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NASCIMENTO RG1*, PORFÍRIO MCP¹, SANTOS LS¹, VELOSO CM¹, BONOMO RCF1,
FONTAN RCI1.
1
Laboratório de Engenharia de Processos, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia,
Itapetinga, BA,
*E-mail para contato: rui3091@hotmail.com
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Reagentes
Todos os reagentes necessários para o desenvolvimento desse trabalho possuíam, no
mínimo, grau analítico PA-ACS, sendo descritos ao longo do detalhamento das metodologias.
Foi utilizada água destilada e os equipamentos e materiais também foram descritos na
sequência, nos momentos em que foram usados.
Para síntese dos criogéis foram adaptadas metodologias propostas por Kumar et al. (2006)
e Yao et al. (2006). 4,4 g de AAm, 1,2 g de BAAm e 1,4 g de AGE foram solubilizadas em um
volume total de 100 mL de água destilada. Em seguida, em banho de gelo, foram adicionados
140 µL de solução de persulfato de amônio (APS) na concentração de 0,5 g/mL e 91 µL de
N,N,N’,N’-tetrametiletilenodiamino (TEMED. Após rápida homogeneização da solução, a
mesma foi imediatamente vertida em seringas plásticas de 5mL, sendo as mesmas fechadas e
mergulhadas em banho termostático à - 12,0 °C por 24 h. Decorrido esse tempo, as seringas
foram deixadas à temperatura de 4°C por 4 h para o descongelamento da água existente.
Posteriormente, as seringas contendo os criogéis foram colocadas em estufa a 60°C até os
criogéis estarem completamente secos. Em seguida, os criogéis tiveram as extremidades
cortadas para retirar partes defeituosas. Os criogéis foram então lavados com 200 mL de água
destilada, utilizando-se uma bomba peristáltica na vazão de 1,5 mL.min-1 e foram secos em
estufa e as massas foram medidas em balança analítica. Em seguida, os criogéis estavam prontos
para serem submetidos ao método de funcionalização.
Inicialmente uma solução de Na2CO3 (20 mL, 0,5 M) foi agitada juntamente com o com
o monolito por 1 hora, seguida da solução de Na2CO3 1M (20 mL) na mesma quantidade de
tempo. Posteriormente, uma solução de IDA (0,5 M em 1,0 M de N a2C O3, pH 10,0) foi
colocada em contato com a coluna, durante 24 h à temperatura ambiente. Após estas etapas, o
criogel modificado foi lavado com Na2CO3 0,5 M (20 mL) por uma hora e em seguida com
Após a ativação os criogeis foram colocados em estufa a 60°C e após a secagem obteve-
se uma coluna adsorvente monolítica supermacroporosa de afinidade por ions metálicos
imobilizados..
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Imagens dos criogéis produzidos e posteriormente funcionalizados com cobre são
apresentados na Figura 1. Os criogéis supermacroporosos de poliacrilamida apresentaram
estrutura esponjosa e elástica quando hidratados, conforme relatado em diversos trabalhos
(Carvalho et al.,2017; Gonçalves et al., 2017; Fontan et al.,2018). Devido à alta elasticidade,
tais monólitos podiam ser suavemente comprimidos mantendo a integridade de sua estrutura.
Além disso, as matrizes também apresentaram boa estabilidade aos processos de secagem e
hidratação, características que fazem dos criogéis de poliacrilamida um material promissor para
ser utilizado em processos de purificação (Fontan et al.,2018). As matrizes funcionalizadas
apresentaram coloração específica para o íon metálico utilizado, diferentemente do criogel base
(sem ativação e imobilização). Esta coloração se ao íon metálico, que é imobilizado ao agente
quelante por ligações de coordenação formadas entre o íon metálico e átomos de nitrogênio,
oxigênio ou enxofre presentes na estrutura do agente quelante.
Criogel
Parâmetro Controle Funcionalizado
Capacidade de inchamento (kg/kg) 18.77 ± 0.950 18.93 ± 1.590
Grau de expansão (L/kg) 18.55 ± 2.101 19.53 ± 0.980
Fração de macroporos 0.828 ± 0.019 0.782 ± 1.024
Fração de meso/microporos 0.103 ± 0.020 0.169 ± 0.021
Fração de água ligada 0.023 ± 0.001 0.011 ± 0.001
Fração de polímero seco 0.046 ± 0.002 0.044 ± 0.002
Porosidade total 0.941 ± 0.003 0.931 ± 0.002
Verifica-se que os valores relacionados aos criogeis controle e ativados com cobre, pouco
diferiram para as variáveis estudadas, exceto para fração de macroporos que apresentou
elevação. A capacidade de inchamento é um parâmetro que mede a expansão da matriz do
criogel, e quanto maior o seu valor, maior é a quantidade de água que pode ser absorvida na
estrutura dos criogéis (Gonçalves et al., 2017). Os valores encontrados nesse trabalho
demonstram então a alta capacidade de absorção de água apresentada pelos criogéis produzidos.
Outra medida útil para avaliação da expansão do criogel é o grau de expansão. Esse parâmetro
fornece uma relação entre a massa do criogel seco (em condição de armazenamento) e o volume
que o mesmo ocupa em condições operacionais (Fontan et al., 2018). Os valores obtidos para
o grau de demonstram que uma pequena massa de criogel seco ocupa um grande volume quando
hidratado, o que reforça a natureza porosa de sua estrutura (Da Silva et al., 2019). Já O valor
encontrado para fração de macroporos do criogel hidratado variou entre 78,2% para o criogel
contendo cobre e 82.8% para o criogel controle. Essa diferença provavelmente se deve ao alto
potencial de polimerização do agente quelante IDA, que atua como braço espaçador e diminui
o tamanho dos poros formados. Assim mesmo, a porosidade dos criogéis ativados apresentou-
se relativamente alta.
A partir da metodologia usada, foram avaliadas duas frações de poros distintas nas
matrizes A porosidade total dos monólitos variou entre 93,1% para o criogel ativado com cobre
e 94,1% para o criogel controle, indicando que a água presente nos criogéis saturados com água
representa mais de 93% de sua massa total.
4. CONCLUSÃO
Foi produzida uma matriz polimérica macroporosa funcionalizada com anilina para o uso
na captura de proteínas por interação hidrofóbica. Tal funcionalização foi confirmada a partir
das imagens de MEV. Foram avaliadas algumas modificações no processo de produção e
caracterização de criogéis. A enxertia ocorreu de modo dinâmico, ao invés do estático, com as
soluções ativadora e de AMPSA sendo bombeadas em circuito fechado através dos criogéis.
Tal alteração não provocou mudanças consideráveis na capacidade de inchamento (S) e no grau
(G) e densidade (D) de enxertia, mas o rendimento (E) da mesma foi inferior ao reportado na
literatura. Dessa forma, a matriz produzida apresenta potencial para utilização em processos de
captura de proteínas por interação hidrofóbica.
6. REFERÊNCIAS
BRESOLIN ITL, EVERSON AM, BUENO SMA. Cromatografia de afinidade por íons
metálicos imobilizados (IMAC) de biomoléculas: aspectos fundamentais e aplicações. Química
Nova. v. 32, p. 1288-1296, 2009.
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FONTAN RCI, BONOMO RCF, GONÇALVES GRF, MINIM VPR, MINIM LA. Alternatives
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GONÇALVES GRF, GANDOLFI ORR, SANTOS LS, BONOMO RCF, VELOSO CM,
VERÍSSIMO LAA, FONTAN RCI. Immobilization of sugars in supermacroporous cryogels
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SAVINA IN, MATTIASSON B, GALAEV IY. Graft polymerization of acrylic acid onto
macroporous polyacrylamide gel (cryogel) initiated by potassium diperiodatocuprate. Polym.
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TRANG HQ, JIANG L, MARCUS RK. Grafting polymerization of glycidyl methacrylate onto
capillary-channeled polymer (C-CP) fibers as a ligand binding platform: Applications in
immobilized metal-ion affinity chromatography (IMAC) protein separations. J Chrom B. v.
1110–1111, p. 144-154, 2019.