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Belo Horizonte
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Belo Horizonte
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DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida, proteção, força, amor incondicional em todos os momentos,
principalmente naqueles em que tudo parecia perdido!!!
Ao Paulo que me aguentou reclamar e chorar, mas sempre me deu força, ficou do meu lado
em todas as horas, especialmente nas piores e fazia tudo parecer mais simples do que era. O
melhor companheiro que poderia ter. Te amo!
Ao Paulão e Lúcia agradeço pelo apoio e incentivo para a realização desse trabalho.
Aos meus queridos irmãos Ricardo, Rossi e Renê que me apoiaram, sempre torceram e
acreditaram em mim e no sucesso deste mestrado.
A Professora Edésia Martins Barros de Sousa pela grande dedicação, confiança e incentivo
durante sua valiosa orientação, pois sem a qual não seria possível o desenvolvimento deste
trabalho. E acima de tudo agradeço a grande oportunidade por ter contribuído para
o meu crescimento pessoal e profissional, ensinamentos que ficaram guardados e
jamais esquecidos...Obrigada de todo o meu coração!!!!!
Ao Professor Waldemar pelo apoio, confiança e pelas valiosas discussões durante este
trabalho.
Ao Professor José Domingos e a professora Adriana pela confiança ao disponibilizar os
laboratórios para as medidas necessárias a esse trabalho.
Aos colegas de laboratório Marcelo, André, Carol e Tiago pela colaboração e, em especial as
grandes amigas Gracielle, Karina, Pamela e Érika pela grande contribuição e ajuda na
realização desse trabalho e acima de tudo pelo carinho, atenção e amizade (jamais serão
esquecidas!!!!)
Ao Zilmar, Éden, José Messias e Geraldo Scoralick por serem sempre gentis e
prestativos.
Aos amigos do prédio 7.
A todos do Centro de Microscopia da UFMG pela realização das medidas de microscopia.
Ao CDTN e à CNEN pela infraestrutura e pelo apoio.
A CAPES, pelo apoio financeiro.
Enfim, a todas as pessoas que, de alguma maneira, contribuíram para a realização deste
trabalho.
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RESUMO
Sistemas a base de sílica mesoporosa ordenada são materiais muito atrativos, devido às suas
importantes características, tais como elevada área superficial, distribuição ordenada dos
poros e tamanho dos poros facilmente controlado. Entre os materiais mesoporosos do tipo
SBA (Santa Barbara Amorphous), a sílica SBA-16 se destaca como uma mesoestrutura com
diâmetro de poros grande e uma estreita distribuição de tamanho de poros. Os mesoporos
estão num arranjo cúbico 3D com grupo espacial Im3m. Essa estrutura de poros torna esses
materiais apropriados para incorporar e liberar uma grande variedade de moléculas. Vários
estudos vêm sendo realizados com esses materiais contendo óxidos de ferro, destacando-se
entre eles a magnetita. As nanopartículas de magnetita podem gerar calor em um campo
magnético alternado, agindo como uma fonte de hipertermia que pode destruir o tecido
tumoral. Temperaturas entre 42°C e 45°C têm o efeito de destruir diretamente as células
tumorais, uma vez que estas são menos resistentes a aumentos bruscos de temperatura do que
as células normais circunvizinhas. Entretanto, estas nanopartículas tendem a aglomerar-se e
formar grandes agregados, com a consequente perda de características interessantes para
bioaplicações. Por conseguinte, um revestimento apropriado é essencial para evitar essas
limitações, o que pode ser obtido utilizando a sílica mesoporosa, como o SBA-16.
Aproveitando da propriedade de gerar calor destas nanopartículas magnéticas, a incorporação
de um gel termossensível ao compósito SBA-16/nanopartículas magnéticas pode contribuir
nos estudos de liberação controlada de drogas, uma vez que a liberação de agentes ativos
poderia ser favorecida pela contração do gel P(N-iPAAm). Neste trabalho, um sistema híbrido
a base de SBA-16/magnetita/polímero foi sintetizado para avaliar sua potencialidade de
aplicação em hipertermia e liberação controlada de fármacos. A caracterização dos materiais
foi feita por Espectroscopia na Região do Infravermelho com Transformada de Fourier
(FTIR), Difração de Raios X (DRX), Espectroscopia Mössbauer, Adsorção de Nitrogênio,
Espalhamento de Raios X a Baixos Ângulos (SAXS), Análise Elementar (CHN), Análise
Termogravimétrica (TG), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Microscopia
Eletrônica de Transmissão (MET), Espectroscopia de Fotoelétrons Excitados por Raios X
(XPS) e Medidas Magnéticas (VSM). Através da análise dos resultados obtidos foi possível
confirmar a formação do híbrido, e elucidar as propriedades físico-químicas, estruturais e
magnéticas das amostras. Medidas das propriedades de geração de calor em presença de um
campo de corrente alternada foram estudadas e mostraram que o híbrido obtido apresenta
grande potencial como agente de hipertermia para aplicações biológicas. Por fim, foi feito o
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ABSTRACT
Ordered mesoporous silica materials are very attractive because of their important
characteristics such as high surface areas, ordered pore distribution and size of pores easily
controlled. Among these materials mesoporous SBA (Santa Barbara Amorphous), SBA -16
silica stands out as a mesostructure with large pore diameters and a narrow pore size
distribution. Mesopores are in a cubic arrangement 3D space group Im3m. This structure
makes these pores suitable to incorporate and release a variety of materials molecules. Several
studies have been conducted with these materials containing iron oxides, especially magnetite.
The magnetite nanoparticles can generate heat in an alternating magnetic field, acting as a
source of hyperthermia that can destroy tumor tissue. Temperatures between 42oC and 45oC
have the effect of destroy tumor cells, since these are less resistant to sudden increases in
temperature than the surrounding normal cells. These nanoparticles tend to agglomerate and
form large aggregates, with consequent loss of interesting features for bioaplications.
Therefore, a suitable coating is essential to avoid these limitations, which can be obtained
using mesoporous silica, such as SBA-16. Taking advantage of the property of these magnetic
nanoparticles to generate heat, the incorporation of a thermosensitive gel into the
nanocomposite magnetic SBA-16/nanoparticles can contribute in studies of controlled drug
release, since the release of active agents could be favored by the contraction of the gel P(N-
Ipaam). In this work, a hybrid-based SBA-16/magnetite/polymer system was synthesized to
evaluate their potential application in hyperthermia and controlled drug release. The materials
were characterized by Fourier Transform Infrared Spectroscopy (FTIR), X-ray diffraction
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(XRD), Fe Mössbauer spectroscopy, Nitrogen Adsorption, Small Angle X Ray Scattering
(SAXS), Elemental Analysis (CHN), Thermogravimetric Analysis (TG), Scanning Electron
Microscopy (SEM), Transmission Electron Microscopy (TEM), X-Ray Photoeletron
Spectroscopy (XPS) and magnetic measures (VSM). By analyzing the results it was possible
to confirm the formation of the hybrid system, and elucidate the physicochemical, structural
and magnetic properties of the final samples. Measurements of the properties of heat
generation in the presence of an AC field was studied and demonstrated that the hybrid
obtained has great potential as a biological agent for hyperthermia applications. Finally, the
study of the influence of presence of these magnetic particles and the polymer into the silica
matix in the drug delivery was made using doxorubicin (DOX) as a model drug under in vitro
8
conditions. The release was studied in the presence and absence of an alternating magnetic
field, which showed a more significant effect on the release.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO................................................................................................................17
2- OBJETIVOS ......................................................................................................................20
2.1 - Objetivo geral ..................................................................................................................20
2.2 - Objetivos específicos .......................................................................................................20
3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................21
3.1 - Materiais Mesoporosos ....................................................................................................21
3.1.1 - Mecanismos de Formação dos Materiais Mesoporosos................................................24
3.2 - Nanopartículas Magnéticas...............................................................................................26
3.2.1 - Magnetita ......................................................................................................................26
3.2.2 - Métodos de Síntese de Magnetita .................................................................................29
3.3 - Géis Poliméricos ..............................................................................................................30
3.3.1 - Géis Responsivos...........................................................................................................31
3.3.2 - Poli(N-isopropilacrilamida) - P(N-iPAAm) ..................................................................33
3.4 - Híbridos Multifuncionais a base de Sílica Mesoporosa ..................................................35
3.5 - Bioaplicações ...................................................................................................................37
3.5.1 - Hipertermia ..................................................................................................................37
3.5.2 - Liberação Controlada de Fármacos ..............................................................................39
3.5.2.1 – Doxorrubicina ...........................................................................................................44
4 - METODOLOGIA..............................................................................................................47
4.1 - Síntese das Nanopartículas de Magnetita ........................................................................47
4.2 - Síntese da Sílica Mesoporosa SBA-16 ............................................................................48
4.3 - Síntese do Compósito SBA-16/Fe3O4.............................................................................49
4.4 - Síntese do Híbrido Mesoporoso SBA-16/P(N-iPAAm) ..................................................49
4.5 - Síntese do Sistema Multifuncional SBA-16/ Fe3O4/P(N-iPAAm) ..................................51
4.6 - Caracterização das Amostras............................................................................................52
4.6.1 - Espectroscopia na Região do Infravermelho por Transformada de Fourier .................52
4.6.2 - Difração de Raios X (DRX) .........................................................................................52
4.6.3 - Espectroscopia Mössbauer ............................................................................................52
4.6.4 - Espalhamento de Raios X a Baixos Ângulos ...............................................................52
4.6.5 - Adsorção de Nitrogênio ................................................................................................53
4.6.6 - Análise Termogravimétrica ..........................................................................................53
4.6.7 - Análise Elementar .........................................................................................................54
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1 – INTRODUÇÃO
Dentre os diversos tipos de sílica, o SBA-16 (Santa Barbara Amorphous number 16) é
constituído por uma matriz de sílica mesoporosa cúbica com um ordenamento espacial
correspondente ao grupo Im3m (MESA et al., 2008), com poros de tamanhos entre 2-30 nm e
elevada área superficial (400-1000 m2. g-1). Com um formato esférico apresenta estrutura de
poros cúbica de corpo centrado. A estrutura 3D confere a esses materiais aplicações variadas.
As características estruturais, a conectividade e a porosidade são parâmetros importantes para
sua aplicação (ANDRADE, 2011).
Vários estudos vêm sendo realizados com esses materiais mesoporosos contendo óxidos de
ferro estimulados pelas suas potenciais aplicações em diferentes campos tecnológicos,
particularmente em biomedicina e bioengenharia, em tratamentos por magnetohipertermia,
como carreadores de fármacos, biosensores e melhoria na qualidade das imagens por
ressonância magnética nuclear (BRUCE et al., 2009; AZZAZY & MANSOUR, 2009; KIM et
al., 2008; QIN et al., 2009; YIU et al., 2010).
Uma importante aplicação das nanopartículas de óxido de ferro magnéticas que merece ser
destacada é no tratamento de câncer por hipertermia artificialmente induzida
(CHASTELLAIN et al., 2004). O tratamento consiste na dispersão de partículas magnéticas
no tecido doente e aplicação de um campo magnético alternado com intensidade e frequência
suficientes para provocar o aquecimento das partículas. Este tratamento está baseado na
observação de que células tumorais são menos resistentes ao aumento da temperatura quando
18
comparadas com uma célula saudável. A temperatura em torno de 42°C a 45°C haverá lise
das células tumorais sem haver danos às células normais. Além disso, a hipertermia pode ser
aplicada junto com outros tratamentos, como radioterapia e quimioterapia potencializando os
efeitos (BAE et al., 2009).
Para aplicações in-vivo, é importante envolver as nanopartículas com uma camada não
magnética, prevenindo a agregação e a sedimentação, além de permitir a funcionalização para
aplicações específicas e a redução da toxicidade. O mais interessante revestimento inorgânico,
levando em conta seu custo relativamente baixo e sua grande disponibilidade é a sílica, como
por exemplo, a SBA-16. A sílica tende a favorecer a dispersão dessas nanopartículas em meio
líquido, tornando a superfície quimicamente funcional, reduzindo a toxicidade, além de tornar
as nanopartículas magnéticas mais estáveis em relação à oxidação. A sílica apresenta em sua
superfície grupos silanóis que podem se ligar covalentemente com ligantes específicos de
interesse para determinadas aplicações biomédicas.
Neste contexto, o que se busca com tal sistema multifuncional é manipular a cinética de
liberação de um fármaco antineoplásico, por exemplo, a Doxorrubicina (DOX) a partir da
variação da temperatura causada pela ação das partículas magnéticas no tratamento com
hipertermia.
2 - OBJETIVOS
3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Devido à limitação imposta pelos microporos das zeólitas, em 1992, pesquisadores da Mobil
Oil Corporation anunciaram a descoberta de materiais mesoporosos compostos de silicatos ou
aluminossilicatos, os quais foram chamados de família M41S (KRESGE et al.,1992; BECK et
22
al., 1992). Esses materiais possuem diâmetros de poro bem definidos na faixa de 1,5 a 10 nm,
estreita distribuição de tamanho de poros e elevadas áreas superficiais. Ao invés de usar
pequenas moléculas orgânicas modeladoras, como na síntese das zeólitas, os pesquisadores
utilizaram longas cadeias de surfactante (templates) para direcionar a estrutura desses
materiais. Além de modelar a estrutura final, os templates são responsáveis pela formação do
sistema de poros do material. Dependendo da matéria-prima inicial e variando as condições
de síntese, óxidos de sílica mesoporosa com diferentes estruturas ordenadas em forma
hexagonal (denominada MCM-41), cúbica (denominada MCM-48) e lamelar (denominada
MCM-50) podem ser formados. A Figura 2 representa um esquema destas estruturas.
Da família SBA-n, o SBA-16 (Santa Barbara Amorphous number 16) é constituído por uma
matriz de sílica mesoporosa cúbica com um ordenamento espacial correspondente ao grupo
Im3m (MESA, et al., 2008), com poros apresentando tamanhos entre 2-30 nm e elevada área
superficial (400-1000 m2. g-1). Com um formato esférico apresenta estrutura de poros cúbica
de corpo centrado, como pacote embrulhado (Figura 3). Estudos de cristalografia eletrônica
indicam que cada mesoporo de SBA-16 está ligado a oito mesoporos vizinhos. A estrutura 3D
confere a esses materiais aplicações variadas como na catálise, detecção e separação química
e na adsorção. As características estruturais, a conectividade e a porosidade são parâmetros
importantes para sua aplicação (ANDRADE, 2011).
formando ligações fracas não covalentes entre o surfactante copolímero tribloco e a sílica.
Como fonte de sílica, geralmente é empregado o tetraetil ortosilicato (TEOS). Algumas
condições de síntese, como temperatura, pH, concentração de sílica, tipo de surfactante,
tempo de agitação e de envelhecimento afetam a evolução da morfologia do SBA-16
(BALLEM et al., 2010).
São vários os mecanismos propostos para explicar a síntese desses materiais mesoporosos.
Um mecanismo proposto, inicialmente, é baseado na síntese de sílica mesoporosa a partir da
formação de mesofases, estruturas de fases líquido-cristalinas de moléculas anfifílicas
(surfactantes), que servem como direcionadores para uma polimerização in situ de ácidos
ortossilícicos. Esse mecanismo é conhecido como direcionamento por cristal líquido, LCT
(Liquid Crystal Templating). A síntese pode ser realizada em condições ácidas ou básicas, e a
fonte de sílica pode ser silicato de sódio ou um óxido tetra-alquil silano. O primeiro material
relatado por pesquisadores da Mobil (designado como MCM-41) era uma partícula de
tamanho micrométrico com mesoporos hexagonais ordenados (BECK, 1992).
Duas formas de sínteses podem ser realizadas com direcionamento por cristal líquido, a
síntese direta e indireta. Os critérios para selecionar as condições de síntese direta de
direcionamento por cristal líquido se diferem dos critérios para a síntese do cristal líquido
indireto quanto à concentração do surfactante. No caso do direcionamento por cristal líquido
indireto, a concentração do surfactante é baixa, e nessa concentração as moléculas do
surfactante existem na forma micelar, porém não se obtém uma organização de longo alcance
das estruturas do surfactante.
As nanopartículas magnéticas de óxido de ferro, em especial a magnetita (Fe 3O4) são as mais
usadas em aplicações biomédicas, devido às suas propriedades magnéticas e à sua toxicidade
relativamente baixa no corpo humano. O Fe 3O4 foi aprovado pela Food and Drug
Administration (FDA) para o uso como agente de contraste em imagem por ressonância
magnética (TIEFENAUER, 2007).
3.2.1 - Magnetita
A magnetita se cristaliza em uma estrutura tipo espinélio inverso, AB 2O4, em que os íons O -2
formam um arranjo cúbico denso de face centrada, gerando dois tipos de interstícios, o
primeiro tetraédrico (A) formado por quatro íons oxigênio e o segundo octaédrico (B)
formado por seis íons oxigênio (Figura 5) (FABRIS & COEY, 2002). Nos interstícios
tetraédricos (A) posicionam-se os íons de Fe3+ e nos intersísticios octaédricos (B) posicionam-
se iguais números de íons Fe3+ e Fe2+. Esta disposição resulta em 24 átomos de Fe (16 íons
27
Oxigênio
→
Sítio
tetraédrico
(Fe3+)
→
Sítio octaédrico
(Fe2+ e Fe3+)
A superfície da magnetita tem átomos de ferro que não estão ligados aos átomos de oxigênio e
podem agir como ácidos de Lewis coordenando as moléculas que podem doar par de elétrons
(bases de Lewis). Em sistemas aquosos, os átomos de ferro coordenam-se com moléculas de
água, que se dissociam deixando a superfície do óxido de ferro funcionalizada com grupos
hidroxila, que podem reagir com ácidos ou bases devido ao seu caráter anfótero. A superfície
da magnetita pode ser positiva ou negativa em dispersões aquosas dependendo do pH da
solução. O pH no qual a superfície tem o mesmo número de cargas positivas e negativas é o
29
chamado ponto isoelétrico, que é 6,8, para a magnetita. A magnetita nanoparticulada pode ser
estabilizada por estabilização estérica ou por modificação do ponto isoelétrico com
revestimentos diversos como, por exemplo, a sílica. A estabilização é necessária para a
obtenção de ferrofluidos estáveis contra agregação na presença de campo magnético
(HARRIS, 2002).
Fe3+ na amostra e nanopartículas podem ser sintetizadas in situ, sem qualquer surfactante. A
formação de Fe3O4 segue o mecanismo de nucleação-crescimento quando a razão molar de
Fe(OH)2/Fe(OH)3 torna-se 1:2, que é o valor característico da estrutura da magnetita, a
nucleação das partículas de magnetita ocorre e então o núcleo de magnetita começa a crescer.
O processo reacional pode ser escrito como segue:
Como a solubilidade de Fe(OH)3 é muito menor que a de Fe(OH)2, o hidróxido férrico poderá
precipitar primeiro se a oxidação de Fe2+ para Fe3+ for rápida. Em um estudo prévio (JIA &
GAO, 2006), foi mostrado que a razão molar inicial dos reagentes de Fe 2+/Fe3+ de 1:2 é uma
etapa importante para obter magnetita pura. Se o processo de oxidação não for controlado,
haverá excesso de Fe(OH)3 e, assim, a formação de goethita (-FeOOH), como pode ser visto
na equação (4):
A taxa de nucleação parece ser responsável pela morfologia do produto (ZHANG et al.,
2006). Quando a taxa de reação, isto é, a taxa de consumo de Fe(OH) 3 é igual à taxa de
oxidação de Fe(OH)2 e as concentrações de Fe(OH)2, Fe(OH)3 ao redor do núcleo de Fe3O4
são aproximadamente iguais e a taxa de crescimento de núcleos de Fe 3O4 nas três direções são
equivalentes, resulta na formação de nanopartículas octaédricas.
O gel polimérico pode ser definido como uma rede polimérica, unida por ligações cruzadas,
que, quando imersa em solventes compatíveis, se expande e retém o solvente dentro de sua
estrutura tridimensional, não se dissolvendo no mesmo, devido à existência de interações
intermoleculares e reticulações (SHIBAYAMA & TANAKA, 1993; CUSSLER et al., 1993).
Quando o meio de expansão do gel é aquoso, ele é denominado hidrogel (WANG et al.,
1993).
31
Uma das mais importantes propriedades dos géis poliméricos é o grau de expansão, uma vez
que outras propriedades, como permeabilidade a solutos dissolvidos, cinética de expansão e
características mecânicas, são diretamente influenciadas por ele (FREITAS & CUSSLER,
1987a; FREITAS & CUSSLER, 1987b; SOUSA, 2009).
O grau de expansão varia com a estrutura do gel, com o tipo de solvente em contato e com as
variáveis do meio em que o gel se encontra. Os géis que sofrem variação no grau de expansão
de acordo com variáveis do meio, tais como temperatura, pH e luz, são denominados géis
responsivos (DUSEK, 1993).
É importante ressaltar o caráter reversível dessas mudanças, que garante que o gel possa
repetir o ciclo expansão-contração uma série de vezes, apresentando um elevado tempo de
vida útil.
Géis sensíveis ao pH são aqueles que apresentam grupos ionizáveis, uma vez que o grau de
ionização do gel, e sua consequente sensibilidade ao pH, é determinado por esse parâmetro
(SHIBAYAMA & TANAKA, 1993). Hidrogéis sensíveis ao pH possuem grupos pendentes
ácidos, como ácido carboxílico e ácido sulfônico, ou básicos, como sais de amônio. Esses
grupos pendentes podem ser receptores ou doadores de prótons, de acordo com o pH do meio
em que estão inseridos (SILVA, 2006). Géis que sofrem expansão no volume com o aumento
do pH são denominados géis polieletrólitos aniônicos, enquanto que aqueles que se expandem
32
Já alguns géis apresentam mudanças em suas propriedades estimuladas pela presença de luz.
Esse tipo de sensibilidade se demonstra bastante interessante pelo fato de a luz sobre um gel
poder ser colocada ou retirada instantaneamente, além de sua intensidade poder ser facilmente
controlada (SILVA, 2006).
Os géis sensíveis podem apresentar ainda diferentes comportamentos de fase frente a campos
elétricos, tensões mecânicas, entre outros (SHIBAYAMA & TANAKA, 1993). Como
exemplo, pode-se citar a aplicação em liberação controlada de insulina, na qual uma mistura
de gel com partículas magnéticas vem sendo usada para liberar continuamente essa
substância, quando sujeitos a um campo magnético (KOST & LANGER, 2001).
Um gel é dito termossensível quando suas características de expansão e contração são função
da temperatura. De modo geral, esses géis apresentam uma grande variação no grau de
expansão volumétrico para variações relativamente pequenas na temperatura, constituindo a
classe de gel mais estudada entre os responsivos (FREITAS & CUSSLER, 1987a; FREITAS
& CUSSLER, 1987b).
Para que a síntese de um gel termossensível seja possível, é necessário que o monômero ou o
agente reticulante apresente solubilidade capaz de variar com a temperatura. Desse modo,
buscando uma variação significativa do grau de expansão com a variação de temperatura, um
dos componentes do gel deve ser insolúvel acima ou abaixo de um ponto crítico de
temperatura. Portanto, o sistema deve apresentar uma temperatura crítica inferior (LCST –
lower critical solution temperature) ou superior (UCST – upper critical solution temperature)
(BROMBERG & RON, 1998).
33
Vários trabalhos têm como tema central a incorporação de drogas na estrutura do P(N-
iPAAm) e consequente liberação, modulada pela cinética de expansão e contração do gel em
função da temperatura.
Dentre os trabalhos pioneiros pode-se citar o de Hoffman (HOFFMAM, 1987) que propôs a
aplicação do P(N-iPAAm) e seus copolímeros para liberação controlada de drogas regulada
pelo aumento da temperatura que provoca a contração do hidrogel. Durante a contração, a
droga que está distribuída eventualmente dentro da estrutura do gel é expulsa para fora como
resultado da elevação da temperatura.
diminuiu na presença de drogas hidrofóbicas e o efeito oposto foi observado para drogas
hidrofílicas. Eles também observaram que o hidrogel, mesmo no estado contraído, apresentou
liberação do fármaco, sendo essa liberação dependente da solubilidade da droga no meio e da
massa molar do hidrogel.
Os híbridos são materiais formados pela combinação de dois ou mais componentes distintos,
sendo de natureza inorgânico-orgânica. As propriedades desses materiais dependem não
somente das propriedades individuais dos componentes, mas também das características
interfaciais, uma vez que, à medida que o tamanho da fase dispersa diminui, as forças
interfaciais se tornam mais significativas (CASTELVETRO & DE VITAA, 2004). Estes
materiais denominados híbridos orgânico-inorgânicos constituem uma classe de materiais que
tem sido alvo de intensa investigação nos últimos anos.
As propriedades finais de um híbrido são alcançadas pela seleção da natureza química das
fases orgânica e inorgânica, pelo controle do tamanho e da morfologia dos domínios e da
natureza da interface orgânico-inorgânica. A interface é a grande responsável pelas
propriedades dos materiais híbridos orgânico-inorgânicos, as quais não resultam apenas do
somatório das características inerentes de cada componente.
Um híbrido multifuncional responsivo foi desenvolvido por Zhu e co-autores (ZHU et al.,
2007). Esse sistema é composto de sílica mesoporosa SBA-15, poli(N-isopropilacrilamida) e
partículas magnéticas. Como apresentado no esquema desenvolvido pelos autores (Figura 8),
inicialmente as partículas magnéticas foram formadas a partir da adição de cloreto férrico
(FeCl2) durante a síntese do SBA-15. Em seguida, uma solução contendo o monômero e o
36
3.5 - Bioaplicações
3.5.1 - Hipertermia
As células cancerosas geralmente perecem em torno de 43º C, pois sua fonte de oxigênio via
vasos sanguíneos não é suficiente, enquanto células normais não são danificadas na mesma
temperatura. Além disso, os tumores são mais facilmente aquecidos do que os tecidos normais
vizinhos, já que os vasos sanguíneos e o sistema nervoso são pobremente desenvolvidos no
tumor. Desta forma, espera-se que a hipertermia seja um tratamento de câncer útil com
poucos efeitos locais. Várias técnicas para aquecimento dos tumores tais como tratamento
com água quente, radiação infravermelha, ultrassom, e microondas, têm sido testadas.
Entretanto, tumores localizados em partes profundas do corpo não são efetivamente aquecidos
usando-se essas técnicas (KAWASHITA, et al., 2005).
Vários estudos têm sido realizados com os sistemas sílica mesoporosa/partículas magnéticas
para aplicações em hipertermia. Os pesquisadores Julián-López et al., 2007 realizaram um
estudo desse sistema em hipertermia. Eles sintetizaram microesferas de sílica mesoporosa tipo
SBA-15/maguemita e MCM-41/maguemita pelo método spray-drying. Além disso,
funcionalizaram a superfície destes materiais para serem usados no transporte de moléculas
bioativas em aplicações biomédicas. Foi possível observar que o novo sistema é uma fonte
efetiva de aquecimento, embora seu desempenho tenha apresentado menor eficiência do que
as nanopartículas dispersas em água. O encapsulamento das nanopartículas pela sílica
mesoporosa melhora a dispersão das nanopartículas, aumenta sua estabilidade química em
meio biológico e reduz a toxicidade. Além disso, a sílica apresenta grupos silanóis em sua
superfície que podem facilmente ser funcionalizados, servindo como matriz suporte para
incorporar diversas moléculas de interesse farmacológico. Essas vantagens têm que ser
levadas em conta ao se avaliar o menor desempenho deste sistema na geração de calor quando
comparado com o das nanopartículas dispersas em água somente.
Outro estudo que merece ser destacado é o de Souza (SOUZA, 2011). Neste trabalho foi
explorada a possibilidade de sintetizar três nanocompósitos à base de sílica mesoporosa e
nanopartículas magnéticas (SiO2-Fe3O4). Os dois primeiros nanocompósitos, séries A e B,
foram obtidos pela preparação de um precursor de óxido de ferro em etanol e a subsequente
impregnação das sílicas mesoporosas SBA-15 e MCM-41, respectivamente. O óxido de ferro
foi formado dentro da estrutura de poros, produzindo-se, assim, um dispositivo magnético. Na
terceira série de nanocompósitos, série C, foi sintetizado pelo método sol-gel e o precursor da
39
fase magnética foi adicionado durante a síntese da sílica mesoporosa. Medidas das
propriedades de aquecimento induzido pelo campo de corrente alternada dos nanocompósitos
obtidos mostraram que as amostras são apropriadas como agentes de hipertermia para
aplicações biológicas. Foi feito o estudo da influência dessas partículas magnéticas na cinética
de liberação de dois fármacos modelo, doxorrubicina e atenolol sob condições in vitro. Os
resultados mostraram que a liberação de fármacos é dependente do tipo de fármaco
empregado. No caso do atenolol, a liberação foi fortemente dependente do campo magnético
aplicado, porém não apresentou efeitos na liberação da doxorrubicina.
controlados por difusão são os mais comuns e dois tipos são descritos: reservatório e matricial
(RATNER, 1996; SIMÓ et al., 2003).
No sistema reservatório é possível identificar um núcleo diferenciado (Figura 10 a), que pode
ser uma droga sólida, uma solução diluída ou altamente concentrada dentro de uma matriz.
Nesse caso, o fármaco encontra-se envolvido por um filme ou uma membrana de um material
controlador da taxa de liberação. A única estrutura que efetivamente limita a liberação da
droga é a camada de material que envolve o reservatório. Mudanças na natureza e na
espessura dessa camada promovem alterações na velocidade de liberação da droga. A
membrana que envolve o reservatório permite a difusão da droga contida dentro do núcleo
para o meio externo. Esse sistema inclui: membranas, cápsulas, nanocápsulas e lipossomas.
Já no sistema matricial (Figura 10 b), a droga encontra-se homogeneamente dispersa no
material que forma o dispositivo ou adsorvida na superfície. Sua liberação ocorre por difusão
através dos poros da matriz ou por degradação do material ou, ainda, por uma combinação
desses dois mecanismos.
(a)
→ → ativo distribuído
uniformemente
no interior
(b)
→ → ativo
concentrado no
núcleo
Figura 10 - Exemplos das diferentes formas farmacêuticas: (a) cápsula (sistema reservatório)
e (b) esfera (sistema matricial). Adaptado SOUZA, 2011.
Nos dispositivos do tipo bomba osmótica o agente osmótico está contido dentro de uma
câmara rígida e separado da droga por uma partição móvel. Um dos lados do compartimento
rígido é uma membrana semipermeável. Quando o dispositivo é imerso em um ambiente
aquoso, a água entra no dispositivo através da membrana aumentando o volume do
compartimento osmótico que por sua vez exerce uma pressão sobre a parte móvel, forçando o
agente ativo a sair por meio de um orifício (SILVA, 2006). Este tipo de sistema é capaz de
produzir uma liberação com cinética de ordem zero, ou seja, com uma velocidade constante
em função do tempo, por um período de tempo maior do que os outros dispositivos, além de
liberar o fármaco com uma maior taxa do que aquela conseguida pelos sistemas controlados
por difusão. Adicionalmente, este sistema é aplicável a fármacos com diversas composições e
massas molares, o que não é conseguido por meio do mecanismo de difusão. A Figura 11
mostra esquematicamente esse tipo de dispositivo.
Alguns sistemas podem ser ativados externamente para liberar mais fármaco quando
necessário, usando forças, tais como magnetismo. Nesse caso, um campo magnético externo
causa a compressão de partículas magnéticas envolvidas em uma matriz, forçando mais
fármaco a sair da matriz (Figura 12) (LANGER, 1990; DASH & CUDWORTH II, 1998; LIU
et al., 2006).
Quando a matriz entra em contato com o sistema biológico, ocorre a difusão normal do
fármaco devido ao gradiente de concentração. Entretanto, sob a exposição de um campo
magnético externo oscilante, maior quantidade pode ser rapidamente liberada (DASH &
44
3.5.2.1 - Doxorrubicina
planares e aromáticos, que funcionam como um cromóforo, e um anel não planar e não
aromático ligado a uma cadeia lateral aminoglicosídica (Figura 13).
A DOX é ativa durante todo o ciclo de divisão celular, incluindo a interfase e tecidos de
rápida proliferação. Os tecidos tumorais, células da medula óssea, mucosa gastrintestinal e
oral e folículos pilosos são os mais sensíveis aos efeitos antiproliferativos da DOX. Ela não é
absorvida pelo trato gastrintestinal, uma vez que o fármaco é irritante para os tecidos,
devendo ser administrado pela via endovenosa (CHARROIS & ALLEN, 2004).
Esse fármaco é metabolizado principalmente pelo fígado e, por isso pode induzir
hepatotoxicidade. O seu principal metabólito é o 13-OH-doxorrubicinol, que possui certo grau
de atividade antitumoral. Após a administração endovenosa, os níveis plasmáticos de DOX
seguem um declínio multifásico, com uma meia vida terminal de 20 a 48 horas. A depuração
plasmática varia de 8 a 20 mL/min/Kg e deve-se principalmente ao metabolismo e a excreção
biliar. Aproximadamente 40% da DOX administrada é recuperada na bile ou fezes em 5 dias;
5 a 12% do fármaco e os seus metabólitos aparecem na urina durante esse período
(CHABNER & CALABRESI, 2001).
46
4 - METODOLOGIA
O material obtido até esta etapa ainda apresenta em sua estrutura o agente direcionador de
rede, que é o surfactante F127. Assim, para sua retirada, procedeu-se com a calcinação da
amostra, conduzida em um forno tubular horizontal no qual o material sintetizado foi
aquecido, sob fluxo de nitrogênio, a uma taxa de 5°C/min até a temperatura de 550°C. Após
alcançar essa temperatura, o fluxo de nitrogênio foi mantido por mais uma hora. Em seguida,
o fluxo foi desligado e as entradas do forno foram abertas onde a amostra foi resfriada à taxa
de 5°C/min (Figura 15).
O SBA-16 foi utilizado como matriz suporte das nanopartículas magnéticas. Seguindo o
protocolo de síntese do SBA-16, após a solubilização do surfactante em água deionizada e em
meio fortemente ácido, a magnetita previamente sintetizada foi adicionada ao meio reacional
na proporção de 58 % p/p de magnetita. O precursor da sílica foi então adicionado. A solução
foi mantida sob agitação por 24 horas em um recipiente de Teflon® hermeticamente fechado.
A temperatura do sistema foi mantida constante a 45ºC em banho-maria. Após esse tempo, o
material foi envelhecido a 100ºC por 24 horas, e depois filtrado. A extração do surfactante foi
feita por um processo de calcinação a 550ºC, sob fluxo de nitrogênio (Figura 16).
Para um volume total de 7,0 mL, foram utilizadas as quantidades de 0,343 g de N-iPAAm,
0,007 g de MBAA e 0,7 g de SBA-16. As soluções de agente reticulante e de iniciadores
foram preparadas separadamente utilizando-se um volume de 0,7 mL de solução preparada a
partir de 0,025 g de cada um deles em um volume de 10 mL. O híbrido obtido foi denominado
SBA-16/P(N-iPAAm). No decorrer da adição dos iniciadores, um fluxo de N 2 de 1mL/min,
aproximadamente, foi mantido constante dentro do vaso de reação. Em seguida, essa mistura
foi colocada sob agitação por 24 horas, período suficiente para que ocorresse a formação do
gel. Após esse período o material obtido foi secado a 60ºC durante 24 horas.
A segunda etapa consistiu na lavagem do híbrido, que foi realizada com o objetivo de se
remover o excesso de reagentes (monômeros, agente reticulante e iniciadores). Para isso, o
material foi finamente dividido com o auxílio de um graal de ágata. Em seguida, foi suspenso
em 50 mL de água e submetido a uma agitação, sendo o sobrenadante separado por
centrifugação a 3600 rpm por três minutos. Esse processo de centrifugação foi realizado duas
vezes. O precipitado foi seco em estufa a 60ºC durante 24 horas. O processo de lavagem e
separação por centrifugação foi utilizado devido à dificuldade em separar as fases por
filtração à vácuo, uma vez que a fração polimérica não incorporada na sílica forma uma
camada sobre o elemento filtrante (papel de filtro ou membrana filtrante), dificultando assim a
filtração (Figura 17).
As amostras sintetizadas foram caracterizadas por difração de raios X, pelo método de pó,
usando radiação K do cobre, com comprimento de onda () igual a 1,54 Å. Os difratogramas
foram obtidos em equipamentos da Rigaku, modelo Geigerflex-3034, semiautomático. As
medidas foram feitas usando velocidade do goniômetro de 0,5º por minuto, sob corrente de 30
mA e tensão de 40 kV.
O método foi usado para caracterizar diâmetro e volume dos poros e determinar a área
superficial das amostras. As características dos poros das amostras foram analisadas usando
um equipamento Quantachrome Autosorb iQ, o qual é composto por um sistema de adsorção
física automatizada que fornece dados de equilíbrio de adsorção e dessorção.
As amostras puras tiveram um pré-tratamento antes de cada ensaio a 300ºC sob vácuo, por 2
horas e as amostras híbridas tiveram um pré-tratamento a 40ºC sob vácuo por 48 horas. Os
dados de volume adsorvido e dessorvido em várias pressões relativas foram utilizados para
gerar informações sobre a área superficial por Brunauer-Emmett-Teller (BET), volume de
poros, distribuição e tamanho médio de poros calculados pelo método Non-Local Density
Functional Theory (NLDFT).
As imagens dos materiais sintetizados foram obtidas por microscopia eletrônica de varredura
para o estudo da morfologia. Utilizou-se o microscópio eletrônico de varredura com canhão
de emissão por efeito de campo modelo Quanta 200-FEG-FEI-2006 do Centro de
Microscopia da UFMG para a realização dessas imagens. As amostras na forma de pó foram
suspensas em uma solução de etanol e gotas dessa suspensão foram adicionadas em uma fita
condutora de carbono dupla-face. A amostra foi exposta a uma nuvem de ouro sublimado por
30s.
As imagens das amostras deste trabalho foram feitas no Centro de Microscopia da UFMG,
utilizando-se o microscópio eletrônico de transmissão Tecnai – G2-20-FEI 2006 de 200 kV. O
SBA-16 e os híbridos contendo o gel polimérico P(N-iPAAm) foram dispersos em etanol e
sonicados por 5 minutos em banho de ultrasom. Após decantação por 10 minutos uma gota da
solução foi depositada sobre uma grade suporte de cobre de 300 mesh. As amostras
magnéticas foram recobertas com um filme polimérico ao serem depositadas nas grades para
proteção do canhão de elétrons. A captura das imagens foi realizada com câmera CCD, com o
software iTEM da AnalySis.
Os espectros de XPS foram obtidos em um sistema de ultra alto vácuo para espectroscopia de
elétrons excitados por raios X marca Specs GmbH. A amostra é excitada pela radiação
55
emitida em um tubo de raios X monocromático, que utiliza como alvo o alumínio e cuja linha
de emissão - linha k (alfa) - tem energia de 1486,6 eV. A energia dos elétrons excitados,
provenientes da superfície do material estudado é medida utilizando-se um analisador de
energia de elétrons Specs Phoibos 150 MCD-9 detector XP. Os espectros amplos de XPS
foram obtidos na região entre 0 e 1200eV e os de alta resolução na região do pico de
fotoemissão do carbono C 1s (285,6eV), do nitrogênio N 1s (400eV), do Fe 2p 3/2 encontrado
(708,1 eV) e do silício Si 2p (99eV). As análises foram realizadas com as amostras coladas
sobre um porta-amostras de inox com auxílio de uma fita adesiva. A pressão na câmara de
ultra alto vácuo foi de 5,0x10 -10 mbar.
4.7 - Bioaplicações
4.7.1 - Hipertermia
de dispersar o pó em água. Foram testadas duas correntes diferentes, de 300 A (126 Oe) e 400
A (168 Oe) em intervalos de cinco minutos até atingir 30 minutos. Para as medidas de T foi
posicionado um termômetro digital acima da amostra dentro da bobina logo após o término da
indução e as medidas de temperatura foram feitas no centro da amostra.
As medidas da concentração de DOX das soluções preparadas para incorporação foi feita em
um espectrofotômetro Shimadzu UV-VIS V-2550. Para calcular a quantidade de DOX
incorporada em cada material, foi medida a concentração das soluções antes e após a
incorporação.
1.0
Curva de Calibração Doxorrubicina
= 480 nm
0.8
0.6
Absorbância
0.4
Equation y = a + b*x
0.2 Adj. R-Square 0.99908
Value Standard Error
Absorbância Intercept -0.00315 0.00559
Absorbância Slope 0.01785 2.04664E-4
0.0
0 10 20 30 40 50
Concentração g/mL)
5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
SBA-16/Fe3O4 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
Transmitância, u. a.
Transmitância, u. a.
SBA-16 SBA-16
Si-O Si-O
H2O (806) H2O
O-H O-H (806)
(1640) (3100-3500) (1640)
(3100-3500) Si-OH
Si-OH
(960) (960)
Si-O-Si Si-O-Si
Magnetita (1080-1160)
Si-O-Si Magnetita (1080-1160)
Si-O-Si
(460) (460)
Fe-O
Fe-O
(550-600) (550-600)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
-1 -1
Número de onda (cm ) Número de onda (cm )
(a) (b)
O espectro da magnetita apresenta uma banda bem definida em torno de 600 cm-1 atribuída a
vibrações de estiramento Fe-O (ARRUEBO et al., 2006). Essa banda é também verificada no
espectro das amostras SBA-16/Fe3O4 e SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm), embora com uma menor
magnitude. Esses dados indicam que interações Fe-Si ocorreram nestas amostras.
P(N-iPAAm) P(N-iPAAm)
C-H(CH2,CH3)
Transmitância, u. a.
(2875-2972)
Transmitância, u. a.
CH 3 (isopropil)
(1368-1386)
CH 3 (isopropil)
(1368-1386)
C-H (CH2, CH3)
C-H(CH2,CH3) (1456)
N-H
(2875-2972)
(1550)
SBA-16/P(N-iPAAm)
N-H SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) C-H (CH2, CH3)
(1550) (1456)
Si-O Si-O
(806) (806)
O-H O-H
Si-OH Si-OH
(3100-3500) (960) (3100-3500) (960)
(460) (460)
SBA-16 (1080-1160) Si-O-Si SBA-16 (1080-1160) Si-O-Si
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
-1
Número de onda (cm )
-1 Número de onda (cm )
(a) (b)
Figura 22 - Comparação dos espectros de infravermelho de SBA-16/P(N-iPAAm) (a) e
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) (b).
No espectro do gel observa-se uma banda larga na região entre 3350-3700 cm-1, característica
de vibrações de estiramento da ligação O-H devido a sua maior afinidade pela água quando
comparado ao monômero. Pelo espectro de FTIR dos híbridos SBA-16/P(N-iPAAm) e SBA-
16/Fe3O4/P(N-iPAAm) é possível observar a presença de bandas de absorção na região
características das vibrações da rede de sílica (regiões entre 1080-1160 cm-1, 3100-3500 cm-
1
), bem como bandas de absorção referentes às vibrações do material polimérico
(aproximadamente nas regiões 2800-3000 cm-1, 1400-1620 cm-1), indicando a incorporação
de P(N-iPAAm) na estrutura da sílica. É importante destacar que grande parte dos modos
vibracionais do P(N-iPAAm) presentes no híbrido não podem ser completamente
visualizados, uma vez que a rede de sílica apresenta bandas relativamente intensas e largas
nos intervalos de frequências onde existem vibrações relativas ao gel polimérico. De forma
61
Todas as amostras sintetizadas foram analisadas através da difração de raios X (DRX), onde
se buscou obter informações a respeito da composição química dessas amostras e de sua
cristalinidade. A Figura 23 mostra os difratogramas de raios X das amostras SBA-16 e SBA-
16/P(N-iPAAm). Estas amostras apresentam uma banda larga e de baixa intensidade
característica de uma fase amorfa centrada em 2θ = 25˚ referente à sílica mesoporosa.
62
SBA-16/P(N-iPAAm)
SBA-16
Intensidade, u. a.
10 20 30 40 50 60 70 80
2 (graus)
Além dos picos bem definidos característicos da magnetita em ambas as amostras, pode-se
observar uma fase amorfa centrada em 2θ = 25˚ referente à sílica mesoporosa amorfa,
indicando que a estrutura não é alterada após a impregnação com o óxido magnético.
63
(311) SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
SBA-16/Fe3O4
Magnetita
(220)
(400) (511) (440)
Intensidade, u. a. (222) (422)
10 20 30 40 50 60 70 80
2 (graus)
O espectro Mössbauer para a magnetita (Figura 25 a), inicialmente foi ajustado com
parâmetros hiperfinos para dois sextetos característicos (deslocamento isomérico δ 0,63 mm/s,
deslocamento quadrupolar ε 0,00 mm/s; campo hiperfino Bhf 45,8 T e δ 0,27 mm s-1 ; ε -0,01
mm/s; Bhf 49,1 T), com razão de área sítio A/sítio B (A)/[B] de aproximadamente 0,5
condizentes com os valores encontrados na literatura para a magnetita estequiométrica
(DAOU et al., 2006).
64
(a)
Transmissão Relativa
(b)
(c)
-12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12
Velocidade (mm/s)
Figura 25 - Espectros Mössbauer do 57Fe a temperatura ambiente para (a) magnetita, (b)
SBA-16/Fe3O4 e (c) SBA-16/Fe3O4/P(Ni-PAAm).
*
(A) e [B] são sítios tetraédricos e octaédricos de Fe3O4; , ε e BHF são deslocamento isomérico, desdobramento
quadrupolar e campo magnético hiperfino, respectivamente, e Área é a fração espectral de dois sítios de Fe. D =
dupleto correspondente a interação superficial magnetita-silica.
A razão das áreas dos sítos A e B obtidos para as amostras SBA-16/Fe3O4 e SBA-
16/Fe3O4/P(N-iPAAm) está em concordância com os valores encontrados para a magnetita
estequiométrica sintetizada, ou seja, não houve desvio estequiométrico com a incorporação da
magnetita na matriz de sílica-gel polimérico.
A adsorção de gases em materiais sólidos pode ser descrito pelas isotermas de adsorção. A
sílica mesoporosa ordenada possui isotermas do tipo IV (SING et al., 1985), com a presença
da etapa de condensação capilar (a uma dada pressão relativa) que está relacionada ao
tamanho dos seus mesoporos. A análise do tamanho de poros dos materiais mesoporosos por
isotermas de adsorção é baseada na interpretação dos mecanismos de condensação e
evaporação capilar associados ao fenômeno de histerese. O oposto da condensação capilar é a
evaporação capilar, que não ocorre na mesma posição da pressão relativa da condensação,
levando a chamada histerese de adsorção/dessorção.
400 SBA16
350
Volume Adsorvido (cm .g )
-1
3
300
250
200
150
A isoterma da amostra pura apresenta ramos de adsorção e dessorção que formam uma
histerese assimétrica e triangular, classificada pela IUPAC como sendo do tipo H2, que pode
ser atribuído a sistemas de poros com conectividade de rede de poros e efeito de bloqueio de
poros.
Uma comparação entre as isotermas de adsorção de nitrogênio da amostra SBA-16 pura e das
amostras SBA-16/Fe3O4, SBA-16/P(N-iPAAm) e SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) pode ser
observada na Figura 27. Percebe-se através dessas isotermas que as histereses das amostras
SBA-16/P(N-iPAAm) e SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) sofreram uma redução nos valores de
volume de gás adsorvido para todas as pressões relativas. Este tipo de alteração sugere uma
diminuição do tamanho e volume de poros destas amostras. Contudo, os perfis das isotermas
dos sistemas híbridos preservaram as características estruturais da matriz mesoporosa SBA-
16.
67
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
500
SBA-16/P(N-iPAAm)
SBA-16/Fe3O4
400 SBA-16
200
100
0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
Pressao Relativa (P/P0)
A partir desta técnica é possível observar uma diminuição bastante acentuada na área
superficial de ambas as amostras, além da diminuição de volume de poros (Tabela 4),
indicando a incorporação da magnetita e do gel polimérico P(N-iPAAm) na matriz de sílica.
Embora ocorra esta diminuição nas características estruturais das amostras, estes resultados
indicam que tanto o hidrogel quanto a magnetita presentes dentro dos canais da sílica não
ocupam completamente o espaço disponível do material, de modo que ainda há algum volume
livre para a incorporação de fármacos nestes sistemas. A Tabela 4 apresenta os resultados
obtidos das medidas de adsorção de N2, que mostram os valores numéricos para os parâmetros
texturais comumente utilizados para caracterizar materiais porosos. Nesta tabela, estão
listados os valores da área superficial específica calculada por BET (S BET), os valores obtidos
do volume total de poros (Vp) e diâmetro de poros (Dp) calculado pelo método NLDFT das
amostras de SBA-16 puro, SBA-16/Fe3O4, SBA-16/P(N-iPAAm) e SBA-16/Fe3O4/P(N-
iPAAm).
68
Para materiais a base de sílica, os valores calculados para C BET são utilizados para inferir
sobre a polaridade superficial (SING et al., 1985). Valores de CBET são altos para superfícies
polares e baixos para superfícies apolares. Uma diminuição significativa no valor da constante
CBET para as amostras contendo P(N-iPAAm) pode ser observada na Tabela 4. Tal alteração
pode estar ocorrendo em função das possíveis interações entre os grupos amida e carbonila
das moléculas dos grupos isopropilacrilamida com os grupos hidroxila da sílica, que causam
uma diminuição na quantidade de grupos hidroxila livres presentes na superfície da sílica.
As curvas de distribuição de tamanho de poros foram analisadas pelo método NLDFT e são
apresentadas na Figura 28. Percebe-se que tanto o SBA-16 puro quanto as demais amostras
apresentam uma distribuição de tamanho de poros muito estreita, centrada em torno de 3,5
nm, característica de materiais mesoporos, com arranjo estrutural bem ordenado.
69
SBA-16
0.025
SBA-16/Fe3O4
SBA-16/P(N-iPAAm)
0.020 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
0.010
0.005
0.000
0 2 4 6 8 10 12 14
Diâmetro de poros (nm)
Os difratogramas das diferentes amostras, apresentados na Figura 29, mostram que apenas um
sinal de difração correspondente ao plano (hkl), ou seja, baseado no índice de Miller (110) foi
identificado. Embora três picos baseados nos índices de Miller (110), (200) e (211) sejam
típicos deste tipo de estrutura, o pico de maior intensidade (110) pode ser indicativo do
70
arranjo estrutural proposto. Esses picos se encontram na região de 2θ = 0,5-1,5 º, com um pico
principal em 2θ em torno de 0,75º.
SBA16
4000
(110) SBA16/P(N-iPAAm)
SBA16/Fe3O4
SBA16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
3000
Intensidade (u. a.)
2000
1000
0
0.5 1.0 1.5 2.0
2 (graus)
Observa-se um pequeno deslocamento dos sinais das amostras SBA-16/Fe3O4, SBA-16/ P(N-
iPAAm) e SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) em 2θ para ângulos maiores, Tabela 5, indicando uma
diminuição da distância interplanar, podendo ser atribuído a diminuição do volume dos poros
devido a ocupação das nanopartículas magnéticas e do P(N-iPAAm) na estrutura da sílica.
Essa diminuição do volume dos poros pode ser confirmada com a técnica de adsorção de
nitrogênio em que se observa uma diminuição do volume de gás adsorvido com a presença
desses materiais.
Além dos planos característicos é possível obter a distância interplanar d, ou seja, a distância
entre os planos cristalográficos. Os valores de espaçamento interplanar (d) podem ser obtidos
a partir da equação de Bragg:
d = λ/ sen 2 θ (Equação 5)
d(110)
a0
A partir dos valores de diâmetro de poros obtidos dos dados de adsorção de nitrogênio (BET),
pode-se ainda calcular a espessura de paredes de poros (h), através da equação (Equação 7),
pela diferença do parâmetro de rede (a0) e o diâmetro de poros:
h = a0 – Dp (Equação 7)
Os resultados obtidos através desta técnica (SAXS) mostram que a incorporação das
partículas magnéticas e do P(N-iPAAm) não afeta de forma significativa a ordem estrutural da
sílica. Porém ocorrem pequenos deslocamentos dos picos de reflexão para ângulos mais altos,
apresentando assim, parâmetros de redes e distâncias interplanares menores. Além disso, uma
diminuição na intensidade dos picos é observada ao se comparar as amostras híbridas com a
amostra pura, que pode indicar uma possível alteração na densidade eletrônica entre as
paredes dos poros e os espaços vazios entre eles.
impede a adsorção da água, Isto ocorre devido à diminuição dos grupos hidroxilas livres
presentes na superfície da sílica quando a magnetita é incorporada. Esta proposta está de
acordo com o resultado obtido na técnica de adsorção de gases, cujo valor da C BET para a
amostra com magnetita foi menor do que a CBET da sílica pura, confirmando assim a
diminuição destes grupos hidroxilas. Acima dessa temperatura e até 650ºC, não se verifica
nenhuma perda de massa significativa nesses dois materiais. Portanto, o SBA-16 e o
compósito SBA-16/Fe3O4 apresentam excelente estabilidade térmica na faixa de temperatura
investigada, uma vez que não sofrem nenhuma decomposição ou degradação estrutural. A
Tabela 6 apresenta as perdas de massas dos materiais na faixa de temperatura de 25 a 800°C.
100
90
Perda de massa (%)
80
70
60 SBA-16
SBA-16/P(N-iPAAm)
SBA-16/Fe3O4
50
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
porcentagem de perda de água nessa faixa de temperatura foi menor com a amostra SBA-
16/Fe3O4/P(N-iPAAm), isto provavelmente ocorreu devido à inserção da magnetita na matriz
de sílica impedindo a adsorção da água. A segunda região de perda de massa ocorreu no
intervalo de temperatura entre 150 a 650ºC, correspondendo a um valor em torno de 23 e
33%, respectivamente. Essa perda de massa está relacionada com a completa degradação das
cadeias poliméricas. Portanto, os híbridos apresentam estabilidade térmica até 300ºC, quando
se inicia a degradação do gel polimérico. As perdas de massas podem ser melhor visualizadas
na Figura 32 a, b, c e d através da análise da derivada da curva termogravimétrica (DTG).
110
SBA-16 100
SBA-16/Fe3O4
105 0.0012
0.0006
100 98
% Perda de Massa
% Perda de Massa
0.0009
0.0004
95
96
-DTG
-DTG
0.0006
90 o
431 C
94 0.0002
2.3%
0.0003
85
92
80 0.0000 0.0000
75 90
100 200 300 400 500 600 700 800 100 200 300 400 500 600 700 800
o o
Temperatura ( C) Temperatura ( C)
(a) (b)
% Perda de Massa
90 0.0009 90
0.0009
80
-DTG
-DTG
0.0006 80
o
181 C
0.0006
6.9%
70 224 C
o
0.0003 70
1.6%
0.0003
60
60
0.0000
0.0000
50
50
100 200 300 400 500 600 700 800
o 100 200 300 400 500 600 700 800
Temperatura ( C) o
Temperatura ( C)
(c) (d)
Figura 32 - Curva TG e sua derivada (DTG) para SBA-16 (a), SBA-16/Fe3O4 (b),
SBA-16/P(N-iPAAm) (c) e SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) (d).
A curva de DTG (Figura 32 b) mostra uma segunda região de perda de massa para o SBA-
16/Fe3O4, numa temperatura de 431oC equivalente a 2,3% e que não é visível na curva TG
podendo ser atribuída à decomposição de surfactante residual.
75
A técnica de análise elementar indica a presença dos elementos carbono (C), hidrogênio (H) e
nitrogênio (N) nas amostras. A técnica foi utilizada para avaliar a eficiência da formação do
P(N-iPAAm) na matriz de sílica e também avaliar o percentual de resíduo dos elementos
carbono e hidrogênio presentes no surfactante (F127) utilizado na síntese da sílica.
As porcentagens dos elementos carbono (C), hidrogênio (H) e nitrogênio (N) na sílica pura e
nas amostras com magnetita e com P(N-iPAAm) são mostradas na Tabela 7.
Tabela 7 - Porcentagens dos elementos carbono (C), hidrogênio (H) e nitrogênio (N) contidos
nas amostras estudadas.
Amostras C% ΔC% H% N% C/N(exp.) C/N(teórico)
Magnetita 0,10±0,016 - - - - -
SBA-16 0,19±0,022 - 1,55±0,023 - - -
SBA-16/Fe3O4 1,91±0,067 - 1,22±0,036 - - -
SBA-16/P(N-iPAAm) 17,93±0,109 17,7 4,13±0,383 3,61±0,325 5,79 5,00
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) 23,08±0,151 21,2 4,63±0,282 5,09±0,323 5,29 5,00
O gel polimérico P(N-iPAAm) apresenta em sua estrutura grupos metil, etil e propil
(elementos carbono e hidrogênio) e grupo amida (elemento nitrogênio) (Figura 33).
76
A Figura 34 mostra as imagens feitas pelo microscópio eletrônico de varredura, por elétrons
secundários, para a magnetita sintetizada em diferentes aumentos e que foram utilizadas para
realizar o cálculo de distribuição do diâmetro médio das partículas através do programa de
análise de imagens Quantikov Image Analyzer (PINTO, 1996). O diâmetro médio calculado
para as partículas de magnetita foi de 250 nm.
77
30
Magnetita
25
20
Número de partículas
15
10
0
100-200 200-300 300-400 400-500 500-600
Diâmetro médio das partículas (nm )
A Figura 35 mostra que o SBA-16 apresenta partículas esféricas, resultado condizente com o
descrito na literatura (ZHAO, 2004). Observa-se, porém, agregados de tamanhos variados,
sugerindo que não há uniformidade de tamanho das partículas obtidas. Foram realizadas,
também, imagens de microscopia dos materiais híbridos, Figura 36 a, b e c, que apresentaram
partículas esféricas similares as da amostra pura (SBA-16). Esse resultado evidencia que
mesmo após a introdução de magnetita e P(N-iPAAm) a morfologia da sílica mesoporosa não
sofreu modificação significativa. O diâmetro médio das partículas foi calculado também pelo
o programa de análise de imagens Quantikov Image Analyzer. Para isso, foram utilizadas as
imagens que forneceram melhor visualização e contraste. O diâmetro médio calculado para as
78
partículas de SBA-16 foi de 2,7 μm. Os valores para as amostras híbridas não sofreram
variação significativa de tamanho.
20
SBA-16
15
Número de partículas
10
0
0-0.5 0.5-1 1-2 2-3 3-4 4-5
Diâmetro médio das partículas (m)
(a) (b)
(c)
(b) SBA-16/Fe3O4
Pelas imagens mostradas na Figura 37, observa-se que a estrutura ordenada de poros com
arranjo cúbico do SBA-16 foi preservada durante a síntese do compósito e dos híbridos.
A Figura 38 mostra a imagem obtida por microscopia eletrônica de transmissão para o SBA-
16/Fe3O4 e SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm), indicando que duas regiões com densidade
eletrônica diferentes podem ser distinguidas: uma região mais densa (preta) localizada no
81
núcleo que corresponde à fase da magnetita, e uma região menos densa (cinza), recobrindo o
núcleo, que supõe-se ser a sílica revestindo as nanopartículas.
(a) (b)
4000
3000
Fe (2p)
Intensidade
2000 C (1s)
Si (2p)
1000
3000
C (1s)
2500
Intensidade
2000 Fe (2p)
1500
N (1s)
1000 Si (2p)
500
0
800 700 600 500 400 300 200 100 0
1700
7000 O (1s) SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) Fe (2p)
1600
6000
1500
5000
1400
4000 Fe (2p)
Intensidade
Intensidade
C (1s) 1300
3000
1200
2000 N (1s)
Si (2p) 1100
1000
1000
(a) (b)
100
60
80 40
20
60
M (em u/g)
40 -20
-40
20 -60
M (emu/g)
-500 -400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400 500
H (Oe)
-20
-40
-60
-80
Magnetita
-100
-15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000
H (Oe)
histerese medidas a temperatura ambiente, (Figura 43), obteve-se os parâmetros Ms, Hc e MR.
No estudo desenvolvido por ZHAO, et al, 2011, foi desenvolvido um método de síntese de
nanopartículas de SBA-16/magnetita variando proporção de Fe e TEOS. Foram obtidos
resultados de magnetização de saturação no intervalo de 1,1 a 5,7 emu/g, valores estes
menores do que foi obtido no presente trabalho.
CCM = com correção de massa por grama de magnetita; SCM = sem correção de massa por grama de magnetita
(grama massa total da amostra).
100 100
100 60
80
60 40
80 40 80
20
20
M (emu/g)
60
M (emu/g)
0
60 0
-20
40 -40
40 -20
-60
Magnetita -40 Magnetita
20 -80 SBA-16/Fe3O4
20
SBA-16/Fe 3O 4
M (emu/g)
-100 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
-60
-500 -400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400 500 -500 -400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400 500
0 H (Oe) 0
H (Oe)
-20 -20
-40 -40
-60 -60
Magnetita
Magnetita
-80 -80
SBA-16/Fe3O4 SBA-16/Fe3O4
-100 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) -100 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
(a) (b)
Figura 43 - Curvas de histerese obtidas à temperatura ambiente sem (a) e com (b) correção de
massa por grama de magnetita presente nas amostras SBA-16/Fe3O4 e
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm).
5.12 - Bioaplicações
(a) (b)
Para fins de comparação este estudo de hipertermia magnética foi realizado com a magnetita
pura e com as amostras não magnéticas SBA-16 e SBA-16/P(N-iPAAm). As medidas foram
realizadas através da aplicação de um campo magnético alternado em um meio fluído
contendo estas amostras nas concentrações de 10 e 20 mg/mL. Foram coletados dados
relativos ao aquecimento provocado em cada uma das amostras quando sujeitas a um campo
magnético alternado de 126 e 168 Oe na frequência de 222 KHz.
10 mg/mL 20 mg/mL
70 80
Magnetita
SBA-16 70
60 SBA-16/P(N-iPAAm)
SBA-16/Fe3O4
Temperatura ( C)
Temperatura ( C)
60
o
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
o
50
50
40 Magnetita
40 SBA-16
SBA-16/P(N-iPAAm)
30 SBA-16/Fe3O4
30 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
20 20
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
(a) (b)
60 10 mg/mL 70 20 mg/mL
55
60
50
Temperatura ( C)
Temperatura ( C)
o
o
45 50
SBA-16/Fe3O4
SBA-16/Fe3O4 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
40 SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
40 SBA-16
SBA-16 SBA-16/P(N-iPAAm)
35 SBA-16/P(N-iPAAm)
30 30
25
20
20
0 5 10 15 20 25 30 0 5 10 15 20 25 30
Tempo (min) Tempo (min)
alternados (172, 302, 431, 560 e 689 Oe). O resultado foi significativo nos campos
magnéticos alternados de 560 Oe e 689 Oe com T de 20ºC e 25ºC, respectivamente.
Amostras ΔT (ºC)
126 Oe 168 Oe
Magnetita 10 mg/mL 48 -
Magnetita 20 mg/mL 56 -
SBA-16 10 mg/mL 4 7
SBA-16 20 mg/mL 4 7
SBA-16/P(N-iPAAm) 10 mg/mL 5 8
SBA-16/P(N-iPAAm) 20 mg/mL 5 8
SBA-16/Fe3O4 10 mg/mL 19 36
SBA-16/Fe3O4 20 mg/mL 37 46
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) 10 mg/mL 11 32
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) 20 mg/mL 35 39
Por meio da técnica de UV-VIS, foi calculada a eficiência de incorporação do fármaco nas
diferentes amostras. O sobrenadante foi coletado e o conteúdo residual de DOX (R DOX) foi
medido no comprimento de onda de 480 nm. A eficiência de incorporação (EI%) da DOX foi
calculada como segue: EI% = ((ODOX-RDOX)/ODOX) x 100%, em que ODOX é o conteúdo
original da DOX em mg. Utilizou-se 250 mg das amostras SBA-16, SBA-16/P(N-iPAAm),
SBA-16/Fe3O4 e SBA-16/ Fe3O4/P(N-iPAAm) que foram imersas em 20 mL de solução de
DOX, com concentração de 2,5 mg/mL (ODOX) .
90
Observa-se na Tabela 11 que a eficiência de incorporação (EI) foi maior para as amostras que
contém o hidrogel P(N-iPAAm). Além dos sítios de interação dos grupos silanóis presentes na
sílica, pode estar ocorrendo interação entre grupos metil, etil, propil e amida presentes na
estrutura do hidrogel P(N-iPAAm) com a DOX, favorecendo uma melhor eficiência de
incorporação. O processo de incorporação não foi influenciado pelos parâmetros texturais dos
poros (Dp) e área superficial (SBET) dos diferentes materiais. O tamanho máximo da molécula
de DOX foi estimado em aproximadamente 1,48 nm (BRUNO, 2002), o que indica que ela
pode facilmente ter acesso aos poros dos materiais, uma vez que o tamanho desses poros é da
ordem de 3,5 nm, conforme avaliado pela técnica de adsorção de N2.
100
% Perda de Massa
80
60
DOX
40 SBA-16 + DOX
SBA-16/P(N-iPAAm) + DOX
SBA-16/Fe3O4 + DOX
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) + DOX
20
100 200 300 400 500 600 700 800
o
Temperatura ( C)
A técnica de análise elementar indica a presença dos elementos carbono (C), hidrogênio (H) e
nitrogênio (N) nas amostras. A técnica foi utilizada para avaliar a eficiência da incorporação
da DOX na matriz de sílica pura, na matriz de sílica-magnetita e na matriz de sílica-
magnetita-P(N-iPAAm). As porcentagens dos elementos carbono (C), hidrogênio (H) e
92
nitrogênio (N) na sílica pura e nas amostras com magnetita e com P(N-iPAAm) são mostradas
na Tabela 13.
Tabela 13 - Porcentagens dos elementos carbono (C), hidrogênio (H) e nitrogênio (N)
contidos nas amostras puras e incorporadas.
Conforme Tabela 13, observa-se que há um percentual expressivo do elemento carbono para
DOX pura em torno de 41%. Nas amostras incorporadas com DOX, observa-se que há um
aumento da %C variando de 1 a 15%. Este resultado indica que houve a incorporação da
DOX nas matrizes estudadas.
Vários estudos vêm utilizando a DOX como fármaco-modelo para avaliar o estudo de
liberação em várias matrizes como: sílica mesoporosa, nanopartículas de magnetita,
polímeros, nanatubos de carbono, entre outros (HUANG, et al; 2011, GU, et al; 2012, WEN,
et al; 2013, CHEN, et al; 2013). Os resultados obtidos nestes estudos revelaram que a
liberação da DOX é favorecida com o pH mais ácido em torno de 5,0 em comparação com o
pH neutro de 7,4.
Neste trabalho, foi realizado o estudo de liberação do fármaco Doxorrubicina (DOX) nas
diferentes amostras puras e híbridas em dois pHs 5,5 e 7,4 (Figura 48).
93
40
SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm) SBA-16/Fe3O4/P(N-iPAAm)
14
SBA-16/P(N-iPAAm) SBA-16/P(N-iPAAm)
12
30
(%)Massa Liberada
(%)Massa Liberada
10
8 20
4 SBA-16 10
SBA-16/Fe3O4 SBA-16
2 SBA-16/Fe3O4
pH = 7,4 pH = 5,0
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (horas) Tempo (horas)
(a) (b)
transição de fases do gel P(N-iPAAm) pode ter contribuído para o aumento na taxa de
liberação da DOX.
40
30
(% )Massa Liberada
20
10
0
SBA-16/P(N-iPAAm) 37 C
0
0 SBA-16/P(N-iPAAm) 45 C
0 10 20 30 40 50 60 70 80
Tempo (horas )
A 37ºC, a quantidade de DOX liberada foi menor do que à 45ºC em torno de 3%, conforme
mostra os perfis de liberação da Figura 49. Portanto a temperatura influencia diretamente na
liberação da DOX tanto pelo fato de contribuir na contração do gel P(N-iPAAm) quanto pelo
aumento da difusão da DOX para o meio externo.
(% )Massa Liberada
12
0
SBA-16/Fe3O4 (com campo)
SBA-16/Fe3O4 (sem campo)
6 - CONCLUSÕES
Pelas análises de raios X não foi observado nenhum pico referente a outras possíveis fases
magnéticas, além da fase da magnetita. A espectroscopia Mössbauer complementou os dados
de raios X, evidenciando que se trata de uma fase pura de magnetita estequiométrica.
As medidas de difração de raios X a baixos ângulos mostraram que tanto a amostra de SBA-
16 pura quanto as demais amostras híbridas apresentaram um único pico de reflexão que
indica a presença de um arranjo estrutural cúbico de corpo centrado.
Por meio da TG e da análise elementar (CHN) foi possível quantificar a presença do gel
polimérico nas amostras sintetizadas neste trabalho. O SBA-16 e o compósito SBA-16/Fe3O4
apresentam excelente estabilidade térmica na faixa de temperatura investigada, uma vez que
não sofreram nenhuma decomposição ou degradação estrutural. Além disso, foi possível
determinar que na faixa de temperatura de 150-600°C ocorreu a degradação das cadeias
poliméricas presentes no P(N-iPAAm).
do P(N-iPAAm). As imagens de MEV mostraram que a magnetita pura apresenta cristais com
forma octaédrica.
Imagens de MET aliadas à análise de XPS mostraram que as partículas de magnetita estão
recobertas pela sílica. Além disso, as imagens de MET mostraram que a incorporação da
magnetita e do P(N-iPAAm) não destruiu o ordenamento cúbico da sílica, sendo possível
visualizar os canais unidirecionais, bem como os poros cúbicos das amostras modificadas na
superfície.
Resumindo, o sistema aqui proposto apresenta grande potencial para tratamento do câncer
através da liberação controlada de drogas quimioterápicas associadas à magnetohipertermia, o
que pode resultar um sinergismo de tratamentos.
98
7 - TRABALHOS FUTUROS
8- PRODUÇÕES CIENTÍFICAS
Artigo submetido
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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