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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CÂMPUS DE PATO BRANCO


CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

MURILO NORIYUKI RUBIO MAEHASHI


EDSON LUIZ MARQUES JUNIOR

PROPRIEDADES DE RELAXAMENTO DIELÉCTRICO DAS


CERÂMICAS MODULADAS POR ESTEQUIOMETRIA

TRABALHO DE MATERIAIS CERÂMICOS E POLIMÉRICOS

PATO BRANCO
2021
MURILO NORIYUKI RUBIO MAEHASHI
EDSON LUIZ MARQUES JUNIOR

PROPRIEDADES DE RELAXAMENTO DIELÉCTRICO DAS


CERÂMICAS MODULADAS POR ESTEQUIOMETRIA

Trabalho de materiais cerâmicos e poliméricos apresentado


ao Curso de bacharelado em engenharia mecânica da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, como requisito
para a obtenção do tı́tulo de bacharelado em engenharia
mecânica.

Orientador: Dr. Valdir C. Silva

PATO BRANCO
2021
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

2 – MATERIAIS CERÂMICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.1 ESTRUTURAS DAS CERÂMICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2.2 IMPERFEIÇÕES NAS CERÂMICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

3 – CONDUÇÃO ELÉTRICA EM CERÂMICAS IÔNICAS . . . . . . . . . . . . 4


3.1 RESISTÊNCIA DIELÉTRICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2 MATERIAIS DIELÉTRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.3 FERROELETRICIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.4 RELAXAMENTO DIELÉTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

4 – O ELEMENTO TITANATO DE ESTRÔNCIO (SrT iO3 ) . . . . . . . . . . 6


4.1 SÍNTESE E COMPOSIÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2 CARACTERÍSTICAS DA GEOMETRIA ATÔMICA DO TITANATO DE ES-
TRÔNCIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.3 PROPRIEDADES MECÂNICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

5 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . 7


5.1 SÍNTESE E VARIAÇÃO NO COEFICIENTE ESTEQUIOMÉTRICO . . . . . 7
5.2 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DIELÉTRICA RELAXANTE A PARTIR
DO COEFICIENTE ESTEQUIOMÉTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
5.2.1 CERÂMICAS COM X < 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
5.2.2 CERÂMICAS COM X > 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
5.2.3 RELAÇÃO ENTRE AS EQUAÇÕES E OS COEFICIENTES ESTEQUI-
OMÉTRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5.3 TEORIA PARA A EXPLICAÇÃO DO RELAXAMENTO DIELÉTRICO . . . . 11
5.3.1 CERÂMICAS RICAS EM ESTRÔNCIO NÃO ESTEQUIOMÉTRICO . 11
5.3.2 CERÂMICAS RICAS EM TITÂNIO NÃO ESTEQUIOMÉTRICO . . . 11

6 – CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1

1 INTRODUÇÃO

Os materiais são, em sua maioria, um dos assuntos de grande importância dentro da


engenharia, pois, cada material é capaz de apresentar diferentes tipos de caracterı́sticas quando
expostos a uma determinada condição. Para o tal se torna necessário conhecer, classificar e
analisar de forma experimental cada um deles. Assim, buscando uma abordagem baseada na
composição quı́mica dos materiais e nas estruturas atômicas, se torna conveniente a classificação
em três grupos básicos: os metais, as cerâmicas e os polı́meros. Cada uma dessas classificações
contendo caracterı́sticas especı́ficas denominada de propriedades e formas especı́ficas de reagir
conforme a sua estrutura é requisitada.
Portanto a base dos materiais tem dois apoios, a primeira remete a base mais estrutural
onde a forma de arranjo espacial dos átomos e/ou moléculas é capaz de influenciar na estrutura
macroscópica e a segunda em propriedades dos materiais que são estı́mulos externos que são
capazes de causar respostas dentre essas propriedades podem ser citadas mecânica, elétrica,
magnética, térmica, óptica e deteriorativa.
Nas cerâmicas, a relação estrutura-propriedade demonstra uma certa flexibilidade para
muitas aplicações. Pelo fato de materiais classificados como cerâmicos serem formados por
elementos metálicos e não-metálicos sua estrutura molecular tende a ser em formato de cristais,
porém isto vai depender do formato da ligação. Já quando remete as propriedades das cerâmicas
se tem a seguinte análise:
1. Propriedades mecânicas: são relativamente rı́gidos e resistentes, com uma alta dureza,
extremamente frágeis (ausência de ductilidade) suscetı́veis a fratura;
2. Propriedades térmicas: isolante a passagem de calor e com o aumento da temperatura
tendem a ficar mais resistentes;
3. Propriedades elétricas: são isolantes à passagem de corrente elétrica (dielétricos);
4. Propriedades ópticas: podem ser transparentes, translúcidas ou opacas;
5. Propriedades magnéticas: algumas estruturas à base de óxidos que exibem um compor-
tamento magnético. (CALLISTER; SOARES, 2008)
Portanto com essas noções de que cada material possui caracterı́sticas diferentes é impor-
tante compreender que algumas destas propriedades tendem a ser mais evidentes que outras.
Dentre estas propriedades a que mais se destaca nas cerâmicas de titanato de estrôncio é sua
propriedade elétrica. (WANG et al., 2018)
As cerâmicas, em relação às suas propriedades elétricas, tendem a ser isolantes, porém
podem ser polarizadas por um campo elétrico que faz as cargas elétricas mudarem de posição
de equilı́brio médio ligeiramente. Quando este campo é removido ocorre um processo de
relaxamento que seria tempo necessário para o retorno ao estado original.
2

2 MATERIAIS CERÂMICOS

Os materiais cerâmicos são constituı́dos por materiais inorgânicos formados por elementos
metálicos e não-metálicos ligados por meio de ligações quı́micas. A maioria dos materiais
cerâmicos apresenta alta dureza e elevada resistência mecânica, porém são bastante frágeis e
com um elevado ponto de fusão. Podendo também apresentar caracterı́sticas piezoelétricas
e dielétricas, dentre esses os que mais se destacam são os cerâmicos com estrutura do tipo
perovskita, entre eles o STO (Titanato de Estrôncio) com permissividade elétrica de 300  e
ponto de fusão de 2080 ◦ C.

2.1 ESTRUTURAS DAS CERÂMICAS

As cerâmicas são compostas por pelo menos dois elementos e suas ligações atômicas variam
desde puramente iônica até totalmente covalente, muitas cerâmicas exibem uma combinação
desses dois tipos de ligação, sendo o grau da natureza iônica dependente das eletronegatividades
dos átomos. Quando a ligação atômica é predominantemente iônica, as estruturas cristalinas
podem ser consideradas como sendo compostas por ı́ons eletricamente carregados, em vez de
átomos. Os ı́ons metálicos, ou cátions, são carregados positivamente, pois doaram seus elétrons
de valência para os ı́ons não metálicos, ou ânions, que são carregados negativamente. Duas
caracterı́sticas dos ı́ons componentes em materiais cerâmicos cristalinos influenciam a estrutura
do cristal: a magnitude da carga elétrica em cada um dos ı́ons componentes e os tamanhos
relativos dos cátions e dos ânions.
Em relação a primeira caracterı́stica, o cristal deve ser eletricamente neutro, isto é, todas
as cargas positivas dos cátions devem ser equilibradas por igual número de cargas negativas
dos ânions.
O segundo critério envolve os tamanhos ou raios iônicos dos cátions e ânions, rc e ra ,
respectivamente. Uma vez que os elementos metálicos cedem elétrons quando ionizados, os
cátions são, normalmente, menores que os ânions e, como consequência, a razão rc /ra é menor
que a unidade. Cada cátions prefere ter tantos ânions como vizinhos mais próximos quanto
possı́vel.
Os ânions também desejam um número máximo de cátions como vizinhos mais próximos
em que essa razão de proximidade entre as bordas dos raios dos cátions e ânions determinaram
sua estabilidade como na figura 1.
Alguns materiais cerâmicos comuns são aqueles que existem números iguais de cátions e
de ânions. Com frequência, esses materiais são denominados como composto AX, nos quais A
representa o cátion e X o ânion. Se as cargas dos cátions e ânions não forem a mesma, poderá
existir um composto com fórmula quı́mica Am Xp , em que m e/ou p é diferente de 1.
Também é possı́vel para os compostos cerâmicos possuir mais que um tipo de cátion e
serem designadas como estruturas cristalinas do tipo Am Bn Xp como se observa no tópico 4.2.
3

Figura 1 – Configuração de coordenação ânion-cátion estável e instável. Os cı́rculos maiores


representam os ânions e os menores os cátions.

Fonte: (CALLISTER; SOARES, 2008)

2.2 IMPERFEIÇÕES NAS CERÂMICAS

Defeitos atômicos envolvendo átomos hospedeiros podem existir nos compostos cerâmicos.
Tanto lacunas quanto intersticiais podem ocorrer, entretanto, uma vez que os materiais
cerâmicos contêm ı́ons de pelo menos dois tipos, podem haver defeitos para cada espécie
de ı́on. Os defeitos por lacuna de ânions e cátions e um defeito instersticial do cátion estão
representados na Figura 2.

Figura 2 – Representação esquemática de lacuna do cátion, do ânion e de um cátion intersticial.

Fonte: (CALLISTER; SOARES, 2008)

A expressão estrutura de defeitos é usada com frequência para designar os tipos e con-
centrações de defeitos atômicos nas cerâmicas. Uma vez que os átomos existem como ı́ons
carregados, quando as estruturas dos defeitos são consideradas, devem ser mantidas as con-
dições de eletroneutralidade, que é o estado em que coexistem o mesmo número de cargas
positivas e negativas. Como consequência, os defeitos nas cerâmicas não ocorrem isolados.
Um desses defeitos é o defeito de Frenkel, em que um cátion deixa sua posição normal e
se move para o sı́tio intersticial. Outro defeito é o defeito de Schottky que consiste na remoção
de um cátion e de um ânion do interior do cristal, seguindo pela colocação de ambos os ı́ons
em uma superfı́cie externa.
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A razão entre o número de cátions e o número de ânions não é alterada pela formação de
um defeito de Frenkel ou um defeito de Schottky. Uma vez que tanto os cátions quanto os
ânions têm a mesma carga, e como para cada lacuna aniônica existe uma lacuna catiônica, a
neutralidade de cargas do cristal é mantida.
Se nenhum outro tipo de defeito estiver presente, o material será dito como estequiométrico.
A estequiometria pode ser definida como o estado para os compostos iônicos em que existem a
razão exata entre cátions e ânions prevista pela fórmula quı́mica.
Os átomos de impureza podem formar soluções dos tipos substitucional e intersticial em
materiais cerâmicos. Para uma solução sólida intersticial, o raio iônico da impureza deve ser
relativamente pequeno em comparação ao raio do ânion. Uma vez que existem tanto ânions
quanto cátions, uma impureza substitucional substituirá o ı́on hospedeiro ao qual ela mais se
assemelha no aspecto elétrico, se o átomo de impureza forma normalmente um cátion em um
material cerâmico, mais provavelmente ele substituirá um cátion hospedeiro.

3 CONDUÇÃO ELÉTRICA EM CERÂMICAS IÔNICAS

3.1 RESISTÊNCIA DIELÉTRICA

Quando campos elétricos muito grandes são aplicados através de materiais dielétricos, um
grande número de elétrons pode repentinamente ser excitado para energias dentro da banda
de condução. Como resultado, a corrente através do dielétrico devido ao movimento desses
elétrons aumenta drasticamente, esse fenômeno é conhecido como ruptura do dielétrico. A
resistência dielétrica, algumas vezes chamada de resistência à ruptura, representa a magnitude
do campo elétrico necessária para produzir a ruptura. Essa resistência dielétrica em materiais
podem ser mesuradas através da constade dielétrica cuja fórmula é dada como r = /0 , em
que o  indica a permissividade de um material dielétrico e o 0 a permissividade do vácuo que
é dada na ordem de 8,85 × 10−12 F/m.

3.2 MATERIAIS DIELÉTRICOS

Quando os dielétricos são colocados em um campo elétrico, praticamente nenhuma corrente


flui neles, porque, diferentemente dos metais, eles não têm elétrons fracamente ligados ou livres
que podem flutuar pelo material.
Em vez disso, ocorre polarização elétrica. As cargas positivas dentro do dielétrico são
deslocadas minuciosamente na direção do campo elétrico, e as cargas negativas são deslocadas
minuciosamente na direção oposta ao campo elétrico. Essa ligeira separação de carga, ou
polarização, reduz o campo elétrico dentro do dielétrico. Inúmeras cerâmicas são usadas como
isolante e/ou capacitores. Suas aplicações tı́picas incluem o isolamento elétrico e das linhas de
transmissão de energia,bases de interruptores e bocais de lâmpadas.
5

A titânia(T iO2 ) e as cerâmicas à base de titanato, tais como o STO, pode ser fabricada
com constantes dielétricas extremamente altas, o que torna especialmente úteis para algumas
aplicações em capacitores além da grande importância da proteção e segurança de pessoas e
equipamentos eletrônicos.

3.3 FERROELETRICIDADE

O grupo de materiais dielétricos chamado de ferroelétricos exibe polarização espontânea,


ou seja, polarização na ausência de um campo elétrico. Eles são análogos dielétricos aos
materiais ferromagnéticos, os quais podem exibir um comportamento magnético permanente. A
polarização espontânea desse grupo de materiais resulta como consequência de interações entre
dipolos permanentes adjacentes, que se alinham mutuamente, todos na mesma direção. Os
materiais ferroelétricos possuem constantes dielétricas extremamente elevadas sob frequência
relativamente baixas do campo aplicado, consequentemente, os capacitores feitos a partir desses
materiais podem ser significativamente menores que os capacitores feitos de outros materiais
dielétricos.

3.4 RELAXAMENTO DIELÉTRICO

O relaxamento dielétrico é o atraso momentâneo (ou atraso) na constante dielétrica de


um material. Isso geralmente é causado pelo atraso na polarização molecular em relação a um
campo elétrico variável em um meio dielétrico (por exemplo, dentro de capacitores ou entre
duas grandes superfı́cies condutoras). O relaxamento dielétrico em campos elétricos variáveis
pode ser considerado análogo à histerese em campos magnéticos variáveis (por exemplo, em
núcleos de indutor ou transformador). O relaxamento em geral é um atraso na resposta de um
sistema linear e, portanto, o relaxamento dielétrico é medido em relação aos valores dielétricos
de estado estacionário linear esperado (equilı́brio). O lapso de tempo entre o campo elétrico e
a polarização implica uma degradação irreversı́vel da energia livre de Gibbs.
Em fı́sica , relaxamento dielétrico se refere à resposta de relaxamento de um meio dielétrico
a um campo elétrico oscilante externo. Esse relaxamento é frequentemente descrito em termos
de permissividade em função da frequência , que pode, para sistemas ideais, ser descrita pela
equação de Debye. Por outro lado, a distorção relacionada à polarização iônica e eletrônica
mostra comportamento do tipo ressonância ou oscilador . O caráter do processo de distorção
depende da estrutura, composição e arredores da amostra. (SCAIFE, 1989)
6

4 O ELEMENTO TITANATO DE ESTRÔNCIO (SrT iO3 )

4.1 SÍNTESE E COMPOSIÇÃO

O titanato de estrôncio é um óxido de estrôncio e titânio. Sua sintetização foi feita no


final dos anos de 1940 e no inı́cio dos anos de 1950, para sua obtenção foi necessária uma
modificação em um processo denominado de processo básico de Verneuil ou como é mais
conhecido processo de fusão por chama.
O processo de sintetização começa com a obtenção do pó de alimentação que é derivado da
produção de sal duplo oxalato de titanil, este sal é produzido pela reação de cloreto de estrôncio
e ácido oxalato com o tetracloreto de titânio. Assim, para a obtenção do pó, o sal obtido é
levado para aquecer a 1000 °C, eliminando assim o cloreto e produzindo um pó granular, que
então é peneirado, garantindo que o tamanho das partı́culas sejam de 0,2 – 0,5 micrômetros.
O pó de alimentação se encontra com a chama de oxigênio, derretendo e ficando sobre
um pedestal capaz de girar e assim este produto vai descendo lentamente até que algumas
horas depois esse pó fundido esfria e cristaliza no formato de uma única pêra pedunculada.
Este produto ainda necessita passar por um recozimento a uma atmosfera oxidante para aliviar
as tensões e tornar o cristal incolor.
Assim, filmes de titanato de estrôncio podem ser cultivados epitaxialmente por diversos
métodos, dentre eles pulverização catódica de radiofrequência e deposição de camada atômica.
Dos materiais utilizados se encontram um maçarico de oxi-hidrogenação invertido juntamente
com o pó de alimentação e a adição de oxigênio por um terceiro tubo para que ocorra a
oxidação devido ao titânio.

4.2 CARACTERÍSTICAS DA GEOMETRIA ATÔMICA DO TITANATO DE ESTRÔNCIO

No caso deste elemento especı́fico tem uma variante que define qual vai ser o formato
geométrico dos átomos, a temperatura em que se encontra. Ao se deparar com uma temperatura
abaixo de 105 K o formato geométrico é de um sistema de cristal tetragonal, que nada mais é
do que o alongamento de uma rede cúbica de modo em que o cubo se torne um prisma.
Já a temperaturas acima de 105 K se percebe pela fórmula quı́mica que a estrutura do
titanato de estrôncio é do tipo Am Bn Xp que corresponde a uma estrutura conhecida como
Perovskita. Esta pode ser interpretada como uma combinação das estruturas cúbicas simples,
dentre elas a cúbica de corpo centrado e a cúbica de face centrada.
Óxidos estequiométricos com estrutura cristalina tipo perovsquita são representados por
dois tipos de cátions, A e B, formando um composto do tipo ABO3 , onde o cátion A é divalente
ou trivalente e possui maior tamanho, e B um cátion trivalete ou tetravalente com raio iônico
menor.
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A estrutura cristalina do SrT iO3 em temperatura ambiente é do tipo cúbica perovsquita.


No SrT iO3 , o cátion B (Ti) ocupa o centro de cada cubo enquanto que os cátions A (Sr)
ocupam os 8 vértices do cubo. Os oxigênios situam-se no meio de cada uma das 6 faces do
cubo, esquematizado na figura 3.
Quando o ı́on B se desloca do centro, a estrutura sofre uma deformação, ou seja, deixa
de ser centrossimétrica (fase paraelétrica) ela passa passa a ser não centrossimétrica (fase
ferroelétrica) com momento de dipolo resultante diferente de zero. (HESSEL, 2017)

Figura 3 – Representação da estrutura cúbica perovsquita do SrT i03 em temperatura ambiente.

Fonte: (BOCHER, 2009)

4.3 PROPRIEDADES MECÂNICAS

Por ser um material cerâmico, suas propriedades mecânicas não fogem muito do padrão:
• Resistência à fratura: muito baixa sendo extremamente frágil;
• Comportamento elástico: é considerado linear;
• Dureza: se comparado com outras cerâmicas, é muito mais macia.
Assim, quando comparado uma média entre as cerâmicas se observa que o valor de dureza
das cerâmicas de titanato de estrôncio são muito macias (entre 5,5 a 6 na escala de dureza de
Mohs), não sendo muito úteis quanto às suas propriedades mecânicas. (PINTO; CARVALHO;
CHAVES, 2016)

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Observado as propriedades mecânicas e elétricas do titanato de estrôncio, fica evidente um


déficit em suas propriedades mecânicas, porém o mesmo não acontece com as propriedades
elétricas. Estas estão sendo muito estudadas atualmente, dentre elas se pode citar possı́veis
casos de relaxamento dielétrico moduladas a partir da razão do coeficiente estequiométrico.

5.1 SÍNTESE E VARIAÇÃO NO COEFICIENTE ESTEQUIOMÉTRICO

A sı́ntese da cerâmica se deu pela reação de estado sólido nas seguintes etapas:
1. Pesando os componentes de acordo com sua composição estequiométrica;
2. Misturando então com moagem de álcool por 24 horas;
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3. Foram secos e calcinados a 1100 °C por 4 horas;


4. Foram pressionados por pelotas de 15 mm de diâmetro a uma pressão uniaxial de
35 MPa;
5. Sinterizados a 1415 °C durante 6 horas em nitrogênio.
O ajuste estequiométrico feito na fórmula quı́mica do elemento pode conter uma variação
do elemento titânio, no mais é definido a seguinte fórmula quı́mica SrT i1+x O3 , onde este valor
de x pode variar entre mais ou menos 0,03 e 0,06. Com essa variação de coeficientes, existe
uma relação que pode estar diretamente relacionado com o processo de relaxamento dielétrico,
são elas:
1. Sr/Ti<0 ;
2. Sr/Ti>0 .
Com o diagrama da figura 4 pode-se concluir que a solução gerada vai ser sólida pelas faixas
de temperatura de tratamento térmico com uma variação brusca do coeficiente estequiométrico
que é capaz de alterar o produto final, já que o SrT iO3 se encontra em uma faixa muito
especı́fica de concentração.

Figura 4 – Digrama de fase do SrT iO3 .

Fonte: (STÖCKER et al., 2017)

5.2 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DIELÉTRICA RELAXANTE A PARTIR DO COEFI-


CIENTE ESTEQUIOMÉTRICO

No total foram feitos dois tipos de ensaio em função da razão do coeficiente estequiométrico,
podendo ele ser Sr/Ti > 0 e Sr/Ti < 0. Para a obtenção de resultados foi realizada uma análise
gráfica envolvendo as grandezas fı́sicas, temperatura, frequência, constante dielétrica e perda
dielétrica.
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Escalas:
• Temperatura: (30 - 500) °C;
• Frequência: 100 Hz – 2MHz;
• Constante dielétrica: 0  - 12000 .

5.2.1 CERÂMICAS COM X < 0

Figura 5 – Dependência de  e tanδ em várias frequências para SrT i1 + x O3 cerâmica (a)


x = −0,06 e (b) x = −0,03.

Fonte: (WANG et al., 2018)

Com base no gráfico da figura 5 disponibilizado pelo artigo que demonstra a variação
da constante dielétrica e a sua perda com relação a temperatura em diferentes frequências.
Exemplificando, usando de base a frequência de 100 Hz, os picos de perda aparecem por volta
dos 183,6 °C e de 168,9 °C respectivamente para x = -0,06 e x = -0,03.
Essas localizações de pico de perda tendem a mudar conforme a frequência que vai
aumentando indicando dois tı́picos comportamentos de relaxamento dielétrico. Assim, para
este caso pode se identificar uma relação direta com o aumento da frequência e o aumento da
temperatura necessária para que se tenha perda da constante dielétrica.

5.2.2 CERÂMICAS COM X > 0

O caso da figura 6 é muito semelhante ao da seção anterior, porém neste caso esses picos
de perda dielétrica são capazes de originar defeitos de ı́ons de estrôncio ou de titânio. Assim
para relacionar as grandezas acima em equações obtém-se as equação A e B.
Equação A, τ = τ0 exp(U/kB T ) ;
Equação B, ln(2πf ) = −U/kB T + lnτ0 ;
Nas quais utilizam-se o tempo de relaxamento(τ ), o tempo de relaxamento inicial(τ0 ), a ener-
gia interna(U), a constante de Boltzmann(kB ), temperatura(T) e a frequência angular(ln(2πf )).
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Figura 6 – Dependência de  e tanδ em várias frequências para SrT i1 + x O3 cerâmica (a)


x = 0,06 e (b) x = 0,03.

Fonte: (WANG et al., 2018)

5.2.3 RELAÇÃO ENTRE AS EQUAÇÕES E OS COEFICIENTES ESTEQUIOMÉTRICOS

Assim será considerado dois tipos de dielétricos diferentes, os ricos em estrôncio (x < 0) e
os ricos em titânio (x > 0). Sua maior diferença se encontra no gráfico da figura 7.
Ao analisar o gráfico da figura 8 a variante linearidade determinam um dos componentes
das equações A e B, no caso a energia interna (obtida após realizar o cálculo da deriva da
função). Assim analisando ambos os casos, se nota que o gráfico em que a cerâmica é rica em
estrôncio possui linearidade já no gráfico em que a cerâmica é rica em titânio não se observa o
mesmo.
Para tal caso, existem hipóteses que ainda devem ser testadas e confirmadas para o
processo de relaxamento dielétrico em cerâmicas de titanato de estrôncio. Dentre elas podem
ser citadas:
1. Para cerâmicas ricas em estrôncio não estequiométrico;
2. Para cerâmicas ricas em titânio não estequiométrico.

Figura 7 – Gráfico entre ln (2f) e 1 / kBT de acordo com a lei de Arrhenius para cerâmicas
SrT i1 + x O3 (a) x = -0,06 e -0,03; (b) 0,03 e 0,06. A linha sólida é o encaixe de
Arrhenius.

Fonte: (WANG et al., 2018)


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5.3 TEORIA PARA A EXPLICAÇÃO DO RELAXAMENTO DIELÉTRICO

5.3.1 CERÂMICAS RICAS EM ESTRÔNCIO NÃO ESTEQUIOMÉTRICO

Usando o conceito do gráfico da figura 8, em que o coeficiente angular da reta determina a


energia de ativação e sabendo que a energia de ativação das vacâncias de oxigênio é próxima de
1 eV, se pode traçar um paralelo entre esses dois termos para a descoberta de sua dependência.
(WANG et al., 2012)
Para o tal foi realizado um processo de imersão em um ambiente oxidol (H2 O2 ) durante
24 horas forçando a entrada do oxigênio na amostra, após isso a amostra foi levada ao forno a
100 °C durante 10 minutos para a remoção da umidade e assim foi testado as caracterı́sticas
dielétricas novamente.
Como resultado foi obtido os mesmos resultados obtidos nos gráficos da figura 6, o que
significa que as vacâncias de oxigênio não são as verdadeiras responsáveis pelo comportamento
de relaxamento dielétrico. Para o tal acredita-se que essa propriedade elétrica esteja relacionada
com nanoregiões polares que foram pré-formadas.

5.3.2 CERÂMICAS RICAS EM TITÂNIO NÃO ESTEQUIOMÉTRICO

Com o gráfico da figura 8, chegou-se na conclusão que o conjunto de curvas não poderia
ter um pico mestre por causa das variações de frequências com os picos alargados mostrando
a existência de diferentes mecanismos como componente de longo alcance e relaxamento
localizado.
Assim se concluiu que para este caso o relaxamento dielétrico é possı́vel estar relacionado
com o relaxamento de polaron. Neste caso é necessário a aplicação do salto de intervalo variável
de Mott (VRH), onde essas cerâmicas ricas em titânio tendem a encaixar bem na expressão
f = f0 exp[−(T0 /TP )1/4 ] em que f é a frequência e f0 frequência inicial.

Figura 8 – Gráfico da requência em função de 100/TP 1/4 para cerâmicas SrT i1 + x O3 (x =


0,03 e x = 0,06), a linha contı́nua é o ajuste de Arrhenius. A inserção mostra
tanδ/tanδmax vs Tp /T de cerâmica SrT i1 + x O3 (a) x = 0,03; e (b) x = 0,06.

Fonte: (WANG et al., 2018)


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6 CONCLUSÃO

Com a variação do coeficiente estequiométrico pode-se obter dois tipos de cerâmicas


diferentes, as ricas em estrôncio e as ricas em titânio. Ambas estas cerâmicas possuem a
propriedade de relaxamento dielétrico, o detalhe desta propriedade é que se manifestam de
forma diferente em ambas.
Nas cerâmicas ricas em estrôncio a propriedade de relaxamento dielétrico ocorreu por causa
da associação de nanoregiões polarizadas com o estrôncio não estequiométrico. Já, nas ricas
em titânio, a propriedade está relacionada com a variável do mecanismo do salto de intervalo
variável de Mott associado com posições de carregamento de carga.
No entanto, mesmo que cada vez mais esta cerâmica esteja sendo estudada e ainda,
aproveitando do conhecimento já obtido sobre as propriedades elétricas relacionadas com este
elemento, se conclui que é necessário a existência de mais estudos relacionados a este assunto
visto que existe uma ampla possibilidade agentes causadores deste efeito relaxante.

Referências

BOCHER, L. Synthesis, structure, microstructure, and thermoelectric properties of perovskite-


type manganate phases. 2009. Citado na página 7.

CALLISTER, W.; SOARES, S. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. Livros


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