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Produção de nanopartículas de magnetita

com diferente morfologia e caracterização


das suas propriedades estruturais,
morfológicas e magnéticas.

Eric Felipe Gomes Rezende


UNB

Área de concentração: Ciências Exatas/ Física

Linha de pesquisa: Física da Matéria Condensada

BRASÍLIA/DF, janeiro de 2023.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. OBJETIVO

3. METODOLOGIA

4. PLANO DE TRABALHO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1. INTRODUÇÃO
A nanotecnologia tem se tornado uma das áreas de mais abrangente crescimento
dos últimos tempos. Uma enorme variedade de nanomateriais, especificamente
nanopartículas (NPs) (URIAN et al., 2021), tem sido aplicada em diversas áreas como
engenharia, biomedicina, medicina, proteção ambiental e entre outras, geralmente
devido ao seu tamanho reduzido (de 1 a 100 nm) e também devido as propriedades
químicas, física e eletrônicas que podem ser completamente distintas daquelas
apresentadas por materiais com dimensões em escala macroscópica (LUO et al., 2005).

As NPs associadas as aplicabilidades em diversas áreas requerem características


especificas como dimensões, geometria, composição e funcionalidade. Dessa forma, as
NPs magnéticas com altos valores de magnetização de saturação (MS), são ideais para
aplicação na indústria justamente por intensificar sinais de ressonância.

No entretanto, NPs estáveis e monodispersas, que são usadas na indústria,


podem ser difíceis de obter dependendo do processo de síntese. Neste sentido, o método
de decomposição térmica pode ser uma das alternativas para sintetizar NPs
relativamente monodispersas, e cujas propriedades resultantes dependem das
características morfológicas obtidas.

NPs de óxido de ferro, como a magnetita (Fe 3O4) são as mais utilizadas para a
aplicação na indústria (URIAN et al., 2021). A magnetita é um óxido de ferro contendo
íons de Fe2+ e Fe3+ coexistindo na proporção 1:2 na estrutura cristalina, onde cada átomo
de ferro ocupa sítios específicos. No sítio tetraédrico (sítio A), onde o íon Fe 3+ é
circundado por quatro átomos de oxigênio (O) e o sítio octaédrico (sítio B), onde os íons
Fe2+/Fe3+ são rodeados por seis átomos de O (URIAN et al., 2021).

Essa coexistência de íons Fe2+ e Fe3+ nos sítios B esta relacionada diretamente
com o surgimento de propriedades interessantes na magnetita ao passar pela temperatura
crítica, chamada de temperatura de Verwey, T V~120K. A observação desta transição em
nanopartículas de magnetita depende fortemente da qualidade cristalina, morfologia e
estequiometria do material resultante. Tem sido reportado que a temperatura de
transição depende do tamanho das nanopartículas, sendo menor quanto menor é o
tamanho (GOYA et al., 2003). Por outro lado, a presença de fases extras resultante da
oxidação parcial (exemplo, maghemita) na superfície das nanopartículas pode levar ao
desaparecimento da TV para nanopartículas menores que ~20 nm (SALAZAR et al.,

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2011). Pode afirmar-se que a desordem de spin superficial e a presença de camada oxida
na superfície provoca defeitos relacionados com a estequiometria, os que se manifestam
com a ausência da temperatura de Verwey, em especial em nanopartículas pequenas.
Tem sido reportado que nanopartículas de magnetita de tamanho <14nm e formato
octaédrico mostram transição de Werwey; já nanopartículas com formato esférico de
aproximadamente o mesmo tamanho, não mostram essa transição (MITRA et al., 2014).
Essa relação com a morfologia pode estar associada com a maior razão de Fe3+/Fe2+ em
sítios octaédricos na superfície das nanopartículas esféricas (HO et al., 2011) do que
outras morfologias.

2. OBJETIVO
2.1 Objetivo Geral
Sintetizar e caracterizar nanopartículas de magnetita de diferente morfologia
controlando parâmetros de síntese.

2.2 Objetivo Específicos


1. Sintetizar nanopartículas de magnetita por meio do método de decomposição
térmica controlando parâmetros de síntese;
2. Utilizar Difração de Raio-x para determinar a formação da estrutura cristalina e os
parâmetros estruturais;
3. Determinar o tamanho medido e morfologia das nanopartículas de magnetita
através de microscopia eletrônica de transmissão;
4. Estudar as propriedades vibracionais e ópticas através de espectroscopia Raman,
FTIR e UV- Vis das nanopartículas de magnetita;
5. Estudar as propriedades magnéticas e hiperfinas via magnetometria e
espectroscopia Mossbauer;
6. Participar de eventos científicos e publicar artigos científicos resultantes da
pesquisa.

3. METODOLOGIA
A metodologia para execução do trabalho será dividida em duas etapas. Na
primeira será realizada a síntese das nanopartículas de magnetita por meio do método de
decomposição térmica e, se necessário, serão realizados tratamentos térmicos
adicionais.

a) Decomposição Térmica

Para a realização do método de decomposição térmica as NPs de magnetita serão


revestidas com ácido oleico, usando como origem o acetilacetonato férrico (2 mmol) em
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conjunto com o álcool de cadeia longa (1,2-hexadecanodiol) (10 mmol), oleilamina (6
mmol) como estabilizador e ácido oleico (6 mmol) como surfactante, que será colocado
em 20 ml de um solvente orgânico. Os solventes orgânicos utilizados serão o fenil éter,
benzil éter e octadeceno, com cada um dos solventes será obtido uma amostra diferente.
As soluções serão colocadas em um balão de fundo redondo de três tubuladuras
enquanto se mistura homogeneamente com agitação magnética sob fluxo de nitrogênio.
Dessa forma, inicialmente as três soluções à temperatura ambiente (RT) serão aquecidas
a 120°C e mantidas nessa temperatura por 20 minutos e posteriormente serão aquecidas
a 200 °C e mantidas nessa temperatura por 30 minutos e por fim a amostra será
aquecida a 259°C ou 300°C, dependendo do solvente de síntese utilizado, e será
mantida por 30 minutos nessa temperatura.

b) A segunda etapa é a caracterização das amostras sintetizadas.

A caracterização estrutural será realizada por difração de raios X (XRD)


utilizando um difratômetro comercial (PanAlytical, modelo Empiriam) equipado com
radiação Cu-Kα (λ = 0,15419 nm) operando na faixa 2θ de 20 a 80◦, com passos de
0,02◦. Este equipamento esta em operação no Laboratório de Difração de raios X do IF.
A analise dos difratogramas será realizada via o método de refinamento de Rietveld
usando o programa GSAS (General Structure Analysis System) dentro da interface
EXPGUI.

A morfologia e tamanho médio das nanopartículas serão determinadas usando


um microscópio eletrônico de transmissão (TEM) comercial. Estas medidas serão
realizadas no Laboratório de Microscopia eletrônica do Instituto de Biologia da UnB
e/ou LabMic do IF/UFG.

Para identificar os grupos funcionais presentes na superfície das amostras será


usado o espectrômetro infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) (Bruker,
modelo Vertex 70). AS propriedades vibracionais serão estudadas usando o
espectrômetro Raman Horiba, LabRAM HR Evolution, equipado com microscópio
confocal e camara CCD.

Medidas de espectroscopia Mossbauer serão realizadas no espectrômetro


Mossbauer com fonte de Co-57, com o objetivo de determinar as propriedades
hiperfinas, variando a temperatura desde 15 a 300K. Medições magnéticas
macroscópicas serão realizadas usando um magnetômetro comercial Superconducting

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Quantum Interference Device (SQUID) (Quantum Design, modelo MPMS3). Ciclos de
histerese, bem como curvas de resfriamento a campo zero (ZFC) e resfriamento com
campo (FC), serão conduzidos na faixa de temperatura de 2 a 300 K e um campo
magnético aplicado de até 70 kOe (7 T). Da mesma forma, medidas de suscetibilidade
AC serão realizadas em função da temperatura e variando a frequência de campo
magnético alternado de 1Oe de amplitude e na faixa de 0.2–1000 Hz.

4. PLANO DE TRABALHO

Meses
Atividades
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19- 21- 23
- - - - - - - - - 20 22 -
2 4 6 8 10 12 14 16 18 24
Revisão bibliográfica
X X X X X X X X X X X X
Síntese das nanopartículas de
Magnetita X X
Coleta e análise de dados da
Difração de Raio-X X X
Coleta e analise de dados UV-
Vis X X
Coleta e analise de dados da
espectroscopia Raman e FTIR. X X X X
Medidas de espectroscopia
Mossbauer X X X X
Coleta e análise de dados
microscopia de transmissão. X X
Caracterização magnética
X X X X
Participação em congressos X X X X X
científicos
Redigir a Dissertação do X X X X X X
mestrado
Elaboração de resumos para X X
submissão em trabalhos
científicos;
Elaboração de artigo X X X X
científico

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERNANDES, Ítalo Lacerda et al. Synthesis and characterization of the MNP@ SiO2@
TiO2 nanocomposite showing strong photocatalytic activity against methylene blue
dye. Applied Surface Science, v. 580, p. 152195, 2022.
GOYA, Gerardo Fabían et al. Static and dynamic magnetic properties of spherical
magnetite nanoparticles. Journal of applied physics, v. 94, n. 5, p. 3520-3528, 2003.
HO, Chien-Hsin et al. Shape-controlled growth and shape-dependent cation site
occupancy of monodisperse Fe3O4 nanoparticles. Chemistry of Materials, v. 23, n. 7,
p. 1753-1760, 2011.
LUO, X. et al. Application of nanoparticles in electrochemical senssors and biosensors,
Electroanalysis, v. 18, p. 319-326, 2006.
MEDRANO, J. J. A. et al. Evidence of particle-particle interaction quenching in
nanocomposite based on oleic acid-coated Fe3O4 nanoparticles after over-coating with
essential oil extracted from Croton cajucara Benth. Journal of Magnetism and
Magnetic Materials, v. 466, p. 359-367, 2018.
MITRA, Arijit et al. Verwey transition in ultrasmall-sized octahedral Fe3O4
nanoparticles. The Journal of Physical Chemistry C, v. 118, n. 33, p. 19356-19362,
2014.
SANTOYO SALAZAR, Jaime et al. Magnetic iron oxide nanoparticles in 10− 40 nm
range: composition in terms of magnetite/maghemite ratio and effect on the magnetic
properties. Chemistry of materials, v. 23, n. 6, p. 1379-1386, 2011.
URIAN, Y. A. et al. Study of the surface properties and particle-particle interactions in
oleic acid-coated Fe3O4 nanoparticles. Journal of Magnetism and Magnetic Materials,
v. 525, p. 167686, 2021.
YEO, Sunmog et al. Survival of Verwey transition in gadolinium-doped ultrasmall
magnetite nanoparticles. Nanoscale, v. 9, n. 37, p. 13976-13982, 2017.

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