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PROJETO DE PESQUISA

Síntese, Caracterização e Aplicações Biomédicas de Veículos


nanoparticulados de óxidos de ferro e ouro contendo ácido
acetilsalicílico

Bolsista: Isabella Carelli Carvalho


Orientadora: Profa. Dra. Paula Silvia Haddad Ferreira
Coorientadora: Maria Lúcia Schumacher Rocha

Departamento de Química- Universidade Federal de São Paulo-campus de Diadema

Agosto 2023
Resumo do Projeto

O presente projeto é focado na síntese, caracterização e avaliação da


citotoxicidade de nanopartículas de óxido de ferro do tipo magnetita (Fe3O4) e ouro
(Au). Para tanto, serão estudadas as características físico-químicas das nanopartículas
(NPs) sintetizadas através dos métodos de coprecipitação através de sais de ferro e da
redução por citrato de sódio.
O objetivo da primeira etapa do projeto será explorar os fatores que interferem
na estrutura, morfologia e nas características magnéticas e ópticas desta classe de
compostos, uma vez que eles influenciam diretamente nas propriedades destes
materiais. Serão realizadas funcionalização da superfície destas partículas com
moléculas biocompatíveis como a quitosana (CS) e ácido mercaptosuccínico (MSA) em
diferentes proporções mássicas entre as NPs e ancorar nestes veículos a moléculas
bioativa ácido acetilsalicílico (aspirina). As caracterizações estrutural, morfológica,
magnética, óptica e a eficiência de funcionalização de ligantes na superfície das NPs,
assim como o raio hidrodinâmico e a estabilidade coloidal serão realizadas por
diferentes técnicas. A segunda etapa do projeto foca na utilização destes sistemas como
veículos liberadores destes fármacos em células como fração mononuclear e células
tumorais.
1. Caracterização do problema

O desenvolvimento de novos materiais nanoparticulados tem recebido uma


atenção especial nas últimas décadas devido às suas aplicações em diferentes áreas da
ciência, como armazenamento de dados1,2, catálises3,4,5, remoção e remediação de
contaminantes em efluentes6,7,8 e em aplicações biomédicas9,10,11,12,13.
Focando em aplicações biomédicas, as estruturas nanométricas apresentam
diversas vantagens farmacocinéticas e farmacodinâmicas, tornando-as eficientes
sistemas de liberação controlada de fármacos. Em especial, nanopartículas
superparamagnéticas de óxido de ferro (Superparamagnetic Iron Oxides Nanoparticles-
SPIONs), tais como a magnetita (Fe3O4) e maguemita (-Fe2O3), são de grande interesse
devido às suas propriedades exclusivas, como superparamagnetismo14 e
biocompatibilidade15. Por possuírem grande área superficial permitem a funcionalização
de suas superfícies com moléculas biocompatíveis e com grupamentos que possibilitam
a incorporação de fármacos que poderão ser direcionados ao seu local de ação, por ação
de um campo magnético, evitando que venha a atuar em outros órgãos ou tecidos,
reduzindo assim os efeitos colaterais, menor risco de toxicidade, menor tempo de
circulação no organismo, com controle adequado da dose, local de ação e tempo de
eliminação16.
Os nanomateriais diferem de outros materiais por dois fatores principais: o
aumento da área de superfície e os efeitos quânticos. Sendo assim, podem ter
propriedades como reatividade, características elétricas e comportamentos in vivo
modificados17. As propriedades dependentes do tamanho e a proximidade das dimensões
de macromoléculas biológicas levaram a uma aproximação entre nanotecnologia e
biologia, trazendo grandes avanços em diagnósticos médicos, terapias específicas, bem
como para biologia molecular e celular. A combinação de nanotecnologia molecular e
biologia possibilita a geração de novos materiais capazes de analisar as estruturas
celulares em nível molecular de processos até então impossíveis de investigar. A faixa
de tamanho dessas partículas, que possuem maior interesse no campo da biologia e da
medicina, está entre alguns poucos nanômetros até algumas centenas de nanômetros,
materiais que, neste intervalo, possuem diferentes propriedades. A área da superfície
aumenta drasticamente, o que irá apresentar um novo produto químico com
propriedades físicas melhoradas em comparação ao mesmo material em tamanho maior.
Assim, o tamanho da partícula influência nas propriedades físico-químicas e
farmacocinéticas. Partículas maiores são usadas como agente de contraste para
ressonância magnética do trato gastrointestinal, enquanto partículas menores (20 nm)
são úteis como carreadores de fármacos para tratamento de tumores10. As NPs
magnéticas de óxidos de ferro possuem excelente estabilidade química e física, controle
preciso sobre composição e estrutura, sendo o sucesso de sua aplicação prática
dependente dessas propriedades18,19,20.Existem limitações que incluem baixo momento
magnético, baixa sensibilidade no diagnóstico por ressonância magnética nuclear e
baixa capacidade de carregamento. A fim de superar essas limitações, novas formas de
NPs magnéticas com alto momento magnético, multifuncionalidade e alta carga de
droga foram desenvolvidas. SPIONs podem conter uma monocamada de tióis (R-SH),
com pares de elétrons disponíveis, conhecida como camada protetora, a qual permite a
introdução de grupos funcionais por modificações químicas21,22,23. Estes grupos
funcionais podem conter o fármaco desejado para uma aplicação médica. Em aplicações
biomédicas, SPIONs podem ser usadas como marcadores celulares24, como veículos
transportadores de drogas25,26,27,28, aumento do contraste em ressonância magnética
(RMI)29,30 e em terapias fotoativas para o tratamento de câncer e doenças parasitárias31,32,33
. Em relação ao caráter magnético, NPs com comportamento superparamagnético34 à
temperatura ambiente apresentam melhores respostas à aplicação de campos magnéticos
e, consequentemente, podem ser aplicadas em doses menores. Isso se traduz na
formação de monodomínios magnéticos, coercividade e remanências nulas e altos
valores de magnetização. A não retenção de magnetização após a retirada do campo
magnético aplicado é essencial para evitar a formação de aglomerados e, assim,
contribuir para a estabilidade e a dispersão das amostras em solução ou no corpo
humano35. Importante salientar que o uso prático de NPs de óxidos de ferro como a
magnetita (Fe3O4) pode ser limitado pela tendência a sofrer oxidação, formar grandes
agregados, alterando, assim, suas propriedades magnéticas. Além disto, partículas
paramagnéticas se agregam após a exposição a um campo magnético e assim tornam-se
maiores e podem provocar problemas como embolias.
Portanto, torna-se importante o desenvolvimento de metodologias para o
revestimento das suas superfícies para melhorar a estabilidade frente à oxidação e
facilitar a funcionalização para ligação de moléculas de interesse. O revestimento pode
ser obtido com uma camada protetora de um material biocompatível envolvendo as
NPs. Neste contexto, a presença de uma camada protetora, como Au e Ag36,37, contribui
para o aumento da dispersão, da estabilidade química, da biocompatibilidade e,
sobretudo, facilita a ligação covalente de moléculas de interesse, como biomoléculas38,39.
A otimização das propriedades em foco descritas acima possui uma forte dependência
do método de síntese utilizado para obtê-las.
É necessário desenvolver a habilidade sintética de condicionar as propriedades
de NPs em termos de tamanho, forma e composição, proporcionando que elas exibam
propriedades magnéticas e eletrônicas específicas quando comparadas com compostos
semelhantes. Cada nova propriedade fornece grandes mudanças na área biomédica.
Portanto, é de suma importância, uma vez obtidas as NPs em solventes orgânicos, fazer
uma troca de ligantes no intuito de transferir as mesmas para uma fase aquosa.

1.1 Propriedades Superparamagnéticas das nanopartículas

Os materiais magnéticos em dimensões nanométricas apresentam


comportamentos característicos e diferentes em relação aos homólogos macroscópicos.
Trata-se do superparamagnetismo, que foi descrito inicialmente por Bean e Livingston
no final da década de 5040 e que faz analogia entre o comportamento do pequeno
momento magnético de um único átomo paramagnético e o momento magnético muito
maior de uma partícula nanométrica que surge do acoplamento de muitos spins
atômicos no monodomínio. Isso ocorre devido às NPs apresentarem mono domínios, e
quando magnetizadas, apresentarem os spins alinhados uniformemente na mesma
direção. Neste caso, a magnetização só pode ser modificada pela rotação simultânea de
todos os spins das NPs. Quando as partículas são pequenas o suficiente para que a
energia térmica seja suficiente para superar a energia necessária para mudar a orientação
dos spins, o momento magnético da NP como um todo passa a sofrer os efeitos da
agitação térmica, sendo característica do superparamagnetismo41,42. Em diâmetros acima
de um diâmetro crítico (DC), as partículas estão na condição de multidomínios e
apresentam a curva histerese mais larga, ou seja, apresentam altos valores de
coercividade, característica de materiais ferromagnéticos. Em diâmetros abaixo de DC,
observa-se a formação dos monodomínios magnéticos, e sua histerese característica é
marcada por uma curva fechada e que apresenta coercividade zero, ou seja, não é
necessária aplicação de campo magnético externo para a sua total desmagnetização,
sendo esta uma característica marcante do superparamagnetismo. É este comportamento
superparamagnético exclusivo, que após a aplicação de um campo magnético externo,
fornece respostas magnéticas mais fortes e mais rápidas em relação ao homólogo
macroscópico. O caráter de superparamagnetismo é de grande importância para
utilização destes sistemas nanoestruturados como carreadores de fármacos, por
exemplo, uma vez que se pode carrear o fármaco até a um alvo específico no corpo, sob
a influência de um campo magnético externo. Após a remoção do campo magnético, as
NPs não retêm o magnetismo residual, e não ocorre formação de aglomerados, evitando
a captação por fagócitos e dessa forma aumentar a sua meia-vida na circulação33. É
dentro deste estudo que este projeto se situa, no estudo físico-químico das propriedades
magnéticas e estruturais das nanopartículas de óxido de ferro.

1.2. Nanopartículas de Au

Encontra-se uma vasta gama de trabalhos na literatura abordando nanopartículas


de Au e Ag43,44,45. As NPs de Au, em especial, podem ser utilizadas em diferentes áreas
de investigação biomédicas46,47, como terapia fototérmica48 e carreadores de fármacos49.
Elas têm sido amplamente estudadas na utilização da detecção e terapia do cancro50,51.
Estas NPs também são estudadas como transportadoras de fármacos de Pt
anticancerígenos com um melhor alcance e absorção nas células dos órgãos alvo52. A
prata coloidal possui boa condutividade, atividade catalítica e antibacteriana e por estas
características são aplicadas em diversas aplicações como desinfecção de dispositivos
médicos, tratamentos de águas, embalagens para armazenamento de alimentos, entre
outras53. A coloração avermelhada característica das nanopartículas de Au está
relacionada com seu tamanho reduzido e uma grande densidade eletrônica encontrada
na sua superfície. Seguindo a teoria de Mie54, a dispersão luminosa produzida pela
incidência de luz sobre a superfície das NPs de Au deve-se às oscilações dos elétrons na
banda de condução (ressonância plasmônica) que se propagam como ondas o que
conduz ao valor característico de absorção55. Portanto, investigar estes dois sistemas
e/ou unir as funcionalidades das NPs superparamagéticas com os metais de Au se faz
interessante na área médica.
De forma geral, as partículas que têm uma superfície hidrofóbica são
eficientemente opsonizadas por proteínas plasmáticas e, deste modo, são rapidamente
removidas da circulação, enquanto as partículas que são mais hidrofílicas podem resistir
à opsonização, e são eliminadas mais lentamente. Isto tem sido utilizado como uma
estratégia para obter partículas capazes de vencer o sistema fagocitário mononuclear
através da estabilização estérica das NPs por uma camada de cadeias de moléculas
hidrofílicas.
1.3. Recobrimento da superfície das nanopartículas
É de grande importância o revestimento das NPs metálicas, uma vez que se evita
a oxidação dos íons metálicos, aglomeração das NPs e principalmente, torná-las
biocompatíveis, diminuindo a toxicidade, aumentando a dispersão das NPs em água e
ainda uma estratégia eficiente para ancorar fármacos, biomoléculas, ou outros
compostos que apresentem alguma atividade biológica na superfície das NPs. Esses
revestimentos das NPs metálicas são de diversos tipos, como moléculas orgânicas
relativamente pequenas (glicose, ácido glucônico)56, surfactantes57, polímeros
(polietilenoglicol, quitosana)29,58,59,60,61,62, nanoestruturas (dendrímeros)27 inorgânicos
(ouro, prata, silício)63, entre outros. Conferindo a relevância da escolha de moléculas de
revestimento, funcionalizando as superfícies das NPs com ligantes hidrofílicos e não
tóxicos, destacaremos neste projeto moléculas que contenham grupos pares de elétrons
disponíveis para ancoragem de outras moléculas bioativas como antibióticos e anti-
inflamatórios, tais como e ácido mercaptosuccínico (MSA - mercaptosuccinic acid),
que possui um grupo tiol-SH (Fig. 1A) livre e o polímero de quitosana (Fig. 1B) que é
um polímero utilizado como veículos de liberação controlada de diferentes fármacos.
O
HO
OH
O SH

(A) (B)

Figura 1. Estruturas das moléculas: (A): molécula tiolada MSA; (B): polímero
biodegradável quitosana.
De acordo com Molina et al9., quando moléculas de MSA estão presentes sobre
a superfície das NPs de ferro, os grupos carboxílicos existentes ligam-se à superfície da
NP, enquanto os grupos tióis laterais da molécula ficam livres e podem se coordenar a
outras moléculas. MSA é uma molécula de baixa massa molecular, a qual possui apenas
um grupo tiol, evitando a interação entre eles, deixando os elétrons livres na superfície
da nanopartícula para introdução de grupos funcionais por modificações químicas, além
de tornar tal superfície hidrofílica e biocompatível. Quitosana é usada em aplicações
biomédicas como liberação e encapsulação de fármacos64. A quitosana (poli-(1,4) -D-
glucosamina), um polissacarídeo catiônico, é grandemente utilizada na engenharia de
tecidos e na confecção de biomateriais por apresentar importantes propriedades como:
baixo custo, biodegradabilidade, biocompatibilidade e por ser muco aderente65. Além
disso, a quitosana apresenta ação microbicida frente a uma série de microorganismos
patogênicos, incluindo bactérias Gram-positivas e Gram-negativas66. Por ser um
polissacarídeo catiônico, a quitosana liga-se às paredes celulares e às membranas de
microorganismos, causando seu rompimento67.
Nesse contexto, este projeto se direciona em aliar as propriedades bicompativéis
magnéticas das SPIONs e das NPs de Au com moléculas tioladas como o MSA e
polímeros biocompatíveis, como a quitosana na obtenção de veículos carreadores de
fármacos, como, por exemplo, antiinflamatórios como o ácido acetilsalicílico, que é um
não-esteroide, ou seja possui propriedades anti-inflamatória (atua na inflamação),
analgésica (atua na dor) e antitérmica (atua na febre) e foi escolhido como um bom
modelo para ensaios biológicos de citotoxicidade destes veículos.
Dentro deste contexto este projeto de divide em duas principais vertentes, sendo
a primeira o estudo da síntese e caracterização sistemática de NPs recobertas com os
ligantes MSA e quitosana e ancoragem do antiinflamatório nestes sistemas. Vale
ressaltar que os ligantes já são explorados na literatura e possuem a função de facilitar a
ancoragem do fármaco ácido acetilsalicílico (aspirina)
A segunda vertente se direciona a ensaios biológicos como citotoxicidade em
células saudáveis para posterior utilização destas NPs como veículos carreadores de
drogas. É dentro deste contexto que este projeto se encaixa, ou seja, promover um
desenvolvimento mais aprofundado de duas áreas da ciência: Nanotecnologia e a
Biotecnologia, que são interdisciplinares e abrangem atividades cruzando tecnologia da
informação, ciências exatas, ciências biológicas e engenharias.

2. Objetivos e Metas a serem alcançados

Os objetivos gerais deste trabalho são explorar o efeito dos parâmetros como
tamanho, forma, distribuição, cristalinidade e recobrimento nas propriedades
magnéticas de NPs sintetizadas de óxidos de ferro e ouro recobertas com ligantes, MSA
e quitosana e a posterior ancoragem de fármaco na superfície destas nanopartículas.

Pretende-se investigar:
1. Síntese de nanopartículas de Fe3O4 através do método de coprecipitação de sais de Fe.
2. Síntese de nanopartículas de Au através do método de redução com citrato de sódio;
3. Estudo da funcionalização das superfícies nas NPs com a molécula de MSA e o
polímero de quitosana;
4. Ancoragem da molécula bioativa: ácido acetilsalicílico;
5. Caracterização estrutural, espectroscópica, morfológica e magnética destas NPs;
6.Ancoragem das moléculas bioativas como diclofenaco potássico e ácido
acetilsalicílico;
7. Ensaios de citotoxicidade em células saudáveis como da fração mononuclear

3. Metodologia a ser empregada

3.1. Síntese de nanopartículas ferromagnéticas por coprecipitação


As NPs de óxido de ferro, (Fe3O4), em meio aquoso serão preparadas pela
coprecipitação dos sais de cloreto férrico hexahidratado (FeCl3.6H2O) e ferroso
tetrahidratado (FeCl2.4H2O), em meio ácido (HCl 0.1 molL-1), através da precipitação
com uma base fraca, NH4OH. Resumidamente, misturam-se soluções aquosas de
FeCl2.4H2O (1,0 molL-1) e FeCl3.6H2O (0,5 molL-1) na razão volumétrica de 1:4, em um
volume total de 5,0 mL. Em seguida, esta mistura será mantida sob forte agitação em
agitador mecânico à temperatura ambiente, enquanto 50 mL de uma solução de
hidróxido de amônio, NH4OH (0,7 molL-1) será lentamente adicionada (~20 min),
resultando imediatamente em um precipitado negro. O sólido resultante será decantado,
lavado com álcool etílico e seco. O produto obtido será um pó muito fino e negro. A
este pó serão adicionados 7 mL de ácido oleico sob agitação por 1 hora. O sólido
formado novamente será decantado, lavado e isolado.

3.2. Síntese de nanopartículas de Au


As NPs de Au serão preparadas por vários métodos, entre eles o de redução por
citrato de sódio desenvolvido por Turkevich et al68. Serão adicionados 420 μL de
HAuCl4 (0,125 mol. L-1) em um béquer contendo 94,6 mL de água ultrafiltrada. O
béquer será colocado sob aquecimento e agitação tampado com vidro de relógio até
atingir temperatura de 90 ºC. Em seguida uma solução de citrato de sódio (10 mg. mL-1)
será adicionada sob temperatura e agitação constantes por 20 minuto. Após essa etapa a
solução será gradualmente resfriada e conservada em geladeira (± 4 ºC).
Toda síntese será seguida de análise através da técnica UV-Vis para a
observação do plasmon do Au, confirmando assim a formação das NPs de Au

3.3. Funcionalização da Superfície das Nanopartículas

3.3.1. Recobrimento da superfície das NPs com MSA.Troca de ligantes das SPIONs
recobertas com ácido oleico
Uma determinada massa seca de SPIONs contendo ácido oleico será dispersada
em um volume de tolueno, a fim de substituir a camada do ligante ácido oleico,
enquanto o ligante MSA em diferentes razões mássicas, como por exemplo,
Fe3O4:ligante = 1:5 e 1:10, será dissolvido em dimetilsulfóxido (DMSO). Então a
dispersão e a solução serão misturadas e vigorosamente agitadas por 14 horas a
temperatura ambiente, produzindo um sólido escuro, o qual será decantado
magneticamente através de um imã, lavado diversas vezes utilizando álcool etílico e sua
secagem será feita no dessecador a vácuo.

3.3.2. Recobrimento da superfície das NPs com quitosana


A adição da quitosana para recobrimento será feita adaptando-se trabalhos
reportado na literatura10, usando diferentes razões de massa de NPs:ligante. A uma
suspensão de 100 mg de NPs em 5 mL de ácido acético, adicionar 500 mg de ligantes
tiolados/quitosana em 5 mL de água Milli Q, mantendo a agitação magnética constante
por 1 hora. A dispersão será centrifugada e o precipitado será lavado diversas vezes com
etanol e seco em dessecador, obtendo então as NPs recobertas com quitosana

3.4. Funcionalização das NPs com ácido acetilsalicílico


A ancoragem do fármaco será feita por dois métodos distintos. Um deles será
adicionando o fármaco ao ligante (MSA) e em seguida reagir o ligante contendo o
fármaco com as NPs. De forma sucinta serão preparadas soluções aquosas, ou
tamponadas, com a molécula biocompatível e à mesma será adicionado o fármaco. A
solução será agitada por 2 horas e após o tempo, uma quantidade (~0,2 g) de NPs
dissolvidas em 20 mL de água deionizada serão adicionadas à solução anterior, seguido
de agitação por mais 1 hora. As nanopartículas ancoradas serão separadas do
sobrenadante por centrifugação, lavadas com água deionizada por cerca de três vezes e
mantidas em dessecador.
O outro método será dispersar as NPs recobertas com o ligante em água
deionizada juntamente com uma solução dos fármacos e deixar agitando por tempos e
temperaturas distintas.
A proposta é realizar uma adsorção física entre os grupos orgânicos do fármaco
com os grupos tióis livres e/ou pares de elétrons desemparelhados das moléculas
biocompatíveis que estarão nas superfícies das NPs.

3.5. Medidas de eficiência da funcionalização da superfície das


nanopartículas com grupamentos tióis
A quantificação dos grupamentos tióis (SH) adsorvidos na superfície das
nanopartículas funcionalizadas com ácido mercaptosuccínico, cisteína e glutationa será
realizada por reação com o 5’,5’-ditiobis-(2-ácido nitrobenzóico) (DTNB, C14H8N2O8S2,
M.M 396,3 g/mol). Os grupos tióis (SH) livres reagem com o DTNB, reduzindo-o ao
ácido 5-mercapto-2-nitrobenzóico (TNB), o qual apresenta uma banda de absorção
característica em 412 nm (ε = 15.7 mmolL-1cm-1)69. Amostras lavadas de nanopartículas
ferromagnéticas funcionalizadas com os grupamentos tióis serão incubadas com uma
solução aquosa de DTNB (1 mmol/L) em tampão fosfato (pH 7,4) por 5 min. Após esse
tempo, a solução será centrifugada por 10 mim a 5 000 rpm será medida absorbância do
sobrenadante em 412 nm num espectrofotômetro Uv-Vis Agilent 8453.

3.6. Caracterização das Nanopartículas


A estrutura cristalográfica das NPs será confirmada por difração de raios X por
policristais (XRPD - X-Ray Powder Diffraction) e espectroscopia no infravermelho por
Transformada de Fourier (FTIR - Fourier Transform Infrared Spectroscopy) e
espectroscopia de absorção no ultravioleta visível (UV-vis). Pretende-se investigar as
propriedades magnéticas das NPs magnéticas com em um equipamento SQUID
(Superconducting Quantum Interference Device). O tamanho médio das nanopartículas
em dispersão, PDI e potencial zeta, serão determinados por espectroscopia de correlação
de fótons utilizando-se um Nano ZS Zetasizer, Malvern Instruments Corp. A eficiência
de funcionalização das moléculas tioladas será determinada através da quantificação dos
grupos SH em dispersões de nanopartículas por titulação com ácido 5,5-ditiobis(2-
nitrobenzóico) (DTNB).
3.7 Quantificação do fármaco adsorvidos nas NPs através da espectrometria
de absorção molecular na região do ultravioleta e visível (UV-Vis)
A aspirina possui bandas de absorção características em solução aquosa podendo,
portanto, ser quantificada por espectrofotometria UV-Vis. Uma curva de calibração será
construída com soluções do fármaco citado em água mili Q-etanol absoluto 50/50% v/v.
As soluções serão transportadas para uma cubeta de quartzo com 1 cm de comprimento
e medir-se-á suas absorbâncias com auxílio de um espectrofotômetro Agilent 8453 com
sistema Peltier controlador de temperatura, localizado no laboratório Max Planck, o
qual a proponente é coordenadora (UNIFESP – Diadema). O coeficiente de
absortividade molar obtido a partir da curva (ε) será verificado na literatura para
posterior quantificação dos fármacos na superfície das NPs.

4. Avaliação biológica dos sistemas preparados

Os ensaios biológicos dos materiais serão realizados em colaborações já


estabelecidas com o Prof. Fernando Fonseca (UNIFESP/ FMABC)

5. Cronograma de Execução
1. Revisão bibliográfica; 2. Síntese e caracterizações estruturais, morfológicas e
magnéticas das nanopartículas; 3. Funcionalização com os ligantes tiolado e polimérico;
4. Ancoragem e quantificação do fármaco; 5. Ensaios in vitro; 6. Apresentação dos
resultados em eventos científicos; 7. Redação de artigos científicos para periódicos
internacionais indexados; 8. Redação de relatórios científicos anuais.
Cronograma semestral de atividades

Meses 2 4 6 8 12
Atividades
1 X X
2 X X
3 X X X X
4 X X X
5 X X X X
6 X X X
7 X X
8 X X X
6. Referências

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