiência, você volta
pra onde você parou nos FME.
E se o seu Ensino Médio foi mesmo “bem completo”, você pode fazer algo semelhante
com os livros de Ciências. Você pode, por exemplo, ir direto nos exercícios resolvidos,
pra recordar a matéria, e partir logo a seguir para os propostos. Somente se você não
conseguir entender os exercícios resolvidos (sinal de que você esqueceu mesmo aquele
assunto) é que você deve reestudar a teoria do capítulo em questão no detalhe, como se
fosse a primeira vez. Assim, você poupa tempo e consegue avançar para livros mais
avançados o mais cedo possível.
É assim, você não vai ter que recomeçar do zero. Bons estudos e muito sucesso pra você!
RESPONDER
MATHEUS DISSE:
30/08/2021 às 16:47
Olá Serjão, Bom dia!
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
30/08/2021 às 20:19
Nível universitário *mesmo* só Calculus 1, 2, 3 ; Introductory Statistics e Introductory
Business Statistics.
Mas College Algebra, Precalculus e Algebra and Trigonometry, que integram o Currículo
do CDF, também são usados em alguns cursos universitários, pra dar um
RESPONDER
JOSIMAR DISSE:
27/08/2021 às 13:23
Olá Serjão!!!
Para alguém que quer uma vaga em medicina pelo enem você acha que é suficiente
estudar até o núcleo científico humanístico?
obs: Vou tentar passar sem fazer um cursinho, pois na minha cidade eles são
extremamente caros e os baratos não valem a pena.
e infelizmente tenho uma base fraca em todas as disciplinas vou ter que começar todas do
básico. só conseguir abrir os olhos para ver como estudar é legal e importante depois de ter
passado a pandemia estudando em casa sozinho.
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
27/08/2021 às 15:33
Olá, Josimar! É uma pena que tenha sido necessária uma pandemia pra muitos
estudantes se conscientizarem da importância do estudo autodidata. (Você não foi o
único, pode ter certeza!)
Sobre sua questão, vai depender muito da universidade que você quer cursar. Mas, em
geral, Medicina é um curso bastante concorrido, em qualquer instituição. Você deve
tentar completar pelo menos o Núcleo Matemático-Científico-Tecnológico, para se
colocar no pelotão de frente dessa maratona.
RESPONDER
DAV DISSE:
23/08/2021 às 14:59
Olá Serjão, Boa tarde!
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
23/08/2021 às 15:10
Não conte pra ninguém, mas é a que eu disponibilizo aqui no Guia do CDF. É só seguir o
link…
RESPONDER
BRUNO DISSE:
21/08/2021 às 17:02
Olá, Serjão!
Você conhece alguma lista ordenada de livros didáticos para acadêmicos de Medicina?
Minhas aulas começam no início do próximo ano e gostaria de estudar a grade curricular
do modo mais eficiente e com materiais de qualidade.
Acompanho o blog há alguns anos e conheço o seu excelente critério para a escolha de
livros. Agradeço desde já, porque muito do que eu aprendi com o senhor me ajudou a
conquistar a vaga na universidade.
RESPONDER
SERJÃO DISSE:
21/08/2021 às 18:04
Olá, Bruno!
Antes de tudo, parabéns pela sua conquista! Fico muito contente de ter contribuído um
pouco para isso.
Medicina é uma área distante de minha formação. Eu sinceramente não tenho ideia de
quais os melhores livros da área!
Mas você pode pedir na secretaria da universidade (talvez a informação esteja mesmo
no website da universidade) o *ementário* das disciplinas do seu curso. É um
documento que lista todos os conteúdos programáticos (“ementas”) de todas as
disciplinas. Com frequência, as ementas incluem uma bibliografia de referência para
cada disciplina. Os livros citados não serão necessariamente aqueles adotados pelos
professores, mas com certeza estão entre os melhores de cada disciplina.
RESPONDER
BRUNO DISSE:
22/08/2021 às 07:14
Muito obrigado!
Irei pesquisar no site da universidade.
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GUIA DO CDF
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Por outro lado, os livros de Português no atual século vêm se beneficiando de pesquisas
acadêmicas na área de Linguística que denunciam a artificialidade da tal “norma culta”, que
nem as pessoas mais escolarizadas de fato usam, nem em suas conversas, nem em seus textos.
Muitos fenômenos linguísticos caracterizados como “erros de Português” na tradição
gramatical fazem parte da mudança natural da língua.
Se é pra adotar alguma variante linguística como “norma” a ser seguida em comunicações
oficiais dos setores públicos e privados, que seja então baseada nos padrões de fala e escrita de
verdade das pessoas com escolaridade superior, que já incorporaram muitas características
dos usos mais coloquiais e populares.
Mas as maiores dificuldades dos estudantes nem são tanto os tópicos gramaticais, mas a
interpretação e a produção de textos. Daí que os livros didáticos de Português dão cada vez
mais espaço a essas atividades; mas às vezes o fazem ao custo de um ensino mais superficial
de tópicos gramaticais. É difícil para os autores encontrarem um bom equilíbrio entre esses
dois aspectos do domínio da língua. Por isso, o melhor é usar livros separados, dedicados cada
qual a uma dessas “dimensões” do estudo do Português.
Nível Básico:
Nível Avançado:
Lições de Texto – Leitura e Redação, de José Luiz Fiorin e Francisco Platão Savioli;
Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla;
Bechara para Concursos, de Evanildo Bechara.
Siga a ordem apresentada nesta lista. Avance nela o máximo que você puder. São todos livros
de autores consagrados, e amplamente usados na preparação para o Enem, vestibulares e
concursos públicos. Bons estudos!
Não sei de que modo o mundo me vê; mas a mim mesmo pareço ser apenas um menino
brincando na praia, me entretendo com encontrar de quando em quando um seixo mais liso
ou uma concha mais bela do que o ordinário, enquanto todo o vasto oceano da verdade se
estende inexplorado diante de mim. (Isaac Newton) Ver todos os posts por Serjão
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SERJÃO DISSE:
12/12/2021 às 21:04
Infelizmente, eu não tenho essa senha.
RESPONDER
CARLOS FERNANDES DISSE:
24/08/2021 às 08:42
Estudar com livro do professor, como esses do Cereja, não atrapalha? Ao ler a questão a
resposta já está logo na sequência. Alguma dica? Obrigado por disponibilizar de maneira
organizada o material.
GUIA DO CDF
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Seja prático: não perca seu tempo estudando Espanhol. Você não vai precisar conhecer essa
língua nem quando for comprar bugigangas em Assunción ou dançar tango em Buenos Aires.
Muitos brasileiros se comunicam muito bem com os nossos hermanos usando o “Portunhol”,
ou falando em Português mesmo.
Concentre seus esforços, seu tempo, seu dinheiro e sua energia em aprender Inglês, que é uma
língua bem diferente da nossa, e por isso mais difícil — e muito mais necessária, no mundo
acadêmico e profissional, do que o Espanhol.
Como você não vai aprender Inglês na escola, você deve se matricular num curso de idiomas.
Prefira um curso intensivo, com três ou quatro aulas semanais, e que não interrompa as aulas
durante as férias escolares. Desse modo, você poderá chegar pelo menos ao nível
intermediário superior (upper intermediate) na época do vestibular. Isso costuma ser o
bastante pra entrar na faculdade.
Mas o ideal, pra quem quer se dar bem no futuro, é continuar os estudos de Inglês durante a
faculdade, até chegar ao nível avançado. É quando se pode fazer um exame de proficiência,
como o TOEFL, que é absolutamente indispensável pra quem quiser estudar em
universidades nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Austrália — ou para, futuramente,
trabalhar nesses países.
“Ah, mas não tem jeito de aprender Inglês estudando só por livros?” – Você pode perguntar.
Não a ponto de você se tornar fluente na língua. Porque só se aprende uma língua, qualquer
língua, conversando com outros falantes da língua. Esse é o grande diferencial dos cursos de
idiomas: reunir os estudantes em turmas pequenas onde podem conversar, com a mediação
dum professor.
Mas, certamente, daria pra você aprender o suficiente para passar no Enem ou no vestibular.
Os livros listados abaixo, da Cambridge University Press, são muito usados mundo afora
(inclusive no Brasil) em cursos de Inglês. Nos links, você encontra cópias em PDF de quase
todos eles, que garimpei pra você na internet (só não encontrei um). Mas se quiser os audio
CDs e CD-ROMs, só comprando os originais, à venda na Amazon.
Sem os áudios, se você quiser saber as pronúncias corretas das palavras e frases, é só você
digitar no Google Tradutor ou no Bing Translator e clicar ou tocar no ícone do alto-falante
pra você ouvir a pronúncia correta. Nestes serviços você também pode, obviamente, fazer
traduções dos termos que você não conseguir deduzir o significado pelo contexto em que
aparecem nos livros.
Nível básico:
Nível intermediário:
Nível avançado:
Você deve seguir a ordem em que estão listados os livros. As Grammar in Use e os respectivos
Supplementary Exercises até podem ser estudados conjuntamente, pois a cada capítulo
daquelas corresponde um capítulo destas. Mas talvez seja melhor deixar pra resolver cada
Supplementary Exercises inteiro depois de estudar a correspondente Grammar in Use inteira,
para usar os exercícios suplementares como revisão das gramáticas.
Se você começar a estudar esses livros no primeiro ano do Ensino Médio, dá tranquilamente
pra chegar até o final da lista no fim do terceiro ano. Se você começar no segundo ano
também dá, mas você vai ter que dedicar mais tempo ao estudo. Se você começar no terceiro
ano, é mais difícil ainda, mas não impossível.
Tente concluir pelo menos 2/3 da lista – ou seja, concluir o “nível intermediário”. Isso deve
bastar pro Enem e pra maioria dos vestibulares. Mas pra você ser capaz de ler jornais, revistas
e livros em Inglês com a mesma fluência que em Português, tem que chegar até o fim do nível
avançado.
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Você pode gabaritar as provas de Física e Química do ITA, mas se você nunca realizou uma
experiência simples de eletrólise, você não conhece a Física nem a Química. Você pode passar
em primeiro lugar pro curso de Medicina da USP, mas se você nunca olhou uma célula de sua
própria mucosa bucal num microscópio, você ainda não sabe o que é Biologia.
O segundo grande problema é o declinante rigor dos livros didáticos, com o passar das
décadas. Os livros de ciências estão graficamente belíssimos, todos acompanhados de recursos
multimídia. Mas o conteúdo está raso, os exercícios muito fáceis, e a apresentação dos
assuntos antiquada, se compararmos essas obras com suas congêneres estrangeiras. Por
exemplo, os livros de Biologia nacionais ainda trabalham com a velha taxonomia dos “cinco
reinos” dos seres vivos, enquanto o paradigma vigente mundo afora é o dos “três domínios”.
O terceiro problema tem a ver com a interdependência conceitual entre as três ciências e a
falta de sincronia entre os seus conteúdos programáticos. Isso fica mais evidente no primeiro
ano do Ensino Médio. Pra entender as teorias atômicas e as propriedades das ligações e
reações químicas, é necessário conhecer o básico de Eletromagnetismo, Radioatividade e
Física Quântica, assuntos que só serão tratados nas aulas de Física no terceiro ano. Da mesma
forma, um dos primeiros assuntos que se estuda em Biologia é a complexa bioquímica celular,
mas a Química Orgânica necessária para entender plenamente os fenômenos bioquímicos só é
ensinada nas aulas de Química no terceiro ano.
Não é de admirar que tantos alunos achem essas disciplinas incompreensíveis! Elas
simplesmente não são ensinadas na sequência correta. Fazendo uma analogia com a
Matemática, seria como ensinar potências e raízes antes de ensinar multiplicação e divisão.
Estudar essas disciplinas na sequência correta, porém, traz um quarto problema. Se toda a
Física for estudada antes da Química, e toda a Química antes da Biologia, quando o estudante
terminar a Biologia já terá esquecido a Física e a Química. Mas, para fazer o Enem e o
Vestibular, o estudante precisa ter todo o conteúdo das três disciplinas bem fresco na
memória. Como fazer, então?
A resposta está em estudar cada disciplina, inicialmente, uma depois da outra; e depois,
revisá-las simultaneamente. Isso pode ser feito com as mesmas coleções de livros ou com duas
ou mais coleções para cada disciplina. Eu elaborei uma sequência de estudo nesses moldes.
Confira:
Se você vai seguir carreira na área de Humanidades e Ciências Sociais (HCS), estude as
coleções sugeridas uma depois da outra, conforme indicado. Apenas deixe pra estudar os
Cadernos de Revisão de Química e Biologia, e também as Questões Contextualizadas de Física
(a ser publicado em breve), simultaneamente, no final de tudo. (Esses materiais de revisão
estão no final dos arquivos de cada coleção.)
Acho importante que alguém que vai seguir na área de Ciências Naturais tenha um
conhecimento dos Geossistemas mais aprofundado do que é ensinado nos livros escolares de
Geografia. Muitos temas referentes a esse assunto são cobrados no Enem e nos vestibulares
(como o aquecimento global e a degradação do meio ambiente), e exigem um tratamento
verdadeiramente interdisciplinar.
Astronomia é uma disciplina que não consta da grade curricular do Ensino Médio, nem é
cobrada no Enem ou no vestibular. Mas, se você gosta do assunto e tem tempo pra isso, os
livros indicados são ótimas introduções ao assunto, e ainda vão reforçar conteúdos de
Matemática e Física, e até um pouco de Química e Biologia. Já se você não liga para o assunto,
é só ignorar essas recomendações.
Mas atenção! Os livros indicados para Olimpíadas de Ciências são somente para as nacionais.
Para Olimpíadas Internacionais, é necessário estudar em livros universitários. Se esta é a sua
ambição, saiba tudo o que você vai precisar no site do NOIC.
E se você, por mais que goste de todas essas disciplinas, não tiver tempo para tudo isso? Foque
no essencial, que é passar no Enem ou no vestibular. A sequência proposta para MEC deve
ser suficiente pra você ser aprovado pra quase qualquer universidade.
Não sei de que modo o mundo me vê; mas a mim mesmo pareço ser apenas um menino
brincando na praia, me entretendo com encontrar de quando em quando um seixo mais liso
ou uma concha mais bela do que o ordinário, enquanto todo o vasto oceano da verdade se
estende inexplorado diante de mim. (Isaac Newton) Ver todos os posts por Serjão
HENRIQUE DISSE:
09/08/2021 às 17:58
Ótimo conteúdo! ! !
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Lembrando que você pode traduzir automaticamente as páginas dos livros da OpenStax nos
navegadores Chrome e Edge. (No Firefox também, mas precisa instalar extensões.)
A Coleção do Professor de Matemática não é pra ser estudada na íntegra. (Apenas quase na
íntegra…) Os livros que considero mais úteis a estudantes pré-universitários são:
A Matemática do Ensino Médio, em quatro volumes (o quarto é só com as resoluções dos
problemas), que tem ênfase maior em teoria e demonstrações, e menos em técnicas de
resolução de problemas;
Temas e Problemas, Logaritmos, Progressões e Matemática Financeira, Trigonometria
e Números Complexos, quatro livrinhos que ampliam a teoria e as aplicações desses
assuntos;
Introdução à Teoria dos Conjuntos, um tratamento rigoroso, porém acessível, ao mais
importante conceito da Matemática moderna;
Análise Combinatória e Probabilidade, talvez o mais abrangente e esclarecedor livro em
Português sobre esses temas espinhosos;
Oito livrinhos que ensinam o que é Geometria de verdade :
Geometria Euclidiana Plana,
Introdução à Geometria Espacial,
Coordenadas no Plano (com as Soluções dos Exercícios),
Coordenadas no Espaço,
Isometrias,
Medida e Forma em Geometria,
Construções Geométricas,
Construções Geométricas – Exercícios e Soluções.
Tópicos de Matemática Elementar é uma subcoleção da CPM feita para quem disputa
Olimpíadas de Matemática.
Como nos outros currículos que proponho, cada sequência de livros é uma continuação da
sequência anterior. Assim, quem vai cursar HCS pode parar em Statistics. Quem vai fazer
Ciências Naturais deve estudar os mesmos livros propostos para HCS, mas ir além,
completando os famosos FME. Quem vai cursar MEC deve se aprofundar ainda mais no
assunto, chegando aos CPM.
Já quem disputa Olimpíadas de Matemática deve chegar pelo menos até os TPM ― uma
subcoleção da CPM. E isso é só para a Olimpíada Brasileira! Se você quiser saber o que é
necessário para encarar as Olimpíadas Internacionais, veja no site do NOIC.)
E se o seu objetivo é o IME ou o ITA, você deve pular o Desenho Geométrico e a Coleção do
Professor de Matemática (Como me dói sugerir isso!), e sair dos FME direto pros Elementos de
Matemática. E depois de completar a sequência das Olimpíadas, você pega os livros da Editora
Vestseller e resolve tantas questões similares do ITA e do IME quantas você conseguir.
Mas sendo realista, talvez você não tenha tempo de concluir toda a sequência. Vá, então, o
mais longe que puder. Se você conseguir completar os FME, vai poder encarar quase qualquer
vestibular com confiança. (Exceto os do IME e do ITA.) O que vem depois disso é para você
chegar na faculdade dominando a Matemática.
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Pode parecer desnecessário discorrer sobre ferramentas que você está acostumado a usar há
dez anos ou mais, desde que aprendeu a ler e a escrever. Mas, justamente por estar
acostumado a usá-las sempre do mesmo jeito, você talvez não as use da melhor maneira.
Quantas vezes você não teve que interromper um exercício ou uma anotação porque a ponta
do lápis quebrou ou a caneta borrou?
Vou aqui descrever algumas características, variações e melhores usos de instrumentos com
grafite (lápis e lapiseiras) e com tinta (canetas). Não que isso vá fazer muita diferença no seu
aprendizado. Mas pode fazer alguma diferença no seu desempenho, no aproveitamento do seu
tempo. Pelo menos, pra você não ter que interromper um raciocínio num momento
importante.
O primeiro instrumento de escrita que todo mundo aprende a manipular, ainda durante a
alfabetização, é o lápis. Porque é o que exige menos técnica especializada para usar. Mas as
desvantagens são bem conhecidas. Primeiro, é necessário refazer a ponta com frequência,
com uma navalha, canivete ou, de modo mais seguro, um apontador. Mas o pior é que a mina
de grafite interna se quebra com facilidade com as inevitáveis quedas no chão.
A lapiseira surgiu como uma evolução do lápis. Inicialmente, as minas internas tinham o
mesmo comprimento e a mesma espessura que as dos lápis, mas ficavam abrigadas num
compartimento interno, sem contato direto com a carcaça metálica ou plástica da lapiseira. A
mina era fixada à carcaça somente pela extremidade apontada, de modo que, em caso de
queda, somente essa ponta poderia quebrar.
Também, nas lapiseiras originais, as pontas ainda precisavam ser afiadas, geralmente com um
apontador embutido no próprio instrumento. Até que os japoneses, perfeccionistas como
ninguém, resolveram acabar com essa necessidade de afiar as pontas, fazendo minas muito
fininhas: de 0.9, 0.7, 0.5, 0.3, 0.2 mm, conforme a técnica de fabricação foi sendo aprimorada.
Com isso, também, várias minas poderiam ser mantidas no compartimento interno da
lapiseira.
O problema é que, quanto mais finas as minas, mais quebradiças elas são. É necessário
extremo cuidado para inseri-las ou removê-las na lapiseira sem quebrá-las. A mina que está
com a ponta exposta quebra à toa, não só em quedas, mas apenas com a mera força aplicada
ao escrever. Os mecanismos de avançar as minas são também mais sujeitos a emperrar, e
remover pedaços quebrados de minas é meio chatinho, pra dizer o mínimo. Os fabricantes
quebram a cabeça tentando inventar mecanismos melhores de avançar e ao mesmo tempo
proteger as minas, mas eles apenas amenizam um pouco o problema.
Mas a coisa mais chata das lapiseiras é que seus mecanismos de avanço da mina, por mais
robustos e sofisticados que sejam, se desgastam e estragam depois de algum tempo, que varia
conforme a melhor ou pior qualidade dos materiais e o maior ou o menor cuidado do usuário.
Então, a escolha entre lápis e lapiseiras fica mesmo condicionada ao que te incomoda mais. Se
você gosta de um traço bem fino, e não tem paciência de ficar apontando toda hora, é melhor
as lapiseiras com minas superfinas. Se você não se importa com um traço mais grosso, ou não
se incomoda de fazer ponta com frequência pra manter o traço fino, é melhor uma lapiseira
de mina grossa. Se você acha chato ter que lidar com os mecanismos falíveis das lapiseiras,
prefira os lápis mesmo.
Qualquer que seja a carcaça externa que você prefira para envolver as minas de grafite, um
aspecto técnico que deve ser levado em conta, mas que muitos estudantes não ligam muito (ou
se confundem um pouco) é a dureza da grafite. Dureza, aqui, é no sentido que se aprende nas
aulas de Química, ou seja, resistência ao risco, não à quebra. É meio contraintuitivo, mas
quando você passa uma ponta de grafite sobre o papel, é a grafite que é riscada (ou seja,
desgastada pelo atrito), não o papel! A camada de grafite deixada sobre o papel, às vezes
chamada de “risco”, é mais apropriadamente chamada de “traço”.
Pois bem. Os fabricantes usam uma escala de dureza de grafites (inventada pela Faber‐Castell,
aliás), embora nem todos ofereçam lápis e minas cobrindo toda a escala. Em ordem crescente
de dureza, temos: 9B, 8B, 7B, 6B, 5B, 4B, 3B, 2B, B, HB, F, H, 2H, 3H, 4H, 5H, 6H, 7H, 8H, 9H. As
grafites com a letra ‘B’ (de black, “preto” em Inglês) são mais macias e produzem traços mais
escuros e mais grossos, o que as torna mais apropriadas para esboços e desenhos artísticos. As
grafites com a letra ‘H’ (de hard, “duro” em Inglês) são mais duras, e produzem traços mais
claros e mais finos, o que as faz mais adequadas a desenhos geométricos e técnicos.
Para escrever, as grafites mais apropriadas são as que estão no meio da escala, entre ‘2B’ e
‘2H’ . (A propósito, a categoria ‘F’, bem no meio, é nomeada a partir do Inglês fine, “fino”.) Uma
grafite muito mole vai borrar o papel se você passar a mão ou o dedo por cima do traço, o que
é inevitável quando se escreve. Uma grafite muito dura vai deixar um traço muito claro,
pouco contrastante com o branco do papel, cansando a leitura.
Mas isso não quer dizer que você deve usar, para escrever, somente um tipo de grafite. Os
estudantes não se dão conta, mas podem usar grafites de diferentes durezas para diferentes
finalidades, de modo a otimizar seus estudos. Por exemplo, em anotações, redações, respostas
a questões discursivas, você pode usar por padrão uma grafite de dureza média, como HB, e
destacar uma palavra ou fórmula mais importante no seu texto escrevendo-a com uma grafite
mais macia e escura, como 2B. (Tem que ser um salto de pelo menos duas “paradas” na escala
de dureza pra dar um contraste evidente de intensidade de cor no seu texto.) Isso reproduz o
efeito de negrito dos textos impressos, e é considerado mais “limpo”, “elegante” e eficaz do
que sublinhar as palavras. (Já notou como não se usam palavras sublinhadas em textos
impressos profissionais? Os designers gráficos abominam sublinhados!)
Em questionários, ou listas de exercícios em geral, você também pode usar uma grafite mais
macia e escura para os enunciados, e outra mais dura e clara nas respostas. Em exercícios de
Matemática, Física ou Química, você pode usar grafites B ou 2B para os enunciados e as
respostas finais, HB ou F para as resoluções passo a passo, e H ou 2H para cálculos auxiliares e
desenhos esquemáticos. Sim, você vai gastar uns segundos a mais trocando de lápis ou
lapiseira, mas seus exercícios ficarão mais fáceis de revisar e corrigir posteriormente.
No desenho de gráficos cartesianos, você pode usar uma grafite 2B para os eixos coordenados;
uma grafite 2H para as linhas auxiliares paralelas aos eixos, usadas para marcar os pontos
importantes do gráfico, as quais normalmente aparecem pontilhadas nos livros. (Desenhando
à mão, uma linha contínua é mais rápida de fazer do que uma pontilhada.) E, por fim, uma
grafite HB para desenhar a curva do gráfico propriamente dita.
Outro recurso negligenciado pelos estudantes são os lápis de cor. As minas deles não são
grafites, mas tintas sólidas feitas com materiais atóxicos. Eles não servem somente para aulas
de desenho e pintura. Podem ser usados em qualquer situação em que cores diferentes
possam servir para destacar informações diferenciadas. Por exemplo, em Matemática, no
estudo de conjuntos, os diagramas de Venn podem ser coloridos com cores diferentes para
destacar uniões, interseções ou complementos. Em Geometria Plana ou Espacial, pode-se
colorir uma área ou um volume que se esteja pretendendo calcular.
Em gráficos cartesianos, uma cor pode destacar uma região delimitada por duas curvas, ou
entre uma curva e um eixo coordenado. Gráficos estatísticos (em barra, em pizza, distribuição
normal) também se beneficiam de cores diferentes para recortes diferentes dos dados ― como
se pode ver em qualquer jornal ou revista.
E você não vai precisar de um estojo de lápis com 60 cores pra fazer isso! Bastam três ou
quatro lápis, de preferência de cores claras, mas bem discerníveis (azul, verde, amarelo, rosa,
lilás). Se você tiver algum grau de daltonismo, use somente cores que você consiga distinguir
bem.
A primeira e mais óbvia característica de uma caneta é a cor da sua tinta. Padronizou-se em
nossa cultura escolar e de escritório que as cores azul e preta são mais “sérias”, e por isso
mesmo são requeridas para responder provas, assinar documentos, prestar o Enem, em
vestibulares e concursos públicos. Outras cores, como verde e lilás, são consideradas mais
“decorativas”; o vermelho, em especial, é para chamar a atenção, geralmente para erros, na
correção de exercícios e provas. São convenções tão antigas e tão onipresentes que ninguém
sabe, ou se interessa em saber, como foi que surgiram.
Pois aqui vou fazer uma revelação que me sobreveio quando eu já estava na faculdade. Na
verdade, você não precisa de canetas de nenhuma outra cor que não seja preta! Seus
professores ainda podem precisar da vermelha pra corrigir provas; mas você, pra estudar
para as provas, não precisa.
Olhe para qualquer texto impresso em publicações profissionais ― jornais, livros, revistas,
mesmo panfletos. De que cor é o texto corrido? É azul? Não! Invariavelmente, é preto. A razão
é que o preto é, obviamente, a cor que oferece maior contraste, e portanto, melhor
leiturabilidade (facilidade e conforto na leitura), contra fundos brancos ou claros, como são a
maioria dos papéis usados para se imprimir, ou se escrever. Mesmo em fundos de cores mais
intensas, o preto sobressai melhor que outras cores para o texto. Somente com fundos
realmente escuros, que são menos comuns, se usam tintas em cores claras, geralmente
branco.
Pois os mesmos princípios que guiam os designers gráficos na hora de escolher a cor (quase
sempre preta) dos textos impressos devem servir também para guiar você na hora de escolher
a cor dos seus escritos ― o que significa que sua caneta deve ser preta.
Mas não é por usar somente canetas pretas que suas anotações, redações e respostas
discursivas de questionários terão que ser sempre “monótonos”. De novo, observe as
publicações impressas. Os designers gráficos usam diversas recursos para dar “cor” a seus
textos em preto ― e, sobretudo, para transmitir informações diferenciadas com essas
variações. Itálicos e negritos são os recursos mais básicos de variação, mas que devem ser
usados com parcimônia, pro texto não ficar “fantasiado” demais. (Falarei de itálicos e negritos
mais adiante.) Variar o tamanho das letras ou o tipo de fonte (o “estilo” das letras) é também
bastante comum.
Em seus cadernos, você pode usar recursos parecidos para destacar palavras, frases ou
mesmo parágrafos inteiros de seus textos. Você pode alternar entre letra de mão no texto
corrido e letra de forma em títulos e subtítulos, por exemplo ― maiúsculas em títulos, e
minúsculas em subtítulos.
O segundo quesito técnico pelo qual você deve escolher suas canetas é a espessura dos traços
que elas deixam no papel. Pessoas com “letra” grande (escrita manual seria o termo mais
correto) devem usar canetas que fazem traços mais grossos; letras grandes (aqui são as letras
do alfabeto mesmo) com traços muito finos comprometem a leiturabilidade. Pessoas com uma
escrita manual pequena devem usar canetas que fazem traços mais finos; letras pequenas
com traços grossos comprometem a legibilidade (a maior ou menor facilidade de distinguir
as letras), e também, por conseguinte, a leiturabilidade.
(Não fique só com a minha palavra. Faça você mesmo testes, escrevendo quatro parágrafos
alternados, com o mesmo número de linhas, em letras grandes e pequenas, usando canetas
finas e grossas. Depois, peça para outras pessoas avaliarem quais os melhores e quais os
piores de se ler.)
A espessura dos traços das canetas costuma ser indicada nas embalagens, mas, na maior parte
das vezes, de uma maneira um tanto vaga ― “média”, “fina”, “extrafina”, etc. O problema é
que, para diferentes tipos de pontas (e hoje há quase tantos tipos quanto existem marcas de
canetas), os fabricantes usam critérios diferentes para definir o que consideram como traço
“médio” ou “fino”. Canetas rollerball classificadas como de “escrita fina” produzem traços
mais grossos que esferográficas classificadas como “médias”.
Alguns fabricantes informam nas embalagens a espessura das pontas de suas canetas em
(frações de) milímetros. Mesmo assim, essa informação não é suficiente para se ter uma noção
exata das espessuras dos traços dessas canetas. Porque canetas com pontas do mesmo
tamanho, mas com tecnologias diferentes nessas pontas, deixam fluir mais ou menos tinta no
papel. De qualquer forma, a espessura do traço será quase sempre maior que a o diâmetro da
ponta da caneta, porque a tinta, ao ser absorvida pelo papel, se espalha um pouco “para os
lados”. Quanto mais fluida for a tinta, maior esse espalhamento.
No fim das contas, a única maneira de saber a espessura exata de um traço feito por uma
caneta, e avaliar se é ou não adequado ao tamanho da sua escrita de mão, é testar a caneta.
Por isso que todas as papelarias têm, junto das prateleiras de canetas, papeizinhos para riscar.
Só que as pessoas em geral usam esses papeizinhos só pra verificar se a caneta não está “seca”
(quer dizer, se a tinta flui bem), ou se é “macia” de escrever.
Na próxima vez que você for comprar canetas, leve um caderno seu mesmo, uma caderneta
que seja, não uma folhinha solta. Apoie sobre uma superfície horizontal e escreva algumas
palavras com as canetas que testar ― seu nome e o de seu/sua namorado/a, por exemplo.
Assim, você vai simular, da maneira mais fiel possível, o uso efetivo que você vai dar à sua
caneta. E vai saber se a espessura do traço dela é adequada à sua escrita.
Mas não se fixe numa única espessura de traço de caneta. Da mesma maneira como é útil, no
caso de lápis e lapiseiras, usar grafites de diferentes durezas, também pode ser útil você usar
canetas com diferentes espessuras de traço. Você pode usar canetas que fazem traços mais
finos ou mais grossos para simular itálicos e negritos, respectivamente. Com o cuidado de,
quando usar um traço mais grosso, aumentar um pouco o tamanho das letras, para não
comprometer a legibilidade; e quando usar um traço mais fino, diminuir um pouco as letras,
para não comprometer a leiturabilidade.
O negrito serve para destacar títulos e subtítulos, e também algumas palavras ou termos mais
importantes num texto corrido, como quando se define um conceito ou se apresenta uma
ideia principal. Você pode simular o negrito em sua escrita manual usando um tamanho de
letra ligeiramente maior e um traço mais espesso.
O itálico serve para destacar palavras que, num discurso lido, seriam pronunciadas de uma
maneira diferente, pra enfatizar um significado incomum, um sentido figurado, uma função
peculiar na frase. Palavras em línguas estrangeiras também devem ser escritas em itálico,
salvo se forem siglas ou nomes próprios.)
A rigor, as letras impressas em itálico não são necessariamente mais finas que as “normais”. O
que as define é serem inclinadas para a direita e terem algumas “firulas” no seu desenho, o
que as torna bem maçantes de reproduzir à mão. Mas, por causa de alguns efeitos ópticos e
mesmo neurológicos (a maneira como o cérebro interpreta as informações visuais), letras em
itálico podem parecer mais “claras” ou mais “finas” aos leitores. Daí que, para se obter num
texto manuscrito um efeito similar ao do itálico em impressos, não precisa inclinar nem
florear a letra, basta usar uma caneta de traços mais finos que a usada no restante do texto.
Se você variar a espessura dos traços e o tamanho da sua escrita à caneta para destacar uma
ou outra palavra no seu texto, e também usar letras de forma maiúsculas nos títulos e
minúsculas nos subtítulos, você produzirá um caderno “limpo” e organizado, com anotações,
exercícios e redações melhores de serem lidos e entendidos, mesmo usando somente tinta
preta.
Agora que já abri sua mente para maneiras novas e mais produtivas de usar seus
instrumentos de escrita, vou arrematar falando do “reverso da moeda”: os instrumentos de
apagar ― as borrachas. Não há muito o que falar delas. Sua variedade hoje em dia é
impressionante, em formatos, tamanhos e materiais. As melhores prometem deixar menos
“farelos” quando são usadas, e borrar menos o papel. Mas isso também depende do tipo de
papel e da grafite que elas vão apagar. Uma borracha boa para apagar grafite dura num papel
rugoso pode ser terrível para apagar grafite mole em papel liso. Só testando mesmo pra saber.
(No Youtube tem vários “test-drives” de borrachas.)
Mas todas elas servem apenas para apagar grafite; mesmo as que são anunciadas como
“borracha de tinta”, são sofríveis nesse quesito. No caso da grafite, este material é depositado
como uma camada fina sobre a superfície do papel, que pode ser removida com certa
facilidade. Já o problema com a tinta de uma caneta (e também o pigmento de um lápis de cor,
embora em menor grau), é que ela penetra nas camadas superficiais da folha antes de secar;
de modo que a única maneira de “apagar” a tinta é remover, por raspagem, as camadas do
papel em que ela se infiltrou.
Só conheço uma única borracha capaz de fazer isso (remover as camadas tingidas do papel): a
boa e velha Mercur Nankin. Facilmente reconhecível em qualquer papelaria: pequena,
alongada, cinzenta, áspera, dura, esfarelenta; feia mesmo. Mas eficaz. Tanto que, se usar muita
força ao apagar com ela, você pode abrir um buraco na folha! (E este é mais um motivo pra
você preferir cadernos com folhas com gramatura de 90 g/m², conforme eu recomendo na
página O Uso Adequado dos Cadernos.)
Contudo, mais importante que saber que borracha usar é saber quando não usar borracha. A
“cultura escolar” condiciona os estudantes, desde a alfabetização, a uma espécie de
perfeccionismo pernicioso, decorrente de uma certa “aversão ao erro”, manifestada no
recorrente ato de apagar o que o aluno fez errado e escrever o certo por cima. Como que para
esconder o erro, ou mesmo fazer de conta que ele não existiu.
Ora, os erros constituem parte importante do seu processo de aprendizado ― mais até do que
os acertos! Porque os acertos apenas revelam o que você já sabe, com o que você não precisa
se preocupar. Já os erros mostram o que você ainda não sabe, e muitas vezes pensa que sabe,
mas ainda precisa aprender. Se você simplesmente apaga seus erros, você perde essa noção e
compromete o seu aprendizado. Quando voltar àquele ponto, àquela questão, àquele
exercício, você não saberá que “armadilhas” se escondem ali, por trás de uma resposta
corrigida, bonitinha, livre de erros. Com os erros você aprende; com os acertos, não.
Reforço, portanto, aqui, a recomendação que fiz em outra página (já não lembro qual): deixe
sua borracha quieta no canto dela, para quando for realmente útil. Exemplos: em Matemática,
um erro aritmético bobo, imediatamente identificado, às vezes a mera cópia errada de um
expoente ou índice de uma linha para outra; em Português, um erro de acentuação ou de
pontuação que você descobre ao revisar sua redação, antes de entregar à professora.
O bom operário é exímio no uso das suas ferramentas. Se você escolheu “trabalhar com a
caneta”, saiba usar seu instrumento da melhor maneira possível. Pra não ter, depois, que
trocá-la pela picareta…
Não sei de que modo o mundo me vê; mas a mim mesmo pareço ser apenas um menino
brincando na praia, me entretendo com encontrar de quando em quando um seixo mais liso
ou uma concha mais bela do que o ordinário, enquanto todo o vasto oceano da verdade se
estende inexplorado diante de mim. (Isaac Newton) Ver todos os posts por Serjão
RESPONDER
LUCAS HERLING DISSE:
04/04/2021 às 13:57