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DO MÉTODO SOLOQUÍMICO
1. INTRODUÇÃO
O óxido de zinco (ZnO) é um material inorgânico multifuncional, de qualidade versátil e com
aplicações em diversas áreas da ciência, tais como a catálise, fabricação de borracha, cosméticos,
tintas, cerâmicas, industrias eletrônicas e optoeletrônicas (MAYRINCK et al., 2014).
Nos últimos anos, várias técnicas físicas e químicas de síntese foram desenvolvidas e
investigadas para preparar o ZnO, de forma a explorar suas possíveis aplicações. O uso de métodos
químicos por via húmida, tais como sol-gel, precursores poliméricos, co-precipitação, hidrotérmico,
solvotérmico, micro-ondas e sonoquímico têm sido relatados como uma forma bem sucedida para a
síntese do óxido de zinco (LOPES et al., 2015; HERNÁNDEZ-RAMÍREZ e MEDINA-RAMÍREZ,
2015).
Em adição a estes, o método soloquímico pode produzir materais com alta cristalinidade, à
temperaturas mais baixas, sem usar agentes direcionadores de superficie, templates ou etapas de
calcinação (WAHAB et al., 2007).
O processo soloquímico é utilizado com sucesso para preparar nanoestruturas de ZnO (VAEZI e
SADRNEZHAAD, 2007; WAHAB et al., 2007; AHSANULHAQ et al., 2008; GUSATTI et al.,
2015) e também pode ser aplicado para diferentes precursores para formar outros óxidos, tais como
Mn2O3 e NiO (VAEZI e SADRNEZHAAD, 2007) e nanocompósitos como ZnO/TiO2 (VAEZI,
2008).
Dessa forma, o objetivo do trabalho foi sintetizar o ZnO pelo método soloquímico, a partir de
diferentes precursores.
2. EXPERIMENTO
2.1. Materiais
Os reagentes químicos testados para a síntese do ZnO soloquímico foram o nitrato de zinco
(Zn(NO3)2.6H2O), o acetato de zinco (Zn(CH3COO2)2.2H2O) e o hidróxido de sódio (NaOH).
Após a completa adição da solução precursora, a suspensão formada no reator foi mantida para
envelhecimento por 2 h sob as mesmas condições de agitação e temperatura. Seguidamente, os
materiais foram filtrados, lavados com água deionizada e secos na temperatura de 65 °C por 12 h.
A área específica, o diâmetro e volume de poros foram determinados por meio da isoterma de
adsorção/dessorção de N2 a 77K, em equipamento Quantachrome NOVA 1200. A área específica foi
calculada pelo método BET (BRUNAUER et al., 1938) e o volume e diâmetro de poros foram
estimados pelo método BJH (BARRET et al., 1951).
A energia de band gap foi determinada a partir dos espectros de absorção e por meio do método
de Tauc (TAUC et al., 1966) utilizando-se dados de espectroscopia fotoacústica, medidas em um
equipamento consistindo de uma luz monocromática fornecida por uma lâmpada de xenon de
1 000 W (Oriel Corporation 68820), um monocromador (Oriel Instruments 77250), um microfone
capacitivo de alta sensibilidade (Bruel&Kjaer, modelo 2639) e um amplificador (EG&G 5110). O
feixe de luz foi modulado com um modulador mecânico (Stanford Research Systems SR540). O
espectro fotoacústico foi obtido na frequência de modulação de 21 Hz nos comprimentos de onda de
200 a 800 nm.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Análise Estrutural
Os matérias obtidos após a síntese foram submetidos à análise de difração de raios X pelo
método do pó para confirmação estrutural do ZnO. Os difratogramas estão apresentados na Figura 2 e
foram analisados com o auxílio do banco de dados JCPDS.
Figura 2 – Difratograma de raios X dos materiais sintetizados à 70°C por 3h. Precursores: (a) nitrato
de zinco; e (b) acetato de zinco.
Uma estimativa do tamanho médio do cristalito foi feita usando a Equação de Scherrer. Para
isso, foi utilizado o valor correspondente ao pico mais intenso do ZnO (36,2°/36,2544 cts), dando um
valor de aproximadamente 42,2 nm (A) e 25,7 nm (B).
Observa-se uma alta cristalinidade da amostra evidenciada pelas reflexões bem definidas.
Ambos os precursores apresentam um ordenamento estrutural semelhante, porém com diferença na
intensidade de reflexão dos picos. Não foram observadas reflexões características de outras
substâncias, como Zn(OH)2. Portanto, pôde-se verificar que independente do precursor utilizado, ZnO
puro e cristalino foi sintetizado via síntese soloquímica.
Figura 3 – Isotermas dos materiais obtida através dos dados de volume (cm³/g) e pressão relativa
(P/P0).
Os resultados indicam que os materiais sintetizados são materiais mesoporosos formando poros
tipo fenda, com tamanho e formato não uniforme. Os óxidos sintetizados possuem tamanho de poros
na região de mesoporos, confirmado pelo diâmetro médio do poro (DPO) (Tabela 1), que foi o mesmo
valor para ambos os precursores.
Figura 4 – Micrografia do ZnO soloquímico. Precursores: (a) nitrato de zinco; e (b) acetato de zinco.
Um crescimento por aglomeração, sem muita definição na geometria das partículas pode ser
observado, no caso da Figura b, quando o acetato de zinco foi utilizado como precursor. Um
morfologia indefinida pode ser devido ao fato das partículas sintetizadas a partir desse precursor
serem bastante finas (DBET: (B) < (A)) e desta forma as partículas tendem a se aglomerar. Já para o
precursor A, pode ser observado que cristais de ZnO em forma de bastões coexistem com partículas
aglomeradas.
Acredita-se que o crescimento das partículas seja induzido pela estrutura intrínseca dos cristais,
embora o método ou condições de preparação, os precursores utilizados e a concentração de íons na
solução também influenciem a morfologia observada do material. O pH e a concentração do íon OH -
também podem influenciar a morfologia das nanopartículas, contudo, o pH (14) foi constante para
todas as sínteses.
A 3,15 394
B 3,15 394
a
Eg = energia de band gap determinada por espectroscopia fotoacústica.
b
Comprimento de onda determinado a partir da equação: λ=1240/Eg
No caso dos materiais sintetizados, a energia de band gap foi igual a 3,15 eV, sendo que os
comprimentos de onda de máxima absorção estavam na região do ultravioleta do espectro
eletromagnético (100 nm < λ < 400 nm).
4. CONCLUSÃO
O óxido de zinco (ZnO) foi produzido via processamento soloquímico, independente do
precursor utilizado. Entretanto, diferenças texturais e morfológicas foram observadas nos materiais
dependendo do precursor utilizado.
Um material mais cristalino, mas com menor área específica e volume de poros foi obtido a
partir da síntese com o nitrato de zinco. Na síntese a partir do acetato de zinco, além de uma redução
no tamanho das partículas, um crescimento por aglomeração e um material com uma morfologia
indefinida foram observados. Contudo, ambos os materiais, apresentaram máxima absorção na região
do ultravioleta do espectro eletromagnético.
Nenhum template, agentes de superfície, direcionador ou alta temperatura foi necessário para a
produção do ZnO mesoporoso, puro e cristalino, por meio desta síntese. O método soloquímico foi
eficiente para obtenção de nanoestruturas de ZnO sob condições reacionais mais amenas do que as
empregadas pela maioria das técnicas disponíveis na literatura.
5. AGRADECIMENTOS
A CAPES pela bolsa de doutorado concedida para realização deste trabalho.
6. REFERÊNCIAS
AHMED, W.; ALI, N. Manufacturing nanostructures. Manchester: One Central Press (OCP), 2014.
AHSANULHAQ, Q.; KIM, S. H.; KIM, J. H. ; HAHN, Y. B. Structural properties and growth
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Bulletin, v. 43, p. 3483–3489, 2008.
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Chemical Society, v.73, p.373-383, 1951.
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Journal of the American Chemical Society, v. 60, p.309-319, 1938.
GUSATTI, M.; SOUZA, D. A. R.; KUHNEN, N. C.; RIELLA, H. G. Growth of Variable Aspect
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Nióbio: uma visão sobre a síntese do Nb2O5 e sua aplicação em fotocatálise heterogênea. Química
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